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INSTITUTO SUPERIOR DE FILOSOFIA E

CIÊNCIAS RELIGIOSAS SÃO BOAVENTURA

GABRIEL DA PAIXÃO SILVA

FILOSOFIA ANTIGA E MEDIEVAL


“História da Filosofia Antiga”

SÃO PAULO
2020
Aspectos que favoreceram o surgimento da Filosofia na Grécia: Primordialmente
devemos citar alguns dos itens que favoreceram essa interação, primeiro, a “arte”,
“religião”, e as condições “sócio políticas”.
Sabendo disso podemos dizer que os poetas tiveram o principal papel e importância na
educação e formação espiritual do povo, podemos citar dois dos maiores nomes que
favoreceram esse pensamento, que são, “Homero e Hesíodo”.
Homero: Homero era um poeta da Grécia Antiga, escritor, em suas obras ele raramente
fazia descrições monstruosas ou deformadas, mas sempre o belo o agradável aos olhos e
tudo o que era simétrico, ele não simplesmente narrava os fatos mas ele começou a buscar
suas causas e as razões das coisas, então começou-se a surgir o pensamento crítico sobre
as coisas. Então isso vem preparando uma mentalidade filosófica no povo, em busca de
uma causa. O questionamento principal em seus poemas, é, “qual a posição do homem
no universo?”
Suas principais obras são “Ilíada e Odisseia”, que são as fundadoras da literatura
ocidental.
Hesíodo: Em sua principal obra “Teogonia” narra o nascimento de todos os deuses, com
uma explicação mitológica e poética e muito fantástica, do nascimento do universo e dos
fenômenos cósmicos. Esses deuses nada mais eram do que a representação humanizada
dos elementos da natureza, como por exemplo o famoso deus Zeus que lançava raios na
terra, essa era a razão do fenômeno natural acontecer.

A religião na Grécia Antiga: Podemos distinguir dois tipos de religiões nesse período,
sendo, a “pública”, e a “dos mistérios”.
Religião Pública: ela é constituída pelos deuses do culto desenvolvido pelos poetas
citados anteriormente, Hesíodo e Homero onde tudo no universo há intervenção dos
deuses, ou seja, os fenômenos da natureza. Essa portanto era a principal religião do povo,
a maioria das pessoas a seguiam fielmente. Então, esses deuses eram forças da natureza
que eram personificadas para dar sentido aos fenômenos, e essas formas humanas são
também idealizadas e são diretamente aspectos do homem, isso faz da religião pública
“naturalista”, pois não exige mudança da natureza do homem.

Religião dos Mistérios (Orfísmo): nem todas as pessoas se sentiam satisfeitas com a
religião pública, muitas queriam algo mais perfeito, então surgiram pequenos círculos
fechados pois nem todas as pessoas tinham acesso a esse novo culto que foi desenvolvido.
Para Homero o homem era mortal e punha fim total a sua existência. Já Orfeu diz que a
alma do homem é imortal. Ele dizia que no homem hospeda-se um principio divino, caído
num corpo por causa de uma culpa originária. Nesse novo culto diz que as pessoas vêm
a terra a reencarnam sucessivas vezes a fim de expiar essa culpa originária.
Então a prática Órfica é a única maneira de acabar com as reencarnações e assim libertar
a alma do corpo. Isso acaba com a visão naturalista do homem, pois compreende que
algumas tendências ligadas ao corpo devem ser reprimidas, é uma religião que exige
mudança de vida, não simplesmente fazer o que dar na “telha”.

Condições sócio políticas: A liberdade e a democracia tornavam possível o surgimento


da filosofia. Os gregos no principio eram todos agricultores e proprietários de terras, mas
com o tempo isso veio mudança, a Grécia passou a ser um centro de triagem de
mercadorias, pois navios que saiam do Oriente passavam pela Grécia, então começou a
desenvolver-se como centro comercial. E aqueles antigos proprietários de terra,
agricultores começaram a ver que poderiam ganhar mais dinheiro vendendo seus produtos
nos portos e negociar com os estrangeiros, e começaram também a criar artesanato e
viram que ganhavam muito mais dinheiro do que como agricultor, o poder financeiro foi
aumentando e consequentemente na política também. A Filosofia nasceu, portanto, nas
colônias e não em Atenas como todos acham, só depois de longo período veio a favorecer
em Atenas o centro. Para o grego que era patriota o crescimento de seu país era seu próprio
crescimento, a felicidade e a liberdade do estado eram suas próprias emoções e
sentimentos, era como se fossem um ser com seu país.

Principais objetivos da Filosofia Antiga: Entender a totalidade das coisas, assim


compreender toda a realidade, então o seu objetivo é precisamente descobrir qual é o
primeiro princípio “Arché”, isto é, o primeiro “por que” das coisas. O fim da filosofia
está no puro desejo de conhecer e comtemplar a verdade.

PERÍODOS DA FILOSOFIA:

Pré-Socráticos: Surge por volta dos séculos VII a V a.C. Os temas passam a ser
centrados na natureza, destacando-se principalmente Tales de Mileto, também foi
chamado de período cosmológico ou naturalista, começam a buscar a razão das
coisas na natureza.
Tales de Mileto: Tales foi, portanto, um filósofo naturalista, atribui-se a ele o início da
filosofia grega, viveu em Mileto na Jônia, muito possivelmente nas últimas décadas do
século VII. Além de filósofo foi cientista e político destacado. Não se tem conhecimento
de obras escritas por ele, só é possível conhecer seu pensamento através da tradição oral
dada por seus discípulos ou aqueles que ouviram sua pregação.
Tales foi iniciador da filosofia da “physis”, foi o primeiro a afirmar a existência de um
principio originário único, causa de todas as coisas existentes no universo, e sustenta que
esse princípio originário é nada mais nada menos do que a “água”. Tales diz que a physis
liquida originária da qual tudo deriva e da qual a água que bebemos é apenas uma das
manifestações, pois a sua água coincide com o divino.
Anaximandro de Mileto: Anaximandro possível discípulo de Tales, nasceu por volta
dos fins do século VII a.C. Ele elaborou um tratado sobre a natureza, do qual tivemos
conhecimento de apenas um fragmento. Já para Anaximandro ele sustenta que a água já
é algo derivado e que ao contrario o Arché é o infinito, ou seja, uma natureza infinita do
qual deu o nome de “apeiron”, que significa aquilo que é privado de limites, ou seja
infinito espacialmente. Esse infinito parece-se com o divino, pois é imortal e indestrutível.
“Em Anaximandro, portanto, Deus torna-se o princípio, ao passo que os deuses tornam-
se os mundos, os universos que, como veremos, são numerosos – os quais, porém, nascem
e perecem ciclicamente.”
“Eis como é explicada a gênese do cosmos: de um movimento que é eterno, geram-se os
primeiros dos dois contrários fundamentais, o frio e o calor; originalmente de natureza
líquida, o fio teria sido em parte transformado pelo fogo-calor, que formava a esfera
periférica, no ar; a esfera do fogo ter-se-ia dividido em três, originando a esfera do sol, a
esfera da lua e a esfera dos astros; o elemento líquido ter-se-ia recolhido às cavidades da
terra, constituindo os mares.”

Anaxímenes de Mileto: Também nascido em Mileto, foi discípulo de Anaximandro no


século VI a.C., ele escreve uma prosa Jônica, que chegaram até nós apernas três
fragmentos, além de testemunhos. Já para Anaxímenes crê como seu mestre que o
princípio deve ser infinito, porém agora ele vê de uma forma diferente ele pensa a arché
como “ar infinito” uma substância aérea ilimitada. “Exatamente como nossa alma que é
ar, se sustenta e se governa, assim também o sopro e o ar abarcam o cosmos inteiro. E
ainda o ar está próximo ao incorpóreo e como nós nascemos sob o seu fluxo é necessário
que ele seja infinito e rico para não ficar reduzido.”

Heráclito de Éfeso: Heráclito viveu entre os séculos VI e V a.C. Escreveu um livrinho


de nome “Sobre a natureza”, chegaram até nós inúmeros fragmentos, ele foi
denominado como “Heráclito o Obscuro”, pois não se misturava a sociedade e quanto a
sua obra, acham que as pessoas não eram dignas de lê-la pois achava que não tinham
intelecto suficiente para entender sua obra. Para Heráclito tudo se move, tudo está em
movimento constante, em um de seus fragmentos ele diz: “Não se pode descer duas vezes
o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado,
pois, por causa da impetuosidade e da velocidade da mudança, ela se dispersa e se reúne,
vem e vai. (...) Nós descemos e não descemos pelo mesmo rio, nós mesmos somos e não
somos.”
Para ele o principio de todas as coisas é a “harmonias dos contrários”, somente em
contenda entre si é que os contrários dão sentido específico um ao outro. Essa harmonia
e unidade dos opostos é o princípio e, portanto, Deus ou o divino: “Deus é dia-noite,
inverno-verão, é guerra e paz, é saciedade e fome”. Então o principio é o “fogo”, aquilo
que governa todas as coisas é lei racional.
OS PITAGÓRICOS:
A escola nasceu como uma espécie de fraternidade ou ordem religiosa, organizada e com
regras em condutas de convivência e comportamento, as doutrinas eram consideradas
como segredos, apenas os adeptos e iniciados podiam deter tal conhecimento.

Pitágoras: Pitágoras nasceu em Samos viveu o apogeu de sua vida em torno de 530 a.C.
Alguns biógrafos seus diz que ele abandonou a própria pátria e foi iniciado em todos os
ritos mistéricos, tanto gregos como bárbaros. E depois foi para o Egito e se juntou com
os caldeus e os magos. Mudou muito a perspectiva do estudo do principio e da razão das
coisas, agora não mais é a água, nem o fogo, nem o apeiron mais agora o princípio são os
números, dedicaram-se os pitagóricos a matemática e fizeram progredir. Acreditavam que
eram o principio de todas as coisas existentes.
“Não menos importante deve ter sido a descoberta da incidência determinante do número
dos fenômenos do universo: são leis numéricas que determinam os anos, as estações, os
meses, os dias e assim por diante”.
“Desse modo o número nasce do acordo entre elementos limitantes e elementos
ilimitados, e por seu turno, gera tidas as outras coisas.
“Os números manifestam certa prevalência de um ao outro desses dois elementos os
números pares predominam o indeterminado e assim os números pares são menos
perfeitos para os pitagóricos, ao passo que nos impares prevalece o elemento limitante e
por isso são mais perfeitos.”
Além disso consideram o número impar como masculino e o par como feminino.
Pitágoras foi o primeiro filósofo a sustentar a doutrina da metempsicose, quer dizer, a
doutrina segundo a alma carrega uma culpa originária, do mesmo modo como pensava-
se o Orfísmo, destinando o homem a reencarnar muitas vezes, mas agora não só em forma
humana, mas em corpos de animais. “A vida pitagórica diferenciou- se da vida órfica
justamente pelo culto da ciência como meio de purificação.”

ELEATAS:
Xenófanes de Cólofon: Xenófanes nasceu na cidade Jônia de Cólofon, em torno de 570
a.C. O pensamento de Xenófanes vem centrado na crítica a concepção dos deuses, que
Homero e Hesíodo haviam fixado. Ele vem questionar o antropomorfismo. E vem
inovando nesse pensamento dizendo que existe um deus único e distinto do homem. Ele
afirma, portanto, que Deus é o cosmos.

Parmênides: Parmênides nasceu em Eléia, na segunda metade do século VI a.C. Foi ele
fundador da escola eleática. Parmênides põem sua doutrina sobre as palavras de uma
deusa que o acolhe benignamente. A deusa simboliza a verdade revelada. A deusa parece
indicar três caminhos o da verdade absoluta, o das opiniões falazes, ou seja, o caminho
da falsidade e do erro, e por fim o caminho da doxa plausível.
O grande princípio de Parmênides “que é o próprio principio da verdade, (o sólido coração
da verdade robusta), este é o ser é e não pode não ser; o não ser não é e não pode ser de
modo algum.”
A sua argumentação é muito simples, tudo aquilo que alguém pensa e diz é. Por isso, o
nada é impensável e indizível. Pensar e ser é o mesmo.
Muitas vezes Parmênides proclama o seu ser como limitado e finito, no sentido de que é
completo e perfeito.

Zenão: Nasceu em Eléia entre o fim do século VI a.C. Ele descobriu a refutação da
refutação, isto é, a demonstração por absurdo: mostrando o absurdo em que caíam as teses
opostas ao eleatismo, defendia o próprio eleatismo. Desse modo Zenão fundou o método
da dialética. Seu principal objetivo dos seus paradoxos, não é provar que a filosofia de
Parmênides está correra, mas sim mostrar as incoerências lógicas de se acreditar na
possibilidade do movimento. “Demonstrar que a velocidade considerada como uma das
propriedades essenciais do movimento, não é algo objetivo, mas sim relativo e, que,
portanto, o movimento de que é a propriedade essencial também é relativo e não objetivo.
“Em uma corrida, o mais lento nunca será alcançado pelo mais rápido.”

OS FÍSICOS PLURALISTAS E OS FÍSICOS ECLÉTICOS:


Empédocles: Empédocles nasceu em Agrigento em torno de 484 a.C. Ele tinha uma
personalidade um tanto peculiar, e forte, foi filósofo, místico, taumaturgo e médico. Ele
produziu um poema sobre a natureza dos quais chegaram apenas fragmentos. Para
Empédocles assim como Parmênides não existe o “nascer” e o “morrer”, pois o ser é e
o não ser não é.
Para Empédocles existem “quatro elementos” que unindo-os dão origem as coisas e
separando esses elementos da a corrupção, morte das coisas. No seu pensamento a física,
a mística e a teologia são uma coisa só. Os quatro elementos são divinos, são eles, água,
ar, terra e fogo, também divinas são as forças da amizade e da discórdia, “Deus é o Esfero;
as almas são demônios, almas que, como todo o resto, são constituídas pelos elementos e
forças cósmicas.

Anaxágoras de Clazômenas: Nasceu por volta de 500 a.C. em Clazômenas, viveu por
30 anos em Atenas. Ele escreveu um tratado sobre a natureza do qual chegou até nós
fragmentos significativos.
Para Anaxágoras os elementos como a água, o ar, a terra e o fogo estão longe de terem
condições de explicar os fenômenos e por isso sua origem. Para ele as sementes “ou os
elementos dos quais derivam as coisas deveriam ser tantas quantas são inumeráveis
quantidades das coisas, precisamente sementes com formas, cores e gostos de todo tipo,
vale dizer, infinitamente variadas.” Portanto as sementes são o originário qualitativo,
“pensando não como incriável, mas também imutável”.
“Tudo está em tudo, ou ainda, em cada coisa há parte de cada coisa. No grão de trigo
prevalece uma determinada semente, mas nele está tudo, em particular o cabelo, a
carne o osso, etc.”
O principio portanto para ele é a “inteligência pura e simples (Nous)”.

ATOMISTAS:
Leucipo e Demócrito : Leucipo nasceu em Mileto depois foi para a Itália, indo para
Eléia por volta do século V a.C. Já Demócrito nasceu por volta de 460 a.C.
Para os atomistas eles reafirmam a impossibilidade do não-ser, dizendo que o nascer é
agregar-se de coisas existentes e o morrer nada mais é do que o desagregar-se ou separa-
se das coisas. “Mas a concepção dessas realidades originárias é muito nova: trata-se de
infinito número de corpos, invisíveis pela pequenez e volume. Tais corpos são indivisíveis
por isso átomos, para eles as sementes de Anaxágoras não explicam a realidade.
O átomo, portanto, é a forma visível do intelecto. “O movimento primeiro dos átomos
devia ser um movimento caótico, com os volteios em todas as direções dados pela
poeira atmosférica que se vê nos raios de sol que se filtram através da janela, desse
movimento, deriva um movimento vertiginoso, que leva os átomos semelhantes a
agregarem-se entre si e os diversos átomos a disporem-se de modos diversos,
gerando o mundo; por fim, há um movimento dos átomos que se libertam de todas
as coisas que são compostos atômicos, formando os eflúvios um exemplo típico é o
dos perfumes.”
O conhecimento deriva dos eflúvios que se desprendem de todas as coisas, entrando em
contato com o os sentidos.

OS SOFISTAS:
Protágoras: Nascido em Abdera na década entre 491 e 481 a.C. Foi muito apreciado
pelos políticos da época. As antilogias constituem a sua principal obra, na qual nos
chegaram apenas alguns testemunhos.
O pensamento de Protágoras era o axioma “o homem é a medida de todas as coisas,
daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não são.”

Um exemplo que ele utiliza para explicar esse pensamento é o seguinte: “Para quem está
com frio, é frio; para quem não está, não é. Sendo assim, ninguém, está no erro, mas todos
estão com a verdade, porém com sua verdade.”
Ele ensinava como tornar mais forte o argumento mais fraco, fazendo assim ganhar em
todos os debates e discussões.
Górgias: Nasceu em Leontinos, na Sicília por volta de 485/480 a.C. Górgias diferente de
Protágoras ele utiliza-se do niilismo para construir o edifício de sua retórica. Para ele:
“O ser não existe, ou seja, existe o nada. Se o ser existisse, ele não procurava se basear
no princípio de Parmênides segundo o qual o pensamento é sempre e só pensamento
do ser e que não-ser é impensável. Ainda que fosse pensável, o ser permaneceria
inexprimível.”
Ele foi o primeiro filósofo a teorizar o que hoje se chama de valência “estética” da palavra
e essência da poesia.

Sócrates: Sócrates nasceu em Atenas entre os anos 470/469 a.C. Sócrates morreu no ano
de 399 a.C. foi condenado a morte por simplesmente não prestar culto aos deuses e
possivelmente movimentar manobras políticas.
Sócrates tentado responder as questões mais aclamadas do mundo da filosofia qual o é a
natureza das coisas, e qual a realidade última do homem?
Ele finalmente vem com a ideia de que “o homem é a sua alma, enquanto é
precisamente a sua alma que o distingue especificamente de qualquer outra coisa.”
Por alma se entende a razão e a “ética operante”.
Para o grego a palavra virtude que conhecemos se diz “areté”, ela significa uma
atividade aperfeiçoa cada uma das coisas, fazendo-a ser o que de fato deve ser.
Um exemplo: “a virtude do cão é a de ser um bom guardião.”
Sócrates ele quebra toda essa visão tradicional de virtude dizendo que os verdadeiros
valores não são aqueles ligados no campo externo como as riquezas, as belezas, mas são
internas as virtudes, os valores estão na alma, o conhecimento. Para ele esses “valores”
que foram citados acima como a beleza as riquezas, são males maiores, desvalores.
O método adotado por Sócrates é o da dialética está intimamente ligado a descoberta da
essência do homem, pois tende a despojar a alma da ilusão, “dialogar com Sócrates levava
a exame da alma.”
A dialética de Sócrates é dividida em dois momentos sendo, a refutação, e a maiêutica
que era como uma parteira que da a luz a verdade já existente dentro de cada ser, então
Sócrates fazia perguntas e refutava cada resposta da pessoa ao qual perguntava, muitas
das vezes essas pessoas perdiam a paciência e era esse o momento de entrar com a
maiêutica, e fazer a própria pessoa descobrir a verdade.

Platão: Nasceu em Atenas nos anos entre 428/427 a.C. O método de Platão é muito
semelhante ao de Sócrates pelo método da dialética e da maiêutica mas Platão difere pois
diz que a pessoa deve chegar a verdade de si e do mundo através da leitura, por isso deixou
obras escritas e sua obra em aberto.
“A segunda navegação ou a descoberta da metafísica”, consiste em um fundamento
platônico que é a descoberta da existência de uma realidade supra sensível, ou seja uma
realidade suprafísica do ser.
O termo de segunda navegação que Platão fala, remete-se a linguagem utilizada pelos
marinheiros quando o vento e as velas não funcionam mais chegam até onde dera, então
recorrem aos remos que irão impulsionar a embarcação, a primeira navegação para Platão
tem a ver com o percurso da filosofia naturalista. Para ele a primeira navegação foi fora
de rota pois a filosofia natural não consegue explicar nem o sensível através do mesmo.
Para Platão na primeira navegação o filosofo ainda permanece prisioneiro dos sentidos
sensíveis, e na segunda navegação ele se liberta dos sentidos sensíveis e desloca-se para
o plano do raciocínio puro do que é captável pelo intelecto.
“A segunda navegação, portanto, leva ao conhecimento da existência de dois planos
do ser: um fenomênico e visível; outro, invisível e metafenomênico, captável apenas
com a mente e, por conseguinte, puramente inteligível.”
“o verdadeiro ser é constituído pela realidade inteligível.”
“Platão nos remete também a um termo que ele mesmo dotara de o mundo das ideias, que
consiste em um principio igualmente originário mas de ordem inferior que é entendido
como principio indeterminado e ilimitado e como principio de multiplicidade,
denominava-se de díade ou dualidade de grande e pequeno, enquanto principio que tende,
ao mesmo tempo, para a infinita grandeza e para a infinita pequenez sendo por isso
denominado dualidade indefinida. Da colaboração desses dois princípios originários é
que procede a totalidade da ideia.”
Portanto Platão acreditava que por detrás do mundo sensível, existe uma realidade
abstrata, que se chama mundo das ideias, onde tudo é perfeito e eterno. Mas que só se
pode chegar a este mundo, onde se encontra o verdadeiro conhecimento, por meio da
razão.
A anamnese explica a raiz do conhecimento, mas as etapas e os modos específicos do
conhecimento ainda permanecem indeterminados. Platão vem com o conceito da doxa
que é um tipo de conhecimento que não se identifica com o conhecimento verdadeiro.
E podemos falar sobre alguns desses processos de conhecimento começando com a
dialética que detêm os dois primeiros degraus da primeira forma de conhecimento, isto é
não ultrapassam o nível da opinião. “Esse processo pelo qual o intelecto passa de Ideia
em Ideia, constitui a dialética.”
O segundo processo é o da arte como distanciamento da verdade, pois para Platão a arte
não revela a verdade, mas a esconde, porque ela não evolui o homem, não o melhora, nem
educa, mas deseduca pois se volta as faculdades irracionais da alma, no caso os sentidos.
O terceiro processo é a retórica como mistificação do verdadeiro, par Platão a retórica
não passa de pura adulação e adulteração do verdadeiro, pretende imitar as coisas sem na
verdade possuir conhecimento verdadeiro sobre ela, é como uma máscara, máscara de
conhecimento, verniz, um conhecimento aparente sobre algo.
E o quarto e último é a erótica como caminho alógico para o absoluto, para Platão a erótica
se revela um caminho alógico que conduz ao absoluto.
“O grau mais baixo na escala do amor é o amor físico, que consiste no desejo de
possuir o corpo belo para gerar no belo outro corpo; depois, existe o grau dos
amantes que se mostram fecundos, não quanto aos corpos, mas quanto às almas,
portadores de germes que nascem e crescem na dimensão do espírito, finalmente, no
ápice da escala do amor, encontra-se a visão fulgurante da Ideia do Belo em si, do
absoluto.”
Para Platão a concepção odo homem é dualista tomado de raízes órficas, sendo o homem
alma e corpo; sendo o corpo não sendo um receptáculo da alma, mas sim o cárcere a alma.
Para Platão se possuímos corpo estamos mortos a verdadeira vida se dá a partir da
desvinculação ao corpo, ou seja, da morte do corpo, para que um possa viver o outro
precisa morrer.
Então podemos dizer que se a verdadeira vida se da fora do corpo com a alma, então a
alma para Platão é imortal e da a conhecer toda a realidade eterna.

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