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INTRODUÇÃO

A história da educação é um testemunho da evolução da sociedade e da busca constante pelo


conhecimento. Desde os primórdios da civilização, as escolas desempenharam um papel
fundamental na formação de indivíduos e na transmissão do saber de geração em geração. Neste
trabalho, exploraremos a trajectória da educação, traçando uma linha do tempo que nos levará
desde a distante Antiguidade Egípcia até os dias atuais em Moçambique, oferecendo uma visão
abrangente das transformações e continuidades que marcaram essa jornada educacional ao longo
dos milénios.

A civilização egípcia antiga, conhecida por sua rica cultura e avanços em várias áreas, incluindo
a educação, estabeleceu as bases para sistemas educacionais que influenciariam inúmeras
sociedades posteriores.

Em contraste, mergulharemos em um cenário mais contemporâneo ao investigar a evolução da


educação em Moçambique. Marcado por uma história complexa de colonização e independência,
enfrentou desafios singulares em seu sistema educacional. Ao longo deste estudo, examinaremos
como a escola evoluiu desde a era colonial até os dias actuais em Moçambique, considerando as
mudanças políticas, económicas e sociais que moldaram essa trajectória.

Em última análise, este trabalho oferece uma visão panorâmica da educação como uma força
motriz de mudança, mostrando como ela tem sido moldada por contextos culturais, históricos e
políticos únicos, ao mesmo tempo em que desempenha um papel fundamental na construção do
futuro de uma nação.
A ESCOLA NA ANTIGUIDADE

O processo educativo passou e passa por constantes mudanças através da história das
civilizações. Além disso, evidenciam-se “pedaços” de culturas antigas em nossa educação
contemporânea, como afirma Marrou (2015, p. 4); “A história da educação na Antiguidade não
pode deixar indiferente nossa cultura moderna; ela retraça as origens directas de nossa própria
tradição pedagógica.

A Idade Antiga ou Antiguidade foi o período que se estendeu desde a invenção da escrita (4000
a.C. a 3500 a. C.) até a queda do Império Romano do ocidente (476 d. C.) e início da Idade
Média (século V).

Pilleti (2013), mostra que neste período foi desenvolvido a escrita, o que propiciou uma maior
fidelidade nos registros históricos das civilizações antigas, contudo esse processo deu-se devido
às mudanças sociais. Logo que o homem alterou seu modo de vida, de nómada para sedentário.
Com isso, os grupos sociais se fixaram e começaram a desenvolver a agricultura, assim deu-se o
surgimento de uma nova sociedade humana.

Morais (2013) fala que, consequentemente, o homem começou a permanecer em um mesmo


lugar, á medida que surgiram pequenos agrupamentos e cidades, o que propiciou o
desenvolvimento da economia, com isso, diversos povos se desenvolveram na antiguidade, as
civilizações hidráulicas (Egipto, Mesopotâmia e China), as civilizações clássicas (Grécia e
Roma), os Persas, os Hebreus, os Fenícios, além dos Celtas, Etruscos, Eslavos etc.

Por isso, a Antiguidade foi um período muito importante, pois foi nesta época que se deu a
formação de Estados e cidades. E ainda, algumas religiões tiveram origem nessa época, como
por exemplo; cristianismo, budismo, confucionismo e o judaísmo. Além do mais, o estudo da
história começou, neste período, com Heródoto e Tucídides.

A Escola na Mesopotâmia

A região da Mesopotâmia compreende, actualmente, as terras do Iraque e uma parte da Síria. No


período mesolítico, quando se iniciou o processo de sedentarização das populações nómadas,
então a região da Mesopotâmia começou a ser ocupada. Têm-se os registros das primeiras
civilizações, em torno de 400 a.C., mas também, é nesse período que se deu o crescimento das
cidades e o aparecimento da escrita cuneiforme. (PILETTI E PILETTI, 2013, p. 33-38).

Barbosa (2012), mostra que se pode destacar ainda que as contribuições provenientes dos povos
mesopotâmicos, entre outros, foi a criação de um processo comercial, códigos jurídicos escolas,
princípios matemáticos e médicos, e principalmente, a invenção da escrita cuneiforme e
construções de templos religiosos.

A escrita cuneiforme teve uma importância e status aos escribas, que para desempenharem o
ofício era necessário passar por um longo tempo na edubba, local destinado à educação e
treinamento dos escribas. “Eles frequentavam a escola, desde a juventude até a idade adulta para
adquirirem o status de profissionais. A partir da segunda metade do 3º milénio a. C., houve um
aumento no sistema escolar sumérico”. (LUCKESI; 2013).

Nunes (2013), esclarece que os sumérios desenvolveram sua civilização na região sul da
Mesopotâmia, entre os rios Eufrates e Tigre, área do Crescente Fértil. Esse crescimento escolar
deu-se com a finalidade de formar os escribas para trabalharem nas tarefas económicas e
administrativas do reino e nos templos. A escola era no início, junto aos templos e depois nos
palácios, que preparava escribas às necessidades dos palácios, assim, com o tempo o ensino
escolar tornou-se um foco da cultura e do saber.

Sánchez (2011); “Mostra que um dos ensinos da Mesopotâmia era a literatura os poemas, obras
literárias e os provérbios e ditos populares que faziam parte dos trabalhos dos escribas, que
serviam aos membros da realeza”. A organização social era dividida em membros da família
real, nobres, sacerdotes e numa esfera mais baixa ficavam os artesões, camponeses e os escravos.

A Escola no Antigo Egipto

O Antigo Egipto foi uma civilização que se desenvolveu no nordeste do continente africano,
onde actualmente localiza-se o país do Egipto. A história do Antigo Egipto iniciou-se por volta
de 3150 a. C. e terminou em 30 a.C., quando o Egipto sob dominação de outros povos se
transformou em uma província do Império Romano.

A educação no Antigo Egipto dá-se de forma emónica, repetitiva, baseadas na escrita. Os


ensinamentos são voltados à formação do homem político, assim, sua educação é direccionada à
retórica. Observa-se, também, que a obediência aos estudos era primordial para não sofrer
castigos.

Os estudos começavam bem cedo, pois esse povo era prático na natureza, logo, toda ciência era
voltada às soluções do dia a dia. Reale, (2015, p. 67), explica que “A matemática, como por
exemplo, procurava soluções para as medições das terras ou construção das pirâmides. Daí surge
a necessidade de pesquisas em campo fazendo uma ponte ligando os ensinamentos teóricos com
os ensinamentos práticos”.

No Antigo Império, a educação visava o homem político, capaz de dominar a arte da retórica. As
escolas eram utilizadas pelas classes dominantes para fortalecer e assegurar o seu poder.
Também havia as escolas esotéricas e sagradas que formavam os sacerdotes. Os ensinamentos
também eram desenvolvidos através da fala, da obediência e da moral. Estes ensinamentos eram
transmitidos sob a forma familiar, de pai para filho ou escriba para discípulo, porém a
subordinação era constante e era necessário, às vezes, prática do castigo, que fazia parte da
instrução. Já as classes menos favorecidas, não eram alfabetizadas, pois poucas pessoas sabiam
ler e escrever.

Abrão (2014). mostra que quase todas as escolas funcionavam nos templos, pois os sacerdotes
eram os únicos que podiam exercer a função de mestre. E, também, o regime escolar era de
internato ou semi-internato e a família era responsável pela alimentação dos filhos. Como todo
sistema pedagógico, a cultura egípcia evidencia-se na organização, portanto, a educação era
voltada à transmissão dos saberes divinos. Já que o saber religioso representou, para os egípcios,
o principal objectivo da educação.

Educação na Grécia Antiga

A Grécia Antiga compreendia as regiões do Chipre, Anatólia, sul da Itália e França, costa do mar
Egeu, entre outros. Foi nessa região que se criou vários valores que hoje usamos em nosso
mundo, assim, herdamos dos gregos, os conceitos de cidadania e democracia, a filosofia e os
fundamentos da ciência e do teatro.

A educação não era um sistema desenvolvido nem rigidamente definido, porém em geral, as
mulheres até os sete anos de idade, eram educadas no gineceu, na companhia da mãe. Já os
rapazes de 7 a 14 anos, eram ensinados na ginástica e na música e no final do século V a. C.
surge o professor de “grammatistés” para ensinar as crianças a ler e a escrever.

Esses educadores eram contratados pela família, que dependia do poder financeiro dos pais. Os
alunos aprendiam a cantar e recitar os poemas antigos de Homero e Hesíodo, cuja filosofia era a
tradição heróica com elevado conteúdo moral, como afirma Marrou (2015, p.17), “É de Homero
que nossa história deve partir”, é em Homero que começa, para não mais interromper-se, a
tradição da cultura grega, seu testemunho é o mais antigo documento que pode-se
proveitosamente, compulsar acerca da educação arcaica. O papel de primeiro plano,
desempenhando por Homero na Educação Clássica, convida-nos, por outro lado, a determinar
com precisão aquilo que podia já representar, para ele, a educação.

Foi na Grécia que surgiu o termo pedagogia que é de origem grega e deriva da palavra
“paidagogos”, nome dado aos escravos que conduziam as crianças à escola. A Grécia clássica
pode ser considerada o berço da pedagogia, até porque era justamente nessa região que tem
início as primeiras reflexões acerca da acção pedagógica, porque tais reflexões iriam influenciar
por séculos a educação e a cultura ocidental.

Marías (2012), fala que nas figuras de seus mais ilustres filósofos Sócrates seu discípulo Platão e
Aristóteles onde para eles a principal função da educação era fazer com que os outros
compreendam a sua própria ignorância era para ele tarefa crucial. Não propunha soluções para os
problemas, pretendia antes a libertação de preconceitos. A pedagogia socrática nasce das
reflexões sobre a natureza e o sentido da educação. Tais reflexões giram em torno dos fins e
objectivos que a formação dos jovens devem alcançar.

Educação na Roma Antiga

A história de Roma foi desenvolvida numa região económica baseada na agricultura e nas
actividades pastoris. A sociedade da Roma Antiga era constituída por patrícios e plebeus e
sistema político era a monarquia. A origem de Roma é controversa, alguns historiadores dizem
que foi fundada em meados do século VIII a.C., por uma mistura de povos itálicos que viviam na
região do Lácio desde o século X a.C.; outros defendem que foi fundada pelos etruscos, que
viviam ao norte, e ainda, temos o mito que diz que sua formação se deve a Rómulo e Remo.
(CHIZZOTTI, 2011)
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega, assim, os romanos adoptaram muitos
aspectos na arte, pintura e arquitectura. O cristianismo influenciou muito a educação de Roma, e
aos poucos, a Igreja Católica se institucionalizou e o clero exerceu o domínio da educação.

Segundo Pilleti (2013), a educação familiar tornou-se decisiva na educação da criança, e aos sete
anos a criança era influenciada pelos pais, as meninas eram preparadas para os ofícios do lar, já
os meninos eram ensinados a seguir seus pais na aprendizagem dos segredos da vida pública e
para o futuro profissional.

Quanto à escola secundária, os alunos estudavam com os “Gramáticus”, que os ajudava na


perfeição da linguagem e dos estudos dos poetas clássicos. Os estudos superiores, naquela época,
eram realizados no pátio ou em uma sala que objectivava a transmissão do conhecimento da
oratória.

Pilleti (2013), esclarece que “para manter um vasto império do tamanho do romano que ruiu
inclusive por conta do seu gigantismo era necessário que as populações conquistadas fossem
domesticadas pela educação romana e se tornassem amantes do Estado”. Nesse sentido Cícero,
Séneca e Plutarco que foram os maiores expoentes da pedagogia educacional da Roma Antiga
preparavam os alunos para serem grandes oradores afim de reunir as nações conquistadas sob um
único império e para isso olhavam os educandos com de forma individual, onde os ensinamentos
eram voltados para a vida e não somente de cunho escolar e nessa cultura a escola era voltada
para a formação do carácter do indivíduo, diante de todas essas características pedagógicas o
educando desenvolvia um papel de pesquisador quase que implicitamente, pois sua educação era
voltada a serem pessoas actuantes na vida pública do Império Romano.

A ESCOLA EM MOÇAMBIQUE

Moçambique é um país que passou por um processo de colonização portuguesa e, por via disso,
experimentou uma relação forte entre o processo de colonização e a educação, entre a escola
colonial e a formação, através da implementação de políticas educativas colonialistas,
“trajectória complexa feita de ideologias, fundamentadas em diversos princípios, desde à ideia de
civilização à ideia do homem novo” (BINJI, 2015, p. 15) particularmente com a conquista da
independência nacional.
A escola e a educação moçambicanas, são instâncias condicionadas e determinadas pela
totalidade histórica, cultural, social, e política, “cujo substrato, apesar de algumas reformas
institucionais pontuais e cosméticas, continuam a reger o conjunto do nosso sistema educativo”
(NGOENHA, 2000, p. 201). Daí, a razão de ser da necessidade da contextualização de ambos,
com o intuito de busca de suas bases teóricas, de uma melhor percepção das tendências da
educação e escola moçambicanas na actualidade e de sua projecção para o futuro.

Considerando o fato de que a escola e a educação moçambicanas, enquanto compromisso rumo à


formação e constituição da identidade própria da sociedade moçambicana, vêm construindo-se e
articulando-se ao longo de certos marcos e genuínas condições histórico-culturais e
sociopolíticas, a sua elucidação torna-se pertinente, por forma a perceber-se, por um lado, os seus
caminhos, os seus significados, as suas estratégias e as suas transformações mais profundas. Por
outro lado, há toda uma necessidade de explicitar tais marcos de modo a que os mesmos sejam
mais compreensíveis e, por consequência, logre-se interferir na intencionalidade da escola e da
educação sempre que necessário, isto é, sempre que as circunstâncias assim o exijam.

De um modo sinóptico, pode-se asseverar que:

i) Sob o ponto de vista cultural: a escola e a educação moçambicanas encontraram o seu


suporte num substrato híbrido constituído por aspectos antropológico (visão pontual
do homem), normativo (normas), axiológico (princípios éticos e valores morais) e
epistemológico (saberes que se pretendiam transmitir aos cidadãos moçambicanos)
assentes num duplo registo, parcialmente imbricado um no outro; o da tradição
africana, próprio dos nativos, mas que no período colonial mereceu um total desprezo
e negação por parte do colonizador, e o da modernidade ocidental, que visava
civilizar o indígena e, por via disso, foi violentamente imposto à sociedade
moçambicana pelo colonizador (NGOENHA, 2000, p. 200-204).
ii) ii) Ao nível da dimensão sociopolítica: a escola e a educação moçambicanas
reconhecem-se como resultado dum projecto pontual que a sociedade num
determinado momento demandou para si. A escola e a educação moçambicanas foram
submetidas a diversos regimes políticos e imperativos que ao longo do tempo foram
se substituindo. Da política assimilacionista e civilizadora – escola como lugar de
civilização do “indígena” e preparação de mão-de-obra barata (período colonial), da
ideologia socialista e marxista – escola como lugar de transmissão do sistema político
e ideológico (período pós-independência), e do ideal democrático – escola como lugar
de vivência e partilha de experiências democráticas e formação de cidadãos
democratas (na actualidade). Todavia, as orientações subjacentes a cada uma destas
políticas não implicaram necessariamente uma continuidade entre elas, mas
correspondem a um processo de transição (NGOENHA, 2000, p. 201).
iii) iii) Ao nível da dimensão histórica: cada fase e/ou época historicamente atravessada
pela escola e a educação moçambicanas constituem-se em uma espécie de anéis
compostos por uma cadeia de experiências distintas, positivas e negativas, que
contribuíram e ainda continuam contribuindo, de forma ímpar, para a edificação da
escola e educação moçambicana actual (NGOENHA, 2000, p. 201).

Periodização Escola em Moçambique

Período Pré-colonial

A educação nesta fase, transmitia conhecimentos e técnicas acumuladas na prática produtiva,


indultava o seu código de valores políticos, morais culturais e sociais e dava uma visão idealista
do mundo e dos fenómenos da natureza, isto é, pela iniciação e rito, pelo dogma e superstição,
pela religião e magia, pela tradição, o indivíduo era preparado para aceitar a exploração como
uma lei natural e assim reproduzi-la no seu grupo etário, na sua família, na sua tribo, etnia e raça
(Boletim da República, 1983).

Na antiguidade, a educação do africano, particularmente do moçambicano, era feita de acordo


com o sistema tribal, do clã e familiar para que o indivíduo pudesse dotar-se de uma identidade
que lhe permitisse não apenas conviver no meio mas também contribuir para o seu próprio meio.

O currículo tradicional, era composto de elementos falatórios como o caso de cantos, anedotas,
adivinhas, histórias e mitos e por outro lado por elementos práticos que dependiam do tipo de
trabalho com a tribo e o clã se identificavam (ex. pesca, caça, tapeçaria, etc.).

A educação no período Colonial

Na era colonial muitos moçambicanos tiveram dificuldades de ter acesso a educação, visto que, a
educação de qualidade estava reservada para os colonos e seus filhos.
O sistema de educação colonial em Moçambique, era coerente com os objectivos económicos,
políticos e culturais do sistema, onde impôs uma condução que visava a reprodução de
exploração e de opressão e a continuidade das estruturas colonial capitalistas de dominação.

A educação tinha por função modelar o homem servil, despersonalizando alienado das realidades
do seu povo; ela devia favorecer a formação de um homem tão estranho ao seu próprio povo que
pudesse vir a ser, mais tarde, instrumento do poder colonial para a dominação dos seus irmãos;
também estava confiada a formação de mão-de-obra barata (GOMEZ, 1999:59).

O sistema de ensino colonial foi sofrendo reformas, mas adequadas as circunstâncias histórico
económicas e a conjuntura política internacional. A formação do indígena e a criação da figura
jurídico-político ”assimilado” impunham-se como necessidade de força de trabalho qualificada
para a maior exploração capitalista.

Aqui desenvolveu-se o sistema de educação paralela, para filhos da classe dominante e para
indignas (boletim da Republica, 1983), isto é, a educação dividia-se em dois grupos ou seja em
dois ensinos: «Ensino oficial, destinado aos filhos dos colonos ou dos assimilados e o rudimentar
destinado às indignas» (MAZULA, 1995:80)

A educação nas Zonas Libertadas

O I Congresso da FRELIMO (Setembro de 1962) determinou a criação de escolas em zonas onde


fosse possível. Foram definidas funções específicas para a educação: a escola devia satisfazer o
conhecimento verdadeiro que se adquire através da descoberta da natureza, da sociedade e das
leis que as regem; e fornecer soluções para os problemas que surgem na vida quotidiana da
comunidade, aprendendo da comunidade.

Satisfazer as necessidades da sociedade fornecendo (...) soluções


para problemas que surgem na vida quotidiana da comunidade.
[Com base no conhecimento científico], a escola deve saber
extrair todas as experiências da comunidade a fim de estudá-las e
interpretá-las para mais tarde voltar a devolvê-las à comunidade
já mais desenvolvidas na forma de conteúdo (FRELIMO,
1970:21).
Da citação acima exposto, conclui-se que a aprendizagem da língua correspondia à aquisição do
domínio do “código” como sistema formal, como um conjunto de regras que possibilitam
combinar as categorias abstractas da língua. A língua era, desse ponto de vista, um sistema de
comunicação sempre obediente ao sistema de significação então circulante nos meios
administrativos ligados ao poder. Rama (1985:79) expressa melhor a ideia: “A letra apareceu
como a alavanca de ascensão social, da responsabilidade política e da incorporação aos centros
do poder”.

Nas zonas libertadas um slogan da FRELIMO era educar ao homem para ganhar a Guerra, criar
nova sociedade e desenvolver o país; A novidade foi de ''criação de novas escolas com centro de
Aprendizagem, um espaço onde o conhecimento era sistematizado, elaborado e transmitido'', a
educação Colonial era um processo de alienação ou moralização dos indígenas, isto é,
preparação de futuros trabalhadores rurais e artífices» (MAZULA, 1995:79).

Preparação da criança para vida social, isto para os não indígenas, «Formar indígenas a
consciência de cidadão português e prepará-lo para a luta da vida, tornando-se mais útil à
sociedade e a si próprio. Nacionalizar o indígena das colónias, difundindo entre eles a língua e os
costumes portugueses» (Idem).

Educação no período Pós-Colonial ou Pós-Independência

Moçambique tornou-se um país independente a 25 de Junho de 1975. No dia 24 de Julho do


mesmo ano, a educação e outras instituições socioeconómicas consideradas conquistas do povo
foram nacionalizadas. O Estado assumiu inteiramente a responsabilidade da planificação e gestão
da educação. O que o Estado herdou do sistema colonial foi uma reduzida rede escolar, um
sistema educacional com objectivos alienantes, enraizado em práticas e métodos autoritários.
Com a nacionalização, o ensino passou a ser laico em seus objectivos e foi colocado ao serviço
de interesses políticos, animados pela utopia de formar o ‘homem novo’, um cidadão ideológica,
científica, técnica e culturalmente preparado para realizar as tarefas do desenvolvimento
socialista do País.

De acordo com dados da UNESCO, na altura da independência, cerca de 90% da população


moçambicana, do total de cerca de onze milhões, era analfabeta: não sabia falar, ler e escrever a
Língua Portuguesa. Esta, com a proclamação da independência, passou a ser a língua oficial, por
razões históricas que anteriormente foram mencionadas. Os contactos dos novos governantes
com a população, tal como no tempo do domínio colonial, eram e ainda são mediados por
intérpretes ou tradutores.

A educação no período da Independência iria determinar a geração Pós-independência e o futuro


da própria nação. Houve uma extensão da rede escolar para um maior numero de moçambicanos
que durante o período colonial não teve acesso as disciplinas escolares. Esta educação visava a
Unidade Nacional baseada numa educação revolucionária aberta e científica. A educação
tradicional foi vista neste novo processo de reestruturação curricular como conservadora de
valores ultrapassados, foi considerado como sendo primitivo e inadequado para as necessidades
modernas da sociedade moçambicana.

As línguas nacionais, foram excluídas do SNE e foram expostas ao confinamento das ideias. A
educação nacionalista, contribuiu para dar ao moçambicano ''uma dimensão metafísica e ao
mesmo tempo ter tentado concretizar estas qualidades numa realidade concreta e enquadrá-las
numa luta pela liberdade'' (CASTIANO, 2005:81)

Segundo Mazula, após a independência o governo moçambicano tinha o principal objectivo «a


formação do Homem Novo, com plena consciência do poder da sua inteligência e da força
transformadora do seu trabalho, na sociedade e na natureza; Homem Novo livre de concepção
supersticiosa e subjectiva» (MAZULA, 1995:110).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BARBOSA, Elizabeth. Transformação no trabalho e na formação docente na educação a


distância online. Revista Em aberto, Brasília, v.23, n.84, Nov, 2012..

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1983
GORDANI, Mário Curtis. História da Antiguidade Oriental. 3. ed. Petrópolis; Vozes, 2012.

GÓMEZ, Miguel B., Educação de Moçambique História de um Processo: 1962-1984, Livraria


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INDE/MINED, Plano Curricular de Ensino, INDE/MINED Moçambique, 2003

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo; Cortez, 2013.

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MARROU, Henri-Irénée. História da educação na Antiguidade. 4. ed. São Paulo; E.P.U., 2015

MAZULA, Brazao, Educação, Cultura, e Ideologia em Moçambique: 1985, Edições


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PILLETI, Nelson. História da educação. São Paulo; Ática, 2013

PILETTI, N. & PILETTI, C. – História E Vida, São Paulo; Ática, 2013 – v.3, p. 33-38

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