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Nesta aula, tivemos como objetivo compreender a trajetória histórica da Educação,

revisitar o percurso estudantil, bem como desenvolver nos acadêmicos um espírito


crítico de todos os aspectos abordados.

Podemos dizer que o homem torna-se homem, na identificação do outro como outro de
si, é um ser social, criativo, capaz de interagir entre si e transformar a natureza. Essas
transformações espelham-se na Educação nos diferentes períodos; as mudanças
ocorridas na nossa história refletem-se no modelo pedagógico.

O ser humano, enquanto criador e criativo, mostra ao mundo as transformações que vão
ocorrendo, tanto com a sociedade, quanto com o próprio homem, através da arte,
contando sua história, mostrando suas angústias, anseios e vitórias. Desta forma,
escolhemos algumas imagens para ilustrar tais representações estéticas. Podemos
observar tais imagens ao longo do texto.

A Educação é a forma de construção de conhecimentos e atitudes necessárias para


integração do homem à sociedade. Portanto, acontece em dois momentos distintos:
primeiro, como educação familiar, segundo, como educação erudita.

É preciso fazer um retrocesso na história da educação com a intenção de entender o


fazer pedagógico, observando que o homem é um ser histórico, que retoma seu passado
para projetar o futuro.

Aranha (1989, p.12) a esse respeito diz:

Pensar o passado não deve ser compreendido como exercício de


saudosismo, mera curiosidade ou preocupação erudita. O passado
não é algo morto: nele estão as raízes do presente. É
compreendendo o passado que podemos dar sentido ao presente e
elaborar o futuro.

A respeito da educação podemos observar diferentes momentos que são de fundamental


importância para a história de nossa humanidade: Período Antigo, subdividido em
Primitivo, Antigo e Medieval, Moderno, destacando-se o Renascimento. Como algo
inerentemente humano, a educação se transforma e o processo educacional segue as
normas e os padrões de cada período histórico, respondendo às necessidades de cada
sociedade.
Para fins de contextualizar esta escrita, dividimos as transformações sofridas pela
Educação nos seguintes estágios:

1. Período primitivo

A arte Rupestre, feita na parede das cavernas, exposta acima, representa o período de
4.000 a.C.. Acredita-se que teriam uma finalidade ritualística.

O período primitivo corresponde à pré-história. Anterior à escrita, a educação primitiva


tem como objetivo ajustar a criança em seu ambiente físico e social através da aquisição
das experiências. O saber, neste período, é disponível a qualquer pessoa, não existe
divisão social. Os chefes de família são os professores.

As mudanças na educação ocorrem com a revolução neolítica, onde é fixada uma


divisão educativa, paralela à divisão do trabalho. (homem/mulher).

2. Período Antigo

No período antigo, acontecem transformações fundamentais para nossa cultura,


tornando-a cada vez mais científica, mais especializada de forma diferenciada entre si,
tanto pelos objetivos, quanto pelos métodos.

Encontram-se diferentes modelos de Educação, de acordo com o período a que


corresponde e a localização geográfica; característica fundamental é o surgimento da
escrita e do Estado na antiguidade oriental, diferenciando-se entre si.

Egípcia - Este povo desenvolve a escrita a partir de 3500 a.C. em hieróglifos. O


conhecimento é reservado aos altos funcionários, sacerdotes e militares. Posteriormente,
o conhecimento passa a ser difundido, porém aos níveis mais altos, ao qual só tem
acesso a classe dominante. Criam-se escolas para o povo, para filhos de funcionários.
Seu funcionamento acontece nos templos, conta com forte teor religioso, não
esquecendo as questões práticas, assim, formam médicos, engenheiros e arquitetos

Arte Egípcia 3.000 a.C., representa o dia-a-dia da civilização, marcada por diferentes
momentos históricos. A figura acima mostra o deus egípcio Anúbis e a mumificação.

Babilônia - Predomina o poder da classe sacerdotal, para os babilônicos, estes possuem


bibliotecas, noções de astrologia, procuram a aplicação prática do conhecimento. Para
este povo, a ciência mistura-se à magia.

Índia- É uma civilização marcada pela divisão social em castas, onde todos derivam do
corpo do Deus Brahma, a Educação acontece de forma discriminatória, privilegiando os
brames; aos sudras e párias é negada qualquer forma de Educação; sofre também
influência do budismo.

China- A Educação é conservadora mantendo-se até recentemente voltada à


transmissão, apoiada nos livros interpretativos de Lao Tsé e Confúcio que datam do
terceiro milênio a.C.

Hebreus- Sua educação é marcada pela religiosidade, professada pelos profetas,


acontece nas sinagogas, nela se aprendem as verdades da Bíblia, especificamente do
Antigo testamento. São politeístas, valorizam a educação manual.

As propostas pedagógicas Orientais da antiguidade baseiam-se nos livros sagrados,


possuem o objetivo da educação moral de acordo com a vida religiosa, impostos por
cada civilização.

Antiguidade Grega- o período arcaico, século VIII a VI a.C., traz grandes


transformações no campo político e social, surgimento da Pólis (cidades-Estado), do
comércio e, conseqüentemente, das classes sociais, da moeda.

Essas transformações são fundamentais para o surgimento do pensamento filosófico,


considera-se como período clássico (séculos V e IV a.C.). Neste período, surge a idéia
pedagógica associada à formação do cidadão, este modelo influenciou toda a educação
do Ocidente.

Surgem as ciências como astronomia, geometria e matemática. O homem busca uma


explicação racional que explique a origem, o primeiro princípio de todas as coisas; é
dada a supremacia à razão.

A educação tem como princípio a formação do cidadão, completo e virtuoso, para tanto
é necessário um modelo que abranja corpo e mente; concomitantemente com o
surgimento do pensamento filosófico surge a palavra Paidéia.

Por volta do século v a.C. é criada a palavra Paidéia, que de início


significa apenas ‘criação dos meninos’ (pais, paidós, ‘criança’).
Mas com o tempo, a palavra adquire nuanças que tornam
intraduzível. Werner Jaeger, famoso helenista alemão escreveu
uma obra com esse nome, diz: Não se pode evitar o emprego de
expressões modernas como civilização, cultura, tradição,
literatura ou educação; nenhuma delas, porém, coincide
realmente com o que os gregos entendiam por Paidéia. Cada um
daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito
global e, para abranger o campo total do conceito grego, teríamos
de empregá-los todos de uma só vez (ARANHA, 1989, p. 37).
Existem subdivisões na Educação Grega. O período, conhecido como homérico, visa à
formação do nobre. A criança permanece com a mãe até os 7 anos de idade. A infância
era uma fase de passagem, a partir deste momento a criança passava a freqüentar locais
próprios para o seu desenvolvimento, sendo que existe uma divisão educacional por
gênero, assim, a menina fica em casa aprendendo as artes do lar.

A escola permanece sendo o local da elite, a cultura Grega é transmitida através de


eventos sociais.

Esparta e Atenas são as principais cidades-estado deste período e apresentam modelos


diferenciados de Educação; Esparta volta-se para a formação do guerreiro, a partir dos 7
anos o menino era retirado do seio familiar, passando aos cuidados do Estado. A
Educação era pública, rígida, voltada, principalmente, para as atividades físicas, não
descuidando do estudo da música, canto e dança. Conforme a criança cresce, a
disciplina aumenta. O guerreiro Espartano é educado para suportar a dor e obedecer. A
mulher tem destaque neste período, participa de atividades físicas e de festividades.

Atenas difunde a educação a todos os cidadãos livres, devido a sua grande influência e,
por se tratar do berço da filosofia, o ideal do povo ateniense é o culto, os rapazes eram
instruídos nas letras e filosofia, pelos mestres, na primeira fase era acompanhado pelo
pedagogo (escravo que tinha como função orientar as primeiras letras e a atividade
física, por volta dos 18 anos após um rito de passagem adentrava a vida cidadã, os
mestres são os filósofos.

Os Pré-Socráticos (séculos VII e VI a.C.) são responsáveis pela separação do


pensamento mítico e racional. No período Socrático, conhecido como Clássico (séculos
V e VI a.C.), desenvolve-se a Filosofia, o sistema filosófico de Sócrates, com seu
método, nada ortodoxo de parturiar idéia, inaugura a busca da própria verdade. Este
mesmo filósofo repudia os Sofistas, primeiros filósofos que fazem papel de professores,
cobrando por seus serviços itinerantes, ensinavam a arte da retórica.

Platão, discípulo de Sócrates desenvolve sua teoria do conhecimento representada na


Alegoria da Caverna, onde o conhecimento seria a possibilidade de salvação. Defende o
dualismo, corpo e alma e teria como objetivo a formação do cidadão. Aristóteles volta-
se para a ética, entendendo o homem como um animal que possui natureza política.

A influência fundamental deste período dá-se no campo da Educação de uma


preocupação pedagógica, abrangendo corpo e alma.

Educação Romana- possui caráter prático e formação civil e familiar. O cidadão possui
consciência do direito romano. O pai é figura central, a mulher possui valorização na
família, possuindo um papel educativo, para a formação do futuro cidadão. A partir do
século II a.C., as escolas organizam-se segundo o modelo Grego, existem também
escolas destinadas às classes inferiores para a formação profissional.

Arte Greco-Romana 700 a.C. Este período influencia a história da humanidade, sendo o
primeiro período a valorizar o homem. A obra acima representa o casamento de Peleu e
Tétis[7]. A deusa recusava o casamento com um simples mortal
A queda do império Romano, cria uma fragmentação no mundo, o cristianismo é
responsável pela sua unificação.

A idade Média abarca um período tão extenso que é difícil


caracterizá-la sem incorrer no risco da simplificação. Afinal são
mil anos entre a queda do Império Romano (476) e a tomada de
Constantinopla pelos turcos (!457).

A alta Idade Média, período que sucede à queda do Império, é


caracterizada por um estado de degradação da antiga ordem e pela
divisão em diversos reinos bárbaros, formando após as sucessivas
invasões.

Até o século X dá-se uma transformação lenta, que consiste na


passagem do escravismo, o modo de produção da Antiguidade
Greco-romana, para o feudalismo, o novo modo de produção da
Idade Média (ARANHA, 1989, p.80).

2.2 Período Medieval

Arte Bizantina, Século V, expressão artística de caráter religioso, dos primórdios do


cristianismo, serve de fonte de instrução e guia espiritual aos fiéis. A imagem acima
mostra o Cristo, da Basílica de Santa Sofia.

O período medieval representa mais de 1000 anos, contando com Idade média alta e
baixa; a Educação desenvolve-se subordinada à Igreja. Todo conhecimento está a
serviço da fé, este deve revelar as verdades de Deus a autoridade indiscutível está
presente nos textos sagrados. A razão deve conciliar-se com a fé. Este conhecimento é
reservado ao poder eclesiástico. Desenvolvem-se, neste momento histórico, diferentes
modelos pedagógicos para classes sociais distintas, surgem os colégios com alunos e
professores, os quais servem a autoridade da igreja, ou outro poder que a represente.

A função pedagógica é a evangelização, a revelação das verdades divinas e a salvação


das almas para a vida eterna.
O quadro filosófico distingue-se em dois momentos: a Patrística (século II até o século
V), que tem como objetivo a defesa da fé cristã e a conversão. Seu principal
representante é Santo Agostinho (354-430), que retoma os textos de Platão, considera o
conhecimento como as verdades eternas advindas da iluminação divina, sendo
necessário, para tanto, o uso do intelecto, já que o conhecimento é uma experiência
pessoal; a Escolástica (século IX até XIV): ”Chama-se Escolástica por ser a filosofia
ensinada nas escolas. Scholasticus é o professor das artes liberais. Mais tarde é assim
conhecido o professor de filosofia e teólogo, oficialmente chamado magister” (História
da Educação-p.94).

O principal representante da Escolástica é Santo Tomás de Aquino (1225-1274), retoma


Aristóteles, adaptando-a as orientações cristãs. A Educação, segundo o filósofo, é a
forma de atingir a verdade e o bem, superando as tentações mundanas. Neste período,
criam-se as universidades, destinadas à medicina, ao direito e à teologia. Estas
disciplinas representam o currículo central das universidades, sem dispensar os estudos
anteriores do trivium (arte, gramática e retórica) quadrivium (aritmética, música,
geometria e astronomia).

1. Período Moderno

O renascimento é o período compreendido entre os séculos XV e XVI; neste contexto,


diversos acontecimentos promovem uma mudança na concepção de homem e da própria
sociedade.

As grandes descobertas alargam horizontes geográficos, a revolução comercial promove


a classe burguesa e o capitalismo, conseqüentemente, acontece a formação das
monarquias nacionais. A Reforma Protestante, promovida por Lutero e Calvino,
representa a renovação da autoridade da Igreja, centrada no poder papal. Como resposta,
a Igreja Católica promove a Contra-Reforma, com a intenção de renovar a fé cristã,
promovendo a inquisição e os seminários. Surgem, daí diversas ordens religiosas,
principalmente, o colégio jesuíta, que possui a concepção da escola tradicional européia
e a catequização do novo mundo; o humanismo busca a imagem de um novo homem e
da cultura.

A educação representa uma grande preocupação para este período:

É impressionante a preocupação com a educação no Renascimento


(sobretudo em comparação com a Idade Média), não só pela
produção teórica dos pedagogos, mas principalmente pela
proliferação de colégios e manuais para alunos e professores.
Educar-se torna-se uma questão de moda e uma exigência dentro
da nova concepção do homem (ARANHA, 1989, p. 94).

A expansão da escola, neste período, destina-se ao homem da pequena nobreza e da


burguesia que busca educar-se para a vida política e seus negócios; a classe alta educa-
se com preceptores em seus castelos; a escola volta-se a uma melhor preparação da
criança devido à nova imagem da infância e da família.

Acontece a separação do mundo infantil e adulto. Os alunos são submetidos a uma


severa disciplina; a escola passa a cuidar da formação moral do aluno; o regime de
estudo é extenso, dando continuidade ao trivium e quadrivium.

O ensino universitário encontra-se em decadência, dando espaço para as academias,


instituições privadas de alto nível, destinadas ao ensino literário ou filosófico. Com o
renascimento científico, no século XVII, surgem academias científicas.

O protestantismo, através de Lutero, trava uma batalha em busca da educação universal,


primária para todos, tendo o Estado como responsável por esta.

A pedagogia humanista representa a difusão dos valores burgueses, procura por uma
base natural, sem intenções religiosas, busca uma autonomia. As reflexões pedagógicas
estão presentes na filosofia, não se distinguindo desta. Como representantes desse
momento histórico temos: Juan Luis Vives (1492-1540), Erasmo de Rotterdam (1467-
1536), François Rebelais (1494-1553) e Michel Montaigne (1533-1592).

No Brasil, desde o início da colonização, a catequese como atividade missionária


contribui de forma central para a dominação metropolitana. Desse modo, a educação
assume papel de agente colonizador.

Romantismo (1780) foi um movimento artístico. É um movimento contrário ao


racionalismo, e a busca de um nacionalismo, designa uma visão de mundo centrada no
indivíduo.

3.2 Moderno

Impressionismo (1875): a luz e o movimento tornam-se o principal elemento da pintura.


Os artistas deste período procuram ver o quadro como obra em si mesma. Acima, temos
A noite estrelada de Van Gogh, 1889.

A Educação do século XVII esforça-se pela obrigatoriedade da escola, criando leis,


programas e níveis para tal. Porém, o monopólio das escolas permanece com a
Companhia de Jesus, que representa o modelo tradicional com base na Escolástica.
O pensamento pedagógico moderno é realista. Segundo ele, o conhecimento deve partir
da compreensão das coisas, voltado para a vida prática. Neste contexto, surge a nova
escola.

Nesse século surge outro tipo de estabelecimento de ensino,


as academias científicas. Devido ao progresso da ciência, e
estando as universidades decadentes (exceto na Alemanha), os
cientistas associam para troca de experiências e publicações. São
importantes a Academia de Ciência (1660), da qual participam
Descartes, Pascal e Newton, e Real Sociedade de Londres (1662) e
a academia de Berlim (1700) (ARANHA, 1989, p.136).

As questões epistemológicas são o centro das discussões, desenvolvendo duas


tendências: o racionalismo, sendo seu principal representante, Descartes, que, ao
analisar o processo pelo qual a razão atinge a verdade, cria a dúvida. O método
cartesiano admite idéias inatas, independentes do que vêm de fora. Estas são exclusivas
da capacidade do pensamento.

O empirismo, corrente contrária, reconhece o processo de conhecimento como


possibilidade da experiência sensível, negando as idéias inatas. Seu principal
representante é o inglês John Locke (1632-1704), seguido do também inglês Francis
Bacon (1561-1626). Este valoriza o método da indução.

Juan Amós Comênius (1592-1670) é o maior educador deste período. Sua principal obra
é a Didática Magna, que tem a intenção de orientar um método de ensino onde se
deveria partir do simples para o complexo. Este pedagogo defende a educação para
todos independente de sexo ou classe social.

O bispo Fénelon (1651-1715) defende a educação feminina, que deve ser voltada a uma
instrução geral, levando em conta a formação moral para o desenvolvimento do papel de
mães e esposas.

Na mesma época, em 1686, Madame de Maintenon, mulher de


Luís XIV, funda o colégio de Saint-Cyr. Ali ingressam meninas
entre 7 e 12 anos, permanecendo até os 20 anos. Esse internato
pretendia ser a alternativa secularizada aos conventos femininos
existentes, excessivamente rigorosos na disciplina moral e
negligente na formação intelectual (ARANHA, 1989, p.143).
O Iluminismo acontece no século XVIII, conhecido como século das luzes. Ou seja, o
poder da razão de interpretar o mundo, surge o homem confiante, disposto a dominar a
natureza para criar seu futuro.

A influência dos jesuítas continua, porém, as questões políticas e econômicas levam a


uma critica deste modelo educacional em vários países. A Companhia de Jesus é
expulsa no ano de 1773. Esta ordem é suprimida pelo papa Clemente XIV,
desarticulando o sistema escolar. Transformando a Educação que, seguindo os
interesses da aristocracia e as idéias liberais presentes, deve ser leiga (não-religiosa) e
livre (independente de privilégios de classe).

Surge a idéia de educação popular promovida pelo Marquês Condorcet, eleito deputado
da Assembléia Legislativa Francesa. Após a Revolução francesa, em 1792, cria o ano de
Educação pública, que prevê a Educação como responsabilidade do Estado destinada a
todos os cidadãos. Seu plano não é aprovado. Porém, levanta esta discussão. Em 1793,
consegue aprovação pelas mãos de Lepelletier, realçando a educação nacional.

Na prática, a Educação continua diferenciada de acordo com a classe social. Com


Napoleão, a educação primária é deixada a cargo do clero, já o Estado responsabiliza-se
pelo ensino secundário.

As universidades permanecem calçadas nos ideais medievais, as academias


correspondem às necessidades sociais, pois, privilegiam matérias mais práticas.

O pensamento pedagógico iluminista floresce, podendo ser dividido em três principais


vertentes, os enciclopedistas, Rousseau e Kant.

Os enciclopedistas são representados por D’Lambert, Voltaire, Rousseau entre outros.


Para estes, a Educação tem o papel de expressar o ideal liberal, voltado aos interesses
da burguesia.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) critica o absolutismo, seu pensamento o homem é


bom por natureza, corrompendo-se em seu contato com a sociedade. No romance,
Emílio descreve seu projeto pedagógico, onde a criança é educada desde o nascimento
para tornar-se um cidadão. Por sua desconfiança com a sociedade, a criança deveria
viver o mais livre possível, de preferência, adquirindo seus conhecimentos a partir da
experiência.

Immanuel Kant (1724-1804), para este filósofo, a educação tem como objetivo
desenvolver a faculdade da razão, levando a formação do caráter moral, é a forma como
o homem atinge seus objetivos individuais e sociais.

No Brasil, durante o período colonial, acontece uma grande disparidade entre o


conhecimento formal e o informal, onde a classe dominante mantém o monopólio do
saber acadêmico, onde os filhos da elite iam estudar na Europa, enquanto a grande
maioria da população mantinha-se iletrada.
1. Período Contemporâneo
As influências do século XIX, como a urbanização acelerada e o capitalismo industrial,
criam um panorama de forte expectativa com relação à educação, devido à maior
complexidade do trabalho, que exige mão de obra especializada. Acontece a
universalização da escola secundária, clássica para a elite burguesa e técnica para a
formação do trabalhador. As linhas filosóficas que orientam este período são o
Idealismo, de Fitche, Schelling e Hegel, as idéias socialistas, e o desenvolvimento das
ciências humanas.

O ensino universitário é ampliado e reformulado, aparecendo as


escolas politécnicas, tendo em vista as necessidades decorrentes do
avanço tecnológico.

Surgem as escolas da primeira infância, cujo precursor foi Froebel,


seus “jardins da infância”. A preocupação geral com a educação
leva também à formação de várias escolas normais visando a
preparação para o magistério (ARANHA, 1989, p.176)

Surgem preocupações com a formação da consciência nacional e com a metodologia.


Bem como, pedagógicas com fins sociais, salientando a formação da criança para a vida
em sociedade. A Educação associa-se ao bem-estar social, ao progresso e à
transformação. A psicologia passa a influenciar a educação infantil, procurando uma
metodologia adequada ao seu processo de aquisição do conhecimento.

Pestalozzi, Froebel Herbart e Spencer são alguns dos principais pedagogos do período.

No período Imperial, o Brasil não se destaca com uma postura pedagógica pautada em
uma identidade nacional, ou seja, não se institui uma proposta pedagógica
eminentemente brasileira. O que causa resultados extremamente insatisfatórios e
díspares. Enquanto a elite tem sua educação gerenciada pelo Império, a do povo é
desqualificada, sendo deixada a cargo das províncias.

A contribuição de Hegel (1770-1831), Marx (1818-1883) e Sigmund Freud (1856-


1939) são fundamentais para as mudanças que acontecem, a partir do final do séc. XIX.
Esses teóricos trazem à tona um novo paradigma no que tange à sociedade e ao próprio
homem. Com uma problematização ao sistema capitalista de produção e o surgimento
da psicanálise, bem como a relação de historicidade.

Século XX:

Cubismo, 1908, tratava as formas da natureza, por meio de formas geométricas. A


representação do mundo passava a não ter compromisso com a imagem real das coisas.
A obra acima tem o título de Homem no café, 1914, Juan Gris.
A educação, no século XX, passa a ter um caráter bem mais científico, que tem
conseqüências ambíguas. Se de um lado temos um avanço tecnológico revolucionário,
de outro temos grandes tragédias pautadas por esse avanço, como no caso das duas
grandes Guerras Mundiais. Logicamente, esses avanços refletem-se nos processos
educacionais, transformando a própria escola, o papel do professor, a concepção de
aluno e da relação de autoridade nessas instituições de ensino.

Nesse período, foram de estrema importância, para a educação, teóricos como:


Émile Durkheim (1858-1917) que desenvolve a questão da sociologia, bem como sua
relação com a educação; Jonh B. Watson (1878-1958) e Burrhus Frederic Skinner
(1904-1990), representantes do Behaviorismo (psicologia comportamentalista);
Wilhelm Dilthey (1833-1911), representante da crítica ao naturalismo; Wolfgang
Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1941), representantes da Gestalt; Jonh Dewey
(1859-1952), representante da escola progressista.

Pop Art, 1956, pretendia demonstrar com suas obras a massificação da Cultura popular
capitalista. Procurava a estética das massas, tentando achar a definição do que seria a
cultura Pop aproximando-se do que costuma chamar-se de kitsch. Fotografia da Sopa
Campbell por Andy Warhol.

A Escola Nova é um movimento de grande importância, no século XX, tendo como


características fundamentais a educação integral, ativa, prática, tendendo para uma
prática individualizada, propondo ao estudante uma aprendizagem autônoma.
Representantes desse movimento são: Maria Montessori (1870-1952) e Ovide Decroly
(1871-1932).

A proposta Socialista tem sua grande representação na figura de Antonio Gramsci


(1891-1937) que, em sua proposta, pretende superar a dicotomia entre teoria e prática.

Temos como representantes das teorias educacionais não-diretivas Ivan Illich (1826-
2002) traz a proposta de uma sociedade desescolarizada. Carl Rogers (1902-1987) o
qual levou para a educação técnicas utilizadas em terapia. Alexander Neil (1883-1973),
fundador da escola de Summerhill.

Já nas teorias progressistas,

Podem ser considerados precursores (...) os soviéticos Makarenko


e Pistrak e o italiano Gramsci. Recentemente é importante a
contribuição do francês Georges Snyders, do polonês Suchodolski
e de muitos outros como Bernard Charlot, Henry Giroux,
Mabacorda, [Peter MacLaren] e Lobrot (ARANHA, 1989, p. 234).
São inúmeros os teóricos que revolucionam a educação nesse século. Jean Piaget
(1896-1980) que criou a epistemologia genética. Bem como a sua seguidora argentina,
radicada no México, Emília Ferreiro (1937) que realiza pesquisa sobre a construção da
linguagem escrita.

Lev Vygotsky (1896-1934) é o teórico que trata do ensino como processo social e,
ainda, Celestin Freinet (1896-1966) que traz o trabalho e a cooperação como
constitutivos do processo educativo.

Henri Wallon (1879-1962) defendia uma educação integral. Pierre Bourdier (1930-
2002) desenvolveu uma teoria crítica a respeito da “pseudo” neutralidade da escola.

Grafite-arte surge a partir do movimento de contracultura de 1968. A imagem acima


representa uma fachada decorada em Olinda, Pernambuco.

No Brasil, as maiores referências estão nos educadores Anísio Teixeira (1900-1971),


Florestan Fernandes (1920-19950 e Paulo Freire (1921-1997).

Para Freire e Horton (2003), por exemplo, a educação só muda quando “as pessoas
começam a agarrar sua história com as próprias mãos”. Para estes autores, como para a
maioria dos teóricos da contemporaneidade somente um projeto realmente popular pode
trazer transformações significativas à sociedade.

Freire (2003, p.203) comenta no seu livro dialogado com Horton

Há uma diferença qualitativa quando os líderes da classe


trabalhadora descobrem algo que é muito óbvio, isto é, descobrem
que a educação que reproduz a própria classe trabalhadora. (...) A
intenção ideológica da classe dominante não poderia ser outra.

Como vimos, a educação é um processo que vem se construindo constantemente,


assim como a própria humanidade. Nos diferentes tempos, vem servindo, ora aos
interesses de uns, ora de outros, dependendo do tempo, espaço, enfim, do contexto
social, no qual os sujeitos estão inseridos. Estes estudiosos os quais, rapidamente,
apresentamos, neste artigo, têm dado forte contribuição para entendermos este processo.

Considerações Finais
A história da humanidade é permeada pela produção do conhecimento, que pretende
transformar homens e mundo. Cabe a nós, seres éticos e responsáveis, usar desse
conhecimento, procurando tirar o que temos de melhor para contribuir com a vida em
sociedade.

Dentro de cada um de nós sempre cabe mais um saberzinho. Antes


se pensava que tinha uma idade para aprender e depois outra em
que a pessoa só servia para trabalhar ou para ‘ter filhos’. Mas hoje
a gente sabe que aprender pode ser por toda a vida. Eu sempre
posso ser alguém melhor do que eu já sou. Eu sempre posso
aprender com os outros, com os livros, com o mundo, e saber
melhor o que eu já sei. E eu sempre posso aprender o que eu não
sei. E muita coisa de tudo isso a gente aprende quando aprendeu
bem a ler-e-escrever (BRANDÃO, 2005, p.50).

Referenciais Bibliográficos

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1989

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Paulo Freire, O menino que lia o Mundo: Uma
história de pessoas, de letras e palavras. São Paulo: Editora UNESPE, 2005.

COTRIN, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e Grandes Temas. 16 ed. São


Paulo: Saraiva, 2006.

HORTON, Myles; FREIRE, Paulo. O Caminho se Faz Caminhando: Conversas sobre


educação e mudança social. Petrópolis, RJ: s.ed., 2003.

Sítios consultados

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:SoupCanParody.jpg <Acessado em 09/01/2010>

http://pt.wikipedia.org/wiki/Grafite_(arte) <Acessado em 09/01/2010>

Revista Nova Escola Edição Especial, Grandes Pensadores, São Paulo: Editora Brasil
S.A., Julho, 2009.

[1] O presente texto foi apresentado ao Curso de Formação de Professores de Espanhol


como Língua Estrangeira – Na disciplina de Psicologia da Educação, como material
didático.

[2] Professora Efetiva – UFT- Universidade Federal do Tonantins, Pedagoga, Mestre


em Educação, Doutoranda – URGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

[3] Assessor Pedagógico 5ª Coordenadoria Regional de Educação – RS – Professora de


Filosofia, Pedagoga, Especialista em Gestão Escolar, Mestre em Educação pela
Universidade Federal de Pelotas.

[4] Doutoranda – FURG Universidade Federal do Rio Grande, Pedagoga, Mestre em


educação.

[5] Licenciando em Matemática – UNINTER.

[6] Licencianda /Educação Física – FURG.

[7] Peleu arrebatando Tétis, pois a deusa recusava o casamento com um mero
mortal.Staatliche Museen zu Berlin - Preussischer Kulturbesitz, Berlin, 106, ca. 500,
Assinado por Peithinos, inv. no. F 2279.

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