Você está na página 1de 18

Neves Domingos Manuel

Etapas do desenvolvimento histórico da educação

Universidade Rovuma
Nampula
2022
Neves Domingos Manuel

Etapas do desenvolvimento histórico da educação

Trabalho de carácter avaliativo do curso de Licenciatura


em Ensino Básico na cadeira de Fundamentos de
Pedagogia regime laboral 1o semestre, a ser entregue ao
docente MA. Gilberto Daniel Rafael

Universidade Rovuma

Nampula

2022
Índice
Introdução..................................................................................................................................................1
1. ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO......................................2
1.1. Educação na idade primitiva........................................................................................................2
1.2. Educação na antiguidade clássica.................................................................................................2
1.3. Educação na idade media..............................................................................................................5
1.4. Educação na idade Moderna.........................................................................................................6
1.5. Educação na idade Moderna.........................................................................................................8
1.6. Educação na idade contemporânea............................................................................................10
1.6.1. Século XX:................................................................................................................................11
Conclusão.................................................................................................................................................14
Bibliografia..............................................................................................................................................15
Introdução
A educação se faz presente ao longo dos anos nas diversas sociedades existentes, ela é necessária
para que haja o desenvolvimento da sociedade, que o conhecimento não fique recluso a poucas
pessoas, e que o saber seja repassado de geração em geração. Souza (2018) afirma

que:

A educação está presente em todas as sociedades e passa por diversas mudanças


ao longo do tempo. A sociedade, de uma forma ou de outra, se educa – e a
educação molda o homem e, a depender da finalidade dela na sociedade, pode ser
utilizada como forma de dominação ou de libertação. É necessário que haja
educação para que a sociedade se desenvolva, tenha cidadãos críticos. A evolução
da educação está intrinsecamente ligada à evolução da sociedade.
Sabemos que a educação é um dos campos mais importantes na sociedade, a partir dela podemos
nos desenvolver como cidadão. O saber do indivíduo pode advir de diversos âmbitos, o familiar,
na comunidade e no âmbito escolar. De acordo com Brandão (1981)

(...) a educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as
pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo
que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. (...) A educação é,
como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e
recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade.

Pág. 1
1. ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO

1.1. Educação na idade primitiva


A arte Rupestre, feita na parede das cavernas, exposta acima, representa o período de 4.000 a.C.
Acredita-se que teriam uma finalidade ritualística.

O período primitivo corresponde à pré-história. Anterior à escrita, a educação primitiva tem


como objetivo ajustar a criança em seu ambiente físico e social através da aquisição das
experiências. O saber, neste período, é disponível a qualquer pessoa, não existe divisão social.
Os chefes de família são os professores.

As mudanças na educação ocorrem com a revolução neolítica, onde é fixada uma divisão
educativa, paralela à divisão do trabalho. (homem/mulher).

1.2. Educação na antiguidade clássica


No período antigo, acontecem transformações fundamentais para nossa cultura, tornando-a cada
vez mais científica, mais especializada de forma diferenciada entre si, tanto pelos objetivos,
quanto pelos métodos.

Encontram-se diferentes modelos de Educação, de acordo com o período a que corresponde e a


localização geográfica; característica fundamental é o surgimento da escrita e do Estado na
antiguidade oriental, diferenciando-se entre si.

1.2.1. Egípcia - Este povo desenvolve a escrita a partir de 3500 a.C. em hieróglifos. O
conhecimento é reservado aos altos funcionários, sacerdotes e militares.
Posteriormente, o conhecimento passa a ser difundido, porém aos níveis mais altos,
ao qual só tem acesso a classe dominante. Criam-se escolas para o povo, para filhos
de funcionários. Seu funcionamento acontece nos templos, conta com forte teor
religioso, não esquecendo as questões práticas, assim, formam médicos, engenheiros
e arquitetos

Arte Egípcia 3.000 a.C., representa o dia-a-dia da civilização, marcada por diferentes momentos
históricos. A figura acima mostra o deus egípcio Anúbis e a mumificação.

Pág. 2
1.2.2. Babilônia - Predomina o poder da classe sacerdotal, para os babilônicos, estes
possuem bibliotecas, noções de astrologia, procuram a aplicação prática do
conhecimento. Para este povo, a ciência mistura-se à magia.
1.2.3. Índia- É uma civilização marcada pela divisão social em castas, onde todos derivam
do corpo do Deus Brahma, a Educação acontece de forma discriminatória,
privilegiando os brames; aos sudras e párias é negada qualquer forma de Educação;
sofre também influência do budismo.
1.2.4. China- A Educação é conservadora mantendo-se até recentemente voltada à
transmissão, apoiada nos livros interpretativos de Lao Tsé e Confúcio que datam do
terceiro milênio a.C.
1.2.5. Hebreus- Sua educação é marcada pela religiosidade, professada pelos profetas,
acontece nas sinagogas, nela se aprendem as verdades da Bíblia, especificamente do
Antigo testamento. São politeístas, valorizam a educação manual.

As propostas pedagógicas Orientais da antiguidade baseiam-se nos livros sagrados, possuem o


objetivo da educação moral de acordo com a vida religiosa, impostos por cada civilização.

1.2.6. Antiguidade Grega- o período arcaico, século VIII a VI a.C., traz grandes
transformações no campo político e social, surgimento da Pólis (cidades-Estado), do
comércio e, consequentemente, das classes sociais, da moeda.

Essas transformações são fundamentais para o surgimento do pensamento filosófico, considera-


se como período clássico (séculos V e IV a.C.). Neste período, surge a ideia pedagógica
associada à formação do cidadão, este modelo influenciou toda a educação do Ocidente.

Surgem as ciências como astronomia, geometria e matemática. O homem busca uma explicação
racional que explique a origem, o primeiro princípio de todas as coisas; é dada a supremacia à
razão.

A educação tem como princípio a formação do cidadão, completo e virtuoso, para tanto é
necessário um modelo que abranja corpo e mente; concomitantemente com o surgimento do
pensamento filosófico surge a palavra Paidéia.

Por volta do século v a.C. é criada a palavra Paidéia, que de início significa apenas
‘criação dos meninos’ (pais, paidós, ‘criança’). Mas com o tempo, a palavra adquire
nuanças que tornam intraduzível. Werner Jaeger, famoso helenista alemão escreveu uma

Pág. 3
obra com esse nome, diz: Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como
civilização, cultura, tradição, literatura ou educação; nenhuma delas, porém, coincide
realmente com o que os gregos entendiam por Paidéia. Cada um daqueles termos se limita
a exprimir um aspeto daquele conceito global e, para abranger o campo total do conceito
grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez (ARANHA, 1989, p. 37).
Existem subdivisões na Educação Grega. O período, conhecido como homérico, visa à formação
do nobre. A criança permanece com a mãe até os 7 anos de idade. A infância era uma fase de
passagem, a partir deste momento a criança passava a frequentar locais próprios para o seu
desenvolvimento, sendo que existe uma divisão educacional por gênero, assim, a menina fica em
casa aprendendo as artes do lar.

A escola permanece sendo o local da elite, a cultura Grega é transmitida através de eventos
sociais.

Esparta e Atenas são as principais cidades-estado deste período e apresentam modelos


diferenciados de Educação; Esparta volta-se para a formação do guerreiro, a partir dos 7 anos o
menino era retirado do seio familiar, passando aos cuidados do Estado. A Educação era pública,
rígida, voltada, principalmente, para as atividades físicas, não descuidando do estudo da música,
canto e dança. Conforme a criança cresce, a disciplina aumenta. O guerreiro Espartano é educado
para suportar a dor e obedecer. A mulher tem destaque neste período, participa de atividades
físicas e de festividades.

Atenas difunde a educação a todos os cidadãos livres, devido a sua grande influência e, por se
tratar do berço da filosofia, o ideal do povo ateniense é o culto, os rapazes eram instruídos nas
letras e filosofia, pelos mestres, na primeira fase era acompanhado pelo pedagogo (escravo que
tinha como função orientar as primeiras letras e a atividade física, por volta dos 18 anos após um
rito de passagem adentrava a vida cidadã, os mestres são os filósofos.

Os Pré-Socráticos (séculos VII e VI a.C.) são responsáveis pela separação do pensamento mítico
e racional. No período Socrático, conhecido como Clássico (séculos V e VI a.C.), desenvolve-se
a Filosofia, o sistema filosófico de Sócrates, com seu método, nada ortodoxo de parturiar ideia,
inaugura a busca da própria verdade. Este mesmo filósofo repudia os Sofistas, primeiros
filósofos que fazem papel de professores, cobrando por seus serviços itinerantes, ensinavam a
arte da retórica.

Pág. 4
Platão, discípulo de Sócrates desenvolve sua teoria do conhecimento representada na Alegoria
da Caverna, onde o conhecimento seria a possibilidade de salvação. Defende o dualismo, corpo e
alma e teria como objetivo a formação do cidadão. Aristóteles volta-se para a ética, entendendo o
homem como um animal que possui natureza política.

A influência fundamental deste período dá-se no campo da Educação de uma preocupação


pedagógica, abrangendo corpo e alma.

1.2.7. Educação Romana- possui caráter prático e formação civil e familiar. O cidadão
possui consciência do direito romano. O pai é figura central, a mulher possui
valorização na família, possuindo um papel educativo, para a formação do futuro
cidadão. A partir do século II a.C., as escolas organizam-se segundo o modelo Grego,
existem também escolas destinadas às classes inferiores para a formação profissional.

Arte Greco-Romana 700 a.C. Este período influencia a história da humanidade, sendo o primeiro
período a valorizar o homem. A obra acima representa o casamento de Peleu e Tétis[7]. A deusa
recusava o casamento com um simples mortal

A queda do império Romano, cria uma fragmentação no mundo, o cristianismo é responsável


pela sua unificação.

A idade Média abarca um período tão extenso que é difícil caracterizá-la sem incorrer no
risco da simplificação. Afinal são mil anos entre a queda do Império Romano (476) e a
tomada de Constantinopla pelos turcos (!457).
A alta Idade Média, período que sucede à queda do Império, é caracterizada por um
estado de degradação da antiga ordem e pela divisão em diversos reinos bárbaros,
formando após as sucessivas invasões.
Até o século X dá-se uma transformação lenta, que consiste na passagem do escravismo,
o modo de produção da Antiguidade Greco-romana, para o feudalismo, o novo modo de
produção da Idade Média (ARANHA, 1989, p.80).

1.3. Educação na idade media


Arte Bizantina, Século V, expressão artística de caráter religioso, dos primórdios do cristianismo,
serve de fonte de instrução e guia espiritual aos fiéis. A imagem acima mostra o Cristo, da
Basílica de Santa Sofia.

O período medieval representa mais de 1000 anos, contando com Idade média alta e baixa; a
Educação desenvolve-se subordinada à Igreja. Todo conhecimento está a serviço da fé, este deve

Pág. 5
revelar as verdades de Deus a autoridade indiscutível está presente nos textos sagrados. A razão
deve conciliar-se com a fé. Este conhecimento é reservado ao poder eclesiástico. Desenvolvem-
se, neste momento histórico, diferentes modelos pedagógicos para classes sociais distintas,
surgem os colégios com alunos e professores, os quais servem a autoridade da igreja, ou outro
poder que a represente.

A função pedagógica é a evangelização, a revelação das verdades divinas e a salvação das almas
para a vida eterna.

O quadro filosófico distingue-se em dois momentos: a Patrística (século II até o século V), que
tem como objetivo a defesa da fé cristã e a conversão. Seu principal representante é Santo
Agostinho (354-430), que retoma os textos de Platão, considera o conhecimento como as
verdades eternas advindas da iluminação divina, sendo necessário, para tanto, o uso do intelecto,
já que o conhecimento é uma experiência pessoal; a Escolástica (século IX até XIV):” Chama-se
Escolástica por ser a filosofia ensinada nas escolas. Scholasticus é o professor das artes liberais.
Mais tarde é assim conhecido o professor de filosofia e teólogo, oficialmente chamado magíster”
(História da Educação-p.94).

O principal representante da Escolástica é Santo Tomás de Aquino (1225-1274), retoma


Aristóteles, adaptando-a as orientações cristãs. A Educação, segundo o filósofo, é a forma de
atingir a verdade e o bem, superando as tentações mundanas. Neste período, criam-se as
universidades, destinadas à medicina, ao direito e à teologia. Estas disciplinas representam o
currículo central das universidades, sem dispensar os estudos anteriores do trivium (arte,
gramática e retórica) quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia).

1.4. Educação na idade Moderna


O renascimento é o período compreendido entre os séculos XV e XVI; neste contexto, diversos
acontecimentos promovem uma mudança na conceção de homem e da própria sociedade.

As grandes descobertas alargam horizontes geográficos, a revolução comercial promove a classe


burguesa e o capitalismo, consequentemente, acontece a formação das monarquias nacionais. A
Reforma Protestante, promovida por Lutero e Calvino, representa a renovação da autoridade da
Igreja, centrada no poder papal. Como resposta, a Igreja Católica promove a Contrarreforma,
com a intenção de renovar a fé cristã, promovendo a inquisição e os seminários. Surgem, daí

Pág. 6
diversas ordens religiosas, principalmente, o colégio jesuíta, que possui a conceção da escola
tradicional europeia e a catequização do novo mundo; o humanismo busca a imagem de um novo
homem e da cultura.

A educação representa uma grande preocupação para este período:

É impressionante a preocupação com a educação no Renascimento (sobretudo em


comparação com a Idade Média), não só pela produção teórica dos pedagogos, mas
principalmente pela proliferação de colégios e manuais para alunos e professores. Educar-
se torna-se uma questão de moda e uma exigência dentro da nova conceção do homem
(ARANHA, 1989, p. 94).
A expansão da escola, neste período, destina-se ao homem da pequena nobreza e da burguesia
que busca educar-se para a vida política e seus negócios; a classe alta educa-se com preceptores
em seus castelos; a escola volta-se a uma melhor preparação da criança devido à nova imagem da
infância e da família.

Acontece a separação do mundo infantil e adulto. Os alunos são submetidos a uma severa
disciplina; a escola passa a cuidar da formação moral do aluno; o regime de estudo é extenso,
dando continuidade ao trivium e quadrivium.

O ensino universitário encontra-se em decadência, dando espaço para as academias, instituições


privadas de alto nível, destinadas ao ensino literário ou filosófico. Com o renascimento
científico, no século XVII, surgem academias científicas.

O protestantismo, através de Lutero, trava uma batalha em busca da educação universal, primária
para todos, tendo o Estado como responsável por esta.

A pedagogia humanista representa a difusão dos valores burgueses, procura por uma base
natural, sem intenções religiosas, busca uma autonomia. As reflexões pedagógicas estão
presentes na filosofia, não se distinguindo desta. Como representantes desse momento histórico
temos: Juan Luís Vives (1492-1540), Erasmo de Rotterdam (1467-1536), François Rebelais
(1494-1553) e Michel Montaigne (1533-1592).

No Brasil, desde o início da colonização, a catequese como atividade missionária contribui de


forma central para a dominação metropolitana. Desse modo, a educação assume papel de agente
colonizador.

Pág. 7
Romantismo (1780) foi um movimento artístico. É um movimento contrário ao racionalismo, e a
busca de um nacionalismo, designa uma visão de mundo centrada no indivíduo.

1.5. Educação na idade Moderna


Impressionismo (1875): a luz e o movimento tornam-se o principal elemento da pintura. Os
artistas deste período procuram ver o quadro como obra em si mesma. Acima, temos A noite
estrelada de Van Gogh, 1889.

A Educação do século XVII esforça-se pela obrigatoriedade da escola, criando leis, programas e
níveis para tal. Porém, o monopólio das escolas permanece com a Companhia de Jesus, que
representa o modelo tradicional com base na Escolástica.

O pensamento pedagógico moderno é realista. Segundo ele, o conhecimento deve partir da


compreensão das coisas, voltado para a vida prática. Neste contexto, surge a nova escola.

Nesse século surge outro tipo de estabelecimento de ensino, as academias científicas.


Devido ao progresso da ciência, e estando as universidades decadentes (exceto na
Alemanha), os cientistas associam para troca de experiências e publicações. São
importantes a Academia de Ciência (1660), da qual participam Descartes, Pascal e
Newton, e Real Sociedade de Londres (1662) e a academia de Berlim (1700) (ARANHA,
1989, p.136).
As questões epistemológicas são o centro das discussões, desenvolvendo duas tendências: o
racionalismo, sendo seu principal representante, Descartes, que, ao analisar o processo pelo qual
a razão atinge a verdade, cria a dúvida. O método cartesiano admite ideias inatas, independentes
do que vêm de fora. Estas são exclusivas da capacidade do pensamento.

O empirismo, corrente contrária, reconhece o processo de conhecimento como possibilidade da


experiência sensível, negando as ideias inatas. Seu principal representante é o inglês John Locke
(1632-1704), seguido do também inglês Francis Bacon (1561-1626). Este valoriza o método da
indução.

Juan Amós Comênius (1592-1670) é o maior educador deste período. Sua principal obra é a
Didática Magna, que tem a intenção de orientar um método de ensino onde se deveria partir do
simples para o complexo. Este pedagogo defende a educação para todos independente de sexo ou
classe social.

Pág. 8
O bispo Fénelon (1651-1715) defende a educação feminina, que deve ser voltada a uma
instrução geral, levando em conta a formação moral para o desenvolvimento do papel de mães e
esposas.

Na mesma época, em 1686, Madame de Maintenon, mulher de Luís XIV, funda o colégio de Saint-Cyr.
Ali ingressam meninas entre 7 e 12 anos, permanecendo até os 20 anos. Esse internato pretendia ser a
alternativa secularizada aos conventos femininos existentes, excessivamente rigorosos na disciplina moral
e negligente na formação intelectual (ARANHA, 1989, p.143).
O Iluminismo acontece no século XVIII, conhecido como século das luzes. Ou seja, o poder da
razão de interpretar o mundo, surge o homem confiante, disposto a dominar a natureza para criar
seu futuro.

A influência dos jesuítas continua, porém, as questões políticas e econômicas levam a uma
critica deste modelo educacional em vários países. A Companhia de Jesus é expulsa no ano de
1773. Esta ordem é suprimida pelo papa Clemente XIV, desarticulando o sistema escolar.
Transformando a Educação que, seguindo os interesses da aristocracia e as ideias liberais
presentes, deve ser leiga (não-religiosa) e livre (independente de privilégios de classe).

Surge a ideia de educação popular promovida pelo Marquês Condorcet, eleito deputado da
Assembleia Legislativa Francesa. Após a Revolução francesa, em 1792, cria o ano de Educação
pública, que prevê a Educação como responsabilidade do Estado destinada a todos os cidadãos.
Seu plano não é aprovado. Porém, levanta esta discussão. Em 1793, consegue aprovação pelas
mãos de Lepelletier, realçando a educação nacional.

Na prática, a Educação continua diferenciada de acordo com a classe social. Com Napoleão, a
educação primária é deixada a cargo do clero, já o Estado responsabiliza-se pelo ensino
secundário.

As universidades permanecem calçadas nos ideais medievais, as academias correspondem às


necessidades sociais, pois, privilegiam matérias mais práticas.

O pensamento pedagógico iluminista floresce, podendo ser dividido em três principais vertentes,
os enciclopedistas, Rousseau e Kant.

Pág. 9
Os enciclopedistas são representados por D’Lambert, Voltaire, Rousseau entre outros. Para estes,
a Educação tem o papel de expressar o ideal liberal, voltado aos interesses da burguesia.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) critica o absolutismo, seu pensamento o homem é bom por
natureza, corrompendo-se em seu contato com a sociedade. No romance, Emílio descreve seu
projeto pedagógico, onde a criança é educada desde o nascimento para tornar-se um cidadão. Por
sua desconfiança com a sociedade, a criança deveria viver o mais livre possível, de preferência,
adquirindo seus conhecimentos a partir da experiência.

Immanuel Kant (1724-1804), para este filósofo, a educação tem como objetivo desenvolver a
faculdade da razão, levando a formação do caráter moral, é a forma como o homem atinge seus
objetivos individuais e sociais.

No Brasil, durante o período colonial, acontece uma grande disparidade entre o conhecimento
formal e o informal, onde a classe dominante mantém o monopólio do saber acadêmico, onde os
filhos da elite iam estudar na Europa, enquanto a grande maioria da população mantinha-se
iletrada.

1.6. Educação na idade contemporânea


As influências do século XIX, como a urbanização acelerada e o capitalismo industrial, criam um
panorama de forte expectativa com relação à educação, devido à maior complexidade do
trabalho, que exige mão de obra especializada. Acontece a universalização da escola secundária,
clássica para a elite burguesa e técnica para a formação do trabalhador. As linhas filosóficas que
orientam este período são o Idealismo, de Fitche, Schelling e Hegel, as ideias socialistas, e o
desenvolvimento das ciências humanas.

O ensino universitário é ampliado e reformulado, aparecendo as escolas politécnicas,


tendo em vista as necessidades decorrentes do avanço tecnológico.
Surgem as escolas da primeira infância, cujo precursor foi Froebel, seus “jardins da
infância”. A preocupação geral com a educação leva também à formação de várias
escolas normais visando a preparação para o magistério (ARANHA, 1989, p.176)
Surgem preocupações com a formação da consciência nacional e com a metodologia. Bem como,
pedagógicas com fins sociais, salientando a formação da criança para a vida em sociedade. A
Educação associa-se ao bem-estar social, ao progresso e à transformação. A psicologia passa a

Pág. 10
influenciar a educação infantil, procurando uma metodologia adequada ao seu processo de
aquisição do conhecimento.

Pestalozzi, Froebel Herbart e Spencer são alguns dos principais pedagogos do período.

No período Imperial, o Brasil não se destaca com uma postura pedagógica pautada em uma
identidade nacional, ou seja, não se institui uma proposta pedagógica eminentemente brasileira.
O que causa resultados extremamente insatisfatórios e díspares. Enquanto a elite tem sua
educação gerenciada pelo Império, a do povo é desqualificada, sendo deixada a cargo das
províncias.

A contribuição de Hegel (1770-1831), Marx (1818-1883) e Sigmund Freud (1856-1939) são


fundamentais para as mudanças que acontecem, a partir do final do séc. XIX. Esses teóricos
trazem à tona um novo paradigma no que tange à sociedade e ao próprio homem. Com uma
problematização ao sistema capitalista de produção e o surgimento da psicanálise, bem como a
relação de historicidade.

1.6.1. Século XX:


Cubismo, 1908, tratava as formas da natureza, por meio de formas geométricas. A representação
do mundo passava a não ter compromisso com a imagem real das coisas. A obra acima tem o
título de Homem no café, 1914, Juan Gris.

A educação, no século XX, passa a ter um caráter bem mais científico, que tem
consequências ambíguas. Se de um lado temos um avanço tecnológico revolucionário, de outro
temos grandes tragédias pautadas por esse avanço, como no caso das duas grandes Guerras
Mundiais. Logicamente, esses avanços refletem-se nos processos educacionais, transformando a
própria escola, o papel do professor, a conceção de aluno e da relação de autoridade nessas
instituições de ensino.

Nesse período, foram de estrema importância, para a educação, teóricos como: Émile
Durkheim (1858-1917) que desenvolve a questão da sociologia, bem como sua relação com a
educação; John B. Watson (1878-1958) e Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), representantes
do Behaviorismo (psicologia comportamentalista); Wilhelm Dilthey (1833-1911), representante
da crítica ao naturalismo; Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1941),
representantes da Gestalt; John Dewey (1859-1952), representante da escola progressista.

Pág. 11
Pop Art, 1956, pretendia demonstrar com suas obras a massificação da Cultura popular
capitalista. Procurava a estética das massas, tentando achar a definição do que seria a cultura Pop
aproximando-se do que costuma chamar-se de kitsch. Fotografia da Sopa Campbell por Andy
Warhol.

A Escola Nova é um movimento de grande importância, no século XX, tendo como


características fundamentais a educação integral, ativa, prática, tendendo para uma prática
individualizada, propondo ao estudante uma aprendizagem autônoma. Representantes desse
movimento são: Maria Montessori (1870-1952) e Ovide Decroly (1871-1932).

A proposta Socialista tem sua grande representação na figura de Antonio Gramsci (1891-1937)
que, em sua proposta, pretende superar a dicotomia entre teoria e prática.

Temos como representantes das teorias educacionais não-diretivas Ivan Illich (1826-2002) traz a
proposta de uma sociedade desencolerizada. Carl Rogers (1902-1987) o qual levou para a
educação técnicas utilizadas em terapia. Alexander Neil (1883-1973), fundador da escola de
Summerhill.

Já nas teorias progressistas,

Podem ser considerados precursores (...) os soviéticos Makarenko e Pistrak e o italiano


Gramsci. Recentemente é importante a contribuição do francês Georges Snyders, do
polonês Suchodolski e de muitos outros como Bernard Charlot, Henry Giroux,
Mabacorda, [Peter MacLaren] e Lobrot (ARANHA, 1989, p. 234).
São inúmeros os teóricos que revolucionam a educação nesse século. Jean Piaget (1896-1980)
que criou a epistemologia genética. Bem como a sua seguidora argentina, radicada no México,
Emília Ferreiro (1937) que realiza pesquisa sobre a construção da linguagem escrita.

Lev Vygotsky (1896-1934) é o teórico que trata do ensino como processo social e, ainda,
Celestin Freinet (1896-1966) que traz o trabalho e a cooperação como constitutivos do processo
educativo.

Henri Wallon (1879-1962) defendia uma educação integral. Pierre Bourdier (1930-2002)
desenvolveu uma teoria crítica a respeito da “pseudo” neutralidade da escola.

Grafite-arte surge a partir do movimento de contracultura de 1968. A imagem acima representa


uma fachada decorada em Olinda, Pernambuco.

Pág. 12
No Brasil, as maiores referências estão nos educadores Anísio Teixeira (1900-1971), Florestan
Fernandes (1920-19950 e Paulo Freire (1921-1997).

Para Freire e Horton (2003), por exemplo, a educação só muda quando “as pessoas começam a
agarrar sua história com as próprias mãos”. Para estes autores, como para a maioria dos teóricos
da contemporaneidade somente um projeto realmente popular pode trazer transformações
significativas à sociedade.

Freire (2003, p.203) comenta no seu livro dialogado com Horton

Há uma diferença qualitativa quando os líderes da classe trabalhadora descobrem algo


que é muito óbvio, isto é, descobrem que a educação que reproduz a própria classe
trabalhadora. (...) A intenção ideológica da classe dominante não poderia ser outra .

Como vimos, a educação é um processo que vem se construindo constantemente, assim


como a própria humanidade. Nos diferentes tempos, vem servindo, ora aos interesses de uns, ora
de outros, dependendo do tempo, espaço, enfim, do contexto social, no qual os sujeitos estão
inseridos. Estes estudiosos os quais, rapidamente, apresentamos, neste artigo, têm dado forte
contribuição para entendermos este processo.

Pág. 13
Conclusão
A história da humanidade é permeada pela produção do conhecimento, que pretende transformar
homens e mundo. Cabe a nós, seres éticos e responsáveis, usar desse conhecimento, procurando
tirar o que temos de melhor para contribuir com a vida em sociedade.
Dentro de cada um de nós sempre cabe mais um saberzinho. Antes se pensava que tinha
uma idade para aprender e depois outra em que a pessoa só servia para trabalhar ou para
‘ter filhos’. Mas hoje a gente sabe que aprender pode ser por toda a vida. Eu sempre
posso ser alguém melhor do que eu já sou. Eu sempre posso aprender com os outros, com
os livros, com o mundo, e saber melhor o que eu já sei. E eu sempre posso aprender o que
eu não sei. E muita coisa de tudo isso a gente aprende quando aprendeu bem a ler-e-
escrever (BRANDÃO, 2005, p.50).

Pág. 14
Bibliografia
Aranha, M. L. (1989). História da Educação. Sao Paulo: Moderna.

Brandão, C. R., & Freire, P. (2005). O menino que lia o Mundo: Uma história de pessoas, de letras e
palavras. Sao Paulo: Editora UNESPE.

Cátia Regina de Oliveira, S., & Marcos, N. (2007). A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA. Em A. Maria Lúcia de
Arruda, & M. Maria Helena Pires, Filosofando: introdução à filosofia (pp. 132-138). Sao Paulo:
Moderna.

Cotrin, G. (2018). Fundamentos da Filosofia: História e Grandes Temas (16a ed ed.). Sao Paulo: Saaiva.

Horton, M., & Freire, P. (2003). O Caminho se Faz Caminhando: Conversas sobre educação e mudança
social. Petrópolis, RJ: s.ed.

Ribeiro, E. d., Azevedo, M. S., Saggiomo, T. G., Vieira, B. A., & Ribeiro, L. S. (15 de Abr de 2022). BREVE
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO. Obtido de Revista Gestao Universitaria: gestaouniversitaria.com.br

Pág. 15

Você também pode gostar