O documento discute as interfaces entre a didática e a filosofia da educação. Apresenta duas abordagens filosóficas: a essencialista, que vê o ser humano como tendo capacidades inatas que precisam ser desenvolvidas, e a existencialista, que vê o ser humano como mutável e em evolução constante através das interações sociais. Discute como essas abordagens influenciam a compreensão do processo educativo.
Descrição original:
Título original
Aula 07 As Interfaces da Didática com a Filosofia da Educação
O documento discute as interfaces entre a didática e a filosofia da educação. Apresenta duas abordagens filosóficas: a essencialista, que vê o ser humano como tendo capacidades inatas que precisam ser desenvolvidas, e a existencialista, que vê o ser humano como mutável e em evolução constante através das interações sociais. Discute como essas abordagens influenciam a compreensão do processo educativo.
O documento discute as interfaces entre a didática e a filosofia da educação. Apresenta duas abordagens filosóficas: a essencialista, que vê o ser humano como tendo capacidades inatas que precisam ser desenvolvidas, e a existencialista, que vê o ser humano como mutável e em evolução constante através das interações sociais. Discute como essas abordagens influenciam a compreensão do processo educativo.
Aula 07 As Interfaces da Didática com a Filosofia da Educação
Temática: As Interfaces da Didática com a Filosofia da Educação
Na primeira unidade do nosso curso apresentamos uma panorâmica sobre o
processo histórico que constituiu a Didática como campo de estudo. Neste processo histórico foi possível perceber que na Didática se fundem uma série de conhecimentos provenientes dos demais conteúdos que estudam outros aspectos da ação educativa intencional que acontece na instituição escolar. Isso quer dizer que conhecimentos construídos no campo da Filosofia da Educação, da Psicologia da Educação, da Sociologia da Educação, da Política Educacional e da área de conhecimento específico a ser aprendido, fundem-se na Didática produzindo um outro saber que alicerça a ação docente. É por essa razão que alguns autores, como LIBÂNEO (1994), afirmam que a Didática é uma “matéria síntese”.
Iniciamos a nossa exposição de Didática como matéria síntese apresentando
as interfaces da Didática com outros campos do saber, relacionando-a primeiramente com a Filosofia da Educação. No campo da Filosofia da Educação, encontramos abordagens que oscilam entre dois grandes polos: o essencialista e o existencialista. Vamos tratar de expor essas abordagens considerando que a realidade humana é sempre muito mais complexa do que qualquer modelo explicativo que possamos apresentar. Tomamos essas duas grandes correntes do pensamento filosófico para conduzir nossa exposição. Lembre-se de que em qualquer polarização há um amplo espaço de transição entre os polos, isso quer dizer que nossas práticas podem, talvez, apresentar características mais ou menos evidentes de ambas as abordagens.
Para a abordagem essencialista em Educação, o ser humano nasce uma
essência que o caracteriza como humano. Essa essência é o pensamento. Na visão essencialista, o ser humano já nasce com suas capacidades, apenas necessita desenvolver as potencialidades inerentes à sua natureza. Então, as capacidades de pensamento, como a análise, síntese e julgamento são inatas e dependem, apenas, do amadurecimento biológico do indivíduo e dos exercícios a realizar com essas capacidades. Nesta concepção, o mundo é externo ao indivíduo, sendo transmitido através da Educação e das instituições sociais. A noção de conhecimento é apresentada como sendo algo pronto e acabado.
Para a abordagem essencialista da Educação, supostamente, se oferecem a
todas as pessoas, por igual, as mesmas condições para aprender. De um modo homogeneizante, agrupam-se indivíduos da mesma faixa etária, ou etapa de aprendizagem, realizando atividades em uníssono. Desse modo, todos os educandos fazem as mesmas coisas da mesma maneira e ao mesmo tempo. Caso o indivíduo não aprenda, as causas desse não aprendizado se encontram no próprio indivíduo, na sua falta de capacidade para aprender e não nas condições que lhe foram oferecidas para aprender.
Com base nesses fundamentos, a ênfase do processo educativo recai na
transmissão do conteúdo produzido e acumulado historicamente pela humanidade, pela ação do professor. Ao educando cabe assimilar esse conteúdo por meio de exercícios repetitivos.
Distante da abordagem essencialista, a abordagem existencialista compreende
a natureza humana como sendo mutável, interdependente das condições de existência, de suas relações sociais. Nessa abordagem, o ser humano é um sistema aberto, em evolução contínua, que se desenvolve em estágios em busca de um estado final nunca alcançado. O ser humano é ativo e o mundo, um meio a ser descoberto.
Nessa perspectiva, compreende-se a Educação como condição para o
desenvolvimento do ser humano e a escola caracteriza-se como um laboratório de vivências preparatórias para a vida. Compreende-se a aprendizagem como um processo social que desloca a ênfase da transmissão do conteúdo, da abordagem essencialista, para a descoberta e a construção do conhecimento.
O sujeito da aprendizagem aprende em suas relações com os outros no mundo
e com o mundo, por meio da reflexão e da ação. Ser humano e mundo são históricos e culturais, na medida em que “ambos inacabados, se encontram numa relação permanente, na qual o homem, transformando o mundo, sofre os efeitos de sua própria transformação” (FREIRE, 1976, p. 76).
SOUZA Humberto Da Cunha Alves de JUNQUEIRA Sergio Rogerio Azevedo. Caminhos Da Pesquisa em Diversidade Sexual e de Genero Olhares Interdisciplinares. Curitiba IBDSEX 2020. Colecao Livres Iguais 2