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Salvador
2017
DENIA NEVES DIAS
Salvador
2017
Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.
(Provérbios 22,6)
Assim, as crianças são mandadas cedo à escola, não para que aí aprendam alguma coisa, mas
para que aí se acostumem a ficar sentadas tranquilamente e a obedecer pontualmente àquilo
que lhes é mandado, a fim de que no futuro elas não sigam de fato e imediatamente cada um de
seus caprichos. (Immanuel Kant)
EDUCAÇÃO E LIBERDADE: UMA “LIVRE” REFLEXÃO
RESUMO
Neste artigo consta uma reflexão sobre educação e liberdade. E para tal, inicia-se
delimitando o conceito de educação, segundo Severino(1990); fazendo a retomada
das tendências filosófico-política da educação como destaca Luckesi(1994), os quais
são: educação para a redenção; educação para reprodução e educação para
transformação. Por esta última, o pensamento filosófico seguirá para o conceito de
liberdade, provocada pela educação, segundo sugere Paulo Freire(2000). Contudo,
para finalizar, será exposto uma reflexão, bem controversa do fato de que apesar da
educação, os sistemas, todos eles, são tão bem elaborados que ainda que se tenha
vontade de exercer o livre-arbítrio, o indivíduo tem a sua liberdade condicionada a
responsabilização do exercício da mesma como sugere Gusdorf.
ABSTRACT
This article includes a reflection on education and freedom. And for this, the concept
of education begins, delimiting according to Severino (1990); making the resumption
of the philosophical-political tendencies of education as emphasized by Luckesi
(1994), which are: education for redemption; education for reproduction and
education for transformation. By the latter, philosophical thought will follow the
concept of freedom, provoked by education, as Paulo Freire (2000) suggests.
However, to conclude, a very controversial reflection of the fact that despite
education, the systems, all of them, are so well elaborated that even if one has the
will to exercise the free will, the individual has his freedom the responsibility of the
exercise of the same as suggested by Gusdorf.
1
Estudante de graduação do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação
Tecnológica da Bahia
PROLEPSIS
Dia após dia, pessoas em seus mais diversos ambientes se dirigem a uma
sala de aula, presencial ou à distância, para adquirir conhecimentos, outrora
“desconhecidos”. Há de se observar que cada indivíduo segue para os espaços
educacionais com suas motivações e expectativas, as quais, dado o contexto
econômico, capitalista, é possível afirmar que, em sua maioria, as pessoas buscam
aprender para usar o saber apreendido em algum trabalho que promoverá o
rendimento.
A educação, exposta pelo parágrafo anterior, traz em si um contexto de
alienação, por não promover a reflexão, e sim uma educação de “massificação” que
leva ao conformismo e acomodação, e torna o homem ajustado ao trabalho, à
.sociedade e a política.
Os educandos quando sujeitos a uma mudança por uma postura reflexiva, ou
seja, colaborando com a formação de atitude metacognitiva, capaz de refletir sobre o
próprio processo de aprendizagem, fazendo uma releitura de sua realidade; estes,
segundo Paulo Freire, exercerão liberdade.
Contudo, faz-se necessário considerar a vontade, pois ainda que eduquemos
para a liberdade, a mesma de fato não aconteceria, e que as pessoas que muito
refletem, se não quiserem ser amigas do saber, só estariam expostas as angústias e
desventuranças das amarras de um sistema outrora desconhecido.
AÍSTHESIS
Numa sala de aula, todos os alunos são candidatos a filósofos, pois sua
“natureza humana” permite que aprenda (representa a capacidade que homem têm
de absorver e adquirir conhecimento). Contudo, tal como na agricultura é necessário
que haja terreno fértil, ou seja, disposição para o aprendizado.
“Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci
o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a
lei não dissesse: Não cobiçarás.[...] Desventurado homem que sou! Quem
me livrará do corpo desta morte?”(BÍBLIA, 2010).
APORIAS
Para além da “arte de ensinar tudo a todos”, tem-se na educação, acredito eu,
o desejo de tirar os sujeitos da educação da alienação e aprimorá-los por meio da
promoção do conhecimento e disseminação do saber. Contudo, os mesmos não
apresentarão qualquer mudança significativa se não houver reflexão, que muitas
vezes se constitui de uma atitude filosófica, traspassando o limite do senso comum.
Paulo Freire fala que há dois tipos de educação: uma que aliena e outra que
promove mudança; nesta última, ele sugere que a mudança só ocorre quando o
homem passa a ter “uma postura de autorreflexão e reflexão sobre seu tempo e seu
espaço”, segundo a qual daria ao homem liberdade, outrora sufocada pela “violência
da Metrópole”.
Por meio do conhecimento que se tem das coisas, a vontade humana adquire
condições de fazer escolhas, proporcionando uma subjetividade humana, sobretudo
consciente. A liberdade está vinculada à vontade, uma vez que esta está na
dimensão do escolher, podendo inclusive escolher o oposto, o irracional. O fator
decisivo para afirmar a liberdade é, portanto, a consciência, a faculdade do intelecto.
Por fim, como sugere Gusdorf: “a vontade pesa”. Então a escolha pauta-se no
quão longe queremos que uma “embarcação” chegue. Assim, o esforço para superar
as correntezas, é válido, ainda que contra a vontade. Quando se têm um propósito.
Penso que as reflexões expostas neste artigo, não são exercício de liberdade.
Pense-se, pois, nas formalidades da ABNT, de associar meus pensamentos às
citações e outros estudos, Em busca de aprovação e para provar que eu refleti.
Logo, realmente, não há liberdade na educação.
REFERÊNCIAS
FREIRE, P.; Educação como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro. Paz e Terra,
2000.