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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO CIÊNCIAS E LETRAS DO SERTÃO CENTRAL – FECLESC


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

PROFESSOR: DERIBALDO SANTOS.


DÉBORA SILVEIRA SOUSA.

QUIXADÁ – CEARÁ
2023
A PEDAGOGIA E AS GRANDES CORRENTES FILOSÓFICAS
SÍNTESE VOLTADA MAIS PARA A SEGUNDA PARTE DO LIVRO DE SHUCHODOLSKI: ESFORÇOS
CONTEMPORÂNEOS PARA SOLUÇÃO DO CONFLITO.

I – AS ESPERANÇAS DA EDUCAÇÃO NOVA:

Suchodolski apontou que a educação contemporânea tem uma contradição igualmente estrita
(antinomia) entre essência e existência, que a seu ver só pode ser superada por meio do
desenvolvimento da educação e das instituições sociais centradas no ser humano. O século XX é
considerado o século da criança (Ellen Key) porque algumas esperanças se concretizaram, mas
também grandes desilusões (há aqui uma contradição verbal).

A nova pedagogia é caracterizada por uma firme crença na necessidade de "compreender as


características fundamentais específicas dos domínios do pensamento, emoção e ação no
desenvolvimento psicológico de crianças e adolescentes". As atividades das crianças e tudo o
que as interessa (sua curiosidade, sensibilidade, fatores-chave para o desenvolvimento
intelectual e moral) é valorizada. Começa-se a pensar que a atenção da criança é atraída para o
todo concreto que ela encontra na vida cotidiana; e fala-se de uma educação global que pode
ajudar a enriquecer de maneira geral o conhecimento da realidade da criança. Resumindo: as
pessoas passaram a dar muito valor a tudo que desperta e desenvolve essa atividade infantil.
Dentro desse estado de espírito, os educadores devem dedicar atenção e esforço consideráveis
a ocupações como artesanato, desenho, jogos, teatro de fantoches, etc., porque através dessas
atividades pode ser obtida a máxima cooperação das crianças.

A nova escola, com feições utópicas, acreditava que as crianças que passam a infância em um
bom ambiente educacional se tornarão pessoas dignas, equilibradas, capazes de reparar as
mazelas desse mundo social em que terão de viver. Como tal, acredita-se que forme e acentue
os instintos de um indivíduo para servir melhor a sociedade; suprimir complexos e frustrações
que dão origem a tendências agressivas ou odiosas.
II – DESENVOLVIMENTO ESPONTÂNEO E ADAPTAÇÃO:

Eles se perguntavam se a formação da criança era resultado do desenvolvimento ou da


adaptação. Esses dois conceitos originalmente pertenciam a um todo (herdado da teoria da
evolução).

Bergson: Seu argumento de que a evolução é um processo de adaptação alimenta um conflito


feroz entre os dois conceitos.

Enfatizar o papel da adaptação leva a mudanças em algumas características da nova educação,


levando à transformação. Ele então levantou a hipótese de que isso afetaria apenas a fonte de
interpretação e não o marca-passo na educação da criança.

A pedagogia adaptativa, no entanto, abraça essa técnica de sublimação: por meio da


sublimação, o indivíduo sucumbe à pressão social, mesmo sem perceber. A adaptação não se
impõe de forma a esmagar as inclinações individuais, pois se limita a mudar as formas como os
instintos são satisfeitos sem negar sua satisfação. Em outras palavras: o autor desta frase afirma
que a adaptação não é contrária ao livre desenvolvimento do indivíduo, pois orienta seu
desenvolvimento por caminhos realistas, pois indica caminhos acessíveis e concretos de
satisfação de inclinações. Mas, disse Suchodolski, os resultados pedagógicos foram muito
diversos. O erro da pedagogia adaptativa está em transformá-la em pedagogia conformista: o
que quer que funcionasse para Russell tinha de ser rejeitado.
III – CONCEPÇÕES DA PEDAGOGIA SOCIAL:

Pensa-se na solução desse problema: optar pelo princípio do livre desenvolvimento da criança é
óbvio, no qual a superioridade individual é garantida na utopia, ou optar pelo princípio da
adaptação, que promete esse livre desenvolvimento em condições concretas, mas em a prática
da conformidade a invalida?

A crença na pedagogia social é que os indivíduos se desenvolvem através da participação na


história e no mundo social. Para ela, os grupos sociais são as realidades básicas da vida
individual. Essa corrente critica a pedagogia centrada na criança e os princípios de adaptação
por suas concepções individualistas, liberais e atomísticas da vida social e do utilitarismo. Então
comecei a dizer que a parte vem do todo, que a parte forma o todo, e que basta a compressão
da parte para conseguir a compressão do todo, o que é um grande erro.
IV – PEDAGOGIA DA CULTURA:

A filosofia de Hegel desempenha um papel inspirador na pedagogia cultural. Essa filosofia


conduz à concepção do homem como um ser no qual ocorre o processo objetivo de
desenvolvimento cultural, ou seja, para essa filosofia o desenvolvimento do indivíduo se dará
desta forma: “O indivíduo abrirá mão de sua Subjetividade, começa dedicar-se ao trabalho do
espírito objetivo para enriquecer-se, servi-lo e, finalmente, retornar a si mesmo em um nível
superior”. No entanto, a pedagogia cultural se esforça para selecionar os valores culturais sobre
os quais o processo educacional deve se preocupar. No que diz respeito ao indivíduo, a cultura
torna-se externa e independente dele, com desenvolvimento autônomo e objetivo.

A missão da pedagogia cultural é analisar a vida espiritual do indivíduo e explicar seu


desenvolvimento. A tarefa dessa pessoa é facilitar a transformação de individualidade em
individualidade. A educação deve desenvolver tudo o que há de profundo e espiritual na
criança, extraindo instinto e sentimento de uma vida superior, ou controlando o intelecto da
criança. Resumindo: a educação é moldar a personalidade, ou seja, as contradições da
personalidade, a fim de assegurar a obtenção de um nível superior de existência espiritual. A
pedagogia cultural também se opõe à pedagogia do grupo social: ela defende a seleção de
valores culturais de acordo com os atributos da personalidade, em vez da subordinação dos
indivíduos à vontade individual.

O maior pecado que a pedagogia cultural comete é combater a pedagogia desenvolvimentista


porque ela concebe o desenvolvimento de forma excessivamente naturalista: “O
desenvolvimento do indivíduo não deve ser reduzido à sua individualidade, mas à
individualidade da criação do homem fundamento da cultura. O desenvolvimento deve ser
baseado em valores culturais, e a formação do espírito deve ser sua essência”. Da mesma
forma, a pedagogia dos grupos sociais luta com a pedagogia da adaptação: a adaptação deve
ser vista de forma diferente porque não é uma estratégia individual nem uma estrutura natural.
O debate entre pedagogia cultural e grupos sociais é um conflito que mina a nova educação e só
se pode esperar que seja resolvido em uma teoria da natureza social do homem. A educação
grupal indica as demandas concretas e objetivas do meio social, enquanto a educação cultural
promete libertar o homem dessa pressão.

V – PEDAGOGIA MODERNA DA ESSÊNCIA:

Aqui introduzimos a pedagogia burguesa (pedagogia metafísica), que afirma que a educação
deve se preocupar com o destino do homem em um sentido metafísico. A nova escola
equiparou a educação ao processo espontâneo de crescimento, argumentando que o
desenvolvimento seria mais satisfatório se mais atenção fosse dada à vida cotidiana do
indivíduo, enquanto a pedagogia cultural e os grupos sociais definiam a educação como
subordinada às tarefas sociais e culturais.

A pedagogia metafísica/burguesa entende que a derrubada do naturalismo (a pedagogia dos


grupos sociais e das culturas voltadas para o homem) e seus opositores só é possível por meio
de uma transição do nível natural para o nível metafísico da vida humana. Essa pedagogia se
baseia na necessidade de buscar a educação nos princípios imutáveis que determinam a missão
eterna e universal do homem.

Segundo Suchodolski, a análise dessa perspectiva distingue 4 níveis de existência individual:


psicobiológico, sociológico, cultural e metafísico. Mas veja a educação real no quarto nível
[metafísico]: o individualismo entendido de forma metafísica seria o objetivo mais elevado da
educação. Essencialismo: O homem pode sobreviver em todas as condições sociais porque
essas condições não atingem sua essência absoluta. Sartre: Ele é um grande crítico daqueles
que tentam julgar a vida colocando-a em uma posição trans-histórica. Nota: Esta pedagogia
essencialista não resolve a tensão entre a essência e a pedagogia do ser.

VI – CONTROVÉRSIA MODERNA ENTRE PEDAGOGIA DA EXISTÊNCIA E A PEDAGOGA DA


ESSÊNCIA:

A contradição [pedagogia existencial] entre tendências educativas voltadas para a satisfação das
necessidades individuais emerge claramente na pedagogia moderna. A pedagogia existencial
critica os pressupostos da pedagogia essencial ao igualar educação e desenvolvimento pessoal:
nossos ideais e nossos projetos não são a força motriz que molda o presente para alcançar
objetivos futuros. A pedagogia moderna será caracterizada por duas tendências: (i) a integração
da vida pessoal com a educação e (ii) a posição tradicional e essencial da pedagogia. Aqui
reside o problema: a pedagogia do ser não tem caminho para o ideal, e a pedagogia da essência
não tem caminho para a vida. Em outras palavras: é preciso conectar educação e vida sem
ideais, ou é preciso definir ideais sem vida real?

o compromisso da pedagogia moderna [pedagogia do compromisso] é vincular a educação ao


princípio da identidade de vida com o princípio de vincular a educação aos ideais. Nessa época,
a existência humana não é mais vista como um problema pessoal e especial, mas é reconhecida
sua participação na vida política do país, e ela começa a ganhar certo rumo e a se conectar com
ideais. A crítica ao naturalismo educacional e à pedagogia universalista parece convencer os
educadores em geral. Até a confusão surge: ela se apresenta até como um dever sagrado de
Killorman, visto do ponto de vista da pedagogia da existência como uma necessidade
assustadora e lamentável. A pedagogia existencial traiu seu princípio fundamental de defender
o livre desenvolvimento do homem, de a pedagogia traiu seu princípio de basear-se em valores
universais e permanentes.

Pedagogia do Compromisso: Sua missão é moderar a tensão elevada entre a existência humana
e seus ideais: é preciso tanto a existência individual quanto os ideais para resolver problemas.
** Segundo Suchodolski, a pedagogia deveria ser a pedagogia do ser e da essência ao mesmo
tempo, mas, segundo ele, isso requer a criação de perspectivas concretas que elevem a vida
cotidiana acima de seu nível atual (presente). Uma vez que o conceito da essência do homem
não produz a existência do homem correspondente a essa essência, nem o conceito de
existência necessariamente produz a essência do homem, Suchodolsky fornece condições,
incentivos, garantias e similares para a organização da vida humana Possibilidade de se tornar
uma base de desenvolvimento e treinamento, criando a base da essência humana.
VII – EDUCAÇÃO VIRADA PARA O FUTURO E PERSPECTIVA DE UM SISTEMA SOCIAL À ESCALA
HUMANA:

Para Suchodolski, é necessária uma tendência para marcar os caminhos do futuro, pois uma
pedagogia associada à atividade social muda o estado das coisas, que tende a criar as condições
para que o homem possa ser a sua existência a fonte e fonte do futuro. matérias-primas. sua
essência. . Quando Suchodolski diz que "o verdadeiro padrão é a realidade do futuro", ele está
esperançoso quanto ao futuro, pois as práticas de ensino conformistas são substituídas por uma
educação voltada para o futuro. Por essa ideia, ela deve agora ser criticada, e essa crítica deve
acelerar o processo de desaparecimento de tudo o que é velho e ultrapassado. A educação
voltada para o futuro está em sintonia com a pedagogia da essência, mas além da afinidade, a
diferença é que essa nova educação é caracterizada por um guia para a ação no presente, ações
que devem mudar a realidade social sob demanda.

A educação voltada para o futuro resolve as contradições do pensamento pedagógico moderno:


educar os jovens para serem verdadeiros artífices de um mundo melhor é educá-los para
trabalhar para o futuro, para compreender o futuro e para entender que o futuro depende do
desejo de trabalhar para nosso presente, para observar os erros e deficiências presentes, para
desenvolver um plano mais lógico para nossas atividades atuais. Nesse sentido, a educação
deve partir do pressuposto da luta por um futuro melhor para a humanidade. Para ela, os
jovens são tão bons ou ruins quanto organizamos suas atividades específicas dentro dos
contextos em que vivem.

A função da pedagogia contemporânea é, antes de tudo, resolver os problemas pedagógicos e


educacionais para atingir esse objetivo. No que diz respeito ao ensino: a rejeição de todos os
princípios tradicionais totalmente inadequados às novas condições de vida social e económica.
Já existe uma procura de ensino politécnico o que é importante porque cada vez mais
trabalhadores serão empregados no sector dos serviços em detrimento do sector produtivo e
também porque na sociedade futura toda a ocupação será investida de carácter social E todo o
cidadão será um membro responsável da democracia. Não apenas no âmbito da formação do
pensamento, as escolas deveriam encorajar sistematicamente a formação de outros tipos de
pensamento.

Assim, educando assim a juventude, teremos cidadãos em um mundo de toda a humanidade. A


geração mais jovem pode se formar verdadeiramente apenas participando da luta do mundo
humano que fornece as condições para a vida humana e o desenvolvimento para todos. Enfim,
a grande contradição entre a pedagogia da essência e a existência se resolve quando atividades
educativas são combinadas com atividades sociais que impedem que a existência social do
homem seja vetada (contraditória) com sua essência!

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