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PROGRAMA — Filosofia da Educação no Mundo Ocidental (EDF 120)
A Educação na Modernidade: Entre a crítica, o controle e a
experimentação
Prof. Bernardo C. Oliveira
1. Proposta
Podemos determinar a constituição da Educação Moderna Ocidental em
um período de mais ou menos quinhentos anos, desde a fundação da sala
de aula global, passando pela formação do método jesuítico, o
surgimento da Pedagogia (a “ciência da educação”) até as pedagogias
libertárias do século XX. Durante este longo período, emergiram novas
formas de organização social, além de profundas e sucessivas reviravoltas
na filosofia, no pensamento político, nas ciências e nas artes.
Não seria diferente com a educação, visto que sempre esteve arrolada a
esse conjunto de processos que perfazem a consolidação do Estado de
Direito, do aparelho jurídico-institucional e do Capitalismo global. A tão
propalada crise da educação não é bem uma “crise”, pois pode-se afirmar
que esta pertence à educação como a tempestade pertence às nuvens —
como escreve Rousseau em “Emílio”: “A [educação] dos homens é a única
de que somos realmente senhores e ainda assim só o somos por
suposição.” Polifonia da razão, dos métodos e das práticas, os campos de
disputa da Educação e, na Modernidade, da Pedagogia, constituem-se
como domínios onde reina a pluralidade difusa de experiências, métodos,
expectativas. Neste percurso, portanto, não basta o entendimento da
caminhada e da estrada reta, mas, antes, uma saudável disposição para
acompanhar de perto os paradoxos que marcam este campo emaranhado
e problemático.
Se é verdade que a pedagogia é tanto uma ciência como uma arte, isso
ocorre porque a pedagogia tem seus desejos. Em primeiro lugar, deseja
ser tratada como ciência, gozando assim da legitimidade e do prestígio
que esta noção adquiriu ao longo deste processo ao qual denominamos
“Modernidade”. Mas ela também pode ser considerada uma arte “se
entendermos por arte uma estruturação pessoal, uma sintonia específica
com a situação daquele momento.” Entre o método científico e a
necessidade de lidar de forma improvisada com situações concretas, a
pedagogia se institui como um campo de saber cuja autonomia é limitada
pela própria experiência, particularmente desdobrada em duas vertentes:
a experiência geopolítica: “onde estamos quando educamos?”; e a
experiência antropogenética: “quais os modelo de subjetivação que
consideramos quando educamos?” Em todo caso, pouco sabemos sobre
educação até entrarmos em uma sala de aula: educar corresponde a uma
contínua reivindicação pelo estar-presente tanto da experiência como da
experimentação.
Poderíamos, por fim, tomar como horizonte e ponto de partida para uma
educação do futuro a ideia de que todos os indivíduos, munidos de uma
consciência aguda de sua própria potência, podem fabricar
“conhecimento” e produzir o novo.
2. Formas de avaliação:
Presença e voz em sala de aula
Leitura e fichamento dos textos abordados
Dois trabalhos escritos
3. Cronograma
Introdução
12/03 Apresentação do curso
19/03 Apresentação do curso
Disciplina e Controle
23/04 Michel Foucault: A Verdade as Formas Jurídicas / Vigiar e punir
30/04 Michel Foucault: A Verdade as Formas Jurídicas / Vigiar e punir
07/05 Gilles Deleuze: "Post-scriptum sobre as sociedades de controle"
Educação e Experimentação
14/05 Décio Pignatari: “Formação e Informação Universitárias: Uma aula
inaugural”.
21/05 Alfred N. Whitehead: “Os fins da educação”
28/05 Alfred N. Whitehead: “Os fins da educação”
04/06 Friedrich Nietzsche: “Schopenhauer Educador”
11/06 Friedrich Nietzsche: “Schopenhauer Educador”
18/06 Friedrich Nietzsche: “Schopenhauer Educador”
25/06 Jacques Rancière: O Mestre Ignorante
02/07 Jacques Rancière: O Mestre Ignorante + Encerramento
4. Entrega de trabalhos
21/05 Primeira avaliação
09/07 Segunda avaliação
5. Bibliografia principal
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo. Ed. UNESP, 1999.
CHAUÍ, Marilena et al. “Filosofia Moderna”. In: Primeira Filosofia: lições
introdutórias. 3a. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
DELEUZE, Gilles. "Post-scriptum sobre as sociedades de controle". In:
Conversações: 1972-1990. Tradução de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro:
Ed. 34, 1992, p. 219-226.
DUSSEL, I., CARUSO, M.. A Invenção da Sala de Aula — Uma Genealogia
das Formas de Ensinar. Tradução de Cristina Antunes. São Paulo:
Moderna, 2003.
FOUCAULT, M. A Verdade as Formas Jurídicas. Rio de Janeiro: Nau-Editora.
2002.
________ Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. Tradução de Ligia M.
Pondé Vassalo. Petrópolis: Vozes, 1977.
NIETZSCHE, F. “Schopenhauer Educador”. In: Escritos sobre Educacão.
Tradução, apresentação e notas de Noéli Correia de Melo Sobrinho. Rio
de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Ed. Loyola, 2011.
PIGNATARI, D. “Formação e Informação Universitárias: Uma aula
inaugural”. Contracomunicação. São Paulo: Perspectiva, 1973.
RANCIÈRE, Jacques. O Mestre Ignorante. Cinco lições sobre a
emancipação intelectual. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2002.
ROUSSEAU, Jean- Jacques. Emílio ou Da Educação. Bertrand Brasil, 1995.
WHITEHEAD, Alfred North. “Os fins da educação”. In: Os fins da
educação e outros ensaios. São Paulo: Ed. Nacional/Edusp, 1969.