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Aula 1 - O Nascimento da Filosofia1

Período Mitológico

Na Grécia Antiga, período que compreende a partir do século XV ao VIII a.C. predominou o
conhecimento mitológico (ou mítico). Nessa época, a sociedade somente dispunha de um único conhecimento,
o mitológico. Como características do conhecimento desta época, temos que:

• Era somente dado ou revelado, ou seja, tudo que conheciam era vindo dos deuses (eram politeístas),
dado ou revelado por estes. Sendo assim, o conhecimento não era produzido pelos humanos;
• Era injustificável e infundado, uma vez que as pessoas não questionavam e/ou refletiam sobre como
os conhecimentos eram adquiridos ou mantidos, justificações eram negligenciadas;
• Eram passados por homens especiais, enviados por deuses, como profetas, oráculos, sábios, etc.

A palavra “Teoria” surge nesta época e é uma junção de Teo que quer dizer “deus” e Réa que era o nome
dado à deusa dos rios, das cachoeiras e de tudo aquilo que escorre como água. Assim, Teoria é aquela
cachoeira de sabedoria que descia dos deuses para a cabeça do sábio inspirado. Portanto, temos que a sabedoria
dos gregos desta época se confundia com sua religiosidade. Teocentristas2 como eram, este paradigma dizia
que tudo (universo) pertencia e estava a mercê dos deuses.

Além de politeísta, a sociedade desta época também era panenteísta, isto é, como o panteísmo acredita
que deus ou os deuses são as próprias coisas materiais que existem na natureza, os organismos animais e
vegetais, as montanhas, os rios, as nuvens etc., cada coisa dessas seria um deus - ou então Deus seria o conjunto
de todas essas coisas, como se o mundo inteiro fosse vivo e divino; o panenteísmo é um tipo de panteísmo no
qual as pessoas acreditam que os deuses são entidades espirituais que se confundem parcialmente com as
coisas materiais, ou que a todo momento estão assumindo a forma dessas coisas naturais, como se as coisas
materiais estivessem possuídas por esses espíritos divinos. Como exemplo temos a deusa Réa que, tanto a
água dos rios como todos os outros líquidos que escorrem são uma parte dela, mas não o todo; assim, uma
outra parte da deusa continuava puramente espiritual, e ela poderia inclusive estar mais presente ou menos em
tal água de tal rio em determinado momento.

As propostas desta época eram:

• Transmitir conhecimento, mesmo que infundados e não verdadeiros;


• Construir uma visão de mundo, isto é, a forma como vemos a vida, o mundo, o ambiente ao nosso
redor, etc, (cosmovisão);
• Gerar temor, uma vez que ao questionar ou desrespeitar as “ordens divinas” seriam castigados das
mais variadas formas, inclusive com a morte;

1
Aula do dia 13/08/2018.
2
Universo dos deuses.
• Narra as origens e explicar a realidade das coisas. Ao contrário dos dias atuais, nos quais
recorremos à ciência para explicar as coisas e os eventos de nossa vida (morte, doenças, desastres,
etc.), naquela época era a partir dos mitos que estas respostas eram tidas.

O nascimento da Filosofia

Após a guerra de Tróia, (século X a.C.) houve a queda do Império Micênico em decorrência dos ataques
dos povos Dóricos. Além destes ataques, os antigos oficiais do próprio Império Micênico começaram a
guerrear entre si em busca de poder que não mais existia, no intuito de se tornar o novo imperador, levando a
Grécia a um período de caos político, econômico e militar, cheio de desordem, miséria e muita guerra. Apesar
do próprio imperador micênico ter sido considerado um deus, encarnado em um corpo humano, não conseguiu
impedir a queda de seu império e toda a desorganização e sofrimento que vieram depois para o povo. Isso
produziu entre os gregos uma diminuição generalizada da confiança na autoridade dos líderes e dos deuses, e
levou muitos dos sábios religiosos da época a tomarem partido daqueles líderes que se mostravam menos
impulsivos e agressivos, mais sábios e racionais, com maior espírito organizador e mais capazes de trazer
alguma ordem para aquela situação caótica. A partir deste momento, ao contrario do que havia vigorado até
então, os mitos passaram a ser escritos e não mais recitados como poemas, com música e atores. No século
seguinte (século IX a. C.), apareceu um sábio religioso chamado Homero incentivou ainda mais o processo
de valorização da razão. Ele passou a fixar por escrito a sua versão dos mitos mais famosos, isto é, das histórias
mais conhecidas sobre os deuses e heróis da Grécia. Escrevia uma cópia para cada cidade por onde passava,
e deixava essa cópia dos mitos no principal templo da cidade.

Esses mitos costumavam trazer lições de moral, de modo que ensinavam as pessoas a pensarem no que
era certo ou moralmente errado em seu comportamento. Essas lições de moral dos mitos às vezes acabavam
funcionando quase como se fossem leis. Antes de Homero, havia sempre muitas versões contraditórias de
cada mito, e as lições de moral acabavam variando muito de uma versão para outra, mas, com a sua
contribuição as normas de comportamento começaram a se firmar melhor, deixando esse aspecto
contraditório. Assim como Homero, outro sacerdote-poeta muito influente foi Hesíodo (VIII a.C.) que
valorizou ainda mais o uso da razão e a organização racional das coisas: ele escreveu uma das primeiras
teologias racionais do mundo, um dos primeiros estudos racionais das relações entre os deuses, naquela época
de politeísmo. Um livro chamado Teogonia - que em grego quer dizer “processo de nascimento dos deuses”.
Ao procurar uma explicação racional e coerente para o modo como os deuses iriam nascendo uns dos outros,
Hesíodo indiretamente fez as pessoas começarem a pensar também sobre o modo como as coisas da natureza
iriam nascendo umas a partir das outras. Este foi, assim, o último passo que faltava para o aparecimento da
filosofia como um modo de pensar separado daquele pensamento religioso.
Período Arcaico

É a partir do século VII até o VI a. C. que um novo contexto surge a partir da vida urbana (pólis) que
estava ficando cada dia mais elaborada. Neste período formam-se sociedades, deixando os homens mais
sedentários, porém permite que passem a dominar novas habilidades até então desconhecidas, como a
agricultura e a pecuária. Após o período da Teocracia, surge a Política3 como alternativa àquela. Assim como
a política, a democracia4 também foi uma invenção grega. Outas invenções tão importantes quanto, foram;

• A moeda;
• A escrita;
• O calendário;
• O aperfeiçoamento da arquitetura e da arte;
• A melhor elaboração da navegação marítima.

A arquitetura, a arte e as navegações marítimas já existiam muito antes, no entanto houve um grande
avanço a partir dessa época da história grega, especialmente no que diz respeito às navegações. Com este
pano de fundo histórico, formou-se o cenário da ruptura entre o período Mítico e o Arcaico.

Como características destes dois períodos, temos:

Mítico Arcaico

O conhecimento era dado/revelado pelos O conhecimento é


deuses; produzido/elaborado/construído pelos homens;

Haviam homens especiais escolhidos pelos Todos os homens são dignos e


deuses para passar este conhecimento; competentes para produzir conhecimento;

A explicação da realidade era pelos A explicação da realidade passa a ser


deuses; racional;

A sociedade era Teocentrista; A sociedade passa a ser antropocentrista5;

O pensamento era cosmogônico6. O pensamento é cosmológico7.

Este novo contexto também criou condições para que aquele que foi é considerado o primeiro filósofo8
fizesse o que até então ninguém havia feito: questionar. Isto é, questionar tudo aquilo aparente e não aparente
na realidade.

3
Não tão elaborada como a que temos hoje, obviamente.
4
Mais especificamente, a Democracia Plena, diferente da que conhecemos.
5
Ser humano é o centro do universo.
6
O nascimento da natureza tem origem a partir dos deuses.
7
Estudar o universo a partir da ciência.
8
Da filosofia ocidental.
Por mais difícil que seja para os historiadores definirem exatamente como e quando começou a Filosofia,
atribui-se a Tales de Mileto um dos primeiros a usar a palavra Filosofia. Tales viveu na Grécia Antiga mais
ou menos do final do século VII a. C. até a metade do século VI a.C. Mas não se sabe se começou a usar a
palavra “filosofia” no começo ou no final de sua vida. O outro, também grego, se chama Pitágoras de Samos.
Parece ter sido mais jovem, ter nascido já no século VI a. C. e falecido nesse mesmo século. Mas ficou famoso
muito cedo, e pode ter começado a usar a palavra “filosofia” antes de Tales, já desde a juventude. No entanto
não se sabe ao certo.

A palavra Filosofia vem do filia, que quer dizer “apego amoroso”, “amor”, “amizade”; e sofia, que quer
dizer “conhecimento”, “sabedoria”. Filosofia, então, quer dizer “apego amoroso à sabedoria”. Com isto em
mente, temos que não poderia ser traduzido somente por “sabedoria”, uma vez que a palavra “sábio” - em
grego sofós ou sofista, significava “aquele que tem sabedoria” não faz jus ao que Tales e Pitágoras
expressavam, pois; não eram exatamente “sábios” e sim “filósofos”; declaravam que não eram “donos da
verdade”, que não tinham uma sabedoria definitiva e inquestionável, mas apenas um apego amoroso pela
sabedoria. Portanto, estavam declarando que a sua sabedoria não era perfeita, não vinha diretamente dos
deuses, e sim do esforço humano para conhecer e entender melhor as coisas. Estavam declarando e assumindo
que a sua sabedoria poderia estar errada, e por isso mesmo as coisas que eles estavam dizendo precisavam ser
estudadas, questionadas, discutidas e debatidas. E foi assim que surgiu a filosofia: como uma forma de
conhecimento mais exigente, que faz questão de colocar as coisas em dúvida (inclusive e até principalmente
aquelas que todo mundo pensa que já estão completamente resolvidas); uma forma de conhecimento que se
dedica a sempre reexaminar tudo de novo para ver se não há falhas de raciocínio ou informações falsas; que
não se deixa levar por ideia nenhuma sem a estudar com muito cuidado, e que jamais aceita sem pensar
qualquer coisa que uma pessoa diga só por essa pessoa ser considerada uma “autoridade” no assunto.

Aula 2 - Para que Filosofia?9

A filosofia serve para nos fazer refletir criticamente sobre as questões da realidade, isto é, as questões do
nosso cotidiano. Como exemplo, podemos usar a questão dos bancos preferenciais em coletivos. Ao
questionarmos o porquê disso, a resposta mais óbvia seria a de que é necessário ceder o lugar àqueles que
mais precisam porque é lei. A partir da reflexão crítica podemos ir além e oferecer o nosso lugar,
independentemente de alguma punição (lei) ou julgamentos (sociedade).

A palavra Filosofia é composta de duas palavras gregas: philo e sophia. A primeira é derivada de Philia
que significa “amizade”, “amor”, “fraternidade”, “respeito entre os iguais”. Sophia quer dizer “sabedoria” e
dela vem a palavra sophos, “sábio”. Filosofia quer dizer, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito

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Aula do dia 20/08/2018.
pelo saber. Assim, filósofo é aquele que ama a sabedoria, tem vontade pelo saber. Para Chauí (1993)10 existem
quatro definições gerais do que seria filosofia:

Visão de mundo: esta é caracterizada pela visão de determinado povo sobre sua realidade, o que pode ser
observado por meio da diversidade cultural presente na civilização humana. Nesse sentido, a Filosofia
corresponde, de modo vago e geral, ao conjunto de ideias, valores e práticas que cercam uma sociedade e a
faz pensar em sua própria existência. O problema dessa definição, no entanto, é a maneira genérica e ampla
na qual é empregada, sem que haja uma distinção precisa entre filosofia e religião, Filosofia e Arte, Filosofia
e ciências etc. Essa acepção caracteriza uma visão de mundo coletiva, expressa por ideias, valores e práticas
sociais.

Sabedoria de vida: É caracterizada pela ação de pessoas que pensam e tentam dirigir suas vidas sempre
sob os olhos da moral e da ética. Nesse caso, a Filosofia seria uma contemplação do mundo e dos homens para
conduzi-los a uma vida justa, sábia e feliz, ensinando-os o domínio sobre nossos impulsos, desejos e paixões.
Podemos identifica-la pelas expressões “ele tem uma filosofia de vida diferente/interessante”; “minha filosofia
de vida é: nunca me preocupar demais com os problemas do cotidiano, pois posso até ficar doente”, etc.; essa
definição apresenta a filosofia como um simples ensinamento interior, contudo, não pode ser definido como
Filosofia per se.

Atribuir ao Universo uma totalidade ordenada e dotada de sentido a partir de um esforço racional,
isto é, perceber um conflito e, a partir deste uma distinção entre filosofia e religião. A primeira pretende buscar
a origem, a gênese, a realidade e o fundamento do Universo por meio do conhecimento racional. A segunda
busca o mesmo conhecimento baseado na fé, pela revelação divina, por meio de princípios indemonstráveis.
Essa visão também não pode ser aceita pela Filosofia, uma vez que pretende sistematizar e até mesmo
homogeneizar um sistema de mundo. Dessa forma, a Filosofia se diferencia por não aceitar um sistema de
pensamento único; uma única explicação para a realidade.

Por último, a fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas afirma o interesse da
Filosofia pela análise racional do conhecimento; interessa-se, ainda, pela forma e o conteúdo dos valores
éticos, políticos, artísticos e culturais, pelas transformações históricas dos conceitos, das ideias e dos valores,
entre outros. O interesse pelo estudo das relações humanas, por meio da análise de conceitos como percepção,
imaginação, memória, linguagem, inteligência, experiência, reflexão, comportamento, vontade, desejo,
paixões, interpretações e significações das ideias também fazem parte das pretensões dos estudos da Filosofia.

Esse último ponto, afirma a autora, descreve a filosofia como analítica, pois pratica a análise das ciências,
da religião e da moral; reflexiva, isto é, voltada para a consciência que dá origem ao sentimento e para a ação
e, por último, crítica, pois se mostra de maneira a questionar as teorias, práticas científicas, políticas, artísticas
etc.

10
CHAUÍ, M. Para que Filosofia? Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1993.
O Surgimento da Filosofia

Na Grécia Antiga houve a passagem do pensamento “mitopoético” (criador de mitos) para o pensamento
“´filosófico-teorizante” (explicar o mundo sem recorrer aos mitos).

Há algumas teorias críveis para o surgimento da filosofia na Grécia. Dentre elas, temos:

Causas políticas: A Democracia toma o lugar do despotismo. As suas características eram a discussão, a
disputa oratória e a isonomia dos cidadãos. Nem todas as pessoas eram vistas como cidadãos, excluindo dessa
categoria as mulheres, os escravos, etc. Era após um longo debate nas ágoras que os cidadãos levantavam suas
mãos em resposta positiva ou negativa às propostas apresentadas.

Causas Sociais: Escravidão. Assim como há uma ligação entre a escravidão e os esportes, à democracia,
etc., a filosofia também foi favorecida. Por seu caráter escravista, a sociedade grega permitia que seus
cidadãos, uma vez dispensados do trabalho manual tivessem um tempo ocioso que pôde ser preenchido pelas
discussões nas ágoras, criações de esportes, etc. Era uma concepção dominante na Idade Média que o trabalho
manual denigre o homem e que persistiu até a Idade Moderna e as Reformas protestantes. Como prova, temos
frases de grandes nomes de pensadores:

“o trabalho tira todo o tempo, e com ele não há nenhum tempo livre para a República e para os amigos”.
(Xenofonte)

“O homem que dá o seu trabalho por dinheiro vende-se a si mesmo e põe-se ao nível dos escravos”.
(Cícero, Dos deveres, I, tít. II, cap. XLII).

Causas Econômicas: Comércio. Nas cidades gregas o comércio era uma característica muito forte com o
mundo oriental (técnicas, tecnologias, ideias, pensamentos, etc.), inclusive entre outras cidades (Pérsia, Índia,
Mesopotâmia, etc.), o que propiciava, além da compra e venda de mercadorias, o intercâmbio cultural,
aumentando os insumos para o surgimento da filosofia.

1964

Após o período do regime militar (ditadura) que perdurou por 21 anos, Tancredo Neves foi nomeado o
primeiro presidente eleito, no entanto não chegou a tomar posse. Assim sendo, José Sarney, eleito vice na
chapa de Tancredo, tornou-se então o primeiro presidente civil depois de mais de duas décadas. Neste período
marcado pela repressão, podemos dizer que a ditadura entendeu o papel da filosofia de modo que proibiu, em
1971, as escolas de lecionarem Filosofia e Sociologia, pois havia o entendimento de que estas instigavam o
pensamento crítico e reflexivo.
Atitude Filosófica

Ter atitude filosófica é ter uma postura que possui duas características. A saber:

Negativa: Atitude crítica – negar o senso comum e ideologias deste.

Positiva: Pensamento crítico – questionar o que são as coisas e porque são da forma que são.

3ª Aula – Os Sofistas e Sócrates11

A partir do pensamento socrático é inaugurada a filosofia clássica, deixando as questões da natureza


em segundo plano e trazendo à tona questões ético-políticas. Os contemporâneos de Sócrates, os Sofistas, são
tidos como seus principais adversários, mesmo compartilhando dos mesmos interesses na problemática ético-
política, (porém com visões divergentes) isto é, "pela questão do homem enquanto cidadão da polis, que passa
a se organizar politicamente no sistema que conhecemos como democracia"12. Tendo como base a época
vivenciada por Sócrates e os Sofistas, com todas as suas mudanças e avanços, podemos compreender o seu
pensamento que, por sua vez tem uma “proximidade maior entre Sócrates e os sofistas do que entre Sócrates
e os pré-socráticos “.

O pensamento de Sócrates é desenvolvido, principalmente, “em oposição ao dos sofistas e como crítica
à situação política de sua época – o que finalmente levará à sua condenação.”

A Sofística na Atenas do século V a.C.

A filosofia começa a se configurar como gênero cultural autônomo na Grécia dos séculos VI-IV a. C.

Com estilo próprio e objetivos e princípios específicos. É


necessário, portanto, procurar entender o surgimento da
filosofia como um fato cultural, como produto de um
determinado contexto histórico e social. Esse surgimento
corresponde ao começo da estabilização da sociedade
grega, com o desenvolvimento da atividade comercial, com
a consolidação das várias cidades-estados e com a
organização da sociedade ateniense, que finalmente
assumirá a hegemonia através da liderança da liga de Delos
(477 a.C.)

Com a necessidade de uma base institucional sólida, começam a surgir as “reformas políticas iniciadas por
Sólon (c.594 a.C.), levadas adiante por Clístenes (507 a.C.), que praticamente introduz as primeiras regras
democráticas, chegando até o primeiro governo de Péricles e de Efialtes (462 a.C.)”, marcando a quebra da

11
Aula dia 27/08/2018
12
Livro Iniciação à História da Filosofia. Pág. 41 – Futuras citações desta aula referem-se ao mesmo livro, salvo nota que contradiga.
oligarquia13 então vigente e a progressiva secularização da sociedade. Com isso, as decisões são tomadas a
partir de um consenso, após discussões, deliberações, debates etc. em assembleias. “Isso significa que as
decisões são tomadas por consenso, o que acarreta persuadir, convencer, justificar, explicar. Não se dispõe
mais da força, dos privilégios, da autoridade de origem divina. [...] A razão se sobrepõe à força, é uma forma
de controlar o exercício do poder. A linguagem precisa ser racional, as discussões pressupõem a apresentação
de justificativas, de argumentos, sendo abertas à interpelação, ao questionamento.”

Sofista significa, literalmente “sábio”. Os sofistas foram homens intelectuais, professores andarilhos
que ensinavam aos mais abastados o serviço do ensino da oratória para convencer ou persuadir o interlocutor,
sem se preocupar com o conteúdo do seu discurso, mas sim com a vitória. Munidos deste conhecimento, iam
às assembleias para defenderem seus pontos de vista. Eles foram os primeiros a romperem com a filosofia
naturalista, isto é, a filosofia que era voltada às questões da natureza, que atribuía aos deuses as suas
características, dando início ao período conhecido como pensamento socrático ou clássico. Protágoras, um
dos principais e mais importantes sofistas disse “o homem é a medida de todas as coisas”. Com isso, podemos
dizer que, pela primeira vez

Discurso

Na prática e no ensino dos sofistas não havia a preocupação com o seu discurso, assim como com
aqueles que se propunham a aprendê-lo, pois seu intuito era unicamente convencer/persuadir o interlocutor,
independente do assunto tratado. A partir das atividades dos sofistas, temos o surgimento do termo “sofismo”
que, como “verossimilhança” quer dizer “aquilo que é parecido com a verdade”. Nos dias atuais, temos como
mais próximos à esta prática de discurso os políticos e os advogados.

Problemática

A prática dos sofistas suscitava algumas problemáticas, das quais podemos citar:

o Os sofistas começaram a ganhar (muito) dinheiro com a sua atividade de “vender conhecimento”, ao
passo que os filósofos clássicos (Sócrates, Platão, Aristóteles, etc.) eram implacáveis críticos dessa
prática.
o Para Sócrates, o conhecimento era uma virtuosidade do homem, seu caráter. Isto é, era inconcebível
que um homem fosse culto e mal caráter. Sendo assim, o descompromisso com a verdade praticada
pelos sofistas através dos seus discursos, por vezes vazios e sem conteúdo, também era alvo das críticas
dos socráticos.

13
Regime político em que o poder é exercido por um pequeno grupo de pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família.
o Outra crítica enfrentada pelos sofistas era a de que não acreditavam em verdades universais e/ou
absolutas, em contrapartida aos sofistas que julgavam que uma verdade só poderia assim ser uma vez
que fosse absoluta, de forma alguma relativa.

Cosmopolitismo14

O cosmopolitismo é um outro conceito associado aos sofistas, haja vista que eram andarilhos. Esta sua
característica se deu pelo seguinte motivo: como foi dito anteriormente, os filósofos clássicos eram grandes
críticos dos sofistas, e estas críticas tinham um grande peso moral na sociedade daquela época, pelo respeito
e estima que estes filósofos dispunham. Quando montavam acampamento em uma cidade e começavam a
trabalhar, sua fama de professores da arte sofista logo se espalhava, mas uma vez que chegava ao
conhecimento do povo daquela cidade as críticas que os socráticos faziam, ficava impraticável continuar no
mesmo lugar, pois perdiam sua credibilidade. Então levantavam acampamento e migravam para outra cidade.

Origem do Pensamento Sofista

Com a constante mudança de localidade, os sofistas têm contato com muitas culturas diferentes e,
inteligentes como eram, observavam atentamente os hábitos, culturas, moral, etc. de cada uma, se atentando
às diferenças entre uma sociedade e outra. A partir desta observação entendem a multiplicidade das culturas,
usando-a como o pilar do pensamento sofista, ou seja, o Relativismo. Este relativismo do período sofista é
diferente do que temos hoje, pois este último é fundamentado na subjetividade do indivíduo, negligenciando
a fundamentação física, filosófica, científica, etc.

RELATIVISMO

Demanda pessoal

Utilidade Social

Ordem Social

Circunstância Pessoal

Bases do Pensamento Socrático

O pensamento socrático é baseado em Inatismo e dialogia/dialogicidade. O primeiro se refere à


concepção de Sócrates que diz que já nascemos com o conhecimento, ou seja, o conhecimento é uma
característica inata do sujeito. Já a dialogia se refere à interação com o ambiente, seja este pessoas ou objetos.

14
Cosmopolita: cidadão do mundo.
Esta relação do indivíduo com o ambiente favorece a exteriorização do nosso conhecimento inato, mas não o
produz.

Método Socrático

O método socrático é composto por dois passos.

o Ironia: É a pergunta cuja resposta você já sabe. Seus objetivos são:


o Contradição: levar o interlocutor a se contradizer;
o Conclusão: concluir que não sabia o que pensava saber;
o Humildade epistemológica: levar o sujeito a entender que a sabedoria não o faz melhor que
ninguém. Sócrates dizia que todo conhecimento começa com a humildade, do contrário é
imposição.
o Maiêutica: parto das ideias, ou seja, trazer à luz o conhecimento (inato). Quando era solicitado a
responder algo, Sócrates nunca dava as respostas prontas, pelo contrário, respondia com perguntas que
incitavam a reflexão, o raciocínio lógico e a explicitação dos conceitos (por para fora o seu
conhecimento). Acreditava que ao dar respostas prontas privava as pessoas da capacidade de refletir
e, como vimos, o conhecimento era algo muito prezado por ele.

4ª aula – Platão15

O contexto de surgimento da Filosofia de Platão16

A filosofia de Platão nasce ao mesmo tempo em que a Grécia passa pelas situações já expostas acima
adquirindo, pela primeira vez a condição de filosofia clássica, “desenvolvendo-se durante os 25 séculos
seguintes até os dias de hoje”.

A problemática do conhecimento é a forma mais apropriada de discussão que podemos abordar aqui;
abordagem esta que, de uma forma geral examinam:

• A possibilidade do conhecimento: que discute se é possível conhecer a realidade, o mundo como tal;
• O método: como se dá o conhecimento e como este pode ser tido como verdadeiro;
• Os instrumentos: aqueles que produzem o conhecimento, sito é, os sentidos e a razão;
• Os objetos: estes que são os artigos do conhecimento: o mundo material ou a realidade superior, de
natureza inteligível, a realidade mutável e perecível ou a essência eterna e imutável?

15
Aula dia 03/09/2018.
16
Livro Iniciação à História da Filosofia. (pág. 50 a 67)
“Essa interpretação privilegia a epistemologia, isto é, a temática do conhecimento e o papel crítico da filosofia.
Sem dúvida, há outras possíveis, privilegiando, p.ex., a questão do ser, ou a questão ético-política”.

A filosofia adquire uma função de análise crítica no que diz respeito aos “fundamentos, do discurso
legitimador, uma vez que a cultura é precisamente o conjunto dessas pretensões ao conhecimento”. Sendo
assim, a partir desta visão epistemológica do conhecimento, podemos entender a obra de Platão como

uma longa reflexão sobre a decadência da democracia ateniense, de seus valores e ideais, de
seu modelo, o contexto político que afinal condenou seu mestre Sócrates, ‘o mais sábio dos
homens’, à morte. Platão pretende analisar, avaliar, julgar as manifestações culturais gregas e
o processo decisório em Atenas e suas consequências, tentando descobrir a sua significação,
bem como a que motivações profundas do homem – legítimas ou não – elas correspondem.

Para tanto, ele tematiza questões como:

— O que significa a democracia?

— Qual o estatuto civil da religião?

— O que significa ensinar?

— Qual o valor da arte?

— Como se definem as virtudes?

E, por meio destas reflexões realiza o Diálogo.

Resumidamente, toda a sua obra é caracterizada pela preocupação com a ciência, (o conhecimento
verdadeiro e legítimo), com a moral e a política. Envolve assim um reconhecimento da função pedagógica e
política da questão do conhecimento. Sua conclusão é que o conhecimento em seu sentido mais elevado se
identifica com a visão do Bem.

Aqui temos, representativamente as oposições na visão platônica:

Assim, o método filosófico seria a busca da universalidade pela razão, ou seja, um método para superar
o conhecimento do senso comum e instituir aquilo que deve ser unanimemente aceito, sem distinção de
qualquer natureza abandonando, desta forma o mundo sensível e baseando-se no mundo das ideias.
A dialética de Platão rompe com o senso comum a partir de um reexame crítico deste, levando o
interlocutor a descobrir a verdade por si mesmo, sem invocar nenhuma instância externa.

Em conformidade ao pensamento clássico, os discursos de Platão também representam críticas aos


sofistas.

A filosofia de Platão é embasada num discurso de legitimidade, isto é, sua própria justificação crítica
e reflexiva. Muito além de somente afirmar, é dever da filosofia chegar à verdade através da razão que deve
ser aceita por todos (caráter universal).

Bases do pensamento platônico (aula)

Platão foi o primeiro filósofo a criar um sistema de pensamento que perdura até os dias de hoje.
Diferente de Sócrates, Platão é descendente de uma família abastada pertencente à aristocracia. Fundou sua
Academia, a primeira escola de Filosofia, matemática e política.

O pensamento de Platão é baseado sob algumas características:

Inatismo: para Platão, nós já nascemos com o conhecimento, ou seja, é uma característica inata nos
indivíduos; diferente do que Sócrates pensava, o conhecimento é aquilo que está dentro de nós, só precisamos
relembrá-lo.

Dualismo: Platão acreditava na existência de dois mundos muito distintos, mas que mantinham relação. Para
ele, além de uma questão teórica racional filosófica, o dualismo era uma questão de crença, isto é, acreditava
piamente. Este dualismo se divide em:

Mundo Inteligível: também conhecido como mundo das ideias ou mundo das formas, é o lugar onde
todo o conhecimento está. Neste lugar todas as ideias são perfeitas, imutáveis e infinitas; é o mundo real,
habitado por todas as coisas que existem e estão em estado de perfeição, isto é, não necessitam de mutação,
pois tudo é infinito e imutável.

Mundo sensível: é o mundo captado pelos sentidos; o mundo das cópias imperfeitas (do mundo
inteligível). Este mundo é feito de ilusões, uma vez que os sentidos são falhos, ou seja, nos enganam.

Reminiscências: significa, literalmente “recordar/relembrar”. Uma vez que o mundo sensível não é
fonte de conhecimento (pois este é inato), é necessário relembrar para obter o conhecimento. Platão acreditava
que nós já habitamos o mundo das ideias em um tempo em que ainda éramos somente alma. Por ter uma visão
depreciativa do corpo, via este como uma prisão da alma, pois acreditava que ao vir para o mundo inteligível,
nossa alma é aprisionada no corpo (encarnação); a alma tem sede de conhecimento, uma vez que vindo de
onde veio (mundo das ideias), conseguia satisfazer todas as suas necessidades, mas ao ter o corpo como seu
cárcere, este que somente buscar o prazer, a alma é privada da sua natureza inata. Com a encarnação, nós
esquecemos o conhecimento que desfrutávamos no mundo anterior e, somente através das experiências
sensoriais podemos praticar a reminiscência e, por conseguinte, reaver os conhecimentos do mundo
inteligível, isto é, não aprendemos necessariamente ao estudar, na verdade ao utilizar nossos órgãos sensoriais
em experiências (como estudar) acabamos por relembrar/recordar do conhecimento daquele mundo do qual
veio nossa alma sofrendo, assim, a reminiscência. Mas vale lembrar que mesmo praticando a reminiscência
da melhor forma possível e quanto tanto possível durante a vida, mesmo assim o conhecimento adquirido
neste mundo sensível, qual habitamos, nunca será um conhecimento pleno das coisas, uma vez que esta
plenitude só pode ser encontrada no mundo inteligível. Para finalizar, ao falar de morte para Platão, este dizia
que ela acontece quando a alma se dissocia do corpo, voltando ao mundo inteligível.

Metempsicose: é um termo utilizado por Platão que significa que é possível uma transmigração da
alma. Apesar de todos nós que estamos no mundo sensível termos passado pela experiência da encarnação,
algumas almas, após a morte do corpo (dissociação) reencarnam em um novo corpo.

Tripartição da alma

Nossa alma é dividida em três parte iguais; se diferem, no entanto em suas características e, entre nós
que em cada indivíduo uma destas três partes é mais perceptível, isto é, manifesto que os demais. A partir
desta predominância, o indivíduo terá seu papel a desempenhar na sociedade, tornando-a e mantendo-a
funcional e saudável. Vale a pena ressaltar que nesse período de desenvolvimento desta ideia, Platão se
encontra insatisfeito com a política e o rumo que a cidade está tomando, fazendo com que pense em melhorias
que possam ser instauradas como melhorias.

Primeira Parte

Paixões, apetites e desejos. Quando a alma do indivíduo tem a predominância nesta parte da alma,
este tem que desenvolver a virtude da temperança (para controlar seus apetites). Para este, as ocupações a
serem desempenhados na sociedade devem ser aqueles voltados aos serviços vitais, como a coleta de lixo,
saúde, etc.

Segunda Parte

Instintos de proteção e segurança. O indivíduo que possui a predominância da alma nesta parte
precisa desenvolver a virtude da coragem. Deve assumir, portanto, cargos que se relacionem com a segurança
e proteção da cidade.

Terceira Parte

Razão. Para as pessoas com esta predominância, se faz necessário o desenvolvimento da virtude da
sabedoria. Para assumir seu papel na sociedade, tem que ocupar cargos que demandem esta virtude, tais como
governar, gerir e administrar.
Estas virtudes eram vistas por Platão como o destino de cada indivíduo, cabendo a ninguém escolher, uma vez
que estas características predominantes eram dadas. Apesar disto, naturalmente podemos escolher
desempenhar outros cargos/ofícios que não aqueles que a predominância da minha alma indica (objetivo da
minha existência), mas esta negação vem em detrimento da nossa felicidade, isto é, ao não desempenhar o
papel a nós atribuído, seremos infelizes.

Alegoria da caverna

A alegoria ou mito da caverna é uma das mais famosas obras de Platão. Após a leitura, podemos
entende-la da seguinte forma;

Caverna: é o mundo onde todos nós estamos, isto é, o mundo sensível;

Escravos: somos nós, os humanos;

Correntes: estas representam as nossas paixões, ideologias e ignorâncias;

Sombras na caverna: são as percepções sensoriais;

Libertação dos escravos: é a ação do conhecimento, ou seja, o caminho que nos liberta.

Mundo fora da caverna: é o esclarecimento, isto é, o conhecimento pleno, a real visão (mundo inteligível);

Regresso do escravo: responsabilidade de quem deixou a insegurança. Tem o dever de voltar e falar sobre o
conhecimento que adquiriu;

Comportamento dos escravos: resultado do comodismo. Mostra como algumas pessoas estão de tal forma
acomodadas e confortáveis que não querem mudar. Os escravos que não saíram da caverna prendem o fugitivo
novamente.

Aula 05 – Aristóteles17

Discípulo da Academia de Platão durante 19 anos, Aristóteles rompe com esses ensinamentos
após a morte do mestre e elabora o seu próprio sistema filosófico a partir de uma crítica ao
pensamento de Platão, sobretudo à teoria das ideias. Aristóteles nasceu em 384 a.C. em
Estágira (hoje Stravó), na Macedônia, filho de um médico da corte do rei Amintas II e talvez
tenha tido ele próprio alguma formação médica, o que pode explicar seu interesse pela
pesquisa empírica e por questões biológicas, sobre as quais escreveu vários tratados. Tendo se
transferido aos 18 anos para Atenas a fim de estudar, tornou-se membro da Academia de
Platão e seu discípulo mais brilhante. Após a morte de Platão (c.348-7 a.C.), talvez em
desacordo com os rumos que os ensinamentos da Academia tomaram sob a liderança de
Espeusipo, que valorizava a matemática, seguiu seu próprio caminho. Foi durante algum
tempo (c.343-340 a.C.) preceptor [professor] de Alexandre, filho do rei Filipe da Macedônia
e futuro conquistador de um grande império. De volta a Atenas em 335 a.C., fundou a sua
escola, o Liceu. Aristóteles gostava de dar aulas e ministrar seus ensinamentos em caminhadas
com os seus discípulos, donde a origem do nome “escola peripatética” (de “peripatos”, o

17
Dia 10/09/2018
caminho). Após a morte de Alexandre (323 a.C.), Aristóteles deixou Atenas devido ao
sentimento antimacedônio então dominante, vindo a falecer em Cálcis, em 322 a.C.18
Empirismo vem do grego “empiria” que quer dizer, literalmente “experiência”. Este termo é utilizado
por Aristóteles antagonicamente ao inatismo de Platão. Aristóteles era empirista, isto é, acreditava que o
conhecimento não pode estar dentro do objeto, pois ele se dá de fora para dentro a partir das experiências;
Platão, por sua vez dizia que é a experiência que propicia a reminiscência; o contrário, portanto.

Realismo: Aristóteles não acreditava no mundo das ideias, ou seja, não era um filósofo idealista como
era Platão. Ele acreditava que não existe outro mundo além deste que habitamos sendo, portanto um filósofo
realista.

Essência e Acidente

Assim como os outros filósofos clássicos, Aristóteles também acreditava que todos os objetos possuem
uma essência. Então vejamos:

Essência: imanente ou intrínseca é a propriedade sem a qual o objeto deixa de ser quem ou o que é.
Em contraste com Platão que acreditava que a essência é transcendental, isto é, vem de outro lugar, transcende
seu mundo (mudo das ideias para o mundo sensível). Para Aristóteles, a essência tem caráter imanente, ou
seja, não vem de outro lugar, pois já está intrinsicamente no objeto (pessoas ou coisas). Daí sua frase “somos
o que somos porque temos a essência que temos”.

Acidentes: são as características não necessárias que individualizam o ser, mas não o define. Essas
características são todas aquelas que, dentro do seu grupo torna o sujeito único, mesmo que não possa dizer
quem é (pois este é o papel da essência).

Necessidade e Contingências

A essência tem caraterísticas necessárias (diferente dos acidentes) que o objeto não pode prescindir,
pois deixaria de ser quem ou o que é.

Necessidades são todas as características sem as quais o objeto deixa de existir.

Contingências são as características que os objetos podem prescindir , uma vez que não compromete
a sua existência.

18
Livro Iniciação à história da filosofia, p. 76.
Princípios que sustentam a realidade

Para Aristóteles, as coisas da realidade são mantidas por alguns princípios:

Identidade: uma afirmação é igual a ela mesma, nunca diferente; do contrário não seria quem é.
Exemplo: um ser humano sempre será um igual a um ser humano.

Não contradição: uma afirmação não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo tempo.

Terceiro excluído: uma afirmação ou é verdadeira ou é falsa. Não há uma terceira opção.

As Quatro Causas

Para Aristóteles só conhecemos uma coisa quando conhecemos a sua essência. Sendo assim, ele criou
quatro causas que propiciam conhecer o objeto:

Causa material: é a substância do ou da qual é feito o objeto. Esta característica é contingencial, ou


seja, não é imprescindível para a existência do objeto.

Causa eficiente: é o fabricante e o processo para produzir o objeto. Como a anterior, esta causa também
é contingencial.

Causa formal: é o contorno do objeto, sua estrutura e forma. Ao contrario das anteriores, esta causa
tem a característica necessária, pois sem ela o objeto deixa de ser o que é.

Causa final: é a finalidade das coisas existirem. Esta também possui a característica necessária.

Potência e Ato

Todo objeto está na condição de potência ou ato em relação a outro objeto.

Potência: aquilo que contém a possibilidade de vir a ser algo.

Ato: é o ser plenamente realizado.

Justa medida

A virtude está no equilíbrio entre a falta e o excesso sob o controle da razão.


Aula 06 – Racionalismo19

Início da Ciência Moderna

Anteriormente à Idade Moderna, tivemos o período medieval e, depois a Idade Média, trazendo
consigo a ciência moderna, deixando para trás a religião como fundamento do conhecimento. Como foi visto
anteriormente, houve a ascensão e a queda do teocentrismo, dando lugar ao antropocentrismo, logo depois
uma nova ascensão do teocentrismo, então monoteísta e, com a Idade Média a volta do antropocentrismo,
centralizando o conhecimento no homem (diferente do período anterior – Idade Média – onde o objeto que
dizia o que era, isto é, algo era somente por que é, não porque eu achava que aquilo é o que é).

A demanda da Idade Moderna é criar critérios e métodos para checar o conhecimento (diferente da
Idade Média, onde Deus é que “dava” o conhecimento, assim não era necessário confirmar a veracidade do
conhecimento dado). A partir desta necessidade surge o Racionalismo que, como criador e precursor mais
famoso, temos René Descartes.

Racionalismo

Esta doutrina atribui à razão a capacidade de produzir conhecimento independentemente da


experiência, isto é, diz que somos capazes de produzir conhecimento sem ter nenhum tipo de experiência
sensorial (com a realidade e/ou objetos), somente pela razão. este conhecimento é tido como conhecimento a
priori, ou seja, todo o saber que antecede a experiência.

O Racionalismo rejeita quase que totalmente a intervenção dos sentidos. Para esta linha de pensamento,
a autoridade é a razão, visto que os sentidos são falhos.

O ponto de partida cartesiano (de Descartes) é “a verdade que resista à dúvida”, isto é, se a verdade
resiste aos questionamentos: senso comum; argumento das autoridades; testemunho dos sentidos; realidade
física do corpo; tudo na realidade. Somente após todos os questionamentos, René dizia que a dúvida é
interrompida diante do próprio ser que duvida, isto é, o pensamento. Este é o único que não pode ser colocado
em dúvida, pois “se duvido, penso; se penso, existo: penso, logo existo.”

Visão de Descartes Sobre Mente e Corpo

Esta foi uma das principais contribuições de Descartes para a Psicologia.

*Alma e Mente, conceito científico: o que nos conecta com o mundo. A partir do conhecimento
teológico, onde a alma é dada por Deus para “nos dar a vida” e ter a conexão com Deus. Descartes desconstrói
essa ideia e diz, a partir do conhecimento científico que alma é mente e serve para nos conectar com o
mundo/realidade. Mais que isso, disse também que temos espírito, e que este é voltado para Deus.

19
Dia 17/09/2018
*Interação entre mente e corpo: é mútua. Anteriormente a interação era unilateral, isto é, a interação
se dava vindo da alma e sentida no corpo (Alma -> corpo), mas ainda hoje seguimos o conceito de René que
dizia que a interação se dá de forma bilateral (alma -> corpo; alma <- corpo).

*Mente exerce uma única função: O pensamento.

*O corpo ocupa espaço e opera com princípios mecânicos/motores: até então acreditava-se que o
corpo era uma “marionete” da alma. Com isso surge o conceito de ato reflexo: “objeto externo que pode
provocar resposta involuntária, um movimento não determinado pela vontade consciente”.

Ideias Natas

Ideias natas são ideias que surgem da mente ou consciente independentemente das experiências e
estímulos do ambiente. Estas não são produzidas por objetos externos, mas desenvolvidas mente/consciência.

Ideias derivadas

Estas são produzidas pela aplicação de estímulos internos, ou seja, produtos da experiência pelos
sentidos. O conhecimento é sempre inato, mas para que seja “ativada”, é necessária a experiência com o
ambiente.

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