Você está na página 1de 40

DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA

DIDÁTICA E TENDÊNCIAS
PEDAGÓGICAS - I

Prof. João Claudio Celestino


A RENASCENÇA

O Renascimento (ou Renascença, Renascentismo) foi, ao
mesmo tempo, um período histórico e um movimento
cultural, intelectual e artístico surgido na Itália, entre os
séculos XIV e XVII, e atingiu seu ápice no século XVI. Como
sabemos, renascimento significa, literalmente, nascer
novamente. Por isso, esse termo foi utilizado para indicar o
movimento de retomada da cultura clássica greco-romana.
Como sabemos, renascimento significa, literalmente, nascer
novamente.

Por isso, esse termo foi utilizado para indicar o movimento


de retomada da cultura clássica greco-romana.
O Renascimento está situado num período de transição entre
a Idade Média e a Modernidade, o que corresponde ao final
do Feudalismo e início do Capitalismo.
Naquele momento, uma importante mudança no modo de
perceber o mundo estava ocorrendo: passava-se de um
pensamento predominantemente teocêntrico - onde tudo
se explica a partir de uma origem divina - para uma visão de
mundo antropocêntrica, onde o homem assume papel
central em relação ao universo.
- Transição da Idade Média para Idade Moderna.
- Movimento que começou na Itália por volta do século XV
devido ao grande desenvolvimento econômico das
cidades italianas (Genova, Veneza, Milão, etc).
- Forte burguesa mercantil que vai exercer o monopólio do
mar mediterrâneo e das famosas especiarias (cravo,
canela, pimenta e noz moscada)
- Desenvolvimento das cidades(urbanismo)
- Instituição do mecenato (mecenas) patrocínio a arte e os
artistas. Burguesia procurando status social e Igreja
buscando propagar ideais cristãos.
- Ressurgimento do pensamento clássico, principalmente
grego (civilização que não se orientava apenas pela religião,
valorizava o ser humano)
Características

- humanismo (valorização do homem e da natureza -


estão acima do divino )
- crítica a cultura e valores medievais pela burguesia, uma
vez que a Igreja difunde que o lucro é pecado (usura)
- O homem como centro do universo (antropocentrismo)
- Racionalismo (a razão passa a ser a grande busca do
homem) :Deus dá para o homem a razão e através dela
podemos entender o mundo ou seja, a própria obra de
Deus.
- Esses fatores vão desenvolver o individualismo (ideia
de que cada um é responsável pela condução de sua
vida, capaz de fazer escolhas)
Nesse sentido, o Renascimento pode ser entendido
como um elemento de ruptura, no plano cultural,
com a estrutura medieval.
Resumo:
- Conhecido como o século das luzes;
- Interesse pela educação grega e romana;
- Privilégio aos que detinham o poder;
- Principais pensadores: João Amós  e 
Jean-Jacques Rousseau.
A PEDAGOGIA DENTRO DA RENASCENÇA
- a escola humanista foi criada
- o descobrimento de um através dos conhecimentos gregos
novo homem, livre e e romanos; os estudos passaram a

com personalidade, ser mais leves, voltados ao espírito


de liberdade e de crítica, buscando
respeitando suas
a aquisição de conhecimentos
concepções políticas ou
voltados às áreas literárias,
religiosas;
linguísticas, realistas e científicas.
- Dentro ainda do período Renascentista encontramos a
Reforma Religiosa, conhecida como período REFORMA
ou REFORMA PROTESTANTE.

- Na Pedagogia da religião reformada encontramos muitos


educadores e pedagogistas. Entre eles, temos um de
grande destaque:
Lutero, Martinho (1483-1546): para ele, a educação estaria
sendo melhor aproveitada fosse desvencilhada dos dogmas
da igreja e passassem a ser dependentes do Estado.

Assim sendo: “o ensino poderia atingir todo o povo, nobres e


plebeus, ricos e pobres, meninos e meninas” (PILETTI, 1987,
p. 106).
Cabe ressaltar, que Lutero buscava informar que ao Estado
“caberia tornar a frequência “a escola obrigatória” e cuidar
para que todos os seus súditos cumprissem a
obrigatoriedade de enviar seus filhos à escola” (PILETTI,
1987, p. 106).
A Igreja Católica vendo todo este movimento, relacionado
também às reformas educacionais, e com a perda de fiéis,
busca ações dentro da própria igreja com a
CONTRARREFORMA, que foi a convocação do Concílio de
Trento, no ano de 1546.
O termo "Didática" aparece quando:

- os adultos começam a intervir na atividade de


aprendizagem das crianças e jovens através da direção
deliberada e planejada do ensino, ao contrário das formas de
intervenção mais ou menos espontâneas de antes.
- Estabelecendo-se uma intenção propriamente
pedagógica na atividade de ensino, a escola se torna
uma instituição,
- o processo de ensino passa a ser sistematizado
conforme níveis, tendo em vista a aducação às
possibilidades das crianças, às idades e ritmo de as-
similação dos estudos.
A formação da teoria didática para investigar as ligações
entre ensino e aprendizagem e suas leis ocorre no século
XVII, quando João Amós Comênio (1592-1670), um
pastor protestante, escreve a primeira obra clássica sobre
Didática, a Didática Magna.
A DIDÁTICA DE COMÊNIO SE ASSENTAVA NOS
SEGUINTES PRINCÍPIOS:

1) A finalidade da educação é conduzir à felicidade eterna com


Deus, pois é uma força poderosa de regeneração da vida humana.
Todos os homens merecem a sabedoria, a moralidade e a religião,
porque todos, ao realizarem sua própria natureza, realizam os
desígnios de Deus. Portanto, a educação é um direito natural de
todos.
2) Por ser parte da natureza, o homem deve ser educado de
acordo com o seu desenvolvimento natural, isto é, de acordo
com as características de idade e capacidade para o
conhecimento.
Conseqüentemente, a tarefa principal da Didática é estudar
essas características e os métodos de ensino
correspondentes, de acordo com a ordem natural das coisas.
3) A assimilação dos conhecimentos não se dá
instantaneamente, como se o aluno registrasse de forma
mecânica na sua mente a informação do professor, como o
reflexo num espelho. No ensino, ao invés disso, tem um
papel decisivo a percepção sensorial das coisas.
Os conhecimentos devem ser adquiridos a partir da
observação das coisas e dos fenômenos, utilizando e
desenvolvendo sistematicamente os órgãos dos sentidos.
4) O método intuitivo consiste, assim, da observação direta,
pelos órgãos dos sentidos, das coisas, para o registro das
impressões na mente do aluno. Primeiramente as coisas,
depois as palavras. O planejamento de ensino deve obedecer
o curso da natureza infantil; por isso as coisas devem ser
ensinadas uma de cada vez.
Não se deve ensinar nada que a criança não possa
compreender. Portanto, deve-se partir do conhecido
para o desconhecido.
- partindo da observação e da experiência sensorial,
mantinha-se o caráter transmissor do ensino;

- embora procurando adaptar o ensino às fases do


desenvolvimento infantil, mantinha-se o método único e o
ensino simultâneo a todos.
CARACTERÍSTICAS:
- ideia de que a única via de acesso dos conhecimentos é
a experiência sensorial com as coisas não é suficiente,
primeiro porque nossas percepções frequentemente nos
enganam, segundo, porque já há uma experiência social
acumulada de conhecimentos sistematizados que não
necessitam ser descobertos novamente.
Entretanto, Comênio desempenhou uma influência
considerável, não somente porque empenhou-se em
desenvolver métodos de instrução mais rápidos e eficientes,
mas também porque desejava que todas as pessoas
pudessem usufruir dos benefícios do conhecimento.
Sabemos que, na história, as ideias, principalmente quando
são muito inovadoras para a época, costumam demorar para
terem efeito prático.
No século XVII, em que viveu Comênio, e nos séculos
seguintes, ainda predominavam práticas escolares da Idade
Média: ensino intelectualista, verbalista e dogmático,
memorização e repetição mecânica dos ensinamentos do
professor.
Nessas escolas:

- não havia espaço para ideias próprias dos alunos,


- ensino era separado da vida, mesmo porque ainda
era grande o poder da religião na vida social.
- Enquanto isso, porém, foram ocorrendo intensas
mudanças nas formas de produção, havendo um
grande desenvolvimento da ciência e da cultura.

- Foi diminuindo o poder da nobreza e do clero e


aumentando o da burguesia.
Na medida em que esta se fortalecia como classe social,
disputando o poder econômico e político com a nobreza, ia
crescendo também a necessidade de um ensino ligado às
exigências do mundo da produção e dos negócios e, ao
mesmo tempo, um ensino que contemplasse o livre desen-
volvimento das capacidades e interesses individuais.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778) foi um pensador que
procurou interpretar essas aspirações, propondo uma
concepção nova de ensino, baseada nas necessidades e
interesses imediatos da criança.
1) A preparação da criança para a vida futura deve basear-se
no estudo das coisas que correspondem às suas
necessidades e interesses atuais. Antes de ensinar as
ciências, elas precisam ser levadas a despertar o gosto pelo
seu
ASestudo.
IDEIAS MAIS IMPORTANTES DE ROUSSEAU SÃO AS
SEGUINTES:
- Os
  verdadeiros professores são a natureza, a experiência e
o sentimento.
O contato da criança com o mundo que a rodeia é que
desperta o interesse e suas potencialidades naturais.

Em resumo: são os interesses e necessidades imediatas


do aluno que determinam a organização do estudo e seu
desenvolvimento.
2) A educação é um processo natural, ela se fundamenta
no desenvolvimento interno do aluno.
As crianças são boas por natureza, elas têm uma
tendência natural para se desenvolverem.
Rousseau não colocou em prática suas ideias e nem
elaborou uma teoria de ensino.
Essa tarefa coube a um outro pedagogo suíço, Henrique
Pestalozzi (1746-1827), que viveu e trabalhou até o fim da
vida na educação de crianças pobres, em instituições
dirigidas por ele próprio.
- Deu uma grande importância ao ensino como meio de
educação e desenvolvimento das capacidades humanas,
como cultivo do sentimento, da mente e do caráter.
 
- Pestalozzi atribuía grande importância ao método
intuitivo, levando os alunos a desenvolverem o senso de
observação, análise dos objetos e fenômenos da natureza e
a capacidade da linguagem, através da qual se expressa em
palavras o resultado das observações.
As ideias de Comenio, Rousseau e Pestalozzi influenciaram
muitos outros pedagogos. O mais importante deles, porém,
foi Johann Friedrich Herbart (1766-1841), pedagogo
alemão que teve muitos discípulos e que exerceu influência
relevante na Didática e na prática docente.
Foi e continua sendo inspirador da pedagogia
conservadora - conforme veremos - mas suas ideias
precisam ser estudadas por causa da sua presença
constante nas salas de aula brasileiras.
Junto com uma formulação teórica dos fins da educação e
da Pedagogia como ciência, desenvolveu uma análise do
processo psicológico-didático de aquisição de
conhecimentos, sob a direção do professor.

Você também pode gostar