FILOSOFIA DO MITO À RAZÃO

(RESUMO)

Conceitos de Filosofar
O verbo filosofar pode ser usado com três significados distintos: sinônimo de pensar
(muito amplo e vago para caracterizar o verdadeiro sentido do filosofar); sinônimo de saber
viver virtuosamente (viver com sabedoria) e o filosofar propriamente dito (iniciado na Grécia,
nos séculos VI e V a.C., repensando a natureza, o ser humano e as divindades com um
olhar crítico, procurando saber a validade dos próprios conhecimentos). A filosofia, portanto,
questiona os fundamentos da cultura.

Mito X Filosofia
A civilização grega desenvolveu-se na península Balcânica, sul da Europa, rodeada
de ilhas de aspecto montanhoso facilitando a formação de grupos humanos isolados e
autônomos e ainda compensada com a presença de portos naturais que possibilitam o
desenvolvimento com segurança da navegação, o crescimento do comércio e a riqueza
crescente das cidades-estados.
O aumento populacional levou a procura de terras férteis e a criação de colônias nas
regiões mediterrâneas, fiscalizadas e protegidas pela frota grega.
Nos séculos VI e V a.C., as polis conheceram o apogeu econômico, político e
cultural, confrontando mito e filosofia, ambos entendidos como formas que o homem utiliza
para explicar o mundo, visando responder questionamentos sobre o sentido da vida,
surgimento do universo e do homem, justificando as normas que garantem a vida em
comunidade.
A mitologia, pois, constituiu por muito tempo, fonte exclusiva de explicação para a
existência humana e de organização do mundo, em que o mito parecia cada vez mais uma
forma de expressão regional, particular, cristalização de interesses locais, não satisfazendo
mais as necessidades da época; surgindo, a partir daí, a linguagem filosófica, trazendo
novos conceitos culturais, baseados na razão.

O novo conceito de verdade

Na época do surgimento da filosofia, aceitava-se como verdade o que a tradição, as
autoridades e os deuses determinavam. Os primeiros filósofos buscavam um novo conceito
de verdade que deveria ser conhecimento definitivo, necessário e absoluto, abrangendo
tudo o que existe no universo, ou seja, um conhecimento universal.
 O filósofo grego acreditava possuir a capacidade para formular interpretações
próprias da realidade; fazendo nascer a filosofia com a convicção de que existem verdades
humanas e universais, superiores às sacerdotais.

O novo conceito de natureza

A natureza é o conjunto de tudo o que existe, sendo que a existência torna as coisas
cognoscíveis, manifestando-se como evidencia incontestável e fonte de conhecimento
irrefutável.
Com a filosofia, a natureza manifesta-se com autonomia e por suas próprias leis,
deixando-a falar por si mesma.

O novo conceito de responsabilidade

A filosofia tornou possível a utilização de valores fundados na razão para orientar a
vida das pessoas, individualmente ou em comunidade. Nos séculos VI e V a.C., entende-se
que o resultado da organização da cidade depende das relações sociais, onde a política, a
economia e a moral são construções humanas.
Diante disso, vê-se a verdade como forma de libertar o homem, em que a filosofia
desestabiliza as estruturas vigentes e leva o cidadão a construir uma nova sociedade
caracterizada pela democratização da verdade, fazendo surgir os primeiros livros colocados
à venda.
Assim, a verdade implica a orientação da própria vida e da cidade por meio da
verdade universal, sendo que, o filósofo configura como cidadão mais ativo na promoção
das mudanças sociais e políticas.

Filosofia é preciso
Nesse sentido, a filosofia influenciou nossa forma de pensar e de questionar tanto a
natureza quanto o ser humano e as divindades, surgindo a noção de cidadania, de Estado e
de ciência.
O filósofo busca incessantemente a verdade, voltando-se para os momentos de crise
no pensamento, na linguagem e na ação, sendo que ao buscar atitude filosófica
abandonamos a ingenuidade e os preconceitos do senso comum, buscando compreender a
significação do mundo, da cultura, da história. Por fim, a filosofia possibilita a criação de
uma nova sociedade, combatendo a ignorância, o obscurantismo, a dominação humana, as
guerras e outros atos irracionais que infelicitam a humanidade.