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BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO[1]


 
Elisabete da Silveira Ribeiro[2]

Michele Silveira Azevedo[3]

Thais Gonçalves Saggiomo[4]

Bruno Azevedo Vieira[5]

Lory Silveira Ribeiro[6]

Nesta aula, tivemos como objetivo compreender a trajetória histórica da Educação, revisitar o
percurso estudantil, bem como desenvolver nos acadêmicos um espírito crítico de todos os aspectos
abordados.

Podemos dizer que o homem torna-se homem, na identificação do outro como outro de si, é um ser
social, criativo, capaz de interagir entre si e transformar a natureza. Essas transformações espelham-
se na Educação nos diferentes períodos; as mudanças ocorridas na nossa história refletem-se no
modelo pedagógico.

O ser humano, enquanto criador e criativo, mostra ao mundo as transformações que vão ocorrendo,
tanto com a sociedade, quanto com o próprio homem, através da arte, contando sua história,
mostrando suas angústias, anseios e vitórias. Desta forma, escolhemos algumas imagens para ilustrar
tais representações estéticas. Podemos observar tais imagens ao longo do texto. 

A Educação é a forma de construção de conhecimentos e atitudes necessárias para integração do


homem à sociedade. Portanto, acontece em dois momentos distintos: primeiro, como educação
familiar, segundo, como educação erudita.

É preciso fazer um retrocesso na história da educação com a intenção de entender o fazer


pedagógico, observando que o homem é um ser histórico, que retoma seu passado para projetar o
futuro.

Aranha (1989, p.12) a esse respeito diz:

Pensar o passado não deve ser compreendido como exercício de


saudosismo, mera curiosidade ou preocupação erudita. O passado não é
algo morto: nele estão as raízes do presente. É compreendendo o passado
que podemos dar sentido ao presente e elaborar o futuro.
 

A respeito da educação podemos observar diferentes momentos que são de fundamental importância
para a história de nossa humanidade: Período Antigo, subdividido em Primitivo, Antigo e Medieval,
Moderno, destacando-se o Renascimento. Como algo inerentemente humano, a educação se
transforma e o processo educacional segue as normas e os padrões de cada período histórico,
respondendo às necessidades de cada sociedade.

Para fins de contextualizar esta escrita, dividimos as transformações sofridas pela Educação nos
seguintes estágios:

1. Período primitivo
 

A arte Rupestre, feita na parede das cavernas, exposta acima,   representa o período de 4.000 a.C..
Acredita-se que teriam uma finalidade ritualística.

O período primitivo corresponde à pré-história. Anterior à escrita, a educação primitiva tem como
objetivo ajustar a criança em seu ambiente físico e social através da aquisição das experiências. O
saber, neste período, é disponível a qualquer pessoa, não existe divisão social. Os chefes de família
são os professores.

 As mudanças na educação ocorrem com a revolução neolítica, onde é fixada uma divisão educativa,
paralela à divisão do trabalho. (homem/mulher).

2. Período Antigo

No período antigo, acontecem transformações fundamentais para nossa cultura, tornando-a cada vez
mais científica, mais especializada de forma diferenciada entre si, tanto pelos objetivos, quanto pelos
métodos.

Encontram-se diferentes modelos de Educação, de acordo com o período a que corresponde e a


localização geográfica; característica fundamental é o surgimento da escrita e do Estado na
antiguidade oriental, diferenciando-se entre si.

Egípcia - Este povo desenvolve a escrita a partir de 3500 a.C. em hieróglifos. O conhecimento é
reservado aos altos funcionários, sacerdotes e militares. Posteriormente, o conhecimento passa a ser
difundido, porém aos níveis mais altos, ao qual só tem acesso a classe dominante. Criam-se escolas
para o povo, para filhos de funcionários. Seu funcionamento acontece nos templos, conta com forte
teor religioso, não esquecendo as questões práticas, assim, formam médicos, engenheiros e
arquitetos

Arte Egípcia 3.000 a.C., representa o dia-a-dia da civilização, marcada por diferentes momentos
históricos. A figura acima mostra o deus egípcio Anúbis e a mumificação.
Babilônia - Predomina o poder da classe sacerdotal, para os babilônicos, estes possuem bibliotecas,
noções de astrologia, procuram a aplicação prática do conhecimento. Para este povo, a ciência
mistura-se à magia.

Índia- É uma civilização marcada pela divisão social em castas, onde todos derivam do corpo do
Deus Brahma, a Educação acontece de forma discriminatória, privilegiando os brames; aos sudras e
párias é negada qualquer forma de Educação; sofre também influência do budismo.

China- A Educação é conservadora mantendo-se até recentemente voltada à transmissão, apoiada


nos livros interpretativos de Lao Tsé e Confúcio que datam do terceiro milênio a.C.

Hebreus- Sua educação é marcada pela religiosidade, professada pelos profetas, acontece nas
sinagogas, nela se aprendem as verdades da Bíblia, especificamente do Antigo testamento. São
politeístas, valorizam a educação manual.

As propostas pedagógicas Orientais da antiguidade baseiam-se nos livros sagrados, possuem o


objetivo da educação moral de acordo com a vida religiosa, impostos por cada civilização.

Antiguidade Grega- o período arcaico, século VIII a VI a.C., traz grandes transformações no campo
político e social, surgimento da Pólis (cidades-Estado), do comércio e, conseqüentemente, das
classes sociais, da moeda.

Essas transformações são fundamentais para o surgimento do pensamento filosófico, considera-se


como período clássico (séculos V e IV a.C.). Neste período, surge a idéia pedagógica associada à
formação do cidadão, este modelo influenciou toda a educação do Ocidente.

Surgem as ciências como astronomia, geometria e matemática. O homem busca uma explicação
racional que explique a origem, o primeiro princípio de todas as coisas; é dada a supremacia à razão.

A educação tem como princípio a formação do cidadão, completo e virtuoso, para tanto é necessário
um modelo que abranja corpo e mente; concomitantemente com o surgimento do pensamento
filosófico surge a palavra Paidéia.

Por volta do século v a.C. é criada a palavra Paidéia, que de início


significa apenas ‘criação dos meninos’ (pais, paidós, ‘criança’). Mas com
o tempo, a palavra adquire nuanças que tornam intraduzível. Werner
Jaeger, famoso helenista alemão escreveu uma obra com esse nome, diz:
Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização,
cultura, tradição, literatura ou educação; nenhuma delas, porém,
coincide realmente com o que os gregos entendiam por Paidéia. Cada um
daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global
e, para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-
los todos de uma só vez (ARANHA, 1989, p. 37).

                                              

Existem subdivisões na Educação Grega. O período, conhecido como homérico, visa à formação do
nobre. A criança permanece com a mãe até os 7 anos de idade. A infância era uma fase de passagem,
a partir deste momento a criança passava a freqüentar locais próprios para o seu desenvolvimento,
sendo que existe uma divisão educacional por gênero, assim, a menina fica em casa aprendendo as
artes do lar.
A escola permanece sendo o local da elite, a cultura Grega é transmitida através de eventos sociais.

Esparta e Atenas são as principais cidades-estado deste período e apresentam modelos diferenciados
de Educação; Esparta volta-se para a formação do guerreiro, a partir dos 7 anos o menino era
retirado do seio familiar, passando aos cuidados do Estado. A Educação era pública, rígida, voltada,
principalmente, para as atividades físicas, não descuidando do estudo da música, canto e dança.
Conforme a criança cresce, a disciplina aumenta. O guerreiro Espartano é educado para suportar a
dor e obedecer.  A mulher tem destaque neste período, participa de atividades físicas e de
festividades.

Atenas difunde a educação a todos os cidadãos livres, devido a sua grande influência e, por se tratar
do berço da filosofia, o ideal do povo ateniense é o culto, os rapazes eram instruídos nas letras e
filosofia, pelos mestres, na primeira fase era acompanhado pelo pedagogo (escravo que tinha como
função orientar as primeiras letras e a atividade física, por volta dos 18 anos após um rito de
passagem adentrava a vida cidadã, os mestres são os filósofos.

 Os Pré-Socráticos (séculos VII e VI a.C.) são responsáveis pela separação do pensamento mítico e
racional. No período Socrático, conhecido como Clássico (séculos V e VI a.C.), desenvolve-se a
Filosofia, o sistema filosófico de Sócrates, com seu método, nada ortodoxo de parturiar idéia,
inaugura a busca da própria verdade. Este mesmo filósofo repudia os Sofistas, primeiros filósofos
que fazem papel de professores, cobrando por seus serviços itinerantes, ensinavam a arte da retórica.

 Platão, discípulo de Sócrates desenvolve sua teoria do conhecimento representada na Alegoria da


Caverna, onde o conhecimento seria a possibilidade de salvação. Defende o dualismo, corpo e alma
e teria como objetivo a formação do cidadão. Aristóteles volta-se para a ética, entendendo o homem
como um animal que possui natureza política.

A influência fundamental deste período dá-se no campo da Educação de uma preocupação


pedagógica, abrangendo corpo e alma.

Educação Romana- possui caráter prático e formação civil e familiar. O cidadão possui consciência
do direito romano. O pai é figura central, a mulher possui valorização na família, possuindo um
papel educativo, para a formação do futuro cidadão. A partir do século II a.C., as escolas organizam-
se segundo o modelo Grego, existem também escolas destinadas às classes inferiores para a
formação profissional.

Arte Greco-Romana 700 a.C. Este período influencia a história da humanidade, sendo o primeiro
período a valorizar o homem. A obra acima representa o casamento de Peleu e Tétis [7]. A deusa
recusava o casamento com um simples mortal

A queda do império Romano, cria uma fragmentação no mundo, o cristianismo é responsável pela
sua unificação.

A idade Média abarca um período tão extenso que é difícil caracterizá-la


sem incorrer no risco da simplificação. Afinal são mil anos entre a queda
do Império Romano (476) e a tomada de Constantinopla pelos turcos (!
457).

A alta Idade Média, período que sucede à queda do Império, é


caracterizada por um estado de degradação da antiga ordem e pela divisão
em diversos reinos bárbaros, formando após as sucessivas invasões.
Até o século X dá-se uma transformação lenta, que consiste na passagem
do escravismo, o modo de produção da Antiguidade Greco-romana, para
o feudalismo, o novo modo de produção da Idade Média (ARANHA,
1989, p.80).

2.2 Período Medieval

Arte Bizantina, Século V, expressão artística de caráter religioso, dos primórdios do cristianismo,
serve de fonte de instrução e guia espiritual aos fiéis. A imagem acima mostra o Cristo, da Basílica
de Santa Sofia.

O período medieval representa mais de 1000 anos, contando com Idade média alta e baixa; a
Educação desenvolve-se subordinada à Igreja. Todo conhecimento está a serviço da fé, este deve
revelar as verdades de Deus a autoridade indiscutível está presente nos textos sagrados. A razão deve
conciliar-se com a fé. Este conhecimento é reservado ao poder eclesiástico. Desenvolvem-se, neste
momento histórico, diferentes modelos pedagógicos para classes sociais distintas, surgem os
colégios com alunos e professores, os quais servem a autoridade da igreja, ou outro poder que a
represente.

A função pedagógica é a evangelização, a revelação das verdades divinas e a salvação das almas
para a vida eterna.

O quadro filosófico distingue-se em dois momentos: a Patrística (século II até o século V), que tem
como objetivo a defesa da fé cristã e a conversão. Seu principal representante é Santo Agostinho
(354-430), que retoma os textos de Platão, considera o conhecimento como as verdades eternas
advindas da iluminação divina, sendo necessário, para tanto, o uso do intelecto, já que o
conhecimento é uma experiência pessoal; aEscolástica (século IX até XIV): ”Chama-se Escolástica
por ser a filosofia ensinada nas escolas. Scholasticus é o professor das artes liberais. Mais tarde é
assim conhecido o professor de filosofia e teólogo, oficialmente chamado magister” (História da
Educação-p.94).

O principal representante da Escolástica é Santo Tomás de Aquino (1225-1274), retoma Aristóteles,


adaptando-a as orientações cristãs. A Educação, segundo o filósofo, é a forma de atingir a verdade e
o bem, superando as tentações mundanas. Neste período, criam-se as universidades, destinadas à
medicina, ao direito e à teologia. Estas disciplinas representam o currículo central das universidades,
sem dispensar os estudos anteriores do trivium  (arte, gramática e retórica) quadrivium (aritmética,
música, geometria e astronomia).

 
1. Período Moderno
 

O renascimento é o período compreendido entre os séculos XV e XVI; neste contexto, diversos


acontecimentos promovem uma mudança na concepção de homem e da própria sociedade.

As grandes descobertas alargam horizontes geográficos, a revolução comercial promove a classe


burguesa e o capitalismo, conseqüentemente, acontece a formação das monarquias nacionais. A
Reforma Protestante, promovida por Lutero e Calvino, representa a renovação da autoridade da
Igreja, centrada no poder papal. Como resposta, a Igreja Católica promove a Contra-Reforma, com a
intenção de renovar a fé cristã, promovendo a inquisição e os seminários. Surgem, daí diversas
ordens religiosas, principalmente, o colégio jesuíta, que possui a concepção da escola tradicional
européia e a catequização do novo mundo; o humanismo busca a imagem de um novo homem e da
cultura.

A educação representa uma grande preocupação para este período:

É impressionante a preocupação com a educação no Renascimento


(sobretudo em comparação com a Idade Média), não só pela produção
teórica dos pedagogos, mas principalmente pela proliferação de colégios
e manuais para alunos e professores. Educar-se torna-se uma questão de
moda e uma exigência dentro da nova concepção do homem (ARANHA,
1989, p. 94).

                                                                               

A expansão da escola, neste período, destina-se ao homem da pequena nobreza e da burguesia que
busca educar-se para a vida política e seus negócios; a classe alta educa-se com preceptores em seus
castelos; a escola volta-se a uma melhor preparação da criança devido à nova imagem da infância e
da família.

Acontece a separação do mundo infantil e adulto. Os alunos são submetidos a uma severa disciplina;
a escola passa a cuidar da formação moral do aluno; o regime de estudo é extenso, dando
continuidade ao trivium equadrivium.

O ensino universitário encontra-se em decadência, dando espaço para as academias, instituições


privadas de alto nível, destinadas ao ensino literário ou filosófico. Com o renascimento científico, no
século XVII, surgem academias científicas.

O protestantismo, através de Lutero, trava uma batalha em busca da educação universal, primária
para todos, tendo o Estado como responsável por esta.

A pedagogia humanista representa a difusão dos valores burgueses, procura por uma base natural,
sem intenções religiosas, busca uma autonomia. As reflexões pedagógicas estão presentes na
filosofia, não se distinguindo desta. Como representantes desse momento histórico temos: Juan Luis
Vives (1492-1540), Erasmo de Rotterdam (1467-1536), François Rebelais (1494-1553) e Michel
Montaigne (1533-1592).
No Brasil, desde o início da colonização, a catequese como atividade missionária contribui de forma
central para a dominação metropolitana. Desse modo, a educação assume papel de agente
colonizador.

 Romantismo (1780) foi um movimento artístico. É um movimento contrário ao racionalismo, e a


busca de um nacionalismo, designa uma visão de mundo centrada no indivíduo.

 3.2 Moderno

Impressionismo (1875): a luz e o movimento tornam-se o principal elemento da pintura. Os artistas


deste período procuram ver o quadro como obra em si mesma. Acima, temos A noite estrelada de
Van Gogh, 1889.

A Educação do século XVII esforça-se pela obrigatoriedade da escola, criando leis, programas e
níveis para tal. Porém, o monopólio das escolas permanece com a Companhia de Jesus, que
representa o modelo tradicional com base na Escolástica.

O pensamento pedagógico moderno é realista. Segundo ele, o conhecimento deve partir da


compreensão das coisas, voltado para a vida prática. Neste contexto, surge a nova escola.

Nesse século surge outro tipo de estabelecimento de ensino, as academias


científicas.Devido ao progresso da ciência, e estando as universidades
decadentes (exceto na Alemanha), os cientistas associam para troca de
experiências e publicações. São importantes a Academia de Ciência
(1660), da qual participam Descartes, Pascal e Newton, e Real Sociedade
de Londres (1662) e a academia de Berlim (1700) (ARANHA, 1989,
p.136).

As questões epistemológicas são o centro das discussões, desenvolvendo duas tendências: o


racionalismo, sendo seu principal representante, Descartes, que, ao analisar o processo pelo qual a
razão atinge a verdade, cria a dúvida. O método cartesiano admite idéias inatas, independentes do
que vêm de fora. Estas são exclusivas da capacidade do pensamento.

O empirismo, corrente contrária, reconhece o processo de conhecimento como possibilidade da


experiência sensível, negando as idéias inatas. Seu principal representante é o inglês John Locke
(1632-1704), seguido do também inglês Francis Bacon (1561-1626). Este valoriza o método da
indução.

Juan Amós Comênius (1592-1670) é o maior educador deste período. Sua principal obra é
a Didática Magna, que tem a intenção de orientar um método de ensino onde se deveria partir do
simples para o complexo. Este pedagogo defende a educação para todos independente de sexo ou
classe social.

O bispo Fénelon (1651-1715) defende a educação feminina, que deve ser voltada a uma instrução
geral, levando em conta a formação moral para o desenvolvimento do papel de mães e esposas.

 
Na mesma época, em 1686, Madame de Maintenon, mulher de Luís XIV,
funda o colégio de Saint-Cyr. Ali ingressam meninas entre 7 e 12 anos,
permanecendo até  os 20 anos. Esse internato pretendia ser a alternativa
secularizada aos conventos femininos existentes, excessivamente
rigorosos na disciplina moral e negligente na formação intelectual
(ARANHA, 1989, p.143).

O Iluminismo acontece no século XVIII, conhecido como século das luzes. Ou seja, o poder da
razão de interpretar o mundo, surge o homem confiante, disposto a dominar a natureza para criar seu
futuro.

A influência dos jesuítas continua, porém, as questões políticas e econômicas levam a uma critica
deste modelo educacional em vários países. A Companhia de Jesus é expulsa no ano de 1773. Esta
ordem é suprimida pelo papa Clemente XIV, desarticulando o sistema escolar. Transformando a
Educação que, seguindo os interesses da aristocracia e as idéias liberais presentes, deve ser leiga
(não-religiosa) e livre (independente de privilégios de classe).

Surge a idéia de educação popular promovida pelo Marquês Condorcet, eleito deputado da
Assembléia Legislativa Francesa. Após a Revolução francesa, em 1792, cria o ano de Educação
pública, que prevê a Educação como responsabilidade do Estado destinada a todos os cidadãos. Seu
plano não é aprovado. Porém, levanta esta discussão. Em 1793, consegue aprovação pelas mãos de
Lepelletier, realçando a educação nacional.

Na prática, a Educação continua diferenciada de acordo com a classe social. Com Napoleão, a
educação primária é deixada a cargo do clero, já o Estado responsabiliza-se pelo ensino secundário.

As universidades permanecem calçadas nos ideais medievais, as academias correspondem às


necessidades sociais, pois, privilegiam matérias mais práticas.

O pensamento pedagógico iluminista floresce, podendo ser dividido em três principais vertentes, os
enciclopedistas, Rousseau e Kant.

Os enciclopedistas são representados por D’Lambert, Voltaire,  Rousseau entre outros. Para estes, a
Educação  tem o papel de expressar o ideal liberal, voltado  aos interesses da burguesia.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) critica o absolutismo, seu pensamento o homem é bom por
natureza, corrompendo-se em seu contato com a sociedade. No romance, Emílio descreve seu
projeto pedagógico, onde a criança é educada desde o nascimento para tornar-se um cidadão. Por sua
desconfiança com a sociedade, a criança deveria viver o mais livre possível, de preferência,
adquirindo seus conhecimentos a partir da experiência.

Immanuel Kant (1724-1804), para este filósofo, a educação tem como objetivo desenvolver a
faculdade da razão, levando a formação do caráter moral, é a forma como o homem atinge seus
objetivos individuais e sociais.

No Brasil, durante o período colonial, acontece uma grande disparidade entre o conhecimento formal
e o informal, onde a classe dominante mantém o monopólio do saber acadêmico, onde os filhos da
elite iam estudar na Europa, enquanto a grande maioria da população mantinha-se iletrada. 

1. Período Contemporâneo
As influências do século XIX, como a urbanização acelerada e o capitalismo industrial, criam um
panorama de forte expectativa com relação à educação, devido à maior complexidade do trabalho,
que exige mão de obra especializada. Acontece a universalização da escola secundária, clássica para
a elite burguesa e técnica para a formação do trabalhador.  As linhas filosóficas que orientam este
período são o Idealismo, de Fitche, Schelling e Hegel, as idéias socialistas, e o desenvolvimento das
ciências humanas.

O ensino universitário é ampliado e reformulado, aparecendo as escolas


politécnicas, tendo em vista as necessidades decorrentes do avanço
tecnológico.

Surgem as escolas da primeira infância, cujo precursor foi Froebel, seus


“jardins da infância”. A preocupação geral com a educação leva também
à formação de várias escolas normais visando a preparação para o
magistério (ARANHA, 1989, p.176)

Surgem preocupações com a formação da consciência nacional e com a metodologia. Bem como,
pedagógicas com fins sociais, salientando a formação da criança para a vida em sociedade. A
Educação associa-se ao bem-estar social, ao progresso e à transformação. A psicologia passa a
influenciar a educação infantil, procurando uma metodologia adequada ao seu processo de aquisição
do conhecimento.

Pestalozzi, Froebel Herbart e Spencer são alguns dos principais pedagogos do período.

No período Imperial, o Brasil não se destaca com uma postura pedagógica pautada em uma
identidade nacional, ou seja, não se institui uma proposta pedagógica eminentemente brasileira. O
que causa resultados extremamente insatisfatórios e díspares. Enquanto a elite tem sua educação
gerenciada pelo Império, a do povo é desqualificada, sendo deixada a cargo das províncias.

A contribuição de Hegel (1770-1831), Marx (1818-1883) e  Sigmund Freud (1856-1939) são


fundamentais para as mudanças que acontecem, a partir do final do séc. XIX. Esses teóricos trazem à
tona um novo paradigma no que tange à sociedade e ao próprio homem. Com uma problematização
ao sistema capitalista de produção e o surgimento da psicanálise, bem como a relação de
historicidade.

Século XX:

Cubismo, 1908, tratava as formas da natureza, por meio de formas geométricas. A representação do
mundo passava a não ter compromisso com a imagem real das coisas. A obra acima tem o título
de Homem no café,1914, Juan Gris.

        A educação, no século XX, passa a ter um caráter bem mais científico, que tem conseqüências
ambíguas. Se de um lado temos um avanço tecnológico revolucionário, de outro temos grandes
tragédias pautadas por esse avanço, como no caso das duas grandes Guerras Mundiais. Logicamente,
esses avanços refletem-se nos processos educacionais, transformando a própria escola, o papel do
professor, a concepção de aluno e da relação de autoridade nessas instituições de ensino.
        Nesse período,    foram de estrema importância, para a educação, teóricos como: Émile
Durkheim (1858-1917) que desenvolve a questão da sociologia, bem como sua relação com a
educação;  Jonh B. Watson (1878-1958) e Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), representantes do
Behaviorismo (psicologia comportamentalista); Wilhelm Dilthey (1833-1911), representante da
crítica ao naturalismo;  Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1941), representantes da
Gestalt; Jonh Dewey (1859-1952), representante da escola progressista.

Pop Art, 1956, pretendia demonstrar com suas obras a massificação da Cultura popular capitalista.
Procurava a estética das massas, tentando achar a definição do que seria a cultura Pop  
aproximando-se do que costuma chamar-se de kitsch. Fotografia da Sopa Campbell por Andy
Warhol.

A Escola Nova é um movimento de grande importância, no século XX, tendo como características
fundamentais a educação integral, ativa, prática, tendendo para uma prática individualizada,
propondo ao estudante uma aprendizagem autônoma. Representantes desse movimento são: Maria
Montessori (1870-1952) e Ovide Decroly (1871-1932).

A proposta Socialista tem sua grande representação na figura de Antonio Gramsci (1891-1937) que,
em sua proposta, pretende superar a dicotomia entre teoria e prática.

Temos como representantes das teorias educacionais não-diretivas Ivan Illich (1826-2002) traz a
proposta de uma sociedade desescolarizada. Carl Rogers (1902-1987) o qual levou para a educação
técnicas utilizadas em terapia. Alexander Neil (1883-1973), fundador da escola de Summerhill.

Já nas teorias progressistas,

Podem ser considerados precursores (...) os soviéticos Makarenko e


Pistrak e o italiano Gramsci. Recentemente é importante a contribuição
do francês Georges Snyders, do polonês Suchodolski e de muitos outros
como Bernard Charlot, Henry Giroux, Mabacorda, [Peter MacLaren] e
Lobrot (ARANHA, 1989, p. 234).

       

São inúmeros os teóricos que revolucionam a educação nesse século.  Jean Piaget (1896-1980) que
criou a epistemologia genética. Bem como a sua seguidora argentina, radicada no México, Emília
Ferreiro (1937) que realiza pesquisa sobre a construção da linguagem escrita.

Lev Vygotsky (1896-1934) é o teórico que trata do ensino como processo social e, ainda, Celestin
Freinet (1896-1966) que traz o trabalho e a cooperação como constitutivos do processo educativo.

        Henri Wallon (1879-1962) defendia uma educação integral. Pierre Bourdier (1930-2002)
desenvolveu uma teoria crítica a respeito da “pseudo” neutralidade da escola.

Grafite-arte surge a partir do movimento de contracultura de 1968. A imagem acima representa uma
fachada decorada em Olinda, Pernambuco.
No Brasil, as maiores referências estão nos educadores Anísio Teixeira (1900-1971), Florestan
Fernandes (1920-19950 e Paulo Freire (1921-1997).

Para Freire e Horton (2003), por exemplo, a educação só muda quando “as pessoas começam a
agarrar sua história com as próprias mãos”. Para estes autores, como para a maioria dos teóricos da
contemporaneidade somente um projeto realmente popular pode trazer transformações significativas
à sociedade.  

Freire (2003, p.203) comenta no seu livro dialogado com Horton

Há uma diferença qualitativa quando os líderes da classe trabalhadora


descobrem algo que é muito óbvio, isto é, descobrem que a educação que
reproduz a própria classe trabalhadora. (...) A intenção ideológica da
classe dominante não poderia ser outra.

        Como vimos, a educação é um processo que vem se construindo constantemente, assim como a
própria humanidade. Nos diferentes tempos, vem servindo, ora aos interesses de uns, ora de outros,
dependendo do tempo, espaço, enfim, do contexto social, no qual os sujeitos estão inseridos. Estes
estudiosos os quais, rapidamente, apresentamos, neste artigo, têm dado forte contribuição para
entendermos este processo.

Considerações Finais

A história da humanidade é permeada pela produção do conhecimento, que pretende transformar


homens e mundo. Cabe a nós, seres éticos e responsáveis, usar desse conhecimento, procurando tirar
o que temos de melhor para contribuir com a vida em sociedade.

Dentro de cada um de nós sempre cabe mais um saberzinho. Antes se


pensava que tinha uma idade para aprender e depois outra em que a
pessoa só servia para trabalhar ou para ‘ter filhos’. Mas hoje a gente sabe
que aprender pode ser por toda a vida. Eu sempre posso ser alguém
melhor do que eu já sou. Eu sempre posso aprender com os outros, com
os livros, com o mundo, e saber melhor o que eu já sei. E eu sempre
posso aprender o que eu não sei. E muita coisa de tudo isso a gente
aprende quando aprendeu bem a ler-e-escrever (BRANDÃO, 2005, p.50).

                                             

Referenciais Bibliográficos

 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1989

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Paulo Freire, O menino que lia o Mundo: Uma história de pessoas,
de letras e palavras. São Paulo: Editora UNESPE, 2005.

COTRIN, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e Grandes Temas. 16 ed. São Paulo:


Saraiva, 2006.

HORTON, Myles; FREIRE, Paulo. O Caminho se Faz Caminhando: Conversas sobre educação e


mudança social. Petrópolis, RJ: s.ed., 2003.

Sítios consultados

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http://warj.med.br/pub/img/gz-anubis.jpg <Acessado em 09/01/2010>

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cubismo <Acessado em 09/01/2010>

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:VanGogh-starry_night.jpg <Acessado em 09/01/2010>

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:SoupCanParody.jpg <Acessado em 09/01/2010>

http://pt.wikipedia.org/wiki/Grafite_(arte) <Acessado em 09/01/2010>

Revista Nova Escola Edição Especial, Grandes Pensadores, São Paulo: Editora Brasil S.A., Julho,
2009.

[1] O presente texto foi apresentado ao Curso de Formação de Professores de Espanhol como Língua
Estrangeira – Na disciplina de Psicologia da Educação, como material didático. 
[2]  Professora Efetiva – UFT- Universidade Federal do Tonantins, Pedagoga, Mestre em Educação,
Doutoranda – URGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

[3] Assessor Pedagógico 5ª Coordenadoria Regional de Educação – RS – Professora de Filosofia,


Pedagoga, Especialista em Gestão Escolar, Mestre em Educação pela Universidade Federal de
Pelotas.

[4] Doutoranda – FURG Universidade Federal do Rio Grande, Pedagoga, Mestre em educação.

[5] Licenciando em Matemática – UNINTER.

[6] Licencianda /Educação Física – FURG.

[7] Peleu arrebatando Tétis, pois a deusa recusava o casamento com um mero mortal.Staatliche
Museen zu Berlin - Preussischer Kulturbesitz, Berlin, 106, ca. 500, Assinado por Peithinos, inv. no.
F 2279.

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