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Fichamento do texto Para Compreender a Ciência a ser utilizado em monitoria de


Bases Epistemológicas I em 2020

Introdução – Olhar Para a História: Caminho Para a Compreensão da Ciência Hoje

Descreve a narrativa histórico-dialética da caminhada humana.

Inicia distinguindo a ação humana da ação animal, dotando a primeira de intenção e


planejamento e, relacionando estas características à denominação do humano como aquele
que “sabe que sabe”. Estabelece que esta ação humana é indiscutivelmente social e que,
na base de toda a relação social, está o trabalho (Atividade humana intencional que envolve
formas de organização objetivando a produção de bens necessários à vida humana), e que
estas relações baseadas no trabalho compõem a base econômica de uma dada sociedade.
Segue deduzindo que referida base econômica determina as formas políticas, jurídicas e o
conjunto de ideias de toda uma sociedade.

Neste primeiro momento, é feita a distinção entre INFRAESTRUTURA (Base


econômica, modo de se produzir os bens necessários à vida humana – níveis técnicos,
quem detém os meios de se produzir, como é dividido o produto do trabalho) e
SUPERESTRUTURA (O modo de se entender e, consequentemente, de se fazer, política,
jurisdição, cultura). Neste raciocínio, a cultura é entendida como um conjunto de ideias, uma
forma de conhecimento, fruto da produção da existência humana, também determinada
pelas necessidades materiais do próprio humano em cada momento histórico.

As autoras prosseguem afirmando que parte deste de conjunto de ideias constitui o


conhecimento referente ao mundo, em suas diferentes formas, incluindo o conhecimento
científico. Caracterizam a ciência como a tentativa do humano de entender e explicar
racionalmente a natureza, buscando formular leis que, em última instância, permitam a
atuação humana, e deixam evidente que este fazer está presente desde as primeiras
formas de organização social, determinando e sendo determinado pelas determinações de
cada época.

Nesse sentido, as autoras se voltam, então, para a diversidade de epistemologias e


para como cada qual se relaciona com o momento histórico vivenciado, como as
epistemologias são por ele afetadas e como afetam o momento histórico. Concluem que o
método científico é inequivocamente historicamente determinado, isto é, reflexo das
necessidades humanas e possibilidades materiais e, ao mesmo tempo, criador de ambas.
Destacam que esta análise histórico-dialética não nega uma dinâmica própria da ciência,
mas que não será este o objeto de estudo. Finalizam informando que, no livro, serão
abordadas as principais diferentes concepções metodológicas que vigoraram nos modos de
produção escravista, feudal e capitalista.

Parte I – A Descoberta Da Racionalidade No Mundo E No Homem: A Grécia Antiga

As sociedades primitivas eram organizadas para garantia do consumo, não havendo


a produção de excedentes e, assim, os produtos não detinham valor de troca, apenas de
uso. A produção envolvia todos os membros do grupo, sendo realizada a divisão natural do
trabalho (Sexo e idade).

Estas sociedades se estruturavam em torno da produção e do rito mágico, o que


denuncia uma certa consciência da objetividade do mundo exterior, objetividade prática e
com pouca abstração.

Foi a partir do desenvolvimento das técnicas, utensílios e ferramentas que se deu


início a produção de excedente, acompanhada de novas relações de trabalho, de um
trabalho cada vez mais especializado, individualizado. Desenvolve-se, então, uma produção
para a troca, mercantil, eventualmente, escravista. Atribui-se a este novo modo de interação
com as ferramentas, com o mundo exterior, o que se conhece como as primeiras tentativas
de explicar o mundo de maneira racional, ao menos no ocidente.

Em oposição à explicação racional, o mito pretende explicar a origem da realidade


ou de parte dela (o cosmos ou os fenômenos) por meio de forças ou seres considerados
superiores aos humanos. A explicação serve à fé e não à crítica, e serve ao coletivo, não ao
indivíduo, sendo transmitida por meio de gerações, através da palavra dos antecessores. O
pensamento racional e o pensamento mítico são diametralmente opostos e correspondem a
dois momentos distintos da organização social grega.

Capítulo 1 – O Mito Explica o Mundo

Séc XII ao VIII – Período Homérico

Anos 2000 a.C. Ocupação das primeiras tribos gregas-aqueus na região do


Peloponeso (região de baixo) e as ilhas do mar Egeu (à direita), desenvolvendo-se a
civilização micênica.

Tal civilização tinha como base a agricultura e o artesanato com utilização de


bronze. Era militarmente organizada e estratificada por nobreza de nascimento, familiar.
Toda a organização social, política e jurídica orbitava o palácio do rei. A vida feudal era
centrada no gène e era relativamente independente do palácio, mas pagava tributos.

Anos 1200 a.C., Invasão Dória, tomando conta da grécia continental, o Peloponeso e
as Ilhas do mar Egeu, provocando profundas transformações na organização social, cultural
e política, inaugurando o período Homérico. Este momento é marcado pela mudança no
modo de produção que, encerrando-se a servidão coletiva e dando inicio aos genos, que
era o modo de se produzir para fora do palácio. Há, também, a substituição da realeza pela
aristocracia, discussão política em torno da Ágora.

A sociedade se dividia, então, da seguinte maneira:

- aristocracia

- artesãos

- trabalhadores liberais

- pequenos proprietários

- trabalhadores sem terra


- Escravos doméstico.

É interessante notar que é neste momento que as propriedades passaram a serem


entendidas como fonte de poder.

Esta estrutura social permitia a existência de diversos reis, os quais discutiam sobre
as decisões a serem tomadas e buscavam ratifica-las nas ágoras. Trata-se do ínico do
desenvolvimento da Pólis. A partir desse momento, então, as decisões sobre o destino dos
humanos passaram a ser fruto de discussões entre reis, também humanos, e precisavam
ser ratificadas por uma ampla quantidade de humanos. Todos estes fatores em conjunto
começam a colocar a racionalidade em perspectiva.

Esta diversidade de classes sociais estabeleceu uma diversidade de interesses


políticos e econômicos. Esta diversidade de interesses aqueceu o movimento de formação
de partidos pelas classes de pequenos proprietários e trabalhadores sem terra para a
reivindicação dos seus interesses.

Neste contexto, surge Sólon, conhecido por propor reformas no sistema vigente, tais
como a libertação dos escravizados por dívidas, liberação das terras perdidas por dívidas,
abolição do direito de progenitura, extensão do direito do voto, na Assembleia, a todos os
cidadãos, entre outros.

A pólis é fruto desse embate de classes, que acentuou ainda mais a identidade
política e econômica das pessoas que ali habitavam, distanciando ainda mais os detentores
do poder de decisão, os cidadãos, daqueles que nada podiam decidir, que eram todas as
outras pessoas.

É neste contexto que o humano grego tornava-se capaz de transpor para o


pensamento (abstrair) as várias instâncias presentes em sua vida, isto é, reconhecer-se
diferente da natureza, do divino, do resto da população, abstrair sobre as abstrações que já
faziam parte do cotidiano, associar o conhecimento com a discussão e o debate, abrindo
espaço para o diferente, impossível no contexto que dá luz ao conhecimento mítico que se
compromete com o absoluto. Abre-se espaço para um conhecimento sem mistérios,
suscetível de debate público, como qualquer outra questão. Um conhecimento passível de
ser criticado enquanto conhecimento, um conhecimento que demanda uma coerência
interna.

A situação posta, da Pólis, possibilitou esse novo pensar. Dizendo de outra maneira,
abriu o céu para o florescimento do pensamento racional, criando as condições objetivas
para que, partindo do mito e, superando-o, o saber fosse racionalmente elaborado e para
que alguns homens pudessem se dedicar à elaboração desse saber.

TALES DE MILETO (625 A.C.)

ANAXIMANDRO (610 A.C.) Naturalistas

ANAXÍMEDES (585 A.C.)

Tais ideias tiveram início na Jônia, Ásia Menor, graças à colonização grega em
condições especiais.
O povoamento desta região foi iniciado com a incorporação de grupos de outras
nacionalidades, com outras tradições. As características referentes ao solo impuseram a
necessidade de travar relações comerciais com o entorno. Nada muito mais aprofundado se
diz a respeito das características que foram fecundas para o desenvolvimento das ideias
dos pensadores. Fato é que Tales foi o fundador da escola de Mileto, sendo a ele atribuído
a introdução da matemática na Grécia (contato com Egípcios)

Estes filósofos são lembrados, sobretudo, pelas explicações que ofereceram sobre a
origem do universo e sua composição.

Tales concebia a água como elemento do qual tudo decorre, enquanto Anaximandro,
introdutor do termo “princípio”, por observar a transformação dos 4 elementos, não achou
apropriado fixar um deles como o princípio de todas as outras coisas, mas algo de outra
natureza. Atribui, então a mudança à separação dos contrários, ocasionada pelo eterno
movimento. Realizando algo próximo a uma síntese das ideias de ambos os filósofos,
Anaxímenes propõe o ar como a origem de todas as coisas, do uno, gerando, através da
transformação, todas as outras coisas.

Estas reflexões marcavam a ruptura com o mito pois ali se iniciava um movimento de
entendimento da natureza como algo a parte, e não como uma extensão do humano, além
de passar, ela própria, a ser objeto de investigação. Tal como na estrutura mítica, a origem
era buscada, porém, não mais pela genealogia, por uma relação de parentesco. Tornar a
natureza algo abstrato altera a maneira como se investiga o entorno, buscando, a partir
daquele momento, por princípios, em vez de antepassados. Neste momento, o cotidiano
exercia um papel crucial, pois era a ele que se recorria para a busca de explicações

O aspecto divino era assimilado como o movimento, característica inerente da


matéria, e esta relação com o divino permitia que a explicação para os fenômenos da
natureza fosse buscada na própria natureza.

A Escola de Mileto, então, utilizando da observação dos fenômenos naturais, foi


capaz de elaborar conceitos que poderiam ser generalizados, marcas do primeiro momento
de ruptura com o pensamento mítico.

PITÁGORAS

Seu pensamento se debruçou sobre três noções fundamentais, número, harmonia e


alma. Bem como Tales de Mileto e os demais naturalistas jônios, Pitágoras se voltou para a
busca de um elemento central, origem de todas as coisas, arché. Porém, diferentemente
dos naturalistas, Pitágoras atribuiu ao número este posto.

O número, para o pensamento pitagórico, era visto como o elemento componente da


estrutura dos fenômenos naturais, isto é, descobrir como se constituíam esses fenômenos
era descobrir a relação numérica que eles expressavam.

Na base deste modo de ver, estava o número um, representante da unidade, que,
por sua vez, era composta de opostos. Eles entendiam que a união do limitado com o
ilimitado originava o universo. Desta noção de unidade constituída de opostos, surge a
noção de harmonia. “Harmonia é a unidade do misturado e a concordância das
discordâncias”.
No que diz respeito à alma, Pitágoras iniciou um movimento religioso semelhante a
um existente na época, Orfismo. Este, cria na transmigração da alma, a ser libertada, na
morte, mediante a purificação em vida, alcançada via rituais a Dionísio.

A utilização de números enquanto elementos abstratos constitutivos da realidade


exercitou a abstração dos gregos, fazendo-se indispensável ao desenvolvimento posterior
da filosofia grega.

HERÁCLITO

Universo como unidade, e esta unidade apenas existente enquanto movimento de


transformações contínuas. Havia então uma lei universal, um logos, uma racionalidade, que
dirigia o movimento constituindo, a partir de tal movimento, a unidade.

Esta lei universal era representada pelo fogo, que a tudo, em seu contato,
transformava. Representava esse movimento incessante de transformações, que permitia o
universo existir sem demandar um início, ou um fim. (Noção esta que diferencia Heráclito
dos Pitagóricos e Milesianos, além de tornar ainda mais abstrato o pensamento humano).

Natureza adora se esconder. Esta lei universal, racional, logos, é possível a todos os
humanos, desde que tenham se esforçado o suficiente para compreender. Do contrário, ela
pode se apresentar em sua frente, e permanecer encoberta. Atribui-se este pensamento à
sua origem aristocrática.

Heráclito é importante em razão da sua inovadora maneira de conceber o universo e


em razão do aumento da abstração em relação aos pensadores anteriores.

PARMÊNIDES

Volta-se para a questão do ser, o qual entende como algo pleno, contínuo, fixo, sem
começo ou fim e, portanto, não sujeito a nenhuma mudança. Conclui-se que o Ser é o limite
do real, do possível de ser pensado, excluindo a possibilidade de se pensar algo que não é.
Verifica-se aqui, então, uma mudança no olhar. Se antes a natureza era o objeto de estudo,
agora, não mais, mas, sim, as propriedades do ser, existir.

Parmênides alterava, com sua concepção de ser, uma alteração qualitativa na


elaboração do pensamento abstrato. A alteração abarcava a transformação do objeto do
conhecimento e nos critérios de avaliação do conhecimento produzido.

O avanço da discussão acerca do ser e do não ser impôs que o conhecimento


produzido eliminasse as contradições, como critério de validade. Este movimento de
pensamento ao mesmo tempo em que validava o conhecimento, afirmava o princípio
ontológico do ser (conferia identidade ao ser?)

O pensamento racional só pode ser concebido por meio da razão, vez que é este o
objeto de sua reflexão.

Parmênides, diferenciando-se dos seus antecessores, exerceu grande influência no


pensamento grego posterior. Foi ele o primeiro a levantar a questão acerca da contradição
entre unidade multiplicidade na concepção de ser.

*Pesquisar sobre Parmênides.


DEMÓCRITO

Dá continuidade ao pensamento parmenidiano, aplicando-o a uma concepção de


mundo. Para Parmênides:“ser” aquilo que é e o “não ser” aquilo que não é. Demócrito aplica
este pensamento, então às coisas do mundo, afirmando a existência de átomos (Ser) e do
vazio (não ser).

Sua teoria atomista carregava consigo um modo de se conhecer, uma


epistemologia. Se tudo que existe é átomo e vazio e o choque dos primeiros é responsável
por todo o movimento existente, então a relação com qualquer objeto dependeria do sujeito,
o que torna o conhecimento sensível pouco confiável. Dessa forma, então, ele distingue o
conhecimento obscuro, sensível, do conhecimento genuíno, racional. O que seria descrito
por alguns estudiosos como um “sensualismo materialista”.

SÓCRATES

Opositor ao relavitivismo dos sofistas.

PLATÃO

Conhecimento não se encontra na experiência, no mundo sensível, mas sim na


tentativa de extração do conhecimento de dentro de si, da alma. Aspecto divino na
contemplação das ideias

Revisar a hierarquia dos conhecimentos

ARISTÓTELES

Técnica x ciência, sendo a primeira o modo de se fazer algo, e a segunda, a razão


de algo, se volta para o universal.

Objeto da ciência é necessário, deve ser desse modo para ser o que é.

Restituição da importância do mundo sensível, aplicando o ser das coisas às coisas


deste mundo. A partir da experiência, indução, dedução.

O mesmo mundo dividido em dois e o saber se localiza tanto lá quanto cá.

Sublunar: retilínio

Celeste: circular, fechado em si

Assim como Platão, está em busca do universal, mas por outro caminho, pelo
mundo sensível, interessante como objeto do saber.

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