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O EMPREENDEDOR E A SOCIEDADE

Prof.: Jos« Eduardo Balikian


SUMÁRIO:
UNIDADE 1:
A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA
1.1 Um início de Conversa 08

1.2 O surgimento da Filosofia 08

1.3 Os Pré-Socráticos 10

1.4 Os Sofistas 12

UNIDADE 2:
A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO
2.1 Informações, Conhecimento e Sabedoria 18
2.2 O Processo do Filosofar 19
2.3 Sócrates 20
2.4 Platão 26
2.5 Aristóteles 29

UNIDADE 3:
CIÊNCIA E FILOSOFIA
3.1 O Advento da Modernidade 34
3.2 A Racionalidade Instrumental 39
3.3 O Impacto das Novas Tecnologias 40

UNIDADE 4:
SABER E LINGUAGEM
4.1 Saber 46
4.2 Linguagem 49

UNIDADE 5:
ÉTICA E MORAL
5.1 Conceituação de Ética e Moral 52
5.2 Problemas Éticos do Mundo Contemporâneo 56
5.3 A Ética na Administração de Empresas 57

UNIDADE 6:
INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA
6.1 O Surgimento da Sociologia como Ciência Autônoma 62
6.2 O Positivismo e sua Influência nas Ciências Modernas 68
UNIDADE 7:
MATRIZES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO
7.1 Emile Durkheim e o Método Sociológico 74
7.2 Karl Marx e o Socialismo 76

UNIDADE 8:
SOCIEDADE CAPITALISTA INDUSTRIAL E PÓS-INDUSTRIAL
8.1 O Conceito de Capitalismo 82
8.2 A sociedade Capitalista Industrial 83
8.3 A Sociedade Capitalista Pós-Industrial 85

UNIDADE 9:
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MODELOS DE GESTÃO
9.1 Formas de Organização do Trabalho 90

9.2 Modelos de Gestão 92

UNIDADE 10:
CULTURA
10.1 O Conceito de Cultura 98

10.2 Os Fenômenos da Enculturação e da Aculturação 103

UNIDADE 11:
PODER
11.1 As Raízes da Política 110
11.2 Reflexões sobre o Poder 112
11.3 Ideologias 113

UNIDADE 12:
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
12.1 Cultura Organizacional 122
12.2 Mudança Organizacional 123

UNIDADE 13:
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA
13.1 Por que esse Tema de Relações Étnico-Raciais? 128

13.2 História e Cultura Afro-Brasileira 130

13.3 História e Cultura Indígena 132


INTRODUÇÃO

É uma grande satisfação iniciarmos nossas aulas que estão focadas em você, EMPREENDEDOR

(A), E NA SOCIEDADE!

Seja muito bem-vindo(a)! e de antemão explico que utilizaremos de duas disciplinas em nossa

caminhada de análise: a filosofia e a sociologia. Que tenhamos uma caminhada com muitas

conquistas e que nossos estudos auxiliem você em sua vida e no curso que está fazendo. Estou

certo que não é a primeira vez que você está ouvindo falar em filosofia e em sociologia. Pode ser

até que tenha tido uma experiência não muito positiva com ambas. Peço que você dê um voto

de confiança para a proposta que preparamos e, como na imagem acima , pense positivo: elas só

vão ajudar. Confie.

Nos materiais da disciplina, está disponível o Plano de Ensino do curso. Incentivo você a passar por

ele, se já não o fez; a partir dele você pode ter uma visão panorâmica da trajetória que propomos.

Você irá verificar que a filosofia surge justamente da necessidade de dar uma resposta racional e

lógica a questões que eram respondidas de forma mitológica e/ou religiosa. E também verá que a

sociologia se desenvolve a partir do século XIX, na busca de compreender a sociedade e os fatos

sociais.

Parafraseando o pensador Anthony Giddens (2005, p. x), filosofia e sociologia “[...] desafiam os

dogmas, ensinam a apreciação da variedade cultural e nos permitem penetrar no funcionamento

das instituições sociais”, de tal modo que as práticas de ambas “aumentam as possibilidades da

liberdade humana” e fazem de você um empreendedor mais lúcido e qualificado.

Iniciamos esta trajetória com a convicção de Friedrich Nietzsche (um filósofo do século XIX) que

afirmava: "Cada um de nós possui necessariamente uma filosofia".

Já parou para pensar nisso?

Sim, somos todos filósofos. O professor de sociologia Sebastião Vila Nova (2012, p. 27) também

reflete que "todos os indivíduos são obrigados a fazer uma espécie de 'Sociologia' aplicada a seu

dia-a-dia e, desse modo, terminam por elaborar algum tipo de teoria sobre a sua experiência

cotidiana".
SOBRE O PROFESSOR

JOSÉ EDUARDO BALIKIAN

Graduado em Filosofia pela PUC Campinas (1988)

Graduado em Teologia pelo ITESP - Instituto Teológico São Paulo (1993)

Especializado em Filosofia (1991)

Mestrado em Filosofia pela PUC Campinas (1993)

Mestrado em Educação pela Universidade do Oeste Paulista (2008)

Doutorado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (2015)

Professor Autor de conteúdo dos componentes curriculares: Sociologia, Sociologia Jurídica,

Filosofia Geral, Filosofia e Ética.

Tutor Presencial da Unidade Vitória - ES

ATUOU COMO: Coordenador de pesquisa da Faculdade Doctum de Vitória (2015-2016).


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A Consciência Filosófica e
o Surgimento da Filosofia

1.1 Um Início de Conversa 08


1.2 O Surgimento da Filosofia 08
1.3 Os Pré-Socráticos 10
1.4 Os Sofistas 12
UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

1.1 UM INÍCIO DE CONVERSA


Para início de conversa, há que deixar de lado a ideia de que a filosofia é algo distante de você,

caro(a) estudante, pelo contrário, a filosofia nasce no dia-a-dia, nasce da admiração, do questio-

namento sobre o “por quê” das coisas.

Há uma série de interrogações que nos acompanham constantemente, ou dizendo de outra for-

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ma, quem não fez alguma das questões abaixo:

01_Por que as coisas são como são?


02_Por que estamos no mundo?
03_Qual é a fonte do poder?
04_A vida tem um sentido?
04_Existe uma divindade ou divindades? Elas têm alguma ação sobre nós?
05_Qual é a origem do mal?
06_Por que morremos? Quando morremos, tudo morre ou há algo que permanece?

Antes de prosseguir, veja o vídeo do Prof. Mário Sérgio Cortela, com suas propostas e seus ques-

tionamentos: "Será que a filosofia ajuda a pensar?" E mais: o filósofo como aquele que suspeita

e a filosofia como um imenso carimbo com um ponto de interrogação.

Após assistir o vídeo você já compreendeu a filosofia como a capacidade de colocar

interrogações .

No texto sobre a experiência filosófica disponível (Texto Base 1) , que você deve ler

atentamente, vamos abordar três temas fundamentais para nos introduzir na rica te-

mática que a filosofia proporciona para a compreensão da sociedade e formação do

empreendedor:

01_Como é o pensar do filósofo?


02_A distinção entre filosofia e filosofia
de vida; e

03_Para que serve a filosofia?

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UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

1.2 O SURGIMENTO DA FILOSOFIA:


Há mais dois vídeos de apoio muito interessantes, com temas que são fundamentais neste início

de curso.

01_Trata da origem da filosofia em uma linguagem destinada ao ensino médio; é uma aula do
Telecurso para você resgatar conceitos estudados no ensino médio.

02_Retoma a temática questionando: Afinal, o que é filosofia? Em uma linguagem direta e jo-

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vem, as reflexões são conduzidas pelo Vitor, do canal Penso logo assisto.

Priorize seu tempo e dedique-se: o estudo traz riquezas que ninguém pode roubar.

Aproveite!

Se tiver alguma dúvida, é só enviar uma mensagem para seu tutor, pois estamos de prontidão

para atender você.

Com tudo isso, deve ficar claro que o surgimento da filosofia se dá na passagem da consciência

mítica para a consciência filosófica, com a reflexão e os escritos dos primeiros filósofos que agora

vamos estudar.

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UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

1.3 OS PRÉ-SOCRÁTICOS
Costuma-se dividir a filosofia grega em três grandes momentos, tendo como referência central

a atuação de Sócrates:

01_PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO
02_PERÍODO SOCRÁTICO (OU CLÁSSICO)
03_PERÍODO PÓS-SOCRÁTICO (OU HELENÍSTICO)

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Os primeiros pensadores gregos são dos séculos VII e VI a.C. e, quando a filosofia grega centrali-

zou-se na figura de Sócrates (que ainda estudaremos), passaram a ser chamados pré-socráticos.

Seus escritos se perderam com o tempo, de forma que apenas temos fragmentos de textos ou

referências que outros pensadores fizeram a eles. Preocupavam-se com questões cosmológicas,

centradas na natureza, em busca de dar uma explicação racional para o Universo.

No quadro abaixo há um interessante resumo para você se situar e, para se aprofundar.

Os Filósofos Pré-Socráticos estudavam:

Cosmologia Physis Arché

É o ramo da É a matéria que é Princípio que deveria


astronomia que fundamento eterno estar presente em
estuda a origem, de todas as coisas e todos os momentos da
estrutura e evolução confere unidade e existência de todas as
do Universo a partir permanência ao coisas no início,
da aplicação de Universo. desenvolvimento e no
métodos científicos. fim de tudo. Princípio
pelo qual tudo vem a
ser.

Escola Escola Escola Escola da


Jônica Pitagórica Eleática Pluralidade

Recebe esse nome Recebe o nome do Recebe esse nome Propuseram a


da Jônia, colônia fundador de Eléia, cidade existência não só de
grega da costa cidade no Sul da um princípio (arché),
ocidental da Ásia Principal nome: Itália. mas vários. Daí o
Menor. • Pitágoras Principais nomes: nome
Principais nomes: • Xenófanes Principais nomes:
• Tales de Mileto • Parmênides • Anaxágoras
• Hieráclito • Empêdocle
• Anaximenes • Demócrito

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UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

Convido você, agora, a acompanhar um vídeo do Professor Gui de Franco, comentando sobre

os filósofos pré-socráticos.

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UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

1.4 OS SOFISTAS
O Período Clássico da filosofia grega se estende pelos séculos V e IV a.C. No século V a.C. também

temos a atuação política de Péricles, no período em que Atenas desenvolveu intensamente sua

cultura democrática e a vida artística. Apesar de ainda discutirem questões ligadas à natureza,

como fizeram os pré-socráticos, os sofistas também trataram de temas ligados à antropologia, à

moral e à política.

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Os mais famosos são:

01_Protágoras (485 – 411 a.C.)


02_Górgias (485 – 380 a.C.)
03_Híppias
04_Trasímaco
05_Pródico
06_Hipódamos.

Como nos ensinam as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 151-152):

“A palavra sofista, etimologicamente, vem de sophos, que signifi-

ca "sábio", ou melhor, "professor de sabedoria". Posteriormente ad-

quire o sentido pejorativo daquele que emprega sofismas, ou seja,

alguém que usa do raciocínio capcioso, de má-fé, com intenção de

enganar. Sóphisma significa "sutileza de sofista”.

Os sofistas sempre foram mal interpretados por causa da críticas que a eles fizeram Sócrates e

Platão. [...]

São muitos motivos que levaram à visão deturpada sobre os sofistas que a tradição nos oferece.

Em primeiro lugar, há enorme diversidade teórica entre os pensadores reunidos sob a designa-

ção de sofista. Talvez o que possa identificá-los é o fato de serem considerados sábios e pedago-

gos. Vindos de todas as partes do mundo grego, ocupam-se de um ensino itinerante pelos locais

em que passam, mas não se fixam em lugar algum. Deve-se a isso o gosto pela crítica, o exercício

de pensar resultante da circulação de ideias diferentes.

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UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

Segundo Jaeger, historiador da filosofia, os sofistas exercem influência muito forte, vinculando-se

à tradição educativa dos poetas Homero e Hesíodo. Os sofistas dão importante contribuição para

a sistematização do ensino, formando um currículo de estudos:

01_GRAMÁTICA (DA QUAL SÃO OS INICIADORES).


02_RETÓRICA E DIALÉTICA;

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Por influência dos pitagóricos, desenvolvem:

03_A ARITIMÉTICA
04_A GEOMETRIA
05_A ASTRONOMIA
06_MÚSICA.

Para escândalo de seus contemporâneos, costumavam cobrar pelas aulas e por esse motivo Só-

crates os acusa de "prostituição".

Cabe aqui um reparo:

Na Grécia antiga, apenas a aristocracia se ocupava com o trabalho intelectual, pois gozava do ócio,

ou seja, da disponibilidade de tempo, já que o trabalho manual, de subsistência, era ocupação de

escravos. Ora, os sofistas, geralmente pertencentes à classe média, fazem das aulas seu ofício,

por não serem suficientemente ricos para se darem ao luxo de filosofarem. Se alguns sofistas de

menor valor intelectual pudessem ser chamados de "mercenários do saber", isso na verdade era

acidental, não se aplicando à maioria.

Os sofistas elaboraram o ideal teórico da Democracia, valorizada pelos comerciantes em ascen-

são, cujos interesses passam a se contrapor aos da aristocracia rural. Nessas circunstâncias a exi-

gência que os sofistas vêm satisfazer é de ordem essencialmente prática, voltada para a vida, pois

iniciam os jovens na arte da retórica, instrumento indispensável na assembleia democrática, e os

deslumbram com o brilhantismo da participação no debate público.

Se forem acusados pelos seus detratores de pronunciarem discursos vazios, essa fama se deve à

execiva atenção dada por alguns deles ao aspecto formal da exposição e da defesa das ideias, na

medida em que se acham convencidos de que a persuasão é o instrumento por excelência do

cidadão na cidade democrática. Os melhores deles, no entanto, buscam aperfeiçoar os instru-

mentos da razão, ou seja, a coerência e o rigor da argumentação porque não basta dizer o que se

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UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

considera verdadeiro, é preciso demonstrá-lo pelo raciocínio. Pode-se dizer que aí se encontra o

embrião da lógica, mais tarde desenvolvida por Aristóteles.

Quando Protágoras, um dos mais importantes sofistas, diz que "o homem é a medida de todas

as coisas", esse fragmento deve ser entendido não como expressão do relativismo do conheci-

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mento, mas como exaltação da capacidade de construir a verdade: "o logos não mais é divino,

mas decorre do exercício técnico da razão humana”.

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UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:

introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 15 - 17 e p. 151 - 152.

Site Eletrônico:

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Resumo dos pré-socráticos.

Disponível em:<https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/resumo-dos-pre-

-socraticos/>. Acesso em: 23 out. 2018.

SANTOS. Wigvan Junior Pereira dos. Sofistas. Mundo Educação.

Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/sofistas.

htm>. Acesso em: 18 dez. 2018.

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2
A Filosofia como
Busca de Conhecimento

2.1 Informações, Conhecimento e Sabedoria 18

2.2 O Processo do Filosofar 19

2.3 Sócrates 20

2.4 Platão 26

2.5 Aristóteles 29
UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

2.1 INFORMAÇÕES, CONHECIMENTO E SABEDORIA

"Não é possível aprender qualquer filosofia; [...] só é possível aprender a filosofar."

Immanuel Kant

Para que você compreenda, desde já, o que programamos para esta aula, saiba que os textos ,

vídeos e atividades querem atingir os seguintes objetivos:

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01_Comparar os conceitos de informação, conhecimento e sabedoria.
02_Reconhecer a reflexão filosófica como radical, rigorosa e holística .
03_Conceituar, ainda que introdutoriamente, filosofia.
04_Delinear os aspectos significativos do pensamento de Sócrates, Platão e Aristóteles.

Imagem: Ordem e Caos Fonte: ShutterStock

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UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

Desde nosso primeiro encontro, já esboçamos a conceituação de filosofia. Vejamos como nosso

texto de referência a conceitua etimologicamente .

FILOSOFIA: (philos-sophia )

Significa "amor a sabedoria" ou "amizade pelo saber".

Pitágoras (séc. VI a.C.), filósofo e matemático grego, teria sido o primeiro a usar o termo filósofo,

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por não se considerar um "sábio" (sophos), mas apenas alguém que ama e procura a sabedoria.

2.2 O PROCESSO DO FILOSOFAR


Depois da leitura (e é muito importante que você leia), há ainda um vídeo de apoio do EJA - Mun-

do do Trabalho, do Estado de São Paulo, intitulado "O que é filosofia?", bastante didático e inte-

ressante para quem está em busca de conceituar filosofia.

Pouco a pouco, você irá compreendendo que o filosofar é um processo, é uma construção contí-

nua e, para quem se coloca como empreendedor, é algo fundamental no sentido de compreen-

der a sociedade na qual estamos imersos.

Como dizem as professoras Maria Helena e Maria Lúcia (2009, p. 19):

“mais do que um saber, a filosofia é uma atitude diante da vida, tanto no dia a

dia como nas situações-limite, que exigem decisões cruciais. Por isso, no seu

encontro com a tradição filosófica, é preferível não recebê-la passivamente

como um produto, como algo acabado, mas compreendê-la como processo,

reflexão crítica e autônoma a respeito da realidade”.

Tal atitude filosófica pode ser encontrada nos

três grandes clássicos que estudaremos agora:

01_SÓCRATES
02_PLATÃO
03_ARISTÓTELES

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UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

2.3 SÓCRATES

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Foto: Estátua Sócrates Fonte: ShutterStock

Sócrates atuou em Atenas numa época em que a cidade era o centro da vida social, política e

cultural da Grécia, o berço da filosofia, como já estudamos. A democracia grega está no auge e

desponta a figura do cidadão, uma vez que todos participam do governo e podiam manifestar

suas ideias publicamente sobre os rumos que a cidade deveria tomar.

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UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

Como reflete Marilena Chauí (2012, p. 50-51):

para conseguir que a sua opinião fosse aceita nas assembleias, o ci-

dadão precisava saber falar e se capaz de persuadir os demais. Com

isso, uma mudança profunda ocorreu na educação grega.

Antes da instituição da democracia, as cidades eram dominadas

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pelas famílias aristocráticas, senhoras das terras e do poder militar.

Essas famílias, valendo-se dos grandes poetas gregos, Homero, Pín-

daro e Hesíodo, criaram um padrão de educação, próprio dos aristo-

cratas . Esse padrão afirmava que o homem ideal ou perfeito era o

guerreiro belo e bom. [...].

Quando a economia agrária foi sendo suplantada pelo artesanato e

pelo comércio, surgiu nas cidades (particularmente em Atenas) uma

classe social urbana rica que desejava exercer o poder político, até

então privilégio da classe aristocrática. É para responder aos anseios

dessa nova classe social que a democracia é instituída. Com ela, o po-

der vai sendo retirado dos aristocratas e passando para os cidadãos.

Dessa maneira, o antigo ideal educativo ou pedagógico também foi

sendo substituído por outro. O ideal da educação da Grécia clássica

já não é a formação do jovem guerreiro belo e bom, e sim a formação

do bom cidadão. [...].

Os responsáveis por essa nova forma de educação foram os sofistas (estudados no guia anterior),

que ensinavam técnicas de como falar bem em público e como persuadir através da oratória.

Sócrates se posicionou duramente contra os sofistas: afirmou que não eram filósofos, uma vez

que não tinham preocupação com a verdade, apenas com o convencimento. E que essa atitude

corrompia a juventude. Sua proposta era que, antes de tentar convencer os outros ou buscar o

conhecimento da natureza, cada um buscasse conhecer-se a si mesmo, retomando a frase "co-

nhece-te a ti mesmo" que estava gravada na entrada do templo de Apolo, em Delfos.

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UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

Aqui retomo o início de nossa conversa: Sócrates não está preocupado com o acúmulo de co-

nhecimentos, preocupa-se com uma postura diante do saber, com uma atitude, que é a de re-

conhecer a própria ignorância, expressa na frase: "Só sei que nada sei" e abrir-se para o conheci-

mento. Com isso, colocamo-nos abertos para o saber, dispostos a ir em busca da sabedoria. Pense

em você e no seu curso O Empreendedor e a Sociedade: como tem sido sua postura diante dos

conhecimentos que lhe são apresentados? Há alunos que apenas se preocupam em acumular

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conceitos e que não incorporam atitudes para a vida.

E a vida é mais importante!

SOFISTAS:

"são os primeiros filósofos do período socrático. Historicamente,

há dificuldade para conhecer o pensamento dos grandes

sofistas porque não possuímos seus textos. Os sofistas mais

importantes foram: Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini

e Isócrates de Atenas. [...]. Apresentavam-se como mestres de

oratória ou de retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens

tal arte para que fossem bons cidadãos. Que era essa arte? A arte

da persuasão.

Quem escreveu sobre Sócrates foi seu discípulo Platão. Que retrato deixou dele? Responde

Marilena Chauí (2012, p. 52):

O de um homem que andava pelas ruas e praças de Atenas, pelo mercado e pela as-

sembleia indagando a cada um: "Você sabe o que é isso que você está dizendo?"; "Você

sabe o que é isso em que você acredita?"; "Você acha que está conhecendo realmente

aquilo em que acredita, aquilo em que está pensando, aquilo que está dizendo?". "Você

diz", falava Sócrates, "que a coragem é importante, mas o que é coragem?; "Você acre-

dita que a justiça é importante, mas o que é a justiça?; "Você diz que ama as coisas e

as pessoas belas, mas o que é a beleza?"; "Você crê que seus amigos são a melhor coisa

que você tem, mas o que é a amizade?

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UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

Sócrates fazia perguntas sobre as ideias, sobre os valores nos quais os gregos acredi-

tavam e que julgavam conhecer. Suas perguntas deixavam os interlocutores embara-

çados, irritados, curiosos, pois, quando tentavam responder ao célebre "o que é", des-

cobriam, surpresos, que não sabiam responder e que nunca tinham pensado em suas

crenças, em seus valores e em suas ideias.

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Charge: 857 – Sócrates 6 Fonte: Carlos Ruas (www.umsabadoqualquer.com)

Essa postura de Sócrates mexeu com interesses da elite de Atenas. Ele foi submetido a julga-

mento e condenado a morrer tomando cicuta (um veneno feito de ervas), como representado no

famosa pintura de Jacque Louis David.

O comentário do quadro feito por Alain Botton, na obra "As consolações da filosofia" é bas-

tante interessante:

"Condenado à morte pelo povo de Atenas, Sócrates, rodeado por um grupo de amigos

desolados, prepara-se para beber uma taça de cicuta. Na primavera de 399 a.C., três

cidadãos atenienses instauraram um processo contra o filósofo. Acusavam-no de não

venerar os deuses da cidade, de introduzir inovações religiosas e de corromper os jo-

vens de Atenas. A gravidade das acusações era de tal ordem que exigia pena capital"

Sócrates reagiu com serenidade absoluta. Apesar de, durante o julgamento, lhe ser dada a opor-

tunidade de renunciar às suas ideias, ele preferiu manter-se fiel à busca da verdade a assumir

uma conduta capaz de o tornar benquisto entre seus inquisidores. Segundo o relato de Platão,

ele desafiou o júri com as seguintes palavras:

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UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

"Enquanto eu puder respirar e exercer minhas faculdades físicas e mentais, jamais dei-

xarei de praticar a filosofia, de elucidar a verdade e de exortar todos que cruzarem meu

caminho a buscá-la [...] Portanto, senhores [...] seja eu absolvido ou não, saibam que não

alterarei minha conduta, mesmo que tenha de morrer cem vezes."

Testemunha silenciosa da injustiça cometida, Platão está sentado ao pé da cama do mestre. A

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seu lado, uma pena e um rolo de pergaminho. Platão contava 29 anos quando Sócrates foi exe-

cutado, mas David o retratou como um ancião circunspecto e grisalho. No corredor ao fundo,

carcereiros conduzem Xantipa, a mulher de Sócrates, para fora da cela. Sete amigos apresentam

graus variados de consternação. Críton, seu companheiro mais chegado, está sentado a seu lado

e contempla o mestre com devoção e preocupação. Mas o filósofo, cujos torso e bíceps são de um

atleta, mantém-se ereto e altivo, sem que se perceba qualquer sinal de apreensão ou arrependi-

mento. O fato de ter sido acusado de loucura por um grande número de atenienses não abalou

suas convicções.

David havia planejado pintar Sócrates no ato de beber o veneno, mas o poeta André Chenier

sugeriu que o efeito dramático seria bem maior se ele fosse retratado no momento em que ter-

minava um argumento filosófico e, ao mesmo tempo, recebia com tranquilidade a taça de cicuta

que daria fim à sua vida, simbolizando, dessa forma, tanto um ato de obediência às leis de Atenas

como um compromisso de fidelidade à sua missão. Estamos testemunhando os últimos momen-

tos edificantes de um ser extraordinário.

Figura: A morte De Sócrates. Fonte: ShutterStock

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UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

Fascinante, não é mesmo?!


Se você quiser se aprofundar, nos materiais desta unidade há o texto "A defesa de Sócrates", escri-

to por seu discípulo Platão, que relata o julgamento de Sócrates. É um texto fantástico.

Lembre-se: importa a atitude de Sócrates, sua postura sempre aberta para o saber e questiona-

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dora da realidade.

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UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

2.4 PLATÃO
"[No fundo da caverna] não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as

sombras."

Platão

Quantas vezes nos perdemos nas sombras da vida? Quantas vezes nos encontramos como que

no fundo da caverna?

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Agora vamos estudar um filósofo que propôs uma interessante reflexão sobre os questionamentos

acima colocados: PLATÃO (428-347 a.C.). E nosso curso "O EMPREENDEDOR E A SOCIEDADE"

na modalidade EaD quer estar "antenado" com sua vida, com seus estudos aqui na Doctum,

enfim, com a realidade que você está vivendo.

Por isso, logo na abertura, vamos à história em quadrinhos que Maurício de Souza fez, tomando

por base o Mito da Caverna, de Platão.

Foto: Estátua Platão. Fonte: ShutterStock

26
UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

Estamos preparados para o texto de referência, onde veremos:

01_A TEORIA DAS IDEIAS DE PLATÃO


02_ASPECTOS DE SUA VIDA E OBRA
03_A DIALÉTICA PLATÔNICA
04_A TEORIA DE REMINISCÊNCIA

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Pelas reflexões propostas pelos textos, podemos verificar como o pensamento de Platão é

atual. Por isso, estou certo de que vai ajudar na transformação pela educação que você está

experimentando.

27
UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

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Será que você já consegue dar a resposta que o pensador da charge está se fazendo?

Consegue reconhecer que a filosofia está presente no nosso cotidiano? Insisto, a filosofia é para

nos libertar, para nos motivar, para levantar questionamentos, aguçar nossa consciência crítica:
01_Qualificar você como empreendedor
02_Melhorar sua forma de compreender a sociedade. Espero que você esteja tendo uma expe-
riência feliz.

Lembre-se, se tiver alguma dúvida, se quiser fazer algum comentário, estamos a sua disposição:

escreva para seu tutor e saiba que pode, a qualquer momento, contar conosco. Vamos, então,

para o terceiro pensador que nos propusemos estudar: Aristóteles.

28
UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

2.5 ARISTÓTELES
"Se se deve filosofar, deve-se filosofar,

e se não se deve filosofar, deve-se igualmente filosofar;

em qualquer caso, portanto, deve-se filosofar."

Aristóteles

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Quando estudamos filosofia, aos poucos, vamos

aprendendo os diversos ramos que pertencem

ao saber filosófico:

01_A TEORIA DO CONHECIMENTO


02_A POLÍTICA,
03_A ÉTICA
04_A LÓGICA
05_A METAFÍSICA
06_A ESTÉTICA, enfim,
todos esses campos, foram objeto de estudo do

filósofo: ARISTÓTELES (384-322 a.C.).

De acordo com a doutora em Filosofia pela

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Foto: Estátua Aristóteles Fonte: Wikipédia (UFRJ) Cíntia Martins Dias:

A influência do pensamento de Aristóteles nos dias de hoje é muito maior do

que imaginamos. A nossa forma de compreender o mundo é influenciada

pelo pensamento de Aristóteles. A própria forma como estruturamos o nosso

raciocínio é profundamente influenciada por Aristóteles, inclusive quando

consideramos que estamos tirando uma conclusão. Isso que chamamos hoje

de raciocínio lógico tem uma forte influência de Aristóteles.

Vamos compreender melhor tudo isso.

Para início de conversa, veja o vídeo "Grandes pensadores - Aristóteles", que apresenta o filósofo

como o primeiro a sistematizar, isto é, organizar a filosofia ocidental, toda a produção do

conhecimento até a sua época. Por isso, ele é considerado o primeiro verdadeiro cientista da

história.

29
UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

Penso que, após o vídeo, você já está preparado para os textos de referência.

O primeiro, das professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 154-156) , aborda temas como:

01_A METAFÍSICA
02_A TEORIA DO CONHECIMENTO
03_O CONHECIMENTO PELAS CAUSAS
04_DEUS, COMO O MOTOR MÓVEL
05_SUA CRÍTICA AOS FILÓSOFOS QUE VIERAM ANTES DELE

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E lembre-se, na modalidade EaD o protagonista do estudo é VOCÊ.

Segue uma palavra de estímulo, para que você se dedique ao máximo, aproveitando a oportunidade

de utilizar essa ferramenta atual, prática e segura de ensino-aprendizagem.

Conte sempre conosco. Estamos aqui a sua disposição, basta contatar o seu tutor.

Uma vez mais, Saudações e Bons Estudos.

30
UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO

REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:

introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 151-152.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2012.

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O Pensamento de Aristóteles segue influente no mundo contemporâneo.

Globo Ciência. Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globociencia/

noticia/2011/10/pensamento-de-aristoteles-segue-influente-no-mundo-con-

temporaneo.html>. Acesso em: 15 nov. 2018.

PLATÃO. A defesa de Sócrates. Disponível em: <http://www.revistaliteraria.

com.br/plataoapologia.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2018.

31
3
Ciência e Filosofia

3.1 O Advento da Modernidade 34


3.2 A Racionalidade Instrumental 39
3.3 O Impacto das Novas Tecnologias 40
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

3.1 O ADVENTO DA MODERNIDADE


Espero que você esteja realizando uma feliz trajetória pela aventura que é estudar e se aproximar

do conhecimento.

É claro que temos vídeos, gráficos e imagens em nosso estudo, mas não esqueça que a leitura é

fundamental para que você se desenvolva, não apenas aqui no curso O Empreendedor e a Socie-

dade, mas em todo e qualquer componente curricular do seu curso. Tenha certeza, uma transfor-

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
mação pode ocorrer se você se dedicar com afinco aos seus estudos.

E há um lema que não canso de repetir: NA EaD O PROTAGONISTA É VOCÊ!

Esta 3ª aula é dedicada ao tema Ciência e Filosofia. Iniciamos na compreensão do surgimento

da Modernidade, para depois refletir sobre a racionalidade instrumental e o impacto das novas

tecnologias. Para aproveitar ao máximo as leituras que faremos sobre a renascença e a filosofia

moderna, proponho uma revisão dos conteúdos de história que você estudou no ensino médio,

com uma teleaula do Novo Telecurso sobre esse importante período, apresentado como tempo

de transformação, que são os dois últimos séculos da Idade Média:

01_O INÍCIO DOS TEMPOS MODERNOS


02_RENASCIMENTO.

Muitas vezes, os estudos realizados no ensino médio foram precários e deixaram a desejar. Mas,

eles são fundamentais, a verdadeira base sobre a qual podemos construir os demais patamares

de nossos conteúdos e ficarmos assim mais aprimorados para uma reflexão mais profunda.

34
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

Como você se aprofundará com a leitura do texto de referência das professoras Maria Lúcia e

Maria Helena (2009, p. 364-369) , houve uma verdadeira revolução científica no século XVII, com

a substituição da teoria geocêntrica (a afirmar que a terra era o centro do universo) pela teoria

heliocêntrica.

A nova teoria não apenas retirou a Terra do centro do Universo, mas também

desintegrou uma construção estética que ordenava os espaços e hierarqui-

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zava o “mundo superior dos Céus” e o “mundo inferior e corruptível da Terra”.

Galileu geometrizou o Universo, igualando todos os espaços. Ao descobrir a

Via Láctea, contrapôs, a um mundo fechado e finito, a ideia da infinitude do

Céu.

Essa nova concepção de mundo (aberto e infinito), ao lado do surgimento e desenvolvimento de

invenções como a bússola, a prensa, a máquina a vapor, entre outras, “não constituiu uma sim-

ples evolução do pensamento científico, mas uma verdadeira ruptura que implicou outra con-

cepção de saber”, com características específicas que devem ser estudadas:


01_Racionalismo (e a valorização da razão, com a recusa do dogmatismo);
02_Saber ativo (oposto ao contemplativo e fruto da experiência) e
03_Método (palavra grega que significa caminho) e é entendida como “conjunto ordenado de
regras e procedimentos que devem ser seguidos na investigação científica para se chegar ao

conhecimento e à verdade” .

No texto de referência 1 você poderá

aprofundar esses conceitos, e é fun-

damental que você se dedique dili-

gentemente na leitura deles. Você vai

se encontrar com Galileu Galilei, da

foto ao lado , (1564 – 1642) e como ele

se constituiu em um dos expoentes

dos novos tempos.

Pintura: Retrato de Galileu Galilei


por Justus Sustermans
Fonte: Wikipédia

35
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

Você também está convidado a refletir com o texto do angolano Pedro de Castro Maria, com o

título Ciência, modernidade e pór-modernidade.

Como explica o autor, “este artigo, estruturado em quatro secções, propõe uma análise sobre a

pertinência ou não da contribuição da ciência e da tecnologia (componente aplicada da ciência)

na construção de um mundo em que a realização plena da humanidade seja um fato”.

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36
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

FILOSOFIA MODERNA

Falar em Modernidade nos remete a frase "penso, logo existo", de René Descartes, considera-

do o "pai da filosofia moderna". Uma das características desse período é a investigação sobre a

possibilidade do conhecimento. Em outras palavras, os pensadores se perguntam: "como é pos-

sível conhecer a verdade?". Então, a preocupação é com o método do conhecimento, encontrar

um caminho seguro para chegar à verdade. Descartes realizou o seguinte trajeto: como primeiro

passo, colocou tudo em dúvida, ou seja, duvidou de tudo o que julgava conhecer. É a chamada

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dúvida metódica. E apenas deixa de duvidar quando se deparou com seu próprio ser que estava

levantando as dúvidas.

Assim, chegou ao primeiro princípio de sua filosofia: PENSO, LOGO EXISTO . Vejamos essa passa-

gem, em seu livro, Discurso do método :


[...] enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessaria-

mente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade

eu penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas as mais extravagan-

tes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia

aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia que procura-

va (DESCARTES, 1973, p. 54).

Charge: Penso Logo Existo


Fonte: Quadrinhos à La Carte
por Julio Vett

37
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

A partir disso, inaugura-se uma nova etapa na história da filosofia que terá em seu centro o en-

tendimento, o intelecto, a valorização da RAZÃO. Decorrente disso, os pensadores focam suas

reflexões em torno do sujeito que é capaz de conhecer.

Segundo as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 168) ,

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As soluções apresentadas a esse problema deram origem a duas

correntes filosóficas, uma com ênfase na razão, outra nos sentidos.


01_RACIONALISMO engloba as doutrinas que enfatizam o papel
da razão no processo do conhecimento.

Na Idade Moderna destacam-se como racionalistas:

René Descartes - seu principal representante- , Espinosa e Leibniz.

02_EMPIRISMO (do grego empeiría, "experiência") é a tendência


filosófica que enfatiza o papel da experiência sensível no processo

do conhecimento.

Destacam-se no período moderno:

Francis Bacon, John Locke, David Hume e George Berkeley.

Tais autores estão presentes no texto de referência agora proposto, preparado pela filósofa e edu-

cadora Heidi Strecker, e aborda o renascimento, passando pelo racionalismo clássico e o empiris-

mo. A parte final do texto é sobre o iluminismo que ainda estudaremos no futuro.

É bastante material para você se divertir na aventura de estudar filosofia.

38
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

3.2 A RACIONALIDADE INSTRUMENTAL


Max Weber (1864-1920), um importante pensador que ainda estudaremos mais detidamente,

introduziu o conceito de “racionalização” para refletir sobre o processo de desenvolvimento da

sociedade de sua época, na qual a razão foi exaltada como a luz capaz de esclarecer (iluminar) a

humanidade, fazendo com que as ações humanas fossem cada vez mais planejadas, calculadas,

racionalizadas.

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
Pensadores como Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin e Herbert Marcuse, esses

os mais destacados entre outros, fundaram em 1923, em Frankfurt, o Instituto para Pesquisa So-

cial, que logo ficou conhecido por Escola de Frankfurt.

Como você se aprofundará no texto de referência 2 , as professoras Maria Lúcia e Maria Helena

(2009, p. 199) explicam que:

Na obra Eclipse da razão, Horkheimer distingue dois tipos de razão:

a cognitiva e a instrumental. A primeira, como o nome diz, é a que

busca conhecer a verdade, enquanto a razão instrumental é a ope-

racional, aquela que visa a agir sobre a natureza e transformá-la.

No entanto, no capitalismo, com o desenvolvimento das ciências

aplicadas à técnica – que permitiu o progresso da tecnologia a pa-

tamares jamais vistos –, a razão instrumental tomou tal vulto que se

sobrepôs à razão cognitiva.

39
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

3.3 O IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS


Durante toda essa aula viemos refletindo como ocorreram grandes transformações no modo do

ser humano conceber a realidade, bem como no seu jeito de viver.

Sem dúvida, vivemos em nossos tempos uma transição também profundamente transformado-

ra, com o surgimento de novas tecnologias que trouxeram novas formas de agir, novos tipos de

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ocupação, novas modos de se relacionar.

Como refletem Karen Kohn e Cláudia Herte de Moraes (cujo texto de referência 3 está nos ma-

teriais desta aula), houve uma valorização do “conhecimento; a riqueza dos países passou a ser

medida pelo acesso à tecnologia e sua capacidade de desenvolvimento na área; a informação e

as práticas relacionadas a ela se tornaram o principal setor da economia”.

40
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

Por fim, chegamos a seguinte conclusão:

Slogans comerciais já diziam: o futuro é agora. Há pouco tempo, se via a tec-

nologia como algo de outro mundo, ou algo ainda distante da realidade. O

ciclo de implantação de novas tecnologias é cada vez mais acelerado, com

mudanças importantes num curto espaço de tempo. De Sociedade Indus-

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trial passou-se rapidamente para Era da Tecnologia e mais rápido ainda já se

vive na Era Digital. Por meio da técnica se fez o homem, se fez a sociedade, o

modo de agir, pensar, se relacionar, o fazer de todas as práticas humanas. A

tecnologia permite que os novos dispositivos se implantem definitivamente

no cotidiano social. Quem hoje abdica de ser encontrado a qualquer hora e

em qualquer lugar (isto é, de possuir um telefone celular)? Todos os dispositi-

vos fazem parte de um complexo social em que são formatados e formatam

a cultura. A Internet se tornou um instrumento prático e barato, alterando

diversas funções e criando outras, principalmente no novo mercado de tra-

balho que se originou com novas práticas ligadas ao campo da tecnologia,

informática e do conhecimento. Castells (1999) define bem esse processo di-

zendo que se encerrou uma revolução tecnológica, com base na informação

que transformou o pensar, o produzir, o negociar, o comunicar, viver, morrer,

fazer guerra e fazer amor; demonstrando configurações monumentais que

se procederam e influenciaram a Era da Informação e do Digital, institucio-

nalizando o que é a sociedade, hoje. A transição de paradigmas inerentes

às novas configurações sociais na Sociedade Digital move diferentes teses,

como expostas neste texto, demonstrando o alto grau de impacto também

na área científica, não apenas nas questões tecnológicas, mas essencialmen-

te nas Ciências Sociais. É impossível não ver os benefícios que as novas tecno-

logias trouxeram para a vida as pessoas, mas sua prepotência lúdica esconde

bichos-de-sete-cabeças. É preciso tomar cuidado para não ser engolido por

eles, por mais que pareçam amistosos. Encerra-se com uma frase de Carlos

Vogt, que se intitula Cacofonia Social: “com a globalização, dá-se aos pobres a

exclusão, acima dos médios a inclusão e destes – se ricos – a reclusão” (KOHN;

MORAES, 2007, p. 11-12).

41
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:

introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 364-369.

DESCARTES. René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
EMPIRISMO. Plataforma Anísio Teixeira. Secretaria da Educação, Bahia, 2017.

Disponível em: <http://ambiente.educacao.ba.gov.br/conteudos-digitais/con-

teudo/exibir/id/3001>. Acesso em: 17 dez. 2018.

LEOPOLDO e SILVA, Franklin. Conhecimento e razão instrumental. Psicolo-

gia USP, São Paulo, v.8, n.1, p.11-31, 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/

scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65641997000100002>. Acesso em: 17

dez. 2018.

KOHN, Karen; MORAES, Cláudia Herte de (Universidade Federal de Santa Ma-

ria). O impacto das novas tecnologias na sociedade: conceitos e caracterís-

ticas da Sociedade da Informação e da Sociedade Digital. Intercom – Socie-

dade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXX Congresso

Brasileiro de Ciências da Comunicação, Santos, 29 de agosto a 2 de setembro

de 2007. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/no-

vas_tecnologias_na_sociedade.pdf>. Acesso em: 18 dez 2018.

MARIA, Pedro de Castro. Ciência, modernidade e pós-modernidade. Revista

Angolana de Sociologia [Online], 12 | 2013. Disponível em: <http://journals.ope-

nedition.org/ras/732>. Acesso em: 17 dez. 2018.

Michaelis – Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Melhoramentos, 2018.

Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 17 dez. 2018.

42
UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA

RACIONALISMO. Plataforma Anísio Teixeira. Secretaria da Educação, Bahia,

2017. Disponível em: <http://pat.educacao.ba.gov.br/conteudos-digitais/con-

teudo/exibir/id/3027>. Acesso em: 17 dez. 2018.

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
STRECKER, Heidi. Filosofia moderna (1) - Pensadores da Modernidade. Edu-

cação – UOL. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/

filosofia-moderna-1-conheca-os-maiores-filosofos-dos-seculos-16-a-18.htm>.

Acesso em: 17 dez. 2018.

STRECKER, Heidi. Filosofia moderna (2) - A razão: do Renascimento ao Ilu-

minismo. Educação – UOL. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/dis-

ciplinas/filosofia/filosofia-moderna-2-a-razao-do-renascimento-ao-iluminis-

mo.htm>. Acesso em: 17 dez. 2018.

43
4
Saber e Linguagem

4.1 Saber 46
4.2 Linguagem 49
UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM

4.1 SABER
"Nossa necessidade de conhecer não é justamente essa necessidade do conhecido,

a vontade de [...] descobrir algo que não mais nos inquiete?"

Nietzsche

Caro empreendedor(a), amigo(a) companheiro(a) de aventura,


chamo você assim, porque é uma grande aventura a trajetória que estamos fazendo na busca do

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conhecimento. Quantas vezes nós nos perguntamos qual a utilidade do que estamos estudando?

Outras tantas vezes, por não diferenciar as formas de conhecimento, somos levados ao erro, che-

gamos a conclusões equivocadas, enfim, nos damos mal.

Como nosso objetivo final aqui é sermos transformados pela educação, vamos em busca de apri-

morar e organizar nossa "necessidade do conhecido", essa "vontade de descobrir algo que não

mais nos inquiete", de que fala Nietzsche. Para não ficarmos depois da aula como o Calvin.

Charge: O Melhor de Calvin Fonte: Bill Watterson

Na sua construção de pessoa empreendedora, inserida de forma consciente na sociedade, é por

demais relevante refletir sobre o saber e sobre a linguagem, os dois títulos desta aula.

46
UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM

Na mesma linha do que vimos na animação, temos o texto de referência proposto, do profes-

sor Wilson Correia , onde veremos como não há um critério para dizer que um conhecimento é

melhor, maior ou mais importante que outro, mas que "devem ser vistos numa perspectiva de

complementaridade, interdisciplinaridade e até de transdisciplinaridade". Nesse texto você verá:

01_O que é conhecer


02_A relação entre conhecer e pensar
03_Os diversos tipos de conhecimentos e saberes: o saber da vida, os conhecimentos mítico, te-

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ológico, filosófico, científico, técnico e o saber das artes.

ATITUDE FILOSÓFICA: INDAGAR

Como nosso componente curricular tem uma forte ligação com a FILOSOFIA, vamos apresentar

algumas características próprias da atitude filosófica, segundo a professora Marilena Chauí (2012,

p. 24) :

01_Perguntar O QUE É (uma coisa, um valor, uma ideia, um comportamen-


to).

Ou seja, a filosofia pergunta qual é a realidade e qual é a significação de algo,

não importa o quê;

02_Perguntar COMO É (uma coisa, um valor, uma ideia, um comportamento).


Ou seja, a filosofia indaga como é a estrutura ou o sistema de relações que

constitui a realidade de algo;

03_Perguntar POR QUE É (uma coisa, um valor, uma ideia, um


comportamento).

Ou seja, por que algo existe, qual é a origem ou a causa de uma coisa, de uma

ideia, de um valor, de um comportamento.

47
UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM

A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos

rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, descobre que

essas questões pressupõem a figura daquele que interroga e que elas exigem

que seja explicada a tendência do ser humano a interrogar o mundo e a si

mesmo com o desejo de conhecê-lo e conhecer-se. Em outras palavras, a

filosofia compreende que precisa conhecer nossa capacidade de conhecer,

que precisa pensar sobre nossa capacidade de pensar.

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Por isso, pouco a pouco, as perguntas da filosofia se dirigem ao próprio

pensamento: "O que é pensar?", "Como é pensar?", "Por que há o pensar?".

A filosofia torna-se, então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por

ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a filosofia se realiza

como reflexão, ou, seguindo o oráculo de Delfos [que vimos ao estudar

Sócrates], busca realizar o "CONHECE-TE A TI MESMO"


Há muitos cursos na faculdade que possuem uma dimensão fortemente científica, ou seja, um

conhecimento produzido a partir da investigação da realidade, mediante experimentos ou por

meio do "entendimento lógico de fatos, fenômenos, relações, coisas, seres e acontecimentos que

ocorrem na realidade cósmica, humana e natural. Trata-se de um conhecimento que é sistemático,

metódico e que não é realizado de maneira espontânea, intuitiva, baseada na fé ou simplesmente

na lógica racional". Por conta disso, segue o vídeo do Prof. Dr. Ivan Claudio Guedes que aborda a

temática do conhecimento científico em contraponto com o senso comum e o senso crítico.

Charge: Mafalda por Quino Fonte: Arquivos Google

48
UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM

4.2 LINGUAGEM
Como nos ensinam as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 55), “a linguagem é um

instrumento que nos permite pensar e comunicar o pensamento, estabelecer diálogos com

nossos semelhantes e dar sentido à realidade que nos cerca”. Assim, refletir sobre esse tema é de

fundamental relevância para quem se coloca em uma atitude empreendedora, como você.

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No texto de referência, você terá oportunidade de estudar os seguintes aspectos:

01_O QUE É UMA LINGUAGEM (com a análise da estrutura da linguagem, os tipos de signos e
a construção da significação)

02_OS TIPOS DE LINGUAGEM


03_A LINGUAGEM VERBAL
04_AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM
05_UMA REFLEXÃO SOBRE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CULTURA

Como sempre digo em meus próprios vídeos no início das aulas, não podemos ficar apenas nos

vídeos, é importante ler os textos e realizar as atividades propostas.

49
UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM

REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:

introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 54 - 63.

BACHA, Maria de Lourdes. A natureza do conhecimento científico em Ad-

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
ministração. Pensamento & Realidade . Revista do Programa de Estudos

Pós-Graduados em Administração - FEA/PUC-SP, ano IV, n. 8, 2001, p. 48 -

68. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/pensamentorealidade/article/

view/8535/6339>. Acesso em: 19 dez. 2018.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2012.

CORREIA, Wilson. Os diversos tipos de conhecimento. Disponível em:

<http://br.monograf ias.com/trabalhos913/diversos-tipos-conhecimento/di-

versos-tipos-conhecimento.shtml>. Acesso em: 13 dez. 2016.

Michaelis – Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Melhoramentos, 2018.

Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 17 dez. 2018.

50
5
Ética e Moral

5.1 Conceituação de Ética e Moral 52


5.2 Problemas éticos do mundo contemporâneo 56
5.3 A Ética na Administração de Empresas 57
UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL

5.1 CONCEITUAÇÃO DE ÉTICA E MORAL


"Age de tal maneira que trates a humanidade [...] sempre como um fim e nunca como

um meio."

Kant

Amigo(a) estudante,
é inegável que o tema da ética está em alta. Pode ser que muitos não tenham atitudes éticas,

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mas muito se fala de ética. Os políticos, quase que em sua totalidade, em seus discursos falam

e falam sobre ética. Entretanto, os índices de corrupção na política brasileira fazem confundir o

noticiário político com o noticiário policial.

Ora, que é ética? Existe diferença entre ética e moral? Por que a filosofia se ocupa desse

tema?

Essas e outras indagações fazem parte dessa aula que tem como objetivos de aprendizagem:

caracterizar ética e moral, relacionando-as; compreender o caráter histórico e social da moral;

refletir sobre a liberdade do sujeito moral e sobre a ética do cotidiano; e reconhecer a importância

da Ética no mundo corporativo.

52
UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL

ÉTICA OU FILOSOFIA MORAL

Uma das questões proposta para o estudo dessa aula é se existe diferença entre ética e moral.

Você terá oportunidade de aprofundar o tema com a leitura do texto de referência, mas, por

agora, vejamos como a professora Marilena Chauí (2012, p. 386) apresenta essa questão:

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Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes

ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido e à conduta correta e à incorreta,

válidos para todos os seus membros. Culturas e sociedades fortemente

hierarquizadas e com diferenças de castas ou de classes muito profundas

podem até mesmo possuir várias morais, cada uma delas referidas aos valores
de uma casta ou de uma classe social.

No entanto, a simples existência da moral não significa a presença explícita de

uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta,

problematize e interprete o significado dos valores morais. [...]

Como as próprias palavras indicam, ética e moral referem-se ao conjunto de

costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados

valores e obrigações para a conduta de seus membros.

A filosofia moral ou a disciplina denominada a ética nasce quando se passa a

indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes.

A filosofia moral ou a ética nasce quando, além das questões sobre os

costumes, também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o

senso moral e a consciência moral individuais.

53
UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL

MORAL: deriva do latim: mos, moris MORAL E ÉTICA:

conjunto de costumes de uma

sociedade, considerados como

valores e obrigações para seus

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ÉTICA: deriva do grego: éthos membros.

No entanto, há na língua grega outra palavra que, ao ser transliterada para o português, se escreve

da mesma maneira que a palavra que significa 'costume' (éthos).

ÉTHOS:

01_ESCRITA COM A VOGAL LONGA (ETA), SIGNIFICA 'COSTUME';


02_ESCRITA COM A VOGAL BREVE (EPSÍLON), SIGNIFICA 'CARÁTER', 'ÍNDOLE NATURAL',
'CONJUNTO DAS DISPOSIÇÕES FÍSICAS E PSÍQUICAS DE UMA PESSOA' (CHAUÍ, 2014, p. 263).

No texto de referência, as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (p. 212-219) fazem uma

apresentação bastante didática sobre temas que são fundamentais para que a reflexão e a

discussão sobre ética e moral não caia no senso comum.

Elas iniciam diferenciando moral e ética, para depois apresentar o caráter histórico e social da

moral e fazer uma reflexão sobre a liberdade do sujeito moral. Na sequência, refletem sobre temas

interessantes e bem próximos de você:


01_DEVER E LIBERDADE
02_DESEJO E VONTADE
03_ÉTICA APLICADA
04_IMPORTÂNCIA DE APRENDER A CONVIVER.

54
UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL

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Charge: Quino

Nossa consciência moral é o 'inquilino' da charge e a sociedade, como um todo, precisa cada vez

mais dar ouvidos a 'esse inquilino que a gente tem aqui dentro'. Para quem se coloca diante da

sociedade com uma atitude empreendedora, ele deve servir para seu aprimoramento pessoal e

profissional, com um olhar voltado para que o seu redor, desde sua família à sociedade onde você

vive e atua - que o mundo possa ser melhor e que a reflexão sobre ética nos auxilie nessa tarefa

de melhorar o mundo em torno de nós.

Agora, temos o vídeo do interessante programa Café Filosófico/CPFL, da TV Cultura, com os

professores Clóvis de Barros Filho e Mário Sérgio Cortella abordando o tema da ética no cotidiano.

55
UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL

5.2 PROBLEMAS ÉTICOS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO


O debate sobre a ética no cotidiano com os professores Clóvis de Barros Filho e Mário Sérgio

Cortella que acompanhamos em vídeo já nos traz muitos elementos de reflexão sobre os

problemas éticos do mundo contemporâneo.

Quero convidá-lo a ler o texto, bastante profundo e com uma bibliografia muito expressiva, do

Prof. Yves de La Taille, com o título "Moral e ética no mundo contemporâneo".

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56
UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL

5.3 A ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

Prezado estudante,
após a trajetória que fizemos até aqui, de modo particular nas primeiras partes dessa aula, na

qual refletimos sobre a ética e seus princípios fundamentais, chegou o momento de voltar nosso

olhar para a ética nas organizações.

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Acompanhando a reflexão de Lattas e Silva Júnior (2005), verifica-se que:

Charge: Terceirização por Bruno Galvão Fonte: Humor Político

"Nas relações empresariais atuais tem-se a identificação de que a ética pode

ser considerada uma essência de sucesso para as organizações modernas.

Esta essência apresenta-se por meio das ações entre agentes empresariais,

como por exemplo, clientes, fornecedores, concorrentes e entre os próprios

colaboradores da empresa.

O agir com ética, nesse contexto, significa agir de acordo com determinadas

regras e preceitos. Porém verifica-se que muitas empresas divulgam regras,

ou até mesmo códigos de ética, mas não os cumprem. Com isso observa-se a

dificuldade de se coordenar o discurso com a prática diária. Mas como se po-

dem disseminar tais valores e ao mesmo tempo obter sua aplicação? Como

gerenciar os mais diversos interesses dos colaboradores levando-se em con-

sideração a importância da ética?"

57
UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL

Essas questões devem fazer parte de seu repertório de indagações para que este estudo não

fique apenas nas palavras, como quem diz: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Uma empresa que tenha definido sua missão, sua visão e seus valores, mas não pauta suas ações

norteadas por eles está cometendo o mesmo equívoco . Como prosseguem Lattas e Silva Júnior

(2005), “a motivação para este estudo fundamenta-se na premissa de que a ética, entendida

como a ciência dos costumes ou dos atos humanos, passa a ser uma questão de sobrevivência

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para organizações submetidas a pressões constantes, nos setores mais dinâmicos da empresa”.

Percebe-se que, continuam os autores (2005),

"A ética nas organizações não se caracteriza como valores abstratos nem

alheios aos que vigoram na sociedade; ao contrário, as pessoas que as

constituem, sendo sujeitos históricos e sociais, levam para elas as mesmas

crenças e princípios que aprenderam enquanto membros da sociedade.

Normalmente, o mundo de uma organização é permeado por conflitos, por

choques entre interesses individuais e, muitas vezes, entre esses e os da

própria organização, de modo que a ética servirá para regular essas relações,

colocando limites e parâmetros a serem seguidos."

58
UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL

Nesta aula você está refletindo sobre ética nas organizações, tendo em vista a leitura e o estudo

do Código de Ética dos Profissionais em Administração (aprovado pela resolução normativa, do

Conselho Federal de Administração (CFA) nº 393, de 6 de dezembro de 2010), e que faz parte dos

materiais desse módulo. É um texto longo, porém sua leitura e estudo são fundamentais para sua

formação e para que os valores éticos aqui estudados e que tanto defendemos não sejam letra

morta.

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Saudações e Bons Estudos.

59
UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL

REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:

introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 212 - 220.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2012.

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_______. Iniciação à filosofia. 2. ed. São Paulo: Ática, 2014.

CONSELHO Federal de Administração. Resolução Normativa nº 393, de 6 de

dezembro de 2010. Código de Ética dos Profissionais em Administração.

Disponível em: <http://www.crars.org.br/arquivos/codigo_etica.pdf>. Acesso

em: 19 dez. 2018.

LATTAS, Maria Virgínia; SILVA JÚNIOR, Walter José. Algumas reflexões sobre

ética nas organizações. Revista Organizações em Contexto, v. 1, n. 2, p. 9-24,

2005. Disponível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.

php/OC/article/viewFile/1250/1265>. Acesso em: 19 dez. 2018.

60
6
Introdução Geral à Sociologia

6.1 O surgimento da Sociologia como Ciência Autônoma 62

6.2 O Positivismo e sua Influência nas Ciências Modernas 68


UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

6.1 O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA AUTÔNOMA


Tenho quase certeza que você já se perguntou:

- Por que o ser humano é assim?

E também, imagine a cena de dois tipos de festa: um baile vitoriano do século XIX e uma festa

rave no século XXI.

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Foto: Rave Xxxperience BH por Cid Costa Neto Fonte: Wikipédia

- Quanta mudança, não é mesmo?

- Como e por que as sociedades mudam?

Pois é, a Sociologia surgiu justamente para dar respostas científicas a esse tipo de pergunta.

Nesta aula, vamos buscar entender o contexto histórico que levou ao nascimento da Sociologia

como ciência.

A Sociologia como ciência que analisa a sociedade (consolidada apenas no século XIX) é fruto

de todo o conhecimento desenvolvido sobre a natureza e a sociedade a partir do século XV. O

mundo na época passava por várias transformações que não podem ser entendidas de forma

isolada, visto que estão ligadas umas as outras, são elas:

01_EXPANSÃO MARÍTIMA

62
UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

02_COMÉRCIO ULTRAMARINO
03_FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS
04_REFORMA PROTESTANTE
05_DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS E DA TECNOLOGIAS
06_ANTROPOCENTRISMO

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EXPANSÃO MARÍTIMA
A partir do século XV, sob a liderança de portugueses e espanhóis, os europeus começam um

processo de intensa globalização, a chamada Expansão Marítima. Este fato também ficou

conhecido como as Grandes Navegações e tinha como principais objetivos:

01_OBTENÇÃO DE RIQUEZAS (atividades comerciais) tanto pela exploração da terra (minerais


e vegetais) quanto pela submissão de outros seres humanos ao trabalho escravo (indígenas e

africanos).

02_PRETENSÃO DE EXPANSÃO TERRITORIAL.


03_DIFUSÃO DO CRISTIANISMO (CATOLICISMO) PARA OUTRAS CIVILIZAÇÕES
04_DESEJO DE AVENTURA e pela tentativa de superar os perigos do mar (real e imaginário).

COMÉRCIO ULTRAMARINO
A expansão ultramarina Européia deu início ao processo da Revolução Comercial, que caracterizou

os séculos XV, XVI e XVII. Através das Grandes Navegações, pela primeira vez na história, o mundo

seria totalmente interligado. Somente então é possível falar-se em uma história em escala

mundial.

A Revolução Comercial, graças a acumulação primitiva de Capital que propiciou, preparou o

começo da Revolução Industrial a partir da segunda metade do século XVIII. Apenas os Estados

efetivamente centralizados tinham condições de levar adiante tal empreendimento, dada a

necessidade de um grande investimento e principalmente de uma figura que atuasse como

coordenador – no caso, o Rei que:

01_FAZIA O ACÚMULO PRÉVIO DE CAPITAIS, pela cobrança direta de impostos.


02_DISCIPLINAVA OS INVESTIMENTOS DA BURGUESIA, canalizando-os para esse grande
empreendimento de caráter estatal.

63
UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

Ou seja, do Estado, que se tornou um instrumento de riqueza e poder para as monarquias

absolutas

FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS


Que "aconteceu no período da história européia compreendido na Baixa Idade Média (Séculos

XI a XIV), onde após a fracassada pretensão da Igreja de Roma de unificar o continente sob sua

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batuta, os diferentes povos europeus começaram a unir-se em torno de um grande líder, que

fosse mais forte que os líderes regionais para unificar as diferentes e fragmentadas regiões que

formavam a 'colcha de retalhos' que era o mapa europeu da época. Com essa nova configuração

sócio-política, os reis passaram a assumir um perfil próximo ao do absolutismo, que teve seu

auge com Luís XIV (o autor da famosa frase "o Estado sou eu"), e através desta força do monarca,

subjugando os líderes locais é que o Estado Nacional moderno como conhecemos hoje pôde

surgir".

REFORMA PROTESTANTE
A Reforma Protestante foi apenas uma das inúmeras Reformas Religiosas ocorridas após a Idade

Média e que tinham como base:

01_CUNHO RELIGIOSO
02_INSATISFAÇÃO COM AS ATITUDES DA IGREJA CATÓLICA e seu distanciamento com relação
aos princípios primordiais.

03_A IGREJA CONDENAVA A ACUMULAÇÃO DE CAPITAIS (embora ela mesmo fizesse)


04_SISTEMA FEUDALISTA ESTAVA DANDO LUGAR ÀS MONARQUIAS NACIONAIS, no qual
colocam a Nação e o rei acima dos poderes da Igreja.

Durante a Idade Média a Igreja Católica se tornou muito mais poderosa, interferindo nas decisões

políticas e juntando altas somas em dinheiro e terras apoiada pelo sistema feudalista. Desta

forma, ela se distanciava de seus ensinamentos e caía em contradição, chegando mesmo a

vender indulgências (perdão dos pecados aos cristãos).

A IGREJA PREGAVA QUE QUALQUER CRISTÃO PODERIA COMPRAR O PERDÃO POR SEUS

PECADOS

Desta forma, Martinho Lutero, monge agostiniano da região da saxônia, deflagrou a Reforma

64
UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

Protestante ao discordar publicamente da prática de venda de indulgências pelo Papa Leão X.

Leão X (1478-1521) com o intuito de terminar a construção da Basílica de São Pedro determinou a

venda de indulgências (perdão dos pecados) a todos os cristãos. Lutero, que foi completamente

contra, protestou com 95 proposições que afixou na porta da igreja onde era mestre e pregador.

Em suas proposições condenava a prática vergonhosa do pagamento de indulgências, o que

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fez com que Leão X exigisse dele uma retratação pelo ato. O que nunca foi conseguido. Leão X

então, excomungou Lutero que em mais uma manifestação de protesto, rasgou a Bula Papal

(documento da excomunhão), queimando-a em público.

Então, enquanto Lutero era acolhido por seu protetor, o príncipe Frederico da Saxônia, diversos

nobres alemães se aproveitaram da situação como uma oportunidade para tomar os inúmeros

bens que a igreja possuía na região. Assim, três revoltas eclodiram: uma em 1522 quando os

cavaleiros do império atacaram diversos principados eclesiásticos afim de ganhar terras e poder;

outra em 1523, quando a nobreza católica reagiu; e, uma em 1524, quando os camponeses

aproveitando-se da situação começaram a lutar pelo fim da servidão e pelas igualdades de

condições. Mas esta última também foi rechaçada por uma união entre os católicos, protestantes,

burgueses e padres que se sentiram ameaçados e exterminaram mais de 100 mil camponeses. O

maior destaque da revolta camponesa na rebelião de 1524 foi Thomas Münzer, suas idéias dariam

início ao movimento “anabatista”, uma nova igreja ainda mais radical que a luterana. (Info Escola.

Acesso em: 20 dez. 2018).

O DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS E DAS TECNOLOGIAS [ SAIBA MAIS ]

O ANTROPOCENTRISMO [ SAIBA MAIS ]

65
UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

Em meio a todas essas transformações, foi o empenho para explicar os acontecimentos sociais de

forma científica, sem os moldes dos mitos, da religião ou por ideias abstratas, que deu origem à

Sociologia, no século XIX.

As transformações iniciadas na passagem da Idade Média para a Idade Moderna geraram rupturas

nas estruturas que sustentavam a sociedade europeia como pode perceber. Essas rupturas,

quando acontecem de forma intensa podem ser chamadas de revoluções. Nos séc. XVIII e XIX

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ocorreram duas que tiveram impacto decisivo na criação da Sociologia. Vamos a elas:

01_A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - Grã Bretanha, final do século XVIII:


02_A REVOLUÇÃO FRANCESA - Paris, 1789:

"A Revolução Francesa de 1789 marcou o triunfo das ideias e dos valores seculares, como liberdade

e igualdade, sobre a ordem tradicional. Foi o começo de uma poderosa e dinâmica força que desde

então tem se espalhado ao redor do globo e se tornado um artigo básico do mundo moderno"

(GIDDENS, 2005, p. 27).

Dá para compreender que o mundo na época passou por grandes transformações.

Devemos ter em conta quanta mudança aconteceu a partir do novo modo de produção

da riqueza, com a presença da máquina a vapor e a substituição do trabalho manual

pelo trabalho mecânico. Temos mudanças também por parte de muitos pensadores a

refletir sobre as novas formas de organização política. Já no século XIX, temos o advento

de novas fontes de energia como o petróleo e a eletricidade, além do incremento

vertiginoso da produção industrial. Como afirma Giddens (2005, p. 27-28):

Isso mudou dramaticamente a face do mundo social, incluindo muito de nossos hábitos

66
UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

pessoais. A maioria dos alimentos que comemos e das bebidas que bebemos - como o café -

agora é produzida por meios industriais. A ruptura com os modos de vida tradicionais desafiou os

pensadores a desenvolverem uma nova compreensão tanto do mundo social, como do natural. Os

pioneiros da sociologia foram apanhados pelos acontecimentos que cercaram essas revoluções e

tentaram compreender sua emergência e consequências potenciais.

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Mas há algo bastante interessante que colocamos no início da aula para conduzir você até aqui.

Continua Giddens (2005, p. 28):

Os tipos de questões que esses pensadores do século XIX buscavam responder

- O que é a natureza humana? Por que a sociedade é estruturada da forma

que é? Como e por que as sociedades mudam? - são as mesmas questões

que os sociólogos tentam responder hoje em dia.

E foram essas questões que deram origem à Sociologia como ciência. Percebeu?! A Sociologia

está mais perto do que você imaginava, não é mesmo?

67
UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

6.2 O POSITIVISMO E SUA INFLUÊNCIA NAS CIÊNCIAS MODERNAS


Retomando nosso assunto do surgimento da "ciência da sociedade", o primeiro a usar essa palavra

- SOCIOLOGIA - foi Augusto Comte (1778-1857). Há algo que talvez você nunca tenha prestado

atenção, mas o pensamento desse filósofo francês está mais perto de você do que imagina.

Dê uma olhada na bandeira do Brasil.

Imagem: Bandeira do Brasil Fonte: Wikipédia Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.

É claro que você sabe que há uma frase: Ordem e progresso.

Pois é, essa frase é o lema do positivismo de Augusto Comte. Concorda que é interessante

conhecer mais a fundo o pensamento desse filósofo tão influente que inspirou os brasileiros a

colocar seu lema em nossa bandeira? Basta clicar abaixo e saber mais.

Agora, vamos acompanhar o texto de Antonio Carlos Olivieri, Positivismo - Ordem, progresso e a

ciência como religião da humanidade.

68
UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

A palavra positivismo foi empregada pela primeira vez pelo filósofo francês Claude Saint-

Simon - um dos chamados socialistas românticos - para designar o método exato das

ciências e a possibilidade de sua extensão à filosofia. Mais tarde, o politécnico Auguste

Comte (1798-1857), que foi seu secretário, utilizou a expressão para designar a sua

filosofia, que teve grande expressão no mundo ocidental durante a segunda metade

do século 19 (estendendo-se no Brasil à primeira metade do século 20). O positivismo

acompanhou e estimulou a organização técnico-industrial da sociedade moderna e fez

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uma exaltação otimista do industrialismo. Nesse sentido, pode-se compreendê-lo como

produto da sociedade técnico-industrial que, ao mesmo tempo, a leva esta mesma

sociedade a desenvolver-se e consolidar-se. Basicamente, a característica essencial ao

positivismo, tal qual o concebeu Comte, é a devoção à ciência, vista como único guia

da vida individual e social, única moral e única religião possível. Desse modo, em última

análise, o positivismo é compreendido como a "religião da humanidade".

CURSO DE FILOSOFIA POSITIVA

A partir da ciência - e de uma ciência social ou sociologia, da qual Comte é um fundador

-, o filósofo propunha reformular a sociedade para que se obtivesse ordem e progresso.

Note-se, porém, que isso implica a criação de uma ciência social, pois só é possível

reformular ou transformar aquilo que conhecemos. A obra fundamental de Comte é

o "Curso de Filosofia Positiva", livro escrito entre 1830 e 1842, a partir de 60 aulas dadas

publicamente pelo filósofo, a partir de 1826.

É na primeira delas que Comte formulou a "LEI DOS TRÊS ESTADOS" da evolução

humana:

01_TEOLÓGICO: em que a humanidade vê o mundo e se organiza a partir dos mitos e


das crenças religiosas;
02_METAFÍSICO: baseado na descrença em um Deus todo-poderoso, mas também
em conhecimentos sem fundamentação científica;

03_POSITIVO: marcado pelo triunfo da ciência, que seria capaz de compreender toda
e qualquer manifestação natural e humana.

Passados mais de 150 anos da publicação do "Curso", talvez não fosse necessário dizer

que é inerente ao positivismo uma romantização da ciência, romantização esta que

atribuiu ao conhecimento científico uma onipotência não comprovada pela realidade.

69
UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

Atualmente, sabe-se que a ciência não só resolve problemas, como também os cria:

veja-se como um exemplo a interferência danosa do desenvolvimento industrial no

meio ambiente.

POSITIVISMO NO BRASIL

Conhecer o positivismo, contudo, é particularmente importante aos brasileiros, devido

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à grande influência que esta escola filosófica exerceu no país na virada dos séculos 19

e 20. Se o leitor foi atento, percebeu que o objetivo da filosofia de Comte é a ordem

e o progresso, lema inscrito na bandeira brasileira adotada após a proclamação da

República. As ideias de Comte, em especial através dos pensadores Miguel Lemos

(1854-1917), Teixeira Mendes (1855-1927) e do militar Benjamin Constant (1836-1891), se

impuseram aos círculos republicanos brasileiros, contribuindo para nortear a nova

ordem social republicana, em especial nos governos Deodoro da Fonseca e Floriano

Peixoto.

Sobre o tema, em minha tese de doutorado, embasado em Reale e Antiseri (1991, p. 296), fiz a

seguinte síntese que pode agora nos ajudar:

"Embora tenha diversas ramificações, abrangendo também as mais diversas áreas,

como movimento de pensamento, alguns traços são constantes no positivismo


01_Primado da Ciência como única fonte de conhecimento verdadeiro;
02_O método das ciências naturais é o único válido para abordar seja a natureza, seja
a sociedade;

03_A sociologia é a ciência das relações humanas e sociais;


04_A ciência é o único caminho para a solução de todos os problemas da humanidade;
05_Forte otimismo diante do progresso, que levará, certamente, a humanidade a um
estágio de bem-estar generalizado, gozado na paz e em clima de solidariedade humana;

06_Messianismo científico: a ciência nos destina ao progresso;


07_Fé na racionalidade científica e alijamento de todo e qualquer pressuposto
teológico;

08_Confiança ingênua na estabilidade e no desenvolvimento constante da ciência;


09_Combate às concepções idealistas e espiritualistas da realidade;
10_Ideologia da burguesia da segunda metade do século XIX" (BALIKIAN, 2015, p. 57).

70
UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA

REFERÊNCIA:
BALIKIAN, José Eduardo. Direito: mitos, invenções e perspectivas para o

ensino jurídico. 2015. 149 f. Tese (Doutorado em Ciências Humanas) - Univer-

sidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015. Disponível em: <https://reposi-

torio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/2357/6561.pdf?sequence=1&isAllowe-

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
d=y>. Acesso em: 20 dez. 2018.

CARVALHO, Leandro. Expansão Marítima Europeia. Brasil Escola. Disponível

em:

<http://brasilescola.uol.com.br/historiag/expansao-maritima-europeia.htm>.

Acesso em: 08 jun. 2016.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

MUSSE, Ricardo. Apontamentos sobre o nascimento da sociologia. Blog da

Boitempo, 2012. Disponível em: <https://blogdaboitempo.com.br/2012/11/23/

apontamentos-sobre-o-nascimento-da-sociologia/>. Acesso em: 20 dez. 2018.

OLIVIERI. Antonio Carlos, Positivismo - Ordem, progresso e a ciência como

religião da humanidade. Educação – UOL. Disponível em: <https://educacao.

uol.com.br/disciplinas/filosofia/positivismo-ordem-progresso-e-a-ciencia-co-

mo-religiao-da-humanidade.htm>. Acesso em: 20 dez. 2018.

71
7
Matrizes do
Pensamento Sociológico

7.1 Emile Durkheim e o Método Sociológico 74

7.2 Karl Marx e o Socialismo 76


UNIDADE 7 : MATRIZES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

Nessa unidade 7 de nosso curso O Empreendedor e a Sociedade, estudaremos três autores que

estão na base da reflexão sociológica: Emile Durkheim e o método sociológico, Karl Marx e o

socialismo, e Max Weber e o “espírito” do capitalismo.

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Imagem: Marx, Weber e Durkheim (da esquerda para a direita). Fonte: Wikipédia

7.1 EMILE DURKHEIM E O MÉTODO SOCIOLÓGICO


Vamos estudar agora um dos mais importantes responsáveis por dar um caráter científico à So-

ciologia: o francês Émile Durkheim (1858-1917). Seu trabalho deu origem a uma corrente teórica e

metodológica que, podemos afirmar, é sem dúvida uma das mais marcantes e, porque não dizer,

a hegemônica em Sociologia.

A proposta é que você leia um texto e assista a um vídeo. No texto, sobre a Sociologia de Durkheim,

de Nelson Tomazi (2010, p. 242-243), você deve observar:

01_O contexto histórico da obra de Durkheim;


02_Sua busca para dar um caráter científico para a Sociologia;
03_Os três parâmetros lógicos de análise:
A) os fatos sociais só podem ser explicados por outro fato social
B) os fatos sociais devem ser analisados como se fossem coisas, isto é, na sua materialidade
C) é necessário abandonar os preconceitos ao analisar os fatos sociais
04_Sua preocupação com a ordem social que poderia ser alcançada por meio de novas ideias
morais e o conceito de solidariedade;

05_Os esforços por uma educação de cunho laico e republicano.

74
UNIDADE 7 : MATRIZES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

Se tiver alguma dúvida, não hesite em contatar seus tutores.

Lembre-se sempre: nos estudos na modalidade EaD o PROTAGONISTA É VOCÊ!

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75
UNIDADE 7 : MATRIZES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

7.2 KARL MARX E O SOCIALISMO


Em algum momento de nossos estudos você já deve ter pensado:

- "Puxa, é muita teoria! Seria melhor colocar essas teorias em prática!"

Pois é, o pensador que estudaremos agora também pensava assim. Trata-se do alemão Karl Marx,

que viveu na Europa do século XIX (1818-1883), quando ocorria a consolidação do capitalismo

industrial. Veja que interessante uma de suas frases:

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Vamos nos aproximar do pensamento de Karl Marx seguindo as reflexões da vídeoaula, que tem

a participação de dois especialistas no assunto: o professor Antonio Carlos Mazzeo, da UNESP

de Marília/SP; e o professor Gabriel Cohn que, como você já sabe, é um dos mais renomados

pesquisadores em Sociologia do Brasil.

Eis alguns aspectos que você deve observar no vídeo:

01_O PONTO DE PARTIDA DA ANÁLISE SOCIOLÓGICA DE MARX: a exploração do trabalho na


sociedade capitalista.

02_ASPECTOS IMPORTANTES DA OBRA DE MARX PARA A SOCIOLOGIA: Levantamento da


primeira relação social fundamental: a do assalariamento, isto é, a compra e venda da força de

trabalho. Uma relação que não é natural e sim inventada pela sociedade capitalista.

Grande problema da obra de Marx: como explicar a dinâmica extraordinária da sociedade

capitalista? Quais as tendências? O que está sendo produzido? Quais são os seus limites?

03_HÁ UMA REFLEXÃO BEM INTERESSANTE DO PROFESSOR GABRIEL COHN: "Não olhe
apenas as relações que você vê a sua volta, procure aquelas que estão escondidas. Porque se

descobrir as que estão escondidas, você vai entender melhor as que estão a sua volta".

04_EXPLICAÇÕES SOBRE A MAIS-VALIA.


05_COMO O CAPITALISMO GERA UMA NOVA CLASSE SOCIAL: A CLASSE TRABALHADORA.
06_CONCEITUAÇÃO DE SOCIALISMO: associação livre de homens livres, não sujeitos a qualquer
tipo de dominação externa.

07_CORRENTES MARXISTAS NO SÉCULO XX: busca da criação de uma sociedade em que


homens não explorem outros homens.

08_A PASSAGEIRA E FRUSTRADA TENTATIVA DE POR EM PRÁTICA AS IDEIAS DE MARX: a


Revolução Russa de 1917: a posterior criação da "cortina de ferro" após 1945.

09_O QUE MARX PENSARIA DO MUNDO DE HOJE? FICARIA ESPANTADO POR DOIS MOTIVOS:
Diria: "o que analisei está acontecendo: as relações sociais se mercantilizaram, ou seja, viraram

mercadoria”. Há também a fusão do capital financeiro com o capital industrial.

76
UNIDADE 7 : MATRIZES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

As experiências socialistas falharam.

Ainda alguns aspectos importantes sobre a vida e a obra de Karl Marx :

A INFLUÊNCIA DE MARX:

Esclarece Giddens (2005, p. 31): "As ideias de Karl Marx (1818-1883) contrastam radicalmente com

as de Comte e de Durkheim, mas, como esses últimos, ele buscava explicar as mudanças que

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estavam tendo lugar na sociedade durante a época da Revolução Industrial. Quando jovem, as

atividades políticas de Marx o levaram a entrar em conflito com as autoridades alemãs; depois de

breve estada na França, ele se estabeleceu permanentemente no exílio na Grã-Bretanha.

Marx testemunhou o crescimento das fábricas e da produção industrial, como também das

desigualdades que disso resultaram. Seu interesse no movimento trabalhista europeu e nas

ideias socialistas se refletiu em seus escritos, que cobriram uma diversidade de tópicos. A

maior parte do seu trabalho se concentrou em temas econômicos, mas, como estava sempre

preocupado em conectar problemas econômicos a instituições sociais, seu trabalho foi, e ainda é

rico em percepções sociológicas. Até mesmo seus mais severos críticos consideram seu trabalho

importante para o desenvolvimento da sociologia".

Charge de Diego Novaes Fonte: Google

77
UNIDADE 7 : MATRIZES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

Sem dúvida, Marx tem influência decisiva em todo o século XX, bem como em nosso século XXI.

Seu estudo é fundamental para nós e para a compreensão de nossa sociedade.

7.3 MAX WEBER E O "ESPÍRITO" DO CAPITALISMO


Veja as afirmações abaixo:

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- Eu vendo, você compra.

- Eu mando, você obedece.

- Eu pergunto, você responde.

Todas essas ações são individuais. Mas já possuem uma espécie de dependência uma da outra que

passam a formar uma ação social, como explica Antonio Pierucci, pesquisador do Departamento

de Sociologia da USP.

A sociedade, por sua vez, é feita de ações sociais praticadas por indivíduos. Essa forma de

compreender os indivíduos e a sociedade é um legado de Max Weber (1864-1920), que ao lado de

Marx e Durkheim (que já estudamos), são considerados os três fundadores da Sociologia.

Veja o que nos ensina Anthony Giddens:

"Como Marx, Max Weber (1864-1920) não pode simplesmente ser rotulado

como sociólogo; seus interesses e preocupações se estenderam através

de muitas áreas. Nascido na Alemanha, onde passou a maior parte de sua

carreira acadêmica, Weber era um indivíduo de amplo conhecimento. Seus

escritos cobriram os campos da economia, do direito, da filosofia e da história

comparativa, como também da sociologia. Muito do seu trabalho também

estava relacionado com o desenvolvimento do capitalismo moderno e com

os modos nos quais a sociedade moderna era diferente das primeiras formas

de organização social. Através de uma série de estudos empíricos, Weber

apontou algumas das características básicas das sociedades industriais

modernas e identificou debates-chave, do ponto de vista sociológico, que

permanecem centrais para os sociólogos até hoje" (GIDDENS, 2005, p. 32).

78
UNIDADE 7 : MATRIZES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

Vamos compreender melhor o pensamento weberiano?


A proposta é fazer o seguinte caminho: ler os dois textos-base nos quais se destacam os principais

aspectos da Sociologia de Weber e um comentário sobre sua obra A ética protestante e o "espírito"

do capitalismo e, depois, acompanhar uma vídeo aula, com a participação de dois dos maiores

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conhecedores de Weber no Brasil: o Prof. Gabriel Cohn, que você já conhece de aulas anteriores e

o recém citado Prof. Antonio Pierucci.

No primeiro texto você deve observar:

01_O contraponto entre pensamento de Weber, Marx e Durkheim


02_A ação social como objeto da Sociologia
03_Os Tipos de AÇÃO SOCIAL:

A) Ação Social TRADICIONAL


B) Ação Social AFETIVA
C) Ação Social RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES
D) ação social RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS

04_A ideia de tipo ideal, fundamental na sociologia de Weber


05_As noções de racionalização e de desencantamento

Já no segundo texto, que aborda a obra A ética protestante e o "espírito" do

capitalismo, você deve atentar-se para:

01_O lugar que o livro possui na obra de Max Weber e seu objetivo: Estabele-
cer qual o papel da ética protestante nos indivíduos da sociedade capitalista;

02_O ponto de partida metodológico: os valores protestantes (individualis-


mo, disciplina, austeridade, senso do dever, inclinação e apego ao trabalho);

03_A forma de relacionamento entre as esferas da religião e da sociedade;


04_As conclusões de Weber nas palavras de Charles-Henry Cuin e Gabriel
Cohn.

79
UNIDADE 7 : MATRIZES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

REFERÊNCIA:
FERREIRA, Delson. Manual de sociologia – dos clássicos à sociedade da infor-

mação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
MUSSE, Ricardo. Marx e a sociologia. Revista Cult. Disponível em: <https://

revistacult.uol.com.br/home/marx-e-a-sociologia/>. Acesso em: 20 dez. 2018.

TOMAZI, Nelson Dacio. A Sociologia na França. In: Sociologia. São Paulo: Edi-

tora Atual, 2010.

80
8
Sociedade
Capitalista Industrial e
Pós-Industrial

8.1 O Conceito de Capitalismo 82

8.2 A Sociedade Capitalista Industrial 83

8.3 A Sociedade Capitalista Pós-Industrial 85


UNIDADE 8 : SOCIEDADE CAPITALISTA INDUSTRIAL E PÓS-INDUSTRIAL

8.1 O CONCEITO DE CAPITALISMO


Nessa primeira parte de nossa aula, vamos seguir o roteiro apresentado pela Talita de Carvalho,

do sítio Politize! Você terá oportunidade de refletir sobre:

01_A origem do sistema capitalista;


02_O feudalismo (fase anterior ao capitalismo);
03_As três fases do sistema capitalista:

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A) Comercial
B) Industrial
C) Financeira
(aqui você terá a dica e a oportunidade de ver o filme Tempos Modernos, com Charlie Chaplin);

04_A guerra fria e a vitória do sistema capitalista;


05_O capitalismo informacional;
06_por fim, para fixação, um infográfico muito interessante sobre o conteúdo estudado.

OBSERVAÇÃO:

Atenção que o texto da Talita de Carvalho é cheio de hiperlinks

que dão acesso a textos significativos para seu estudo.

82
UNIDADE 8 : SOCIEDADE CAPITALISTA INDUSTRIAL E PÓS-INDUSTRIAL

8.2 A SOCIEDADE CAPITALISTA INDUSTRIAL


Em nossa unidade, você teve a oportunidade de acompanhar o vídeo sobre o século XVIII, como

o século das revoluções, no qual se deu a Revolução Industrial. Proponho que você retome esse

vídeo, pois nos preparará para as reflexões que faremos a seguir.

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Essas são as características da Revolução Industrial (cf. GIL, 2011, 202 - 203):

01_NOVAS FONTES DE ENERGIA:


Durante muito tempo, a energia produtiva correspondeu ao esforço muscular das pessoas

e dos animais. Com a invenção de máquinas, como a lançadeira móvel, o tear mecânico e a

máquina a vapor, deu-se uma revolução produtiva. As fábricas passaram a produzir em série e

surgiu a indústria pesada. A invenção da locomotiva e do navio a vapor, por sua vez, contribuiu

decisivamente para a circulação de mercadorias.

02_CENTRALIZAÇÃO DO TRABALHO EM FÁBRICAS:


A forma de produção industrial característica da Baixa Idade Média e do período do Renascimento

foi o artesanato, que tinha um caráter familiar, já que o artesão trabalhava em sua própria casa,

realizando com a família todas as etapas do processo de produção. Com a Revolução Industrial,

essas atividades passaram a ser desenvolvidas principalmente no âmbito das fábricas.

03_PRODUÇÃO EM MASSA:
O trabalho, que antes da Revolução Industrial era manual, passou a ser feito por máquinas. Assim,

passou-se a fabricar grandes quantidade de produtos de forma padronizada.

04_ESPECIALIZAÇÃO:
Os artesãos, que trabalhavam em casa, executam todas as etapas da produção de objetos. Nas

83
UNIDADE 8 : SOCIEDADE CAPITALISTA INDUSTRIAL E PÓS-INDUSTRIAL

fábricas, o trabalhador passou a desempenhar tarefas repetitivas, fornecendo, desta forma, uma

contribuição cada vez menor para o produto final. Esta especialização contribuiu para aumentar

a produção, mas também para rebaixar o nível de habilidade requerida do trabalhador.

05_NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO:


O novo sistema industrial transformou as relações de trabalho, dando origem a duas novas classes

sociais que se tornariam fundamentais para o seu funcionamento. De um lado, a dos capitalistas

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(empresários), que são os proprietários dos prédios, máquinas, matéria-prima e bens produzidos.

De outro, os proletários (operários), que possuem apenas a força de trabalho e a vendem aos

capitalistas para produzir mercadorias em troca dos salários.

Imagem: As fábricas químicas da BASF em Ludwigshafen - Alemanha, por Robert Friedrich Stieler.
Fonte: Wikipédia.

84
UNIDADE 8 : SOCIEDADE CAPITALISTA INDUSTRIAL E PÓS-INDUSTRIAL

Uma das principais consequências da Revolução Industrial foi o rápido crescimento econômico.

Seus benefícios, no entanto, não foram distribuídos equitativamente pela população. Muitos

empresários construíram grandes fortunas, mas a maioria dos trabalhadores industriais continuou

a viver na pobreza. Em muitas fábricas, a jornada diária ultrapassava 15 horas e as condições de

trabalho eram precárias. Os períodos de descanso e das férias nem sempre eram respeitadas e

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mulheres e crianças não recebiam tratamento diferenciado.

Em decorrência da precarização das condições de trabalho, começaram a surgir conflitos entre

empresários e operários. As primeiras manifestações foram de depredação de máquinas e

instalações. Mas, com o tempo, os trabalhadores foram se organizando em sindicatos, e graças às

suas lutas, foram conquistando melhores condições de trabalho.

A evolução das formas de transmitir informação, como o rádio, a televisão, a telefonia celular e

principalmente o computador, fez com que ocorressem mudanças sociais, econômicas e políticas

que alteraram profundamente a face do mundo. Com a difusão da Internet, a partir da década

de 1990, uma gigantesca base de dados passou a ser compartilhada em praticamente todo o

planeta. Assim, pode-se falar na Revolução da Informação, que marca profundamente o início do

século XXI.

Assim, estamos prontos para refletir sobre a sociedade capitalista pós-industrial.

8.3 A SOCIEDADE CAPITALISTA PÓS-INDUSTRIAL


Como ensina Elian Alabi Lucci, no texto de referência que você lerá:

“Vivemos na era Pós-industrial, um novo mundo, onde o trabalho físico é feito

pelas máquinas e o mental, pelos computadores. Nela cabe ao homem uma

tarefa para a qual é insubstituível: ser criativo, ter idéias. Durante dois séculos,

tempo que durou a sociedade industrial (1750-1950), o maior desafio foi a

eficiência, isto é, fazer o maior número de coisas no menor tempo. Assim, o

ritmo de vida deixou de ser controlado pelas estações do ano e tornou-se mais

dinâmico. Enquanto a agricultura precisou de dez mil anos para produzir a

indústria, esta precisou de apenas 200 anos para gerar a sociedade ou era

Pós-industrial”.

85
UNIDADE 8 : SOCIEDADE CAPITALISTA INDUSTRIAL E PÓS-INDUSTRIAL

Leia a continuidade das ideias da autora, que nos fornece um interessante panorama sobre a

sociedade capitalista pós industrial.

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86
UNIDADE 8 : SOCIEDADE CAPITALISTA INDUSTRIAL E PÓS-INDUSTRIAL

REFERÊNCIA:
CARVALHO, Talita de. A origem do sistema capitalista. Politize!, 2018.

Disponível em <https://www.politize.com.br/sistema-capitalista-origem/>.

Acesso em: 24 dez. 2018.

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo, Atlas: 2011.

LUCCI, Elian Alabi. A era pós-industrial, a sociedade do conhecimento e a

educação para o pensar. Hottopos.

Disponível em: <http://www.hottopos.com/vidlib7/e2.htm>. Acesso em : 21 dez.

2018.

87
9
Organização do
Trabalho e Modelos
de Gestão

9.1 Formas de Organização do Trabalho 90

9.2 Modelos de Gestão 92


UNIDADE 9 : ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MODELOS DE GESTÃO

9.1 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO


Como nos ensina o texto de referência 1 desta nossa aula 9:

“a organização do trabalho utilizada nas corporações foi inicialmente

chamada como gestão do conhecimento, quando surgiu no fim do século

XX”.

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Imagem: Organização do Trabalho por Maurício Rett Fonte: www.cartunista.com.br

90
UNIDADE 9 : ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MODELOS DE GESTÃO

Efetivamente, “o conhecimento, se bem administrado gera mais conhecimento, pois quando é

partilhado, se multiplica, e conserva-se na mente de quem o partilha”.

Por isso, leia atentamente o Texto de Referência, com suas reflexões sobre a organização do

trabalho e as dicas de como organizar o seu trabalho, que:

“Não é tão simples quanto parece, pois existe uma complexidade devido

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à variedade de cargos/funções, aspectos que cada profissional possui e ao

número de partes (pessoas) envolvidas. Conhecendo esses fatores e visto que

há uma grande competição dentro do mercado de trabalho na atualidade,

os sistemas de informação unidos à gestão do conhecimento tornam-

se ferramentas imprescindíveis para promover pensamentos de modo

integrado e trabalhos organizados”.

Antes de entrar no estudo dos modelos de gestão, o convite é que você leia com bastante

diligência o texto de referência 2, sobre "Trabalho, alienação e consumo", das professoras Maria

Lúcia e Maria Helena (2009. p. 67 - 78), a refletir que:

“apesar dos benefícios alcançados pela nossa civilização, há um grande

número de pessoas excluídas do sistema, e o desequilíbrio ecológico agrava-

se a cada dia. O importante é verificar, a todo momento, em que medida

as atividades do trabalho, consumo e lazer estão a serviço da humanização

e das sustentabilidade do planeta e quando se desviam desses objetivos

principais”.

91
UNIDADE 9 : ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MODELOS DE GESTÃO

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
Charge: Mas por que? - Mafalda e Miguelito por Quino Fonte: Arquivos Google

9.2 MODELOS DE GESTÃO


Podemos encontrar várias perspectivas de análise sobre os modelos de gestão, tal a importância

que a reflexão sobre o tema adquiriu entre os gestores e o mundo do trabalho atual.

Mais do que deixar uma palavra final, nosso objetivo aqui é abrir caminhos para que você reflita e

construa suas próprias conclusões.

No Texto de Referência que você lerá são apresentados 6 (seis) modelos de gestão:

01_GESTÃO DEMOCRÁTICA
02_GESTÃO MERITOCRÁTICA
03_GESTÃO COM FOCO EM RESULTADOS
04_GESTÃO COM FOCO EM PROCESSOS
05_GESTÃO AUTORITÁRIA
06_GESTÃO POR CADEIA DE VALOR

92
UNIDADE 9 : ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MODELOS DE GESTÃO

No próprio texto, você será remetido há um vídeo que explicita os diferentes modelos de gestão.

Mas também há outras perspectivas, como a apresentada por Rafael de Carvalho Corrêa (2009):

A gestão deve ser feita de forma que o administrador, através dos recursos

que forem disponibilizados, faça com que a empresa alcance seus objetivos e

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atenda as necessidades de seus clientes internos e externos.

Com uma maior busca pelos produtos e serviços seguros e a entrada de

novas tecnologias na produção de muitas organizações, pareceu necessário

alterar a forma de gestão, e esta evolução perpassa por algumas etapas que

estão ligadas a alguns “níveis de complexidade”.

O PRIMEIRO NÍVEL DE COMPLEXIDADE É O FOCO NO PRODUTO, em que

as empresas estavam com seus esforços direcionados ao produto, não se

preocupando com a questão da qualidade. Nota-se que existiam pessoas

qualificadas, porém não se encontravam nos locais apropriados para a

realização das tarefas de inspeção, foi então que o executivo e engenheiro

norte-americano Frederick Winslow Taylor designou profissionais para

ficarem na responsabilidade do controle de qualidade, com isto o aumento de

93
UNIDADE 9 : ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MODELOS DE GESTÃO

produção foi significativo e muitas organizações seguiram o mesmo modelo.

Vale ressaltar que ainda se perdia muito em questão de informações que

poderiam ser utilizadas para melhorar o processo, pois as peças defeituosas

eram simplesmente descartadas, sendo ignorado o motivo das falhas e

evitando assim a possibilidade de um estudo com a finalidade de se diminuir

cada vez mais estes problemas.

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O SEGUNDO NÍVEL DE COMPLEXIDADE É O FOCO NO PROCESSO, ou seja,

o crescimento da produção fez com que o método de controle da qualidade

adotado por Taylor se tornasse obsoleto e caro. Walter Shewhart utilizou

como ferramenta a estatística para detectar as falhas na produção e chegar

assim às possíveis causas, visando reduzi-las e até mesmo eliminá-las. Este

método buscou nos fornecedores e matérias-primas as causas da perda

de qualidade dos produtos, e assim se conseguia ter uma boa visão do que

realmente estava acontecendo na cadeia produtiva, de forma a buscar a

melhoria dos processos considerados falhos. Este tipo de controle mostrou-

se mais eficiente do que a proposta por Taylor.

O TERCEIRO NÍVEL DE COMPLEXIDADE É O FOCO NO SISTEMA, foi

discutido analisando que durante a Segunda Grande Guerra a prioridade

de produção era de materiais bélicos. Os trabalhadores estavam realizando

constantemente horas extra, com isto muitos produtos não utilizados nos

combates deixaram de ser produzidos, e a população pode ter sua capacidade

de compra aumentada já que ganhava produzindo para a guerra e não

tinham o que comprar. Com o fim dos combates, as empresas precisavam

suprir as necessidades e com isto começaram uma fabricação acelerada de

produtos, e que, na maioria das vezes, apresentavam-se com má qualidade.

Com a entrada de empresas de pequeno porte no mercado que buscavam

competir com grandes fornecedores, a fabricação se tornou ainda mais

carente de qualidade, gerando assim uma grande “onda de insatisfação”

por parte do cliente além do retrabalho de muitas empresas para solucionar

problemas de produtos de má qualidade. Isto fez surgir os primeiros processos

de controle da qualidade, visando minimizar os custos com retrabalho e o

índice de insatisfação, com a adoção do controle da qualidade, o produto

94
UNIDADE 9 : ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MODELOS DE GESTÃO

deveria ser inspecionado desde o início de sua fabricação até o pós venda.

O QUARTO NÍVEL DE COMPLEXIDADE É FOCO NO NEGÓCIO, muitas

empresas buscaram estratégias para manter seus clientes, a busca pela

constante melhoria na qualidade dos produtos é um ponto forte de empresas

que buscam competitividade no mercado, pois a qualidade tem que vir desde

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o início do processo da produção.

O universo do conhecimento é realmente complexo e maravilhoso. Que bom ver você se

aprofundando cada dia mais.

95
UNIDADE 9 : ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MODELOS DE GESTÃO

REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:

introdução à Filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009.

CARVALHO, Talita de. A origem do sistema capitalista. Politize!, 2018.

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
Disponível em <https://www.politize.com.br/sistema-capitalista-origem/>.

Acesso em: 24 dez. 2018.

CORRÊA, Rafael de Carvalho Corrêa. Modelos de gestão. Administradores.

com.br, 2009.

Disponível em: < http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/mo-

delos-de-gestao/33343/>. Acesso em: 26 dez. 2018.

ORGANIZAÇÃO do trabalho. Youtube. Casa da consultoria, Belo Horizonte.

Disponível em <https://casadaconsultoria.com.br/organizacao-do-trabalho/>.

Acesso em: 24 dez. 2018.

96
10
Cultura

10.1 O Conceito de Cultura 98

10.2 Os Fenômenos da Enculturação e da Aculturação 103


UNIDADE 10 : CULTURA

10.1 O CONCEITO DE CULTURA


Duas questões para iniciarmos nossos estudos sobre o conceito de cultura:

01_Cultura é só o que a gente aprende estudando?


02_Todo mundo tem cultura?

Pense um pouco e, depois, continue sua leitura e acompanhe diligentemente os vídeos e reflexões.

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
SIGNIFICADO E COMPONENTE DE CULTURA

98
UNIDADE 10 : CULTURA

Abaixo seguem alguns pontos que servem de roteiro para você aproveitar bem o vídeo de estudo.

Assim, observe:

01_OS DIFERENTES ELEMENTOS CULTURAIS


Exemplos:

Júnior: descendente de italianos

Misaki: descendente de japoneses

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02_COMO A CULTURA É COMPOSTA:
De símbolos, valores e crenças compartilhadas no mesmo ambiente social.

03_HÁ A QUESTÃO COLOCADA NO INÍCIO:


Será que só tem cultura quem estudou?

04_A CULTURA COMO HERANÇA SOCIAL

05_AS NORMAS E COSTUMES SOCIAIS como regras seguidas pela maioria das pessoas de uma
mesma sociedade.

06_O CONCEITO DE ETNOCENTRISMO:


O julgamento de uma cultura com base nos padrões e nos valores da nossa própria cultura.

07_AS QUESTÕES RELATIVAS À LINGUAGEM

08_A DIVERSIDADE CULTURAL presente no Brasil e no mundo.

09_REFLEXÕES SOBRE O RELATIVISMO CULTURAL:


O respeito pela cultura de todos

O valor próprio de todas as cultural

O não há um único critério para julgar as diversas culturas

As reflexões acerca da cooperação e da solidariedade

99
UNIDADE 10 : CULTURA

Mas, lembre-se que o vídeo aborda esses diversos conceitos de forma ainda superficial. Nos textos

de referência há conceitos e reflexões mais aprofundadas sobre esse tema tão interessante que é

a CULTURA, você verá:

01_SIGNIFICADO DE CULTURA por Gil (2011, p. 50):


O termo cultura é amplamente utilizado no âmbito das ciências sociais, sobretudo em Sociologia

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
e Antropologia. É um dos conceitos mais abrangentes para o estudo da sociedade, embora seja

muitas vezes utilizado de maneira imprópria. Esse termo tradicionalmente tem sido associado

ao cultivo da terra e essa conotação agrícola de certa forma permanece até hoje. Mas, a partir

do século XVIII, o termo cultura passou a designar também o progresso intelectual das pessoas,

das coletividades e da Humanidade. Assim, na linguagem do cotidiano, cultura é o termo

frequentemente utilizado para expressar o desenvolvimento das pessoas por meio da educação.

Por consequência, considera-se que uma pessoa é culta quando dispõe de amplos conhecimentos

no campo científico ou artístico. Seria, portanto, "inculta", a pessoa que não tem instrução.

A Sociologia e a Antropologia, no entanto, não utilizam o termo cultura com qualquer desses

significados. O que não significa, porém, que haja consenso no âmbito dessas ciências quanto

ao significado que lhe deve ser atribuído. Tanto que os antropólogos Alfred L. Kroeber e Clyde

Kluckhon, em 1952, escreveram um livro em que apresentam nada menos de 163 definições

diferentes de cultura.

Uma das definições mais citadas nos livros de Sociologia e de Antropologia é a de Edward B. Tylor,

considerado o pai do conceito moderno de cultura. Formulada em 1871, esta definição tem como

principal mérito o fato de não se referir à cultura como um progresso ou devir, mas como um

conjunto de fatos que podem ser observados. Para Tylor (1920), cultura é:

"esse conjunto complexo que engloba conhecimentos, crenças, arte, direito,

moral, costumes e todas as outras aptidões e hábitos que o homem adquire

enquanto membro de uma sociedade.

[...]"

100
UNIDADE 10 : CULTURA

O conceito de cultura é tão fundamental para a Sociologia que muitas vezes é confundido com

o de sociedade. No entanto, convém distingui-los. A sociedade é constituída pela interação entre

as pessoas que residem numa mesma área. A cultura é constituída pelas entidades abstratas

que influenciam as pessoas, como as ideias, e os objetos tangíveis construídos pelas pessoas que

refletem ideias.

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02_COMPONENTE DA CULTURA por Gil (2011, p. 51-52):
A cultura apresenta muitos componentes. Os componentes tangíveis formam a denominada

cultura material, que abrange toda sorte de objetos produzidos pelo ser humano, desde tacapes

e panelas de barro até discos compactos e chips de computadores. Esses objetos refletem a

natureza da sociedade em que são encontrados. Se, por exemplo, um arqueólogo, ao estudar

determinado sítio, localiza um grande número de armas, passa a ter sérias razões para admitir

que a guerra representou importante elemento da cultura do povo que o habitava.

Os sociólogos, no entanto, ao estudarem as sociedades contemporâneas conferem muito mais

importância à cultura não material, que é constituída por componentes intangíveis, que incluem

conhecimentos, crenças, valores, normas, símbolos e linguagem.

SÍMBOLO

É qualquer coisa utilizada para representar outra. Bandeiras, cruzes, insígnias, hinos, palavras,

números e beijos são, portanto, símbolos. A existência da cultura depende desses símbolos. São

eles que habilitam as pessoas a criar, comunicar e transmitir às gerações subsequentes os outros

componentes da cultura. Sem eles os outros componentes da cultura, como os valores e as

normas, simplesmente não existiriam.

As palavras escritas e faladas constituem [...] os mais importantes símbolos adotados nas culturas

contemporâneas, pois são elas que dão origem à linguagem. Graças à existência da linguagem é

que são transmitidas as ideias.

101
UNIDADE 10 : CULTURA

LINGUAGEM

É o mais importante conjunto de símbolos. consiste no sistemático uso de símbolos para

expressar conhecimentos, crenças e sentimentos. Para o alcance dessas finalidades outros meios,

como a música e a dança, também são importantes, mas a linguagem é o meio dotado de maior

flexibilidade e precisão. Ela é que nos permite compartilhar experiências passadas e presentes,

expressar nossas esperanças e descrever nossos sonhos e fantasias, que muitas vezes apresentam

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
poucas semelhanças com a realidade. Mesmo que a linguagem seja imprecisa e difícil de ser

entendida, constitui o mais importante fator na transmissão da cultura.

03_CULTURA MATERIAL E NÃO MATERIAL por Vila Nova (2012, 54-55, grifos nossos):
Usa-se distinguir a cultura em dois setores:

A) A CULTURA NÃO MATERIAL compreende, como a expressão denota, o domínio das


ideias: a ética, as crenças, os conhecimentos, as técnicas, os valores, as normas etc.

B) A CULTURA MATERIAL é constituída dos artefatos e objetos em geral. Um machado


tosco, feito com uma lasca de pedra presa por cipós à extremidade de um pedaço de madeira,

é, numa sociedade não letrada, uma expressão da sua cultura material; um avião, na nossa

sociedade, é componente da parte material da nossa cultura. A distinção entre cultura material e

não material, contudo, deve ser encarada como uma classificação puramente nominal, para fins

analíticos, pois, na realidade, estas são domínios interdependentes da cultura total.

102
UNIDADE 10 : CULTURA

10.2 OS FENÔMENOS DA ENCULTURAÇÃO E DA ACULTURAÇÃO


Há quem diferencie os dois conceitos, atribuindo à enculturação o fenômeno de incorporarmos

as exigências da cultura na qual nos encontramos, com seus comportamentos e valores, e à

aculturação o fenômeno do encontro de duas culturas distintas ou quando, nesse encontro de

culturas, uma cultura se sobrepõe à outra.

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Mas há quem tome os termos como sinônimos, como no caso da lição da Profª Presciliana Barreto

de Morais, no Blog da disciplina Introdução às Ciências Sociais da Universidade de Fortaleza-

UNIFOR, com a monitoria de Marcelo Franco:

ENCULTURAÇÃO (OU ACULTURAÇÃO OU ENDOCULTURAÇÃO) é o processo

pelo qual o indivíduo aprende e assimila os padrões de uma cultura. O termo

usado na sociologia é Socialização. Desde crianças somos condicionados a

certos padrões de comportamento aceitos e estabelecidos socialmente.

“Uma personalidade bem ajustada é aquela que satisfaz plenamente os

impulsos pessoais dentro das expectativas permissíveis do ambiente social”.

(HOEBEL E FROST, p. 59). “As sociedades não permitem que seus membros

hajam de forma diferenciada. Todos os atos, comportamentos e atitudes de

seus membros são controlados por ela”. (MARCONI E PRESSOTO, p. 66). Nas

sociedades complexa é mais fácil uma consciência individual se sobressair do

que numa sociedade simples. Entretanto, as sociedades estão em constante

mutação, fazendo com que comportamentos e regras sejam transformados.

São vários os determinantes da personalidade: as características biológicas

do indivíduo, a influência do meio, a cultura (família, grupo social, atividade

econômica, religião, moral, costumes, etc.) e as experiências individuais

(idiossincrasias). O homem, portanto, não é produto somente do meio.

Como ensinam as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 49), “o mundo que resulta

do pensar e do agir humanos não pode ser chamado de natural, pois se encontra modificado

e ampliado por nós. Portanto, as diferenças entre ser humano e animal não são apenas de

grau, porque, enquanto o anima permanece mergulhado na natureza, nós somos capazes de

transformá-la em cultura”.

103
UNIDADE 10 : CULTURA

Por isso, é muito importante não cair no etnocentrismo, que se trata “de uma visão que toma a

cultura do outro (alheia ao observador) como algo menor, sem valor, errado, primitivo. Ou seja, a

visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outra cultura, limitando-se à visão

que possui como referência cultural”.

Importa ver de outro ângulo, pelo lado da alteridade, como ensina Frei Betto:

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"O QUE É ALTERIDADE? É ser capaz de apreender o outro na plenitude da

sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos

alteridade existe nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem.

A nossa tendência é colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei

e ensino para ele. Ele não sabe. Eu sei melhor e sei mais do que ele. Toda a

estrutura do ensino no Brasil, criticada pelo professor Paulo Freire, é fundada

nessa concepção. O professor ensina e o aluno aprende. É evidente que nós

sabemos algumas coisas e, aqueles que não foram à escola, sabem outras

tantas, e graças a essa complementação vivemos em sociedade. Como disse

um operário num curso de educação popular: "Sei que, como todo mundo,

não sei muitas coisas".

Numa sociedade como a brasileira em que o apartheid é tão arraigado,

predomina a concepção de que aqueles que fazem serviço braçal não

sabem. No entanto, nós que fomos formados como anjos barrocos da Bahia

e de Minas, que só têm cabeça e não têm corpo, não sabemos o que fazer

das mãos. Passamos anos na escola, saímos com Ph.D., porém não sabemos

cozinhar, costurar, trocar uma tomada ou um interruptor, identificar o defeito

do automóvel... e nos consideramos eruditos. E o que é pior, não temos

equilíbrio emocional para lidar com as relações de alteridade.

Daí por que, agora, substituíram o Q.I. para o Q.E., o Quociente Intelectual para

o Quociente Emocional. Por quê? Porque as empresas estão constatando

que há, entre seus altos funcionários, uns meninões infantilizados, que não

conseguem lidar com o conflito, discutir com o colega de trabalho, receber

uma advertência do chefe e, muito menos, fazer uma crítica ao chefe.

104
UNIDADE 10 : CULTURA

Bem, nem precisamos falar de empresa. Basta conferir na relação entre

casais. Haja reações infantis...

[...]

Aqui entra a perspectiva da generosidade. Só existe generosidade na medida

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em que percebo o outro como outro e a diferença do outro em relação a

mim. Então sou capaz de entrar em relação com ele pela única via possível

– porque, se tirar essa via, caio no colonialismo, vou querer ser como ele ou

que ele seja como sou - a via do amor, se quisermos usar uma expressão

evangélica; a via do respeito, se quisermos usar uma expressão ética; a via

do reconhecimento dos seus direitos, se quisermos usar uma expressão

jurídica; a via do resgate do realce da sua dignidade como ser humano, se

quisermos usar uma expressão moral. Ou seja, isso supõe a via mais curta da

comunicação humana, que é o diálogo e a capacidade de entender o outro a

partir da sua experiência de vida e da sua interioridade.

105
UNIDADE 10 : CULTURA

REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:

introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009.

FREI BETTO. Alteridade. Disponível em: <http://www.freibetto.org/index.php/

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
artigos/14-artigos/24-alteridade>. Acesso em: 26 dez. 2018.

GIL. Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011.

VILA NOVA, Sebastião. Introdução à sociologia. 6. ed. rev. e aum. São Paulo:

Atlas, 2012.

106
11
Poder

11.1 As Raízes da Política 110

11.2 Reflexões sobre o Poder 112

11.3 Ideologias 113


UNIDADE 11 : PODER

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Charge: O que é política? - Mafalda e Miguelito por Quino Fonte: Arquivos Google

Nossa aula sobre poder está dividida em três partes:


01_AS RAÍZES DA POLÍTICA
02_REFLEXÕES SOBRE O PODER
03_ESTUDO DAS IDEOLOGIAS

Esteja bastante atento aos textos, acompanhe com diligência os vídeos e dedique-se, pois a

temática é de fundamental importância para você que se coloca em atitude empreendedora

diante da sociedade.

Seja bastante diligente em seus estudos, de modo especial nesta questão POLÍTICA. Pois, como

diz um poema atribuído ao dramaturgo alemão Berthold Brecht:

"O PIOR ANALFABETO É O ANALFABETO POLÍTICO".

Aliás, podemos começar retomando o poema de Brecht.

108
UNIDADE 11 : PODER

"O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala,

nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,

o preço do feijão, do peixe, da farinha,

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do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro

que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que da sua ignorância política

nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos

que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

Nada é impossível de Mudar.

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.

E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente:

não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,

pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada,

de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada,

nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar".

109
UNIDADE 11 : PODER

11.1 AS RAÍZES DA POLÍTICA


Nada de querer ser um analfabeto político, não é mesmo? Para continuarmos nossos

estudos, ouçamos o comentário do Prof. Mário Sérgio Cortela, contrapondo o “idiota”

(= aquele que fica fechado em si) ao “político” (= aquele que participa da vida da

comunidade).

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Vejamos a lição do Prof. Antonio Carlos Gil sobre política, poder e autoridade.

01_POLÍTICA por Gil (2011, p. 212-217):


Há mais de dois mil anos, Aristóteles definiu o ser humano como um animal político. Para esse

filósofo, o homem é um animal da polis (cidade), um animal que tende a constituir comunidades

políticas, que seriam as mais perfeitas dentre todas as comunidades sociais. Essas comunidades

políticas se formariam naturalmente pela necessidade que as pessoas têm não apenas de viver,

mas de viver bem.

A mais importante dentre as características da comunidade política é o poder político, ou seja, a

capacidade que a comunidade possui para obrigar a fazer ou não fazer tendo em vista a promoção

do bem-estar da sociedade. Este poder não é o único existente na sociedade, pois é possível

identificar o poder familiar, o poder religioso e o poder econômico dentre outros. Mas nenhum

deles mostra-se tão evidente quando ao se analisar a organização da sociedade. [...]

O DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE POLÍTICOS

Nas sociedades primitivas, não existiam regras formais e as decisões eram tomadas pelo

consenso dos grupos. Não é possível, portanto, falar da existência de Estado nesse período. Nas

sociedades agrícolas é que foram surgindo os líderes, que passaram a exercer a autoridade

110
UNIDADE 11 : PODER

no estilo tradicional. No início, essas sociedades eram muito pequenas, mas posteriormente as

cidades e seus arredores foram se tornando subordinadas a governantes individuais. À medida

que foram se tornando mais ricas e mais complexas, essas sociedades passaram a ter também

sistemas políticos mais poderosos. Assim, constituiu-se o Estado.

Pode-se definir Estado como a sociedade que dispõe de meios institucionais de regulação política,

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defesa militar e formas para financiar essas atividades. Ou como o conjunto de instituições que

controlam e administram uma nação. Ou, ainda, segundo Max Weber, como a instituição que

no âmbito de um determinado território reivindica o monopólio do uso da força física. O Estado

corresponde, portanto, a uma comunidade humana, fixada num território e que aí exerce o poder

político. Daí a máxima que o sintetiza: um governo, um povo e um território.

No início, a área territorial dos estados correspondia à das cidades. Assim, essas áreas passaram

a se denominar cidades-estados. Atenas e Esparta, na Grécia antiga, por exemplo, eram cidades-

estados. Atualmente, a maioria das sociedades organiza-se em estados nacionais, que são vastos

territórios governados por uma única instituição. Os primeiros estados modernos se constituíram

na Europa, há muitos séculos, e os mais recentes na África e na Ásia, ao longo do século XX.

Reis e imperadores constituíram a figura central dos primeiros estados. Dispondo de autoridade

estritamente tradicional, envolveram-se frequentemente em batalhas pelo poder com nobres e

líderes religiosos e militares. Mas foi apenas nos últimos séculos - sobretudo na Europa e nos

Estados Unidos - que o Estado adquiriu o monopólio do poder político e muitas funções sociais

que o caracterizam em sua forma moderna.

02_PODER E AUTORIDADE
O poder é o componente fundamental do sistema político. Para Weber, poder significa toda

oportunidade de impor sua própria vontade, no interior de uma relação social, até mesmo contra

resistências. Assim, o poder pode ser exercido tanto no âmbito de grandes organizações como no

de pequenos grupos ou mesmo numa associação íntima. O poder, por sua vez, pode manifestar-

se por influência, coerção ou autoridade.

111
UNIDADE 11 : PODER

É o poder de persuadir.
INFLUÊNCIA Esta modalidade de poder pode derivar de fatores como:
Atração pessoal, prestígio ou riqueza.

Ocorre quando o poder decorre de uma força superior que é imposta aos
COERÇÃO outros. Todos os governos se valem da coerção, embora muitos governantes

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reconheçam que esta só deve ser utilizada como último recurso

Refere-se ao poder que é institucionalizado e considerado apropriado e aceitável


por aqueles a quem cabe obedecer. Trata-se, portanto, do poder legítimo.
AUTORIDADE
As pessoas conferem ao governante ou ao administrador a autoridade para
governar ou dirigir e obedecem-no de bom grado, sem que se torne necessário
o uso da força.

11.2 REFLEXÕES SOBRE O PODER


Já estudamos algo sobre o tema do poder na primeira parte de nossa aula, agora segue

o texto de referência 2: Breve reflexão sobre política, poder social e poder pessoal, de

Paola Novaes Ramos, da Universidade de Brasília.

112
UNIDADE 11 : PODER

11.3 IDEOLOGIAS
Penso ser bastante interessante começar a essa parte de nossos estudos, visualizando o clipe da

música Ideologia de Cazuza e Frejat.

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Charge: Mafalda por Quino Fonte: Arquivos Google

113
UNIDADE 11 : PODER

Ao comentar sua música, Cazuza disse:

A minha ideologia é a da mudança. Nada de partido político. É a coisa de

mudar o Brasil, em qualquer dimensão. Eu não tenho partido, sério. Mas

estou com as pessoas que podem mudar alguma coisa. Dou a maior força. [...]

Quando fiz "Ideologia", nem sabia o que isso queria dizer, fui ver no dicionário.

Lá estava escrito que indica correntes de pensamentos iguais e tal… A música,

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por sua vez, é muito pessimista, porque, na verdade, é a história da minha

geração, a de 30 anos, que viveu o vazio todo. É meio amarga porque a gente

achava que ia mudar o mundo mesmo e o Brasil está igual; bateu uma

enorme frustração Nos conceitos sobre sexo, comportamento, virou alguma

coisa, mas deixamos muito pelo caminho. A gente batalhou tanto e agora?

Onde chegamos? Nossa geração ficou em que pé? (NEVES, 2010, p. 15).

Ora, ao bradar: "Ideologia, eu quero uma pra viver!", Cazuza quer se ver livre das ideias e modismos

que sempre buscam colocar na cabeça da gente, como na charge da Mafalda que aparece se
perguntando: "Será que aqui cabe tudo o que vão me meter na cabeça?".

É isso aí, as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009) nos esclarecem que, em um sentido

amplo, o conceito de ideologia pode ser entendido como um conjunto de ideias, crenças ou

opiniões sobre algum ponto sujeito a discussão.

Ainda segundo as autoras citadas (2009, p. 120), "o termo ideologia foi criado no século XIX por

Destutt de Tracy, filósofo e político francês, para designar uma 'ciência das ideias'. [...] Posteriormente

o conceito foi incorporado ao vocabulário dos pensadores, como Comte, Durkheim, Weber e

Mannheim, e assumiu sentidos diferentes em cada um deles".

O texto de referência 3 que você lerá busca analisar a perspectiva de Marx e Engels, que

popularizaram o termo ideologia , entendendo-o como uma "máscara" que oculta os conflitos

sociais, um conhecimento ilusório que inverte a realidade e se torna um instrumento de

dominação de uma classe sobre outra.

114
UNIDADE 11 : PODER

Ao fazer a leitura dos textos de referência, esteja atento de modo particular para os seguintes

aspectos:

01_O conceito de ideologia segundo Marx;


02_A distorção ideológica que camufla os conflitos sociais;
03_As características da ideologia:
A) Naturalização

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B) Universalização
C) Abstração e aparecer social
D) Lacuna
E) Inversão
04_A possibilidade de um discurso não ideológico;
05_A relação entre grupo social e ideologia.
BONS ESTUDOS.

IDEOLOGIAS por Aranha e Martins - Texto de Referência (2009, p. 121-122, 125).


Embora o conceito de ideologia já estivesse subentendido em suas primeiras obras, Marx introduziu

o termo pela primeira vez em "A ideologia alemã", na qual critica os filósofos hegelianos, cujas

reflexões partiam de ideias. De acordo com sua concepção materialista da história, deve-se iniciar

pelo exame do modo de produção capitalista para só então analisar como são produzidas as

ideias nessa realidade concreta.

EM QUE CONSISTE PORTANTO A IDEOLOGIA SEGUNDO MARX?

Ideologia é o conjunto de representações e ideias, bem como de normas de conduta, por meio

das quais o indivíduo é levado a pensar, sentir e agir da maneira que convém à classe que detém

o poder. Essa consciência da realidade torna-se uma distorção dela quando camufla os conflitos

existentes no seio da sociedade, ao paresentá-la una e harmônica, como se todos os indivíduos

partilhassem dos mesmos interesses e ideais.

Portanto, a ideologia:
01_Constitui um corpo sistemático de representações que nos "ensinam" a pensar e de normas
que nos "ensinam" a agir;

02_Determina a relação entre os indivíduos e as condições de existência deles adaptando-os às


tarefas prefixadas pela sociedade;

115
UNIDADE 11 : PODER

tarefas prefixadas pela sociedade;


03_Camufla as diferenças de classe e os conflitos sociais, ora concebendo a sociedade como "una
e harmônica", ora justificando as diferenças existentes;

04_Garante a coesão social e a aceitação sem críticas das tarefas mais penosas e pouco
recompensadoras, em nome da "vontade de Deus", do "dever moral" ou simplesmente como

decorrência da "ordem natural das coisas";

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05_Mantém a dominação de uma classe sobre a outra.

CARACTERÍSTICAS DA IDEOLOGIA

É interessante observar que a ideologia não é uma mentira que a classe dominante inventa

para subjugar a classe dominada, porque inclusive os que se beneficiam dos privilégios estão

impregnados por ela, e também eles se convencem da verdade dessas ideias.

Vamos então distinguir as características da ideologia:

01_NATURALIZAÇÃO: A naturalização consiste em aceitar como naturais situações que na


verdade resultam da ação humana e, como tais, são históricas.

Por exemplo: afirmar que desde sempre existiram pobres e ricos, sendo impossível mudar esse

estado de coisas. Assim diz o dramaturgo Bertold Brechet na peça "A exceção e a regra":

Nós vos pedimos com insistência:

Nunca digam - isso é natural!

[...]

A fim de que nada passe por imutável.

[...]

Sob o familiar, descubram o insólito .

Sob o cotidiano, desvelem o inexplicável.

Que tudo que seja dito ser habitual,

Cause inquietação.

Na regra é preciso descobrir o abuso.

E sempre que o abuso for encontrado.

É preciso encontrar o remédio.

116
UNIDADE 11 : PODER

02_UNIVERSALIZAÇÃO: Outra característica da ideologia é a universalização, pela qual os valores


da classe dominante são estendidos aos que a ela se submetem. É assim que a empregada

doméstica "boazinha" não discute salário nem reclama se trabalha além do horário. Também

os missionários que acompanhavam os colonizadores às terras conquistadas certamente não

percebiam o caráter ideológico da sua ação ao imporem sua religião e moral ao povo dominado.

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03_ABSTRAÇÃO E APARECER SOCIAL: A universalidade das ideias e dos valores resulta de uma
abstração, ou seja, as representações ideológicas não se referem ao concreto, mas ao aparecer

social. A sociedade "una e harmônica" é portanto uma abstração, porque, ao analisarmos concre-

tamente as relações sociais, descobrimos a divisão de classe e os conflitos de interesses.

Por exemplo, é difícil contestar que o "o trabalho dignifica". É verdade, bem sabemos que o trabalho

é condição de nossa humanização, mas essa afirmação é ideológica quando consideramos

apenas a ideia de trabalho, independentemente da análise da situação concreta e histórico-social

em que de fato é realizado. Nesse caso, o que descobrimos pode ser exatamente o contrário: o

trabalho como embrutecimento e condição de reificação (coisificação) do ser humano.

Basta saber que no tempo de Marx as indústrias inglesas contratavam trabalhadores para uma

jornada extensa, sem direito a férias, auxílio doença ou invalidez nem aposentadoria, além de

arregimentarem crianças e mulheres como mão de obra barata.

Charge: Brasil sem Miséria por Ivan Cabral Fonte: brasildelonge.com


117
UNIDADE 11 : PODER

04_LACUNA: A universalização e a abstração supõem uma lacuna ou a ocultação de algo que


não pode ser explicitado, sob pena de desmascarar a ideologia. Por isso ele é ilusória, não no

sentido de ser "falsa" ou "errada", mas por ser uma aparência que oculta a maneira pela qual a

realidade social foi produzida. Sob o aparecer da ideologia existe a realidade concreta, que precisa

ser descoberta pela análise da gênese do processo.

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Ao dizer que "o salário paga o trabalho", podemos identificar uma lacuna quando, analisando

a gênese do trabalho assalariado, descobrimos a mais-valia . Esse artifício, do qual deriva a

exploração do trabalhador e sua alienação, oculta condições de vida diferentes para as pessoas

na sociedade.

05_INVERSÃO: A ideologia representa a realidade invertida, ou seja, o que seria a origem da


realidade é posto como produto e vice-versa: o que é efeito é tomado como causa.

Exemplificando: segundo a ideologia burguesa, a desigualdade social resulta de diferenças

individuais: os indivíduos são desiguais por natureza, e a desigualdade social é, portanto, inevitável.

Para Marx, contudo, a divisão social do trabalho e das relações de produção é, de fato, a causa da

desigualdade social.

Se o filho do operário não melhora o padrão de vida, a explicação ideológica atribui o insucesso

à incompetência, falta de força de vontade ou indisciplina. É verdade que não se pode desprezar

as diferenças entre os indivíduos, mas pelo enfoque ideológico o sucesso depende apenas da

competência pessoal, sem levar em conta as dificuldades decorrentes da divisão de classes. É

como se imaginássemos um corrida em que alguns começam bem na frente dos outros apenas

porque nasceram em berço privilegiado.

Outra inversão própria da ideologia decorre da hierarquia entre o pensar e o agir, que instaura a

dicotomia entre o trabalho intelectual e o manual. Sob esse esquema, uma classe "sabe pensar",

enquanto a outra "não sabe pensar" e, portanto, só executa o que lhe mandam fazer.

[...]

118
UNIDADE 11 : PODER

O DISCURSO NÃO IDEOLÓGICO

A ação e o pensamento nunca são totalmente determinados pela ideologia. Sempre

haverá espaços para a crítica e fendas que possibilitam a elaboração do discurso

contraideológico.

Em que o discurso não ideológico distingue-se da ideologia? Vimos que o discurso

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ideológico naturaliza, universaliza, é abstrato e lacunar, faz uma análise invertida da

realidade e separa o pensar do agir. Cabe ao discurso não ideológico identificar as

distorções e procurar demonstrar como elas foram produzidas historicamente. Além

disso, deve restabelecer a relação entre a ação e a reflexão, a fim de não esclerosar

cada uma delas com procedimentos e verdades definitivos. Afinal, nós conhecemos

coisas na medida em que as produzimos, daí toda teoria se tornar lacunar - e portanto

ideológica - sem o vaivém entre o fato e o pensado.

Em resumo, se a ideologia permeia o tecido social e radica-se em instâncias insuspeitadas

das relações humanas, reconhecemos não se tratar de uma força a que as pessoas

se submetem de maneira irrevogável. Sempre haverá a possibilidade de estabelecer

micropolíticas voltadas para a democratização das relações humanas e de criticar as

formas hierarquizadas e imobilistas.

119
UNIDADE 11 : PODER

REFERÊNCIA:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:

introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009.

GIL. Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011.

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NEVES, Ezequiel. Cazuza por ele mesmo. In: CHEDIAK, Almir. Cazuza - Son-

gbook. v. 2. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2010.

120
12
Cultura e
Mudança Organizacional

10.1 Cultura Organizacional 122

10.2 Mudança Organizacional 123


UNIDADE 12 : CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL

12.1 CULTURA ORGANIZACIONAL


Como você lerá em nosso primeiro texto de referência nessa aula, “a cultura organizacional é uma

expressão muito comum no contexto empresarial que significa o conjunto de valores, crenças,

rituais e normas adotadas por uma determinada organização”.

Ainda nesse texto você tomará ciência das reflexões de Edgar Schein, um dos maiores responsáveis

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pela divulgação e desenvolvimento do conceito de cultura organizacional, tomando-o como “um

modelo de crenças e valores criados por um determinado grupo”.

Quais seriam os atributos mais valorizados da cultura organizacional de uma empresa?

01_ÉTICA
02_RESPONSABILIDADE SOCIAL
03_COMPETÊNCIA,
04_COMPROMISSO, ETC.

122
UNIDADE 12 : CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL

12.2 MUDANÇA ORGANIZACIONAL


O Prof. Antonio Carlos Gil (2011, p. 102), ensina que: “mudanças constantes nas empresas tornaram-

se um imperativo com o advento da globalização. Não apenas em decorrência das inovações

tecnológicas e da intensificação dos processos comunicativos, mas principalmente das novas

estratégias de gestão adotadas nos conglomerados empresariais. Dentre as estratégias mais

adotadas estão as de fusão e de aquisição, que trazem muitos benefícios, como a ampliação de

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capital, o aumento de sua participação no mercado e a penetração em novos mercados”.

Quanto ao conceito de Mudança Organizacional, temos dois textos a serem lidos: o primeiro é o

proposto pela Casa da Consultoria, analisando o debate entre alguns autores no que se refere ao

conceito e apresentando os diversos tipos de mudança organizacional:

01_INCREMENTAL
02_CONTÍNUA
03_MULTIDIMENSIONAL

O texto ainda aborda os temas dos causadores de:

01_MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS
02_FATORES FACILITADORES
03_DIFICULTADORES DA MUDANÇA ORGANIZACIONAL
04_FINALIZA COM OS PROGRAMAS DE MUDANÇA

123
UNIDADE 12 : CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL

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Charge: Cultura Organizacional por Heliodoro Texeira Bastos Filho (Dorinho)


Fonte: www.dorinho.com.br

124
UNIDADE 12 : CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL

REFERÊNCIA:
CHIUZI, Rafael. Mudança organizacional e o agente de mudanças. Forma-

re Associados. Disponível em: <https://s3.amazonaws.com/formare-site/des-

taques/Mudanca+Organizacional+e+o+Agente+de+Mudancas.pdf>. Acesso

em: 28 dez. 2018

Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
GIL, Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011.

MACHADO, Felipe Cabacine Lopes; MARANHÃO, Carolina Machado Saraiva

de Albuquerque; PEREIRA, Jussara Jéssica. O conceito de cultura organiza-

cional em Edgar Schein: uma reflexão à luz dos estudos críticos em adminis-

tração. Reuna, v. 21, n. 1, p. 75-96, Belo Horizonte, jan. – mar. 2016. Disponível

em: <http://revistas.una.br/index.php/reuna/article/view/712/644>. Acesso em:

27 dez. 2018.

MUDANÇA organizacional. Casa da Consultoria. Disponível em: <https://ca-

sadaconsultoria.com.br/mudanca-organizacional/>. Acesso em: 28 dez. 2018.

125
13
Relações Étnico-Raciais e
Cultura Afro-Brasileira
e Indígena

13.1 Por que esse Tema de Relações Étnico-Raciais? 128

13.2 História e Cultura Afro-Brasileira 130

13.3 História e Cultura Indígena 132


UNIDADE 13 : RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

13.1 POR QUE ESSE TEMA DE RELAÇÕES ÉTNICOS-RACIAIS?


De antemão, há que se dizer que para um estudante de nível superior, como você, cursando um

componente curricular que se intitula o empreendedor e a sociedade, é imperativo refletir sobre

as relações étnico-raciais , bem como sobre a história e cultura afro-brasileira e indígena. Por

óbvio que não é possível esgotar o tema em uma aula, porém, é necessário que a temática esteja

presente em quem se coloca em atitude empreendedora diante da sociedade brasileira.

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Mas é importante também saber que, se aprendemos na escola que somos o resultado da

miscigenação de três etnias: a branca (vinda da Europa), a negra (vinda da África) e a indígena

(nativa do Brasil), é bem verdade também que, quanto aos negros e aos indígenas, estudamos

apenas o que se refere à época do descobrimento do Brasil e ao tempo da escravidão.

Mesmo que de forma atrasada, o Brasil vem tentando reverter esse quadro, com a edição de leis

que tornam tais conteúdos obrigatórios na educação básica. Veja, por exemplo, como esse tema

do reconhecimento é abordado pelo Ministério da Educação, no Parecer CNE/CP 003/2004, que

trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o

Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (vale a pena ler):

Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, culturais e

econômicos, bem como valorização da diversidade daquilo que distingue os


negros dos outros grupos que compõem a população brasileira. E isto requer

mudança nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar

as pessoas negras. Requer também que se conheça a sua história e cultura

apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente desconstruir o mito

da democracia racial na sociedade brasileira; mito este que difunde a crença

de que, se os negros não atingem os mesmos patamares que os não negros, é

por falta de competência ou de interesse, desconsiderando as desigualdades

seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos para os negros.

[...]

Reconhecer exige que se questionem relações étnico-raciais baseadas

em preconceitos que desqualificam os negros e salientam estereótipos

depreciativos, palavras e atitudes que, velada ou explicitamente violentas,

expressam sentimentos de superioridade em relação aos negros, próprios de

uma sociedade hierárquica e desigual .

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UNIDADE 13 : RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

Reconhecer é também valorizar, divulgar e respeitar os processos históricos

de resistência negra desencadeados pelos africanos escravizados no Brasil e

por seus descendentes na contemporaneidade, desde as formas individuais

até as coletivas.

Reconhecer exige a valorização e respeito às pessoas negras, à sua

descendência africana, sua cultura e história. Significa buscar, compreender

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seus valores e lutas, ser sensível ao sofrimento causado por tantas formas de

desqualificação: apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas de mau gosto

sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços físicos, a textura de seus

cabelos, fazendo pouco das religiões de raiz africana. Implica criar condições

para que os estudantes negros não sejam rejeitados em virtude da cor da sua

pele, menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados

como escravos, não sejam desencorajados de prosseguir estudos, de estudar

questões que dizem respeito à comunidade negra.

Reconhecer exige que os estabelecimentos de ensino, frequentados em

sua maioria por população negra, contem com instalações e equipamentos

sólidos, atualizados, com professores competentes no domínio dos conteúdos

de ensino, comprometidos com a educação de negros e brancos, no sentido

de que venham a relacionar-se com respeito, sendo capazes de corrigir

posturas, atitudes e palavras que impliquem desrespeito e discriminação.

A mesma reflexão pode ser feita em relação aos povos indígenas. De modo que o objetivo aqui

é superar todo e qualquer preconceito: lutar contra o racismo, derrubar estereótipos e vencer

a discriminação. Penso que não são mais necessárias tantas outras palavras para fundamentar

porque estudar relações étnico-raciais: história e cultura afro-brasileira e indígena, não é mesmo?

A leitura de um texto vai nos introduzir nessa temática. No resumo, os autores indicam que o

objetivo “é compreender uma pequena parte da história da cultura afrobrasileira e indígena,

por linhas históricas, entendendo um pouco sobre a realidade atual desses povos que fazem

parte da identidade da nação brasileira”. Seja bastante diligente na leitura, ok?

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UNIDADE 13 : RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

13.2 HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA


O professor Antonio Carlos Gil (2011, p. 138-140), ao abordar o tema de raças e etnias no

Brasil, ensina que:

Poucas sociedades no mundo têm uma população tão diversificada quanto

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o Brasil. A colonização, a escravidão e a imigração imprimiram fortes marcas

na sociedade brasileira e podem ser invocadas como os mais importantes

fatores na determinação do que é hoje o Brasil em termos raciais e étnicos.

Como ocorre na maioria das sociedades, na brasileira há um grupo racial

dominante. Mas, para defini-lo, fica clara a necessidade de admitir que a raça

é uma categoria socialmente construída. Isto porque, no Brasil, o “branco”,

diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos, não se formou pela

exclusiva mistura étnica de povos europeus. Tradicionalmente, contamos

como brancos também os mestiços e mulatos claros que compartilham

símbolos dominantes da cultura europeia, como a religião cristã. Assim,

considerando-se a inclusão destes grupos no grupo majoritário, pode-se

falar em três grandes grupos raciais minoritários no Brasil: negros, índios e

asiáticos.

NEGROS

Os negros representam a mais importante minoria racial brasileira. [...] A

presença negra na população brasileira deve-se ao nosso passado escravista.

Os escravos [eram...] transportados em navios negreiros. Durante as viagens,

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UNIDADE 13 : RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

muitos escravos morriam em decorrência das péssimas condições sanitárias

existentes nas embarcações superlotadas.

A libertação dos escravos, em 1888, não foi seguida de políticas ou ações

que lhes favorecessem moram em casas decentes e serem absorvidos pelo

mercado de trabalho. Foram entregues à sua própria sorte.

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A maioria continuou associada às antigas funções e poucos tiveram

oportunidade para ocupar um espaço satisfatório no mercado de trabalho,

dado o preconceito decorrente da cor.

Uma dimensão expressiva da desigualdade entre brancos e negros é a da

renda. Os negros percebem menos que a metade da renda per capita dos

brancos.

[...] Outra dimensão da desigualdade é a da escolaridade. Basta considerar

que o analfabetismo entre os jovens negros é quase duas vezes maior do que

entre os brancos. Mas também é alentador considerar que a distância entre

os dois grupos vem se encurtando.

[...]

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UNIDADE 13 : RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

13.3 HISTÓRIA E CULTURA INDÍGENA


Quanto aos índios, o prof. Antonio Carlos Gil (2011, p. 140-141) assim leciona:

Os índios pertencem a um grande número de grupos étnicos que habitam o

Brasil desde muito antes da chegada dos portugueses. Muitas das tribos que

existiam à época do descobrimento já desapareceram, tanto em virtude da

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absorção pela sociedade dos colonizadores quando da violência a que foram

e a que ainda vêm sendo submetidos. Ao longo dos últimos cinco séculos,

nações indígenas inteiras foram massacradas ou escravizadas. Outras desa-

pareceram em virtude de surtos de doenças ou mesmo de fome, após suas

terras terem sido tomadas e seus meios de sobrevivência destruídos.

Devido à sua visão eurocêntrica , os colonizadores portugueses achavam-se

superiores aos índios, admitindo, portanto, que o melhor que poderiam fazer

seria dominá-los e colocá-los a seu serviço. Os hábitos indígenas eram consi-

derados inferiores. Os portugueses julgavam que lhes caberia convertê-los ao

cristianismo e fazê-los seguir a cultura europeia. Assim, gradativamente, os

índios foram modificando seus hábitos, substituindo suas crenças e perden-

do sua identidade.

Estima-se que em 1500 havia de um a cinco milhões de índios no Brasil. A

população atual é estimada em 450.000 índios, distribuída entre 225 socieda-

des. Há, ainda, entre 100 e 190.000 índios vivendo fora de suas terras, inclusive

em áreas urbanas. (FUNAI, s/d) .

A discriminação contra os índios, durante muito tempo, teve bases legais. O

antigo Código Civil brasileiro, editado em 1916, considerava os indígenas “re-

lativamente incapazes” e estabelecia sua tutela por um órgão estatal. Mas

a Constituição de 1988 reconhece sua identidade cultural própria e diferen-

ciada, assegura-lhes o direito de permanecerem como índios e define como

direito originário o usufruto das terras que tradicionalmente ocupam.

Mas, apesar do reconhecimento de seus direitos, os índios brasileiros continu-

am sendo vítimas de violência. Segundo o Conselho Indigenista Missionário,

no ano de 2008, quase 50 povos indígenas foram vítimas de violações contra

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UNIDADE 13 : RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

a pessoa (CIMI, 2008). [Segundo dados do CIMI de setembro de 2018, a violên-

cia contra os povos indígenas no Brasil tem aumento sistêmico e contínuo.

“O Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados de 2017,

publicado anualmente pelo Cimi, constata aumento em 14 dos 19 tipos de

violência sistematizados; apropriação das terras indígenas é um dos princi-

pais vetores da violência]. Para o resumo do relatório, clique aqui. Os índios

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sofrem muitos tipos de violência. A maior tem sido a violência determinada

pela questão da terra. Segundo a Constituição, os índios têm direito à ter-

ra que ocupam desde os tempos imemoriais, mas muitas dessas terras, no

entanto, ainda não foram demarcadas. Daí a ação de jagunços a serviço de

grileiros de terras públicas, madeireiros e fazendeiros, sobretudo nas regiões

Norte e Centro Oeste, onde se encontra a maioria dos indígenas.

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UNIDADE 13 : RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

REFERÊNCIA:
GIL. Antonio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011.

MACIEL, Jussara da Silva; BONFIM, Evandro Luiz Soares; GREGÓRIO, Sidnei

Albino. História da cultura afro-brasileira e indígena. E-FACEQ: Revista dos

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Discentes da Faculdade Eça de Queirós, Ano 6, Número 10, agosto de 2017.

Disponível em: <http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20171030120022.

pdf>. Acesso em 28 dez. 2018.

PERES. Paula. O que podemos aprender sobre cultura afro-brasileira com

duas escolas. Nova Escola, 2018.

Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/10803/o-que-podemos-

-aprender-sobre-cultura-afro-brasileira-com-duas-escolas>. Acesso em: 28

dez. 2018.

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