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ORIGENS DA FILOSOFIA

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Metodologia de trabalho

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A palavra Filosofia significa amizade pela sabedoria, amor fraterno ao saber.
Três características mínimas há na reflexão filosófica:

Distanciamento da vida cotidiana, no sentido de estabelecer perguntas acerca do aspecto


mais abrangente da realidade (Ex.: perguntar o “O que é tempo?”, em vez de “Que horas
são?”).
Atitude negativa, no sentido de não aceitar como óbvio aquilo que é corriqueiro só porque é
corriqueiro – seja bom senso, seja senso comum. (Ex: perguntar “Será mesmo que é assim?”,
em vez de afirmar “É assim mesmo”).

Atitude positiva, no sentido de investigar e propor e se deixar corrigir em questões relativas


ao conceito, à causa e ao funcionamento da realidade em seu aspecto mais abrangente (Ex:
perguntar e responder “O que é x?”, “Por que algo é x?”, “Como algo é x?”).

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Grécia, berço da filosofia
A filosofia surgiu na Grécia antiga. Apesar de nessa época haver sábios no Oriente, suas
preocupações voltavam-se a aspectos práticos da conduta humana, o que não exigia
propriamente formulações teóricas ou abstratas.
O diferencial do pensamento grego, portanto, é a razão (logos), que fundamenta as
argumentações. O pensamento filosófico afasta-se das cosmogonias para formar as
cosmologias.
A Filosofia nasce como conhecimento racional acerca da natureza em seu aspecto mais
abrangente.
Corrente orientalista
Filósofos como Platão e Aristóteles afirmam a origem oriental da Filosofia.
Agrimensura dos egípcios (medição de terras após a cheia do Nilo).

Astrologia dos caldeus e babilônicos (previsão de ascensão e queda de reis, catástrofes como
fome, peste e guerras).

Genealogia dos persas (mapeamento da linhagem dos governantes)


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Corrente do milagre grego - No séc. XIX, porém, passaram a falar da Filosofia como “milagre
grego”. A Filosofia teria nascido como um acontecimento espontâneo, sem que nada
anteriormente a tivesse preparado. Além disso, considerava-se que os gregos seriam um povo
excepcional, não havendo comparação nem antes, nem depois. Para outros, a passagem do
mito à filosofia foi lenta e gradual.

Segundo Jean-Pierre Vernant, mudanças ocorridas nas relações sociais e políticas da Grécia
durante o período arcaico permitiram o surgimento da filosofia. Essas mudanças são: a
redescoberta da escrita, a utilização da moeda, o uso de leis escritas, o surgimento da pólis e
dos cidadãos e a consolidação da democracia.

Corrente da terceira via - A Filosofia tem dívidas com a sabedoria dos orientais. As viagens
dos gregos, de fato, possibilitaram o contato com diversas culturas.

Uma das maiores evidências é que os poetas Homero e Hesíodo, primeiros autores das
mitologias, basearam-se nos mitos de outros povos – tanto não gregos, quanto gregos
arcaicos – para elaborar a mitologia clássica da Grécia.

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Os gregos inventaram um modo de recepcionar a influência do Oriente de modo
qualitativamente diferente, que pode ser dividido em quatro aspectos:
Em relação aos mitos: os gregos humanizaram os deuses, divinizaram os homens e
forneceram racionalidade a narrativas sobre as origens das coisas, dos homens, das
instituições humanas.
Em relação ao conhecimento: os gregos transformaram em conhecimento racional, abstrato e
universal o que era, nos outros povos, apenas sabedoria prática. Por exemplo, os expedientes
práticos para medir, contar e calcular, com os gregos, tornou-se Aritmética e Geometria.
Aquilo que eram práticas de adivinhação e previsão do futuro, tornou-se Astronomia. Aquilo
que eram práticas de grupos religiosos secretos, tornou-se Medicina.

Em relação à autoridade/governo: os gregos inventaram a noção de exercício do poder por


autoridades não absolutas, em que a tomada de decisão coletiva acontecia por discussões e
debates públicos, em assembleia.

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Além disso, também criaram a ideia de lei e de justiça como expressões da vontade coletiva e
não como imposição de uma vontade divina. O poder político é criado quando duas outras
formas de autoridade são separadas: o chefe da família e o sacerdote ou mago.

Em relação à noção de racionalidade: os gregos inventaram a ideia de razão como um


pensamento sistemático que segue regras, normas e leis de valor universal.
Condições históricas da Filosofia Grega
A filosofia nasceu fortalecida por fatos históricos que, ao acontecerem, contribuíram para
esclarecer diversas modificações ocorridas.
Fatos históricos que marcaram o nascimento da Filosofia:
Viagens marítimas; Invenção da moeda; Invenção da escrita alfabética;
Invenção do calendário; Surgimento da vida urbana; Invenção da política.

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Viagens marítimas
Navegando por territórios antes desconhecidos, os gregos perceberam que as criaturas
imaginárias criadas pela mitologia grega não eram reais e que também não existiam deuses
em outras regiões, como sugeria a mitologia; o que existia, de fato, eram seres humanos.
Também concluíram que os mares não eram moradia de monstros e de outros seres. Com as
viagens, o mundo perdeu seu caráter mítico ou lendário; os exploradores descobriram um
mundo repleto de belezas e conhecimentos; seu surgimento foi sendo esclarecido pouco a
pouco, mistério este que a mitologia já não conseguia explicar

Invenção do calendário
Os gregos aprenderam que era possível contar o tempo das estações do ano, definindo
quando e de que forma aconteciam as mudanças do clima e do dia. Notaram também que as
transformações pelas quais o tempo passava ocorriam espontaneamente e não por
intervenções divinas

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Invenção da moeda
Os gregos aprenderam a arte de negociar; não mais se efetuava o comércio de uma
mercadoria aceitando-se como pagamento a troca por mercadoria semelhante. Assim, o
pagamento tornou-se monetário, ou seja, a moeda substituiu o poder de troca
Surgimento da vida urbana
O desenvolvimento da cidade trouxe aos gregos uma situação financeira mais igualitária; o
prestígio social, que antes era benefício de apenas algumas famílias, diminuiu. As artes
ganharam patrocinadores, o que estimulou o surgimento de novos artistas.
Ocorreu também invenção da escrita alfabética, o que levou os gregos a se expressarem de
forma mais clara; isso colaborou para que suas ideias fossem melhor compreendidas e
difundidas pelo mundo afora, levando a sabedoria às pessoas
A invenção da escrita alfabética
O surgimento da escrita revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização,
uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas - como, por
exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses - supõe que não se
represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia dela, o que dela se pensa e
se transcreve.
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Invenção da política
Surgiram novas fontes de informação e a lei passou a abranger muitas outras coisas e chegou
até as pessoas. Criou-se uma área pública voltada para discursos e debates, local no qual os
gregos debatiam e propagavam suas ideias a respeito da política
A invenção da política introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da filosofia,
conforme veremos a seguir
1. A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si
mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. Isso servirá de
modelo para a filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um
mundo racional

2. O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de discurso, diferente
daquele que era proferido pelo mito. A política, valorizando o humano, o pensamento, a
discussão, a persuasão e a decisão racional, passou a valorizar também o pensamento
racional e criou condições para que surgisse o discurso filosófico

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3. A política estimula um discurso que procura ser público, ensinado, transmitido, comunicado
e discutido. A ideia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos
podem comunicar e transmitir é fundamental para a filosofia.
A filosofia terá, no correr dos séculos, um conjunto de preocupações, indagações e interesses
que lhe vieram de seu nascimento na Grécia
Características da Filosofia nascente
Tendência a oferecer respostas conclusivas aos problemas - Dado um problema, é buscada
uma resposta que, submetida à conversação pública, deve ser demonstrada mediante razões.
Exigência de que o pensamento apresente suas regras de funcionamento - O filósofo é aquele
que justifica suas ideias mediante regras universais do pensamento. Para os filósofos, é uma
lei universal que a contradição indica um erro no raciocínio.
Tendência à abstração - As explicações da Filosofia tendem a abarcar não uma realidade
específica, mas a realidade em seu sentido abrangente.

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Períodos da filosofia grega antiga

Pré-socrático (século VI a.C.): os primeiros filósofos ocupavam-se com questões


cosmológicas, iniciando a separação entre a filosofia e o pensamento mítico.
Período clássico (séculos V e IV a.C.): houve ampliação dos temas e maior sistematização do
pensamento. Época dos sofistas, de Sócrates, Platão e Aristóteles.
Pós-socrático (do século III a.C. ao II d.C.): durante o período helenista, preponderou o
interesse pela física e pela ética. Surgiram as correntes filosóficas do estoicismo, do
hedonismo e do ceticismo.
NÃO ESQUEÇA!
A Filosofia se desenvolve inicialmente nas colônias gregas da Jônia e do sul da Itália
peninsular e na Sicília. Predomínio do problema cosmológico: busca-se a arché, ou seja, o
princípio de todas as coisas, a origem do Universo, a physis (o elemento primordial eterno, ou
seja, a natureza eterna e em perene transformação) torna-se o objetivo de pesquisa e
indagação.
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A filosofia começa na ágora das póleis gregas, com base no concomitante estímulo às
discussões em praça pública, cujo instrumento principal era a palavra, o que propiciou a
consciência de cidadania.
A filosofia chegou timidamente, tentando mostrar à humanidade que o mundo não era
perigoso e cheio de monstros como a mitologia pregava e, aos poucos, foi conquistando seu
espaço, avançando cada vez mais nas profundezas do saber

A ruptura entre essas duas formas de pensamento (a mitológica e a filosófica) como


resultante de transformações na sociedade grega da época, que se seculariza, torna-se
importante até para a atividade comercial.

O surgimento do pensamento filosófico-científico nas colônias gregas da Jônia é significativo,


uma vez que ali se dava um maior contato com outras culturas, o que produz uma
relativização do mito e das práticas religiosas

Até a próxima!
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