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COMPREENDER E ENSINAR: POR UMA DOCÊNCIA DA MELHOR QUALIDADE. RIOS, Terezinha Azeredo.

Compreender e
ensinar: por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez, 2001.

O investimento na qualidade de formação dos docentes vem transformando a atividade docente e tomando necessário o
repensamento da intervenção pedagógico-didática na prática escolar. O grande avanço em todas as áreas de uma vida
contemporânea força a escola a aprimorar-se para uma conquista democrática efetiva. o que exige um esforço coletivo tanto da escola
quanto da sociedade. É vendo o professor como base para a democratização do ensino que se percebe a importância de tais
investimentos, valorizando não mais sua formação meramente técnica, mas sim considerando-o como capacitor de decisão própria.
Assim, centraliza-se a importância do professor, cujo consentimento é essencial para a realização de mudanças nas escolas e
currículos. Por isso, um professor que exerça uma docência de melhor qualidade é indispensável.

Capítulo 1: Compreender e ensinar no mundo contemporâneo

A articulação entre Filosofia e Didática é trabalhada oeste capítulo como esforço de compreensão e de preocupação com o
ensino e com a socialização (criação e recriação). Ambas são saberes humanos, mas como se situarão no mundo de hoje? O mundo
de hoje caracteriza-se por um "presentismo", segundo Hobsbawn (Era dos extremos, O Breve século XX - 1914-1991). Parece, para
alguns, que ensinar e refletir são coisas desacreditadas ou de importância menor. Neste mundo que está aqui, a responsabilidade pelo
ensino está dispersa - todos ensinam a todos. q mundo contemporâneo parece não reservar um papel relevante ao pensamento
propriamente reflexivo. Mas as recentes modificações nos sistemas escolares e na área de formação de professores configuram "uma
explosão didática". Um movimento semelhante é percebido na direção à Filosofia como um instrumento sempre povo de pensar as
contradições do mundo. Quando se busca verificar o que não vai bem na sociedade, nas relações entre os cidadãos, o que se faz?
A autora buscará, assim, apontar as características dos saberes e algumas características do cenário, além de colocar em
discussão tarefas que se apresentam neste nosso mundo de hoje como desafios à Filosofia e à Didática e o entrecruzamento
desejável e possível dessas tarefas. Nosso mundo, nosso tempo - precariedades e urgências. Nesse nosso mundo, o que interessa é
a discussão de aspectos relativos à reflexão sobre os possíveis caminhos dá Filosofia e da Didática. Afirma-se que hoje vivemos uma
crise - de significados da vida humana, das relações entre as pessoas, instituições, comunidades, o que nos dá duas perspectivas:
perigo (que nos envolve em uma atitude negativa) e oportunidade (que nos remete à crítica).
Nosso mundo é tido como pós-moderno. Tal modernidade implica lançar-se à aventura da razão tecnológica. Na última
década, porém, parece haver o reconhecimento de uma "decomposição" da modernidade. Na modernidade, confirmou-se "uma lógica,
uma retórica e uma ideologia". Esgota-se, portanto, o pensamento da razão iluminista e configura-se um momento de transição: a pós-
modernidade. Comum aos autores pós-modernos é a "recusa das metateorias, das grandes visões de mundo, dos conceitos
universais". É essa a feição que toma o mundo do século XX.
A globalização' talvez seja o fenômeno mais apontado quando se menciona o mundo contemporâneo, ressaltando-se seus
aspectos negativos: tecnologia x pobreza. Mas, positivamente, tem-se a cidadania planetária, alcançada através da solidariedade e do
respeito. Assim, no campo de nosso trabalho, na perspectiva da educação. e da filosofia, podemos apontar algumas demandas, que
se configuram como desafios: uma visão de totalidade, em face ao mundo fragmentado; o esforço de distinguir para unir, em face a um
mundo globalizado; o encontro do equilíbrio, em face ao choque entre uma razão instrumental e um irracionalismo.

Compreender o mundo

A busca amorosa de um saber inteiro, como gesto filosófico que abriga uma idéia de prender-com, de apropriar-se junto, e
não a mera reflexão ou mero sentimento, caracteriza a Filosofia. Essa busca alimenta, ainda, um sentido de movimento, de caminhar
constante, de perguntar sempre. Além disso, faz-se necessária uma atitude de admiração diante do conhecido, posto que a admiração
é o primeiro estímulo que o ser humano tem para filosofar. É necessária uma reflexão, que implica uma análise crítica do nosso
trabalho, no sentido de buscarmos as respostas para as dúvidas que hoje nos cercam, oriundas de questõeslimites, problemas que
precisam ser tirados do nosso caminho, que precisam ser superados e não solucionados, como se costuma-dizer.
A pergunta filosófica por excelência é: de onde viemos? Para onde vamos? Mas onde estamos? O caminho para a resposta
nos leva à reflexão da Filosofia da Educação.
A demanda pela Filosofia no mundo contemporâneo abriga uma preocupação ética, que libera uma oferta diversificada em
seus objetos e práticas. A Filosofia ganha, agora, popularidade e o viés explorado é o da ética, que surge em contrapartida às
ameaças que nos cercam. Pensar a vida e o que ela representa é a tarefa da Filosofia que, voltada para a educação, o
reconhecimento e o respeito pelo outro, se faz valer como tarefa. Como Filosofia da Educação, ela buscará compreender o fenômeno
educacional em todas as suas dimensões, procurará olhar criticamente o trabalho do educador, da escola e do professor.

Ensinar o mundo

O termo "ensino" parece ser o elemento-chave que identifica o conteúdo da Didática (a arte de ensinar). A Didática engloba
um saber e uma disciplina. O ensino, como objeto da Didática, é um processo formal, sistemático, intencional e organizado. Por
intermédio do gesto de ensinar, o professor estimula a crítica do aluno diante do instituído, fazendo-o transformá-lo (se necessário).
A docência é definida como "o exercício do magistério" (do latim doce, docentis, particípio presente de docere, "ensinar"). O professor,
assim, desenvolve um processo de ensinar. O "ensinar" está vinculado à aprendizagem. Desta forma, conclui-se que o professor
aprende sempre, no próprio processo de ensinar. É para a especificidade do trabalho do professor que se volta a Didática, essencial à
formação e prática docente. Na verdade, Didática é a teoria e prática do ensino e funciona como uma matéria de integração. Hoje, o
aluno deve aprender a aprender e os docentes de professores devem ensinar a ensinar: Todo esse conjunto se denomina um
processo de ensinagem, segundo Anastasiou. A Didática ainda se beneficia da Filosofia da Educação, com a qual se interloca na
busca de intervenções criadoras no espaço da escola, educação e sociedade.
Didática e Filosofia da Educação: uma interlocução - Como ser professor num mundo moderno, digital e globalizado? O que se dá hoje
com o processo do ensino é peculiar. Analisemos cada demanda:
. A superação da fragmentação (do conhecimento, da comunicação, das relações), que implica a revisão de conteúdos,
métodos, processos avaliativos, currículo, enfim. Quantas vezes se afirma que "já não se fazem alunos como antigamente" e os
professores insistem em ser como os "de antigamente"? Essa vigilância crítica do trabalho é que aproxima a Didática com a Filosofia
da Educação.
. Uma percepção clara das diferenças e especificidades dos saberes e práticas, no sentido de inter-relacioná-las, faz-se
necessária num mundo sob o fenômeno da globalização, o que requer uma reflexão no sentido da interdisciplinaridade. É muito
importante o conhecimento que o aluno tem a oportunidade de receber e construir com o professor no diálogo dos corpos educativos.
A Filosofia vai trazer à Didática a contribuição do exercício de distinguir para unir, enquanto que a Didática vai levar à Filosofia o
recurso das metodologias e técnicas.
. O embate entre uma razão instrumental e um irracionalismo requer uma busca de equilíbrio. No plano da Filosofia, de
reafirmar seu sentido próprio de compreensão e, no plano da Didática, de retomar e reafirmar o objetivo de uma formação voltada às
capacidades dos alunos aprendizes, mobilizando-as criadora e criticamente.
Por procurar ensinar bem? Olhar a ciência do ensino para buscar seu sentido - aí se evidencia uma das razões da
proximidade da Filosofia e da Didática. O objetivo último do ensino, como socialização de conhecimento, é a contribuição para a
realização da cidadania. Aprender é preciso, para viver.
É preciso aprender a viver; viver como algo que transcorre na polis, na sociedade organizada, na relação com os outros.

Capítulo 2: Competência e qualidade na docência

O ensino competente é um ensino de boa qualidade. O conceito de qualidade é totalizante e ela é, em nossos dias, uma
palavra de ordem mobilizadora. O que se tem, no entanto, é uma "retórica da qualidade", a qual é preciso superar, denunciando-se e
evitando-se o "discurso competente", o discurso do conhecimento que dissimula a dominação na sociedade. A reflexão sobre os
conceitos de competência e qualidade tem o propósito de ir em busca de uma significação que se alterou exatamente em virtude de
certas imposições ideológicas.
Em busca da significação dos conceitos: o recurso à lógica. A lógica formal ocupa-se com a forma do pensamento, expressa
pela linguagem. Em seu núcleo está o juízo, que se compõe de conceitos (termos ou categorias) que, por sua vez, possuem
propriedades lógicas: a extensão e a compreensão. A extensão e a compreensão dos termos que os expressam têm sofrido
modificações. O termo competência é usado para designar múltiplos conceitos. Assim também o é o termo qualidade. O que se'
precisa investigar, na verdade, são os objetos da realidade que essas palavras designam, retomando o tratamento dos conceitos na
educação. Aponta-se hoje a necessidade de uma educação de qualidade e a competência no trabalho do educador. Mas esses
conceitos estão sendo corretamente empregados? Avançando-se na investigação dos conceitos, tem-se a possibilidade de ampliar a
compreensão de competência. A articulação com a qualidade aponta na competência a presença de uma dimensão ainda não
explorada, a estética.
Quando se fala em educação de qualidade, essa qualidade consistiria, sim, num conjunto de atributos, de propriedades que
caracterizariam a boa educação. Qualidade (com maiúscula) seria, então, um conjunto de "qualidades". Qualidades são, na verdade,
propriedades que se encontram nos seres. Se um processo de socialização se faz com imposição de conhecimentos e valores, tem-se
uma má educação. Se, ao contrário, faz-se com o diálogo, com a construção da cidadania, como propriedade, tem-se uma boa
educação. O que acontece, porém, é que parece haver uma necessidade de efetivamente se adjetivar a qualidade. A idéia de
qualidade "sócio-cultural" coloca-se em oposição à concepção de qualidade veiculada nos programas de Qualidade Total (um
programa iniciado no Japão, na década de 50, cujas palavras de ordem são: eficiência, controle, competitividade). Instala-se, ainda, a
palavra de ordem da qualidade, que agora se tornou uma nova estratégia competitiva frente a um mercado cada vez mais diversificado
e diferenciado.
O programa de Qualidade Total instalou-se no Brasil na década de 80. Adotou-se o lema "o que é bom para a empresa é bom
para a escola". Adjetivar de total a qualidade indica um tratamento inadequado do conceito de totalidade. É como se algo devesse ficar
preso a um modelo, como que cristalizado. O que se deseja, na verdade, é uma educação da melhor qualidade. Associado ao conceito
de democracia, a qualidade que se adjetiva de "social" é indicadora da presença de uma formação crítica de cidadania e solidariedade
de classe social. A qualidade social carece, na verdade, de tradução em "qualidade de ensino".
Isso posto, será que a qualidade da docência que queremos é o que tem sido chamado de competências? Como se abriga a
qualidade no conceito de competência?
Usa-se hoje o termo no plural, competências. Ele guarda, porém, alguns problemas com relação à sua compreensão.
Competências 'são capacidades que se apóiam em conhecimentos. O termo competência ora é usado como sinônimo de outros
termos como capacidade, conhecimento, saber etc., ora contendo esses mesmos termos em sua significação.
Na medida em que os conceitos de capacidade, conhecimento, saber apontam para algo desejável e, portanto, bom, pode-se
perceber a relação entre a idéia de competência, usada no plural, e a idéia de qualidade, considerada esta como portadora de um
sentido positivo. O desenvolvimento de competência conduz à formação de um indivíduo qualificado. Verifica-se, porém, que, quando
se recorre ao termo "competências" para explorar a idéia de qualificação, esta também corre o risco de sofrer uma modificação em seu
significado. Costumase falar, no espaço da administração empresarial, em desenvolvimento de recursos humanos (sinônimo de "seres
humanos"). Mas um homem não é um recurso, ele possui recursos. E, desenvolvendo seus recursos; o indivíduo caminha no sentido
de uma qualificação constante.
Será competente um profissional qualificado? Neste estudo, o que a autora pretende "é afastar do conceito de competência
uma compreensão ideologizante, que parece ensejar um novo tecnicismo, retomando a "palavras de ordem" para falar do trabalho
pedagógico". Costumavase traduzir a noção de competência numa' articulação estreita entre uma dimensão técnica e uma dimensão
política. Como elemento de mediação; impedindo que uma dimensão desconsiderasse a outra, a autora encontrou a ética em suas
investigações. Ela deve estar presente na técnica, que não é neutra, e na política, que abriga uma multiplicidade de poderes e
interesses. A ética garante, então, o caráter dia/ético da relação: A referência ao bem comum, garantida pela presença da ética, e
articulada aos elementos constitutivos da técnica e da política, conduz à definição da competência como conjunto de saberes e
Jazeres de boa qualidade. E, se mencionamos um conjunto, referimo-nos à competência - e não às competências - dos indivíduos, dos
profissionais. Assim, o conjunto de propriedades, e caráter técnico,. ético e político – e também estético -, é que define a competência.
Capítulo 3: Dimensões da competência

Como essa competência, então definida, se manifesta na docência?


À dimensão técnica chamamos de suporte da competência. Para que práxis docente seja competente, é preciso que a técnica
seja fertiliza( pela determinação autônoma e consciente dos objetivos e finalidade pelo compromisso com as necessidades concretas
do coletivo e pe presença da sensibilidade, da criatividade. A estética é uma dimensão da existência, do agir humano. Tal dimensão
traz luz para a subjetividade do professor. Em se tratando c competência, a dimensão estética trata de um movimento na direção da
beleza, como algo que se aproxima do que se necessita concretamente para o bem social e coletivo. A ação docente competente
envolve portanto, técnica e sensibilidade, ambas orientadas por determinados princípios (encontrados num espaço ético-político).
As dimensões ética e política estabelecem uma relação estreita entre si. Entendamos por ética a reflexão sobre o costume, o
se questionamento, a busca de seu fundamento, dos princípios que, sustentam (e não o conjunto de normas, regras e leis que
orientam ação e a relação social, a moral). A moral aproxima-se da política com a instauração do ethos (origem grega para ética),
configurado na pólis, que se instala a condição humana. A moral corresponde ao ethos e não à ética. Assim, embora mantendo uma
relação muito estreita, ética não se confunde com a moral - ela pensa criticamente sobre l moral. A ética tem um caráter reflexivo, não
normativo. Dessa forma a autora afirma "a presença, na ação docente, de uma dimensão fundamentalmente ética". Por fim, a
dimensão política necessita de uma articulação fecunda com a ética.
Neste ponto explicita-se a tese da autora: "o trabalho docente é um trabalho que faz bem. É aquele em que o docente
mobiliza todas as dimensões de sua ação com o objetivo de proporcionar algo bom para si mesmo, para os alunos e para a
sociedade.".'
A autora segue seu estudo explorando o sentido que. a docência competente ganha num espaço democrático, que também demanda
um esforço de construção coletiva e no qual dilemas e conflitos estão a desafiar a todos.

Capítulo 4: Felicidadania

Já dizia Tom Jobim: "É impossível ser feliz sozinho". Os conceitos de felicidade (concretização da vida) e cidadania
(participação no contexto social), juntos, apontam o caráter' multidimensional guardado nesses conceitos, o que nos permite superar
alguns equívocos quando os exploramos, principalmente no terreno da educação. A associação de felicidade e cidadania se dá na
medida em que o exercício da cidadania é possibilitador da experiência da felicidade.
A relação social fundamental é uma relação entre sujeitos, simétrica. O poder existe quando os homens agem juntos,
desaparecendo quando se instala o não-reconhecimento do outro. O outro, assim, aparece como medida de nossa liberdade, que só
se dá em relação. À idéia de liberdade articula-se a de autonomia. A autonomia, porém, é relativa (no sentido de algo que se
experimenta em situações, que, por sua vez, têm seus limites). Esses limites definem-se na consideração da alteridade. Estabelece-
se, aí, um respeito mútuo na relação entre os indivíduos.
Assim, felicidade e cidadania colocam-se como intercomplementares. A demanda das instituições sociais e da escola é
colaborar na construção da cidadania democrática. Por isso, pode-se afirmar que a escola é um dos lugares de construção da
felicidadania. O trabalho docente deve, então, ser dirigido para construir a felicidadania:
1.Reconhecer o outro (neste caso, o aluno). E esse reconhecer o outro no aluno é considerá-lo na perspectiva da igualdade
na diferença, que é o espaço da justiça e da solidariedade.
2.Tomar como referência o bem coletivo. O que explicita a qualidade do trabalho docente é sua orientação na direção do bem
coletivo, e não apenas na de alguns segmentos, que sustentam privilégios e discriminações.
3.Envolver-se na elaboração e desenvolvimento de um projeto coletivo de trabalho. Um projeto de escola não se faz sem a
participação de todos que a constituem. E é no projeto que se revela o caráter utópico do trabalho pedagógico, que aponta para algo
ideal, que ainda não existe, mas que pode vir a existir.
4. Instalar na escola e na aula uma instância de comunicação criativa. A relação professor-aluno é uma relação comunicativa.
Há que existir, na prática docente, espaço para a palavra do professor e do aluno, para o exercício da argumentação e da crítica.
5. Criar espaço, no cotidiano da relação pedagógica, para a afetividade e a alegria. Ser professor, séria e rigorosamente, é
trazer uma contribuição à descoberta do mundo pelos alunos, é proporcionar crescimento e alegria com a construção e a reconstrução
do conhecimento. A ação do professor deve ser "plena de vida, de força, de inteligência e de alegria" (NODAR/, Paulo César. A ética
aristotélica. Belo Horizonte, 1997).
6.Lutar pela criação e pelo aperfeiçoamento do trabalho de boa qualidade. A competência se define como um conjunto de
qualidades presentes na ação profissional. E não é demais repetir que as condições para ela não se encontram apenas no docente,
mas também no contexto em que ele desenvolve seu trabalho.
Esta "Iistagem" de exigências apenas constitui uma referência e se amplia na medida em que se consideram os contextos
concretos de trabalho e as características peculiares de cada um.

Capítulo 5: Certezas provisórias

O trabalho docente só serve para colaborar na construção da cidadania. Há novas necessidades colocadas à escola e a seus
profissionais em nossos dias. Colocaram-se como demandas para a Filosofia e a Didática a superação da fragmentação, da
massificação decorrente da globalização e a superação de um embate entre a razão instrumental e o inacionalismo. Tudo isso com o
intuito de se procurar instalar a felicidadania, desenvolvendo-se um trabalho de melhor qualidade.
A melhor qualidade revela-se na definição dos caminhos para se fazer a mediação entre o aluno e o conhecimento. Lembre-
se de que a melhor qualidade não é sinônimo de "qualidade total"; ela é_ na verdade, uma "qualidade ausente", na medida em que se
coloca sempre à frente, estimula projetos, tem um caráter utópico.
A teoria da educação não é a "teoria sobre a educação, mas teoria para a educação". É fundamental viver para a educação,
em vez de viver da educação. O exercício que a autora estabelece neste livro, assim, segundo ela própria, "é um exercício de filosofia
para a educação, de Filosofia da Educação para a Didática. Esse trabalho só serve para procurar fazer a vida melhor. Se nos
incomodamos com o 'só' (O trabalho docente só serve para colaborar na construção da cidadania), assim colocado, podemos eliminá-
lo. (...) Mas é preciso incluí-lo, de outro modo: esse trabalho - e todo saber nele envolvido - só serve se procurar fazer a vida da melhor
qualidade”.

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