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DISCIPLINA: Filosofia da Educação PROFESSOR: Cristina Dias Costa

O QUE É FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO?


Robson Stiga

A relação da filosofia com a educação existe desde a antiguidade no mundo grego. Os filósofos gregos, em
busca da Arete (virtude, excelência) humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação.
Viam na educação um meio necessário para o alcance de uma cultura ideal e de uma alma purificada, capaz de elevar
o homem ao conhecimento inteligível, apostando na busca de um ideal artístico de cultura.
A busca pela educação ideal é representada por Platão na metáfora da “alegoria da caverna”, no momento em
que um dos homens presos no fundo de uma caverna consegue se libertar da doxa (opinião) enxergando a luz da
verdadeira realidade.
Na visão platônica, a filosofia deveria transcender a contingência histórica, contribuindo para o processo de
esclarecimento da verdadeira sabedoria, na superação das falsas crenças, lançando a ideia de uma educação para a
virtude, uma educação perfeita, com a qual o homem se torna culto e erudito.
Nessa expectativa, a educação acabou tornando-se objeto de estudos e reflexão da filosofia desde os tempos
gregos. Pode-se dizer que a filosofia da educação surgiu do forte vínculo entre a filosofia e a pedagogia estabelecido
no decorrer dos anos, pois a filosofia, preocupada com as formas do conhecimento perfeito, orientou o ser humano
segundo a razão, inferindo um pensamento pedagógico que busca a perfeição.
Percebemos no mundo Grego a filosofia e a educação indissociáveis, fato presente até os dias atuais.
Entretanto, a filosofia da educação dos últimos tempos, procurou transcender seus limites conceituais, aventurando-se
nas discussões filosóficas modernas e contemporâneas que propiciam a articulação entre diferentes perspectivas
teóricas.
Na modernidade temos outros sistemas filosóficos e as teorias pedagógicas sendo refletidos: racionalismo
(Descartes), empirismo (Locke), iluminismo (Kant), romantismo (Rousseau) e idealismo (Hegel).
Na contemporaneidade temos diversos desafios e temas sendo refletidos como: a questão do sujeito, da
liberdade, da autonomia e da dignidade em relação aos desafios da ciência e da tecnologia. Temos ainda outras
demandas sendo refletidas na filosofia da educação como as questões da responsabilidade, da justiça, da
solidariedade, do individualismo em relação aos processos de globalização, as questões do outro, da tolerância e do
interculturalismo, bem como a relação da Ética, política, ciência e religião no processo educativo.
Segundo Luckesi a educação dentro de uma sociedade não se manifesta como um fim em si mesma, mas sim
como um instrumento de manutenção ou transformação social. Assim sendo, ela necessita de pressupostos, de
conceitos que fundamentem e orientem os seus caminhos. Em suma a Filosofia fornece à educação uma reflexão
sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o educador e para onde esses elementos podem caminhar.

I - Significado da Filosofia
Filosofia é um corpo de conhecimento, constituído a partir de um esforço que o ser humano vem fazendo de
compreender o seu mundo e dar-lhe um sentido, um significado compreensivo. Corpo de conhecimentos, em Filosofia,
significa um conjunto coerente e organizado de entendimentos sobre a realidade. Conhecimentos estes que expressam
o entendimento que se tem do mundo, a partir de desejos, anseios e aspirações.
Assim, podemos dizer que, a filosofia cria o ideário que norteia a vida humana em todos os seus momentos e em todos
os seus processos.
Neste sentido, a filosofia é uma força, é o sustentáculo de um modo de agir. É uma arma na luta pela vida e pela
emancipação humana. Em síntese, a filosofia é uma forma de conhecimento que, interpretando o mundo, cria uma
concepção coerente e sistêmica que possibilita uma forma de ação efetiva. Esta forma de compreender o mundo que
tanto é condicionado pelo meio histórico, como também é seu condicionante. Ao mesmo tempo, pois, é uma
interpretação do mundo e é uma força de ação.
II - Aplicações da Filosofia da Educação
O educando, quem é, o que deve ser, qual o seu papel no mundo; o educador, quem é, qual o seu papel no mundo;
a sociedade, o que é, o que pretende; qual deve ser a finalidade da ação pedagógica. Esses são alguns problemas
que exigem a reflexão filosófica.
A Filosofia propõe questionar, a interpretação do mundo que temos, e procura buscar novos sentidos e novas
interpretações de acordo com os novos anseios que possam ser detectados no seio da vida humana.

Referências:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 2001.
KNELLER, George. Introdução à Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1991.
A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

...além da qualificação técnico-científica e da nova consciência social, é ainda exigência da


preparação dos professores uma profunda formação filosófica. E esta formação é a tarefa que cabe
à filosofia da educação. A existência de disciplina desse teor no currículo dos cursos de preparação
de professores justifica-se não por alguma sofisticada erudição ou academicismo: é uma exigência
do próprio amadurecimento humano do educador. Coloca-se com efeito, uma questão
antropológica: trata-se de explicar qual o sentido possível da existência do homem brasileiro como
pessoa situada na sua comunidade, de tais contornos sociais e me tal momento histórico.

Esta reflexão filosófica, desenvolvida no âmbito teórico da filosofia da educação, deverá dar ao
futuro educador a oportunidade da tentativa de explicitação do projeto existencial a se buscar para
a comunidade brasileira, na busca de seu destino e de sua civilização. Ou seja, não é possível
compreender um projeto educacional fora de um projeto político, nem este fora de um projeto
antropológico, isto é, de uma visão de totalidade que articula o destino das pessoas com o destino
da comunidade humana.

Assim, cabe à reflexão filosófica explorar o significado da condição humana no mundo. E à filosofia
da educação explicitar esse significado para o educador. Vale dizer, pois, que a filosofia da
educação deve colocar para o educador a questão antropológica, questão que deve equacionar
adequadamente, recorrendo à filosofia social e à filosofia da história, e fundamentando-se numa
antropologia, alicerce último de toda reflexão sobre o realizar-se do homem. Obviamente, a
explicitação do significado da própria atividade filosófica é tarefa preliminar: o alcance do
pensamento humano, o seu equacionamento epistemológico é questão permanente para a filosofia.

O educador não pode realizar sua tarefa e dar sua contribuição histórica se o seu projeto de trabalho
não estiver lastreado nesta visão da totalidade humana. À filosofia da educação cabe então
colaborar para que esta visão seja construída durante o processo de sua formação. O desafio
radical que se impõe aos educadores é de um ingente esforço para a articulação de um projeto
histórico civilizatório para a sociedade brasileira como um todo, mas isto pressupõe que se
discutam, com rigor e profundidade, questões fundamentais concernentes à condição humana.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Ideologia e contra-ideologia, São Paulo: EPU, 1986. págs. XIV-
XV.

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