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A civilização egípcia antiga, conhecida por sua rica cultura e avanços em várias áreas, incluindo
a educação, estabeleceu as bases para sistemas educacionais que influenciariam inúmeras
sociedades posteriores.
Em última análise, este trabalho oferece uma visão panorâmica da educação como uma força
motriz de mudança, mostrando como ela tem sido moldada por contextos culturais, históricos e
políticos únicos, ao mesmo tempo em que desempenha um papel fundamental na construção do
futuro de uma nação.
A ESCOLA NA ANTIGUIDADE
O processo educativo passou e passa por constantes mudanças através da história das
civilizações. Além disso, evidenciam-se “pedaços” de culturas antigas em nossa educação
contemporânea, como afirma Marrou (2015, p. 4); “A história da educação na Antiguidade não
pode deixar indiferente nossa cultura moderna; ela retraça as origens directas de nossa própria
tradição pedagógica.
A Idade Antiga ou Antiguidade foi o período que se estendeu desde a invenção da escrita (4000
a.C. a 3500 a. C.) até a queda do Império Romano do ocidente (476 d. C.) e início da Idade
Média (século V).
Pilleti (2013), mostra que neste período foi desenvolvido a escrita, o que propiciou uma maior
fidelidade nos registros históricos das civilizações antigas, contudo esse processo deu-se devido
às mudanças sociais. Logo que o homem alterou seu modo de vida, de nómada para sedentário.
Com isso, os grupos sociais se fixaram e começaram a desenvolver a agricultura, assim deu-se o
surgimento de uma nova sociedade humana.
Por isso, a Antiguidade foi um período muito importante, pois foi nesta época que se deu a
formação de Estados e cidades. E ainda, algumas religiões tiveram origem nessa época, como
por exemplo; cristianismo, budismo, confucionismo e o judaísmo. Além do mais, o estudo da
história começou, neste período, com Heródoto e Tucídides.
A Escola na Mesopotâmia
Barbosa (2012), mostra que se pode destacar ainda que as contribuições provenientes dos povos
mesopotâmicos, entre outros, foi a criação de um processo comercial, códigos jurídicos escolas,
princípios matemáticos e médicos, e principalmente, a invenção da escrita cuneiforme e
construções de templos religiosos.
A escrita cuneiforme teve uma importância e status aos escribas, que para desempenharem o
ofício era necessário passar por um longo tempo na edubba, local destinado à educação e
treinamento dos escribas. “Eles frequentavam a escola, desde a juventude até a idade adulta para
adquirirem o status de profissionais. A partir da segunda metade do 3º milénio a. C., houve um
aumento no sistema escolar sumérico”. (LUCKESI; 2013).
Nunes (2013), esclarece que os sumérios desenvolveram sua civilização na região sul da
Mesopotâmia, entre os rios Eufrates e Tigre, área do Crescente Fértil. Esse crescimento escolar
deu-se com a finalidade de formar os escribas para trabalharem nas tarefas económicas e
administrativas do reino e nos templos. A escola era no início, junto aos templos e depois nos
palácios, que preparava escribas às necessidades dos palácios, assim, com o tempo o ensino
escolar tornou-se um foco da cultura e do saber.
Sánchez (2011); “Mostra que um dos ensinos da Mesopotâmia era a literatura os poemas, obras
literárias e os provérbios e ditos populares que faziam parte dos trabalhos dos escribas, que
serviam aos membros da realeza”. A organização social era dividida em membros da família
real, nobres, sacerdotes e numa esfera mais baixa ficavam os artesões, camponeses e os escravos.
O Antigo Egipto foi uma civilização que se desenvolveu no nordeste do continente africano,
onde actualmente localiza-se o país do Egipto. A história do Antigo Egipto iniciou-se por volta
de 3150 a. C. e terminou em 30 a.C., quando o Egipto sob dominação de outros povos se
transformou em uma província do Império Romano.
Os estudos começavam bem cedo, pois esse povo era prático na natureza, logo, toda ciência era
voltada às soluções do dia a dia. Reale, (2015, p. 67), explica que “A matemática, como por
exemplo, procurava soluções para as medições das terras ou construção das pirâmides. Daí surge
a necessidade de pesquisas em campo fazendo uma ponte ligando os ensinamentos teóricos com
os ensinamentos práticos”.
No Antigo Império, a educação visava o homem político, capaz de dominar a arte da retórica. As
escolas eram utilizadas pelas classes dominantes para fortalecer e assegurar o seu poder.
Também havia as escolas esotéricas e sagradas que formavam os sacerdotes. Os ensinamentos
também eram desenvolvidos através da fala, da obediência e da moral. Estes ensinamentos eram
transmitidos sob a forma familiar, de pai para filho ou escriba para discípulo, porém a
subordinação era constante e era necessário, às vezes, prática do castigo, que fazia parte da
instrução. Já as classes menos favorecidas, não eram alfabetizadas, pois poucas pessoas sabiam
ler e escrever.
Abrão (2014). mostra que quase todas as escolas funcionavam nos templos, pois os sacerdotes
eram os únicos que podiam exercer a função de mestre. E, também, o regime escolar era de
internato ou semi-internato e a família era responsável pela alimentação dos filhos. Como todo
sistema pedagógico, a cultura egípcia evidencia-se na organização, portanto, a educação era
voltada à transmissão dos saberes divinos. Já que o saber religioso representou, para os egípcios,
o principal objectivo da educação.
A Grécia Antiga compreendia as regiões do Chipre, Anatólia, sul da Itália e França, costa do mar
Egeu, entre outros. Foi nessa região que se criou vários valores que hoje usamos em nosso
mundo, assim, herdamos dos gregos, os conceitos de cidadania e democracia, a filosofia e os
fundamentos da ciência e do teatro.
A educação não era um sistema desenvolvido nem rigidamente definido, porém em geral, as
mulheres até os sete anos de idade, eram educadas no gineceu, na companhia da mãe. Já os
rapazes de 7 a 14 anos, eram ensinados na ginástica e na música e no final do século V a. C.
surge o professor de “grammatistés” para ensinar as crianças a ler e a escrever.
Esses educadores eram contratados pela família, que dependia do poder financeiro dos pais. Os
alunos aprendiam a cantar e recitar os poemas antigos de Homero e Hesíodo, cuja filosofia era a
tradição heróica com elevado conteúdo moral, como afirma Marrou (2015, p.17), “É de Homero
que nossa história deve partir”, é em Homero que começa, para não mais interromper-se, a
tradição da cultura grega, seu testemunho é o mais antigo documento que pode-se
proveitosamente, compulsar acerca da educação arcaica. O papel de primeiro plano,
desempenhando por Homero na Educação Clássica, convida-nos, por outro lado, a determinar
com precisão aquilo que podia já representar, para ele, a educação.
Foi na Grécia que surgiu o termo pedagogia que é de origem grega e deriva da palavra
“paidagogos”, nome dado aos escravos que conduziam as crianças à escola. A Grécia clássica
pode ser considerada o berço da pedagogia, até porque era justamente nessa região que tem
início as primeiras reflexões acerca da acção pedagógica, porque tais reflexões iriam influenciar
por séculos a educação e a cultura ocidental.
Marías (2012), fala que nas figuras de seus mais ilustres filósofos Sócrates seu discípulo Platão e
Aristóteles onde para eles a principal função da educação era fazer com que os outros
compreendam a sua própria ignorância era para ele tarefa crucial. Não propunha soluções para os
problemas, pretendia antes a libertação de preconceitos. A pedagogia socrática nasce das
reflexões sobre a natureza e o sentido da educação. Tais reflexões giram em torno dos fins e
objectivos que a formação dos jovens devem alcançar.
A história de Roma foi desenvolvida numa região económica baseada na agricultura e nas
actividades pastoris. A sociedade da Roma Antiga era constituída por patrícios e plebeus e
sistema político era a monarquia. A origem de Roma é controversa, alguns historiadores dizem
que foi fundada em meados do século VIII a.C., por uma mistura de povos itálicos que viviam na
região do Lácio desde o século X a.C.; outros defendem que foi fundada pelos etruscos, que
viviam ao norte, e ainda, temos o mito que diz que sua formação se deve a Rómulo e Remo.
(CHIZZOTTI, 2011)
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega, assim, os romanos adoptaram muitos
aspectos na arte, pintura e arquitectura. O cristianismo influenciou muito a educação de Roma, e
aos poucos, a Igreja Católica se institucionalizou e o clero exerceu o domínio da educação.
Segundo Pilleti (2013), a educação familiar tornou-se decisiva na educação da criança, e aos sete
anos a criança era influenciada pelos pais, as meninas eram preparadas para os ofícios do lar, já
os meninos eram ensinados a seguir seus pais na aprendizagem dos segredos da vida pública e
para o futuro profissional.
Pilleti (2013), esclarece que “para manter um vasto império do tamanho do romano que ruiu
inclusive por conta do seu gigantismo era necessário que as populações conquistadas fossem
domesticadas pela educação romana e se tornassem amantes do Estado”. Nesse sentido Cícero,
Séneca e Plutarco que foram os maiores expoentes da pedagogia educacional da Roma Antiga
preparavam os alunos para serem grandes oradores afim de reunir as nações conquistadas sob um
único império e para isso olhavam os educandos com de forma individual, onde os ensinamentos
eram voltados para a vida e não somente de cunho escolar e nessa cultura a escola era voltada
para a formação do carácter do indivíduo, diante de todas essas características pedagógicas o
educando desenvolvia um papel de pesquisador quase que implicitamente, pois sua educação era
voltada a serem pessoas actuantes na vida pública do Império Romano.
A ESCOLA EM MOÇAMBIQUE
Moçambique é um país que passou por um processo de colonização portuguesa e, por via disso,
experimentou uma relação forte entre o processo de colonização e a educação, entre a escola
colonial e a formação, através da implementação de políticas educativas colonialistas,
“trajectória complexa feita de ideologias, fundamentadas em diversos princípios, desde à ideia de
civilização à ideia do homem novo” (BINJI, 2015, p. 15) particularmente com a conquista da
independência nacional.
A escola e a educação moçambicanas, são instâncias condicionadas e determinadas pela
totalidade histórica, cultural, social, e política, “cujo substrato, apesar de algumas reformas
institucionais pontuais e cosméticas, continuam a reger o conjunto do nosso sistema educativo”
(NGOENHA, 2000, p. 201). Daí, a razão de ser da necessidade da contextualização de ambos,
com o intuito de busca de suas bases teóricas, de uma melhor percepção das tendências da
educação e escola moçambicanas na actualidade e de sua projecção para o futuro.
Período Pré-colonial
O currículo tradicional, era composto de elementos falatórios como o caso de cantos, anedotas,
adivinhas, histórias e mitos e por outro lado por elementos práticos que dependiam do tipo de
trabalho com a tribo e o clã se identificavam (ex. pesca, caça, tapeçaria, etc.).
Na era colonial muitos moçambicanos tiveram dificuldades de ter acesso a educação, visto que, a
educação de qualidade estava reservada para os colonos e seus filhos.
O sistema de educação colonial em Moçambique, era coerente com os objectivos económicos,
políticos e culturais do sistema, onde impôs uma condução que visava a reprodução de
exploração e de opressão e a continuidade das estruturas colonial capitalistas de dominação.
A educação tinha por função modelar o homem servil, despersonalizando alienado das realidades
do seu povo; ela devia favorecer a formação de um homem tão estranho ao seu próprio povo que
pudesse vir a ser, mais tarde, instrumento do poder colonial para a dominação dos seus irmãos;
também estava confiada a formação de mão-de-obra barata (GOMEZ, 1999:59).
O sistema de ensino colonial foi sofrendo reformas, mas adequadas as circunstâncias histórico
económicas e a conjuntura política internacional. A formação do indígena e a criação da figura
jurídico-político ”assimilado” impunham-se como necessidade de força de trabalho qualificada
para a maior exploração capitalista.
Aqui desenvolveu-se o sistema de educação paralela, para filhos da classe dominante e para
indignas (boletim da Republica, 1983), isto é, a educação dividia-se em dois grupos ou seja em
dois ensinos: «Ensino oficial, destinado aos filhos dos colonos ou dos assimilados e o rudimentar
destinado às indignas» (MAZULA, 1995:80)
Nas zonas libertadas um slogan da FRELIMO era educar ao homem para ganhar a Guerra, criar
nova sociedade e desenvolver o país; A novidade foi de ''criação de novas escolas com centro de
Aprendizagem, um espaço onde o conhecimento era sistematizado, elaborado e transmitido'', a
educação Colonial era um processo de alienação ou moralização dos indígenas, isto é,
preparação de futuros trabalhadores rurais e artífices» (MAZULA, 1995:79).
Preparação da criança para vida social, isto para os não indígenas, «Formar indígenas a
consciência de cidadão português e prepará-lo para a luta da vida, tornando-se mais útil à
sociedade e a si próprio. Nacionalizar o indígena das colónias, difundindo entre eles a língua e os
costumes portugueses» (Idem).
As línguas nacionais, foram excluídas do SNE e foram expostas ao confinamento das ideias. A
educação nacionalista, contribuiu para dar ao moçambicano ''uma dimensão metafísica e ao
mesmo tempo ter tentado concretizar estas qualidades numa realidade concreta e enquadrá-las
numa luta pela liberdade'' (CASTIANO, 2005:81)
MARÍAS, Julián, História da Filosofia, Edições Sousa & Almeida, Porto,2012, p.133.
MORAIS, J. (2013). Criar leitores – Para professores e educadores. Barueri, SP; Manole, 154
p. ISBN; 978-85-7868-077-0
MARROU, Henri-Irénée. História da educação na Antiguidade. 4. ed. São Paulo; E.P.U., 2015
PILETTI, N. & PILETTI, C. – História E Vida, São Paulo; Ática, 2013 – v.3, p. 33-38
RAMA, A. (1985). A cidade das letras. Tradução de Emir Sader. São Paulo: Brasiliense