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Apostila organizada pela Prof. Drª Mara Lucia Teixeira Brum.
Todas as imagens foram retiradas da internet.
Conteudista Liliana Lúcia da S. Barbosa
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UNIDADE I
A palavra EDUCAÇÃO tem sua origem nos verbos latinos Educare e Edurece.
Educare tem o significado de alimentar, transmitir informações a alguém. Edurece tem
o significado de extrair, desabrochar, desenvolver algo que está no indivíduo. Licurgo,
personagem tido por muitos como lendário, afirmava que a educação espartana
deveria ser a primeira e fundamental função pública a ser cumprida não somente pelo
governo, mas também pela própria sociedade. Seu objetivo era estritamente militarista,
devido a sua característica guerreira.
Procure lembrar-se das aulas de filosofia. Assim, você poderá entender melhor
esses dois verbos latinos. A máxima socrática “conheça-te a ti mesmo” concebe a
educação como Educere, pois Sócrates pregava a introspecção, através da maiêutica.
O seu ideal educativo consistia na felicidade humana, obtido através da alegria
espiritual, mediante o domínio completo da alma sobre o corpo.
Já no Cristianismo, Santo Tomás preconizava a
importância da participação ativa do aluno na
aprendizagem, bem antes de Pestalozzi e da “escola
nova”. Seu método fazia um apelo à faculdade de
pensar e de raciocinar dos alunos e leitores. Segundo
Santo Tomás de Aquino, “só Deus é o verdadeiro
agente da educação, da mesma forma que é a causa
utilitários, nos quais os interesses sociais quase sempre prevalecem sobre os pessoais.
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mudança deles na educação, para torná-los essencialmente significativos para o
estudante” (Ibidem: 312).
Acredito que você já tenha percebido como o conceito de educação varia, de
época para época. E que os ideais educativos são determinados pelos fatores
históricos, políticos e sociais de seu tempo. As mudanças que ocorrem nas relações
sociais, pressionadas pelo aumento demográfico e a transformação nas áreas
econômica e tecnológica indicam novas técnicas que deverão promover a evolução do
processo educacional.
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1.2 - O Estudo da História da Educação e Sua Importância
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Educadores como Fröebel, Rousseau, Locke, Herbart e
outros desenvolveram
grandes ideias a respeito da
educação e inovadoras
pedagogias, a fim de resolver
os problemas educacionais.
Procure conhecê-las e
encontrará um valioso
subsídio para seu estudo e aprendizado. Compreendendo como os homens construíram
sua história no passado, você poderá contribuir para construir a história do futuro.
Herbart
Resumindo:
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UNIDADE II
EDUCAÇÃO NA ANTIGÜIDADE
2.1 – Características
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Nos sistemas chinês, hindu, egípcio e hebreu, a educação centralizou-se no
conhecimento de uma linguagem tecnicamente complexa, de difícil dominação, e na
posse da sabedoria do passado contida em sua literatura. A conduta das massas, na
maioria dos povos orientais, ficava a cargo da classe educada do sacerdócio.
Ao indivíduo não se permite nenhuma variação das formas estabelecidas. A conduta é
prescrita nos mais minuciosos detalhes. O resultado desse domínio de autoridade é uma
sociedade estável, porém estacionária. A civilização, material e espiritualmente, não é
progressiva. A educação simplesmente procura recapitular o passado, resumir no
indivíduo a vida do passado, de modo que ele não a possa modificar nem avançar além
dela.
Resumindo:
• A educação oriental apresentava afinidades com a educação primitiva, no que tange
ao sentido místico, o tradicionalismo e o caráter informal. Porém apresentando sinais de
progresso.
• Suas principais características eram o domínio de línguas, tecnicamente difíceis; o
domínio de formas de conduta aprovadas e incorporadas na literatura sagrada e a
imposição desses modelos de conduta a todo o povo.
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2.2 - Chineses, Egípcios e Hebraicos
Passe a prestar mais atenção aos filmes que retratam a cultura chinesa. Não é
verdade que a educação no período agrícola era determinada pelo regime matriarcal? A
mãe iniciava os filhos no trabalho agrícola e nas tarefas domésticas. Já no período dos
príncipes feudais, a educação se fazia, até os sete anos, na casa paterna e depois o
indivíduo passava a viver com um nobre que lhe ensinava as artes da guerra e as
maneiras da paz. Ao contrário do que preconizava a teoria, os adolescentes terminavam
sua educação nos rituais de iniciação, com a tomada do barrete, que facilitava sua
entrada na vida pública.
Na época imperial, com a constituição de um
Estado forte e unitário, a educação tomou novos
rumos. A doutrina de Confúcio, grande pensador e
reformador, trouxe para esse período contribuições
notáveis. Suas ideias foram de caráter
profundamente humano e regulavam todos os
pormenores da vida, a qual tratava de conduzir do
modo mais elevado possível.
Nesta época imperial, a educação chinesa era constituída por dois grandes setores:
a da massa do povo e a dos funcionários mandarins. A primeira, de caráter elementar,
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dada no lar, e a segunda, de tipo superior, constituía uma preparação para os exames de
mandarim.
E o que você diria da educação egípcia?
A civilização egípcia, uma das mais antigas
do mundo, desenvolve-se no vale do rio
Nilo, onde se fixaram os primeiros
povoadores, os camitas, originários da Ásia.
A vida social dos egípcios obedecia ao
sistema de classes. A classe privilegiada era
a dos sacerdotes, detentores da riqueza e
do saber, e, indiretamente, do poder político, que estava sob sua dependência. Em
seguida, por ordem decrescente, havia os escribas, os soldados e, depois, os
trabalhadores, agricultores e operários.
A educação egípcia era muito influenciada por esse sistema de classes sociais,
constituindo, praticamente, privilégio dos sacerdotes e das classes letradas, entre as
quais se incluíam os médicos, os arquitetos e os escribas. Toda a educação era
dominada pelo espírito de religião e misticismo. E os hebreus? Foram os que mais
conservaram as informações sobre sua história. A educação hebraica era rígida,
minuciosa desde a infância; pregava o temor a Deus e a obediência aos pais. O método
que utilizava era a repetição e a revisão: O Catecismo. Foi principalmente através do
Cristianismo que os métodos educacionais dos hebreus influenciaram a cultura ocidental.
Como você pôde perceber, a educação hebraica tem em comum com as outras culturas o
fundamento religioso.
Nisso se encontram sua força e debilidade. Força, porque deu a esse povo unidade
e permanência que não tiveram as anteriores; debilidade, porque lhe fechou o horizonte
para outras atividades e manifestações da vida e da cultura, embora depois nela se
destacassem, individualmente seus membros (LUZURIAGA, 2001: 32). A educação
hebraica pode ser compreendida a partir de duas fases históricas: a bíblica, com a
participação na vida da comunidade familiar, constando do ensino religioso e doméstico e
a outra fase, a talmúdica, ensinada nas sinagogas e, mais tarde, nas escolas religiosas.
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• A educação antiga é predominantemente religiosa e vem, até os dias de hoje,
influenciando nossa educação, seja ela formal ou informal.
• A educação tradicional utilizada em muitas escolas é a prova de que os ideais
educativos propostos pelas culturas chinesa, egípcia e hebraica, mesmo diante dessa
diversidade, ainda permanecem vivos, quer em nossas salas de aula, quer em muitos
lares. Alguns valores são universais e tornam-se orientadores de conduta dos seres
humanos, segundo alguns pensadores.
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UNIDADE III
3.1 – Os Gregos
Esperamos que você tenha compreendido bem as lições anteriores. Caso tenha
encontrado alguma dificuldade, não fique receoso de se comunicar com seu tutor. Ele
terá toda a boa vontade em orientá-lo e ajudá-lo a sanar suas dúvidas. Use as novas
tecnologias disponíveis. Retornando à unidade anterior, você deve se lembrar das
principais características da educação oriental: era predominantemente religiosa e tentava
reproduzir e conservar o passado mediante a supressão da individualidade. Os métodos
de ensino eram memorísticos. E os gregos? Recorda-se da filosofia grega? Os fatores
sociais, políticos e econômicos da época influenciaram a educação, propiciando um
florescimento cultural jamais visto anteriormente. A introdução de novidades como a
escrita, a moeda, a lei e a polis (cidade) transformaram a visão que o homem tem de si. A
descoberta da individualidade liberta o homem dos desígnios divinos e o torna capaz de
construir o seu próprio caminho e, no debate público, de gerir os destinos comuns da
cidade. Com a culminação da nova organização política, a polis, aparecerão,
concomitantemente, os filósofos-educadores. Para facilitar a compreensão desse
conteúdo, faremos um breve quadro que identifica os acontecimentos culturais, políticos e
científicos, na tentativa de superar fragmentação do conhecimento.
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É com os gregos que a escola se configurará tal como a conhecemos hoje. E os
primeiros educadores surgiram com os sofistas, mestres ambulantes, os quais, mais tarde,
agruparam os alunos e formaram as primeiras escolas de Retórica. Ensinavam a arte de
discutir e de falar como meio de vencer na política ou na advocacia. O ideal educativo não
era a virtude, mas a habilidade. Céticos, uma vez que não acreditavam na existência de
uma verdade objetiva, individualistas e utilitaristas. Essa mentalidade não agradava a seus
contemporâneos e por isso não gozavam de boa reputação como educadores.
Surge um filósofo preocupado com o conhecimento da verdade e do bem:
Sócrates. Ele afirmava que a obrigação que o
homem deve assumir é a de conhecer-se a si
mesmo. O ideal educativo era a felicidade uma na
que só poderia ser alcançada pela prática da
virtude, o mesmo que sabedoria. Sócrates se
utilizava da maiêutica (em grego significa parto),
método que consistia em duas partes: a primeira,
a ironia (em grego significa perguntar), que é destrutiva, pois conclui pela descoberta da
própria ignorância, destruindo certos conceitos; a segunda, dar à luz, a maiêutica –
propriamente dita – é o “dar à luz” a novas ideias é, portanto, construtiva. E assim, através
de seu famoso preceito “conhece-te a ti mesmo”, poderá o indivíduo chegar à sabedoria, o
que vale dizer, à virtude e à felicidade.
Acompanhando seu mestre, Platão discorre
pelo mundo das ideias: o mundo inteligível,
que só é alcançado pelo conhecimento e o
mundo sensível, o mundo dos sentidos, das
aparências e dos erros. Você se lembra do
“Mito da Caverna”? Se não se lembra,
procure conhecer esta preciosidade escrita por
Platão, lendo o capítulo abandonando as trevas da caverna, do livro O mundo de Sofia, de
Gaarder (1995), que consta na bibliografia indicada para este curso.
Platão idealizou suas teorias educacionais através dessa filosofia. A sua pedagogia
era aristocrática, pois fazia da educação um privilégio de duas classes: a dos racionais e a
dos sentimentais. É função da educação determinar o que cada indivíduo está apto por
natureza a fazer, e, então, prepará-lo para esse serviço. Platão expõe sua filosofia no livro
A República, o mais importante tratado de educação.
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O fim da educação para Platão é a formação do homem moral, e o meio é a
educação do Estado, na medida em que este representa a ideia de justiça. O Estado não
é, pois, fim em si, antes meio de realizar a justiça e a educação conforme a justiça
(LUZURIAGA, 2001: 52).
A finalidade da educação para Sócrates, tanto quanto para Platão, era o
conhecimento. Enquanto, para Aristóteles, a virtude estava na conquista da felicidade ou
do bem. Ele procurava a verdade nos fatos objetivos da natureza e da vida social, tanto
quanto na alma do homem. Aristóteles afirmava que todos os cidadãos têm de participar
igualmente da educação, embora os escravos e os artífices não possam conquistar a
cidadania. E, por intermédio das atividades prática e teórica, chegariam aos objetivos
puramente intelectuais e seguidamente ao sacerdócio. Assim, a vida prática se
transformaria na vida especulativa, a vida perfeita. Você verá mais adiante como a teoria
aristotélica irá influenciar a “Escolástica” no período medieval. Aristóteles será reconhecido
universalmente como o maior dos antigos filósofos, até o advento do Renascimento, no
século XV.
Resumindo os principais tópicos desta aula
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3.2 – Os Romanos
Agora que você já conheceu um pouco da cultura e da educação grega, vamos passar
para a cultura romana, que exerceu muita influência no mundo ocidental. Além das
semelhanças com o mundo grego, você verá também certas características próprias,
como acentuação do poder volitivo – aquele que parte da própria vontade –, do hábito e do
exercício, com atitude realista ante a intelectual e idealista grega. Durante a primeira fase
de sua história, o conteúdo da educação romana era a aprendizagem prática para os
deveres da vida agrícola e pastoril, visto que, os romanos formavam ainda uma
comunidade campestre. A aprendizagem tinha, assim, um sentido inteiramente familiar. O
lugar da escola era ocupado pelo lar. O poder paterno, enaltecido nas suas funções,
tornou a família a unidade social, mesmo em muitos aspectos legais. Deu grande
importância à moral do lar bem como à legal e social. Nenhum outro povo usou tão
eficazmente o exemplo das personalidades de importância de sua história para a formação
do caráter da juventude de cada geração. Assim, a característica fundamental do método
da educação romana era a imitação.
Após a helenização2 de Roma, a influência dos gregos helênicos sistematiza o
ensino escolar. Este período coincidiu com o período de expansão nacional fora da
Península Itálica, assumindo uma cultura cosmopolita. Começaram as traduções do grego
para o latim com publicações introduzidas nas escolas romanas, o acolhimento das
escolas de retórica e o envio de jovens à Grécia para estudos de retórica. A cultura e a
literatura gregas seduziram principalmente as classes superiores, não se estendendo às
grandes massas do povo. Para essa classe privilegiada, fundaram-se bibliotecas e
universidades. Porém, aos poucos, essas influências gregas foram se perdendo e a
educação se tornou formal e irreal. Consequentemente, a vida romana tornou-se corrupta,
o governo despótico e a nova educação ministrada pela primeira Igreja Cristã vieram,
gradualmente, substituir a velha. A história da Educação registra alguns ilustres
educadores: Catão, pedagogo nacionalista, notabilizou-se pela reação que opôs à
influência grega na cultura romana; Cícero, inspirado em Platão, estabelecia que o fim da
educação era formar o homem e o profissional, isto é, o orador, baseando-se, para isso,
nas peculiaridades individuais. O seu ideal de formação geral era humanista, que era a
tradução de Paidéia.
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Helenização é um termo usado para descrever a difusão da cultura da Grécia Antiga e, em menor escala, de seu
idioma. É usado principalmente para descrever a difusão da civilização helenística durante o período homônimo,
que se seguiu às campanhas de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia. Wikipédia
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[...] a ideia da humanitas reduziu-se, de início, a uma educação bilíngue (grego e
latim). A isso se deve que ainda recebam o nome de humanidades os estudos literários,
em face da formação que fornecem às ciências reais. Mas, entre os romanos, já se havia
ampliado o sentido das humanistas como aquela cultura geral que transcendia aos
interesses locais e nacionais e incluía não somente as línguas estrangeiras, mas também
os conhecimentos de toda ordem [...] (GADOTTI, 1998:42).
Quintiliano foi o primeiro professor oficial de Roma.
Estabeleceu as normas da formação do orador. Preferiu o
ensino público ao familiar. Aconselhou que o ensino se
fundamentasse no interesse do aluno, cujas peculiaridades
psíquicas o mestre deveria conhecer.
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Unidade IV
EDUCAÇÃO MEDIEVAL
Na unidade III, você conheceu um pouco sobre os grandes pensadores gregos e romanos
que até hoje exercem influências na educação. Antes de prosseguir, leia o quadro
panorâmico dos fatores históricos, sociais e culturais que influenciaram a educação.
Em síntese:
Lembre-se:
Sempre que encontrar uma referência a um personagem que você não conheça, no texto
ou no instrucional, procure se informar melhor sobre ele. Nestes casos, é bom procurar
uma Biblioteca ou mesmo solicitar a ajuda do professor da disciplina, que terá uma grande
satisfação em auxiliá-lo.
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4.2 – As Universidades Medievais
Não esqueça:
Em seus momentos de folga, procure recapitular o conteúdo das unidades anteriores, já
estudadas, o que certamente ajudará você a compreender melhor o conteúdo das unidades
futuras.
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Referencial
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São Paulo: Moderna, 1993.
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EBY, Frederick. História da educação moderna. Trad. Maria Angela de Vinagre
Almeida, Nelly Aleotti Maia e Malvina Cohen Zaide, 2. ed. Porto Alegre: Globo, 1976.
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GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1998.
JAPIASSU, H. e MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro:
Zahar, 1991.
LIBÂNEO, J.C. e SANTOS, A. (org.). Educação na era do conhecimento em rede e
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http://www.scielo.br/pdf/ea/v14n40/ v14n40a15.pdf .Acesso em 01, mar. 2007.
MONROE, Paul. História da educação. Trad. Idel Becker, 14. ed. São Paulo:
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