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INTERDISCIPLINARIDADE NA PRÁTICA

EDUCATIVA
INTERDISCIPLINARIDADE NA PRÁTICA
EDUCATIVA

DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES
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TUTORIA ONLINE
Segunda a Sexta de 09:30 às 17:30
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3
2 A INTERDISCIPLINARIDADE ........................................................................ 4
3 PRÁTICAS ESCOLARES E A INTERDISCIPLINARIDADE ........................ 12
3.1 Disciplinaridade ........................................................................................ 13
3.2 Multidisciplinaridade ................................................................................ 17
4 INTERDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA.................................................... 22
4.1 Transdisciplinaridades ............................................................................ 26
4.2 Didática e interdisciplinaridade .............................................................. 30
4.3 Contexto das salas de aula e a organização das condições de
aprendizagem ................................................................................................. 31
5 PLANEJAMENTO DE ENSINO NUMA PERSPECTIVA CRÍTICA ............... 36
5.1 A importância do planejamento das aulas ............................................. 43
6 TIPOLOGIA E ETAPAS DO PLANEJAMENTO ........................................... 49
6.1 Planejamento interdisciplinar ................................................................. 54
6.2 Didática multireferencial .......................................................................... 59
7 DIDÁTICA E INTERDISCIPLINARIDADE .................................................... 63
7.1 A Parábola do cavalo ............................................................................... 63
7.2 Socioconstrutivismo e didática .............................................................. 66
8 TEMAS TRANSVERSAIS DA EDUCAÇÃO ................................................. 71
ENCERRAMENTO ........................................................................................... 78
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 79
1 INTRODUÇÃO

Nosso objetivo primordial é possibilitar a compreensão da


Interdisciplinaridade em seus fundamentos, possibilitando o conhecimento da
sua existência no mundo dos educadores.
Para conceituar Interdisciplinaridade é preciso definir algumas tarefas
que são bastante complexas, uma vez que esta palavra envolve uma diversidade
de equívocos e possibilidades. Para trabalharmos a compreensão da
interdisciplinaridade, podemos recorrer a uma metáfora: o conhecimento é uma
sinfonia. Para a sua execução será necessária a presença de muitos
elementos: os instrumentos, as partituras, os aparelhos eletrônicos, etc. A
orquestra está estabelecida. Todos os elementos são fundamentais,
descaracterizando, com isso, a hierarquia de importância entre os membros.
O primeiro ponto que deve ser considerado refere-se à questão da
insegurança, pois ela faz parte do novo paradigma emergente do
conhecimento. Tal como no caso da ciência moderna, em que se tinha exercido
a dúvida em vez de sofrer, é preciso que se faça o mesmo na ciência pós-
moderna, assumindo a insegurança em vez de postergá-la. Mas assumir a
insegurança pressupõe o fato de exercê-la com responsabilidade. É necessário
tomar conhecimento desses estudos, antes de empreender o caminho da ação
interdisciplinar, pois uma reflexão epistemológica cuidadosa possibilita
consideráveis avanços. E tais avanços poderão permitir a visualização de
projetos concretos de investigação que em parte possam corresponder ao novo
paradigma emergente de conhecimento, embora precise ficar claro que em
termos de conhecimentos estamos ainda em fase de transição. Estamos
bastante divididos entre um passado que negamos, um futuro que vislumbramos
e um presente que está muito arraigado dentro de nós. Com o intuito de
atender à questão da “Interdisciplinaridade na Escola”, acerca do
desenvolvimento expressivo do seu desenvolvimento com o meio ambiente e
suas relações com o mundo, pode-se compreender melhor os caminhos da sua
manifestação.

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2 A INTERDISCIPLINARIDADE

“Ser mestre não é apenas lecionar. Ensinar não é apenas transmitir


matérias. Ser mestre é ser instrutor, amigo, guia e companheiro. É caminhar
com o aluno passo a passo, é transmitir a ele o segredo da caminhada”
(Piaget).
O processo vital de desenvolvimento é formador da personalidade.
Assim, a Educação não se confunde com a mera adaptação do indivíduo ao
meio. Antes disso, é atividade criadora e abrange o homem em todos os seus
aspectos. Começa na família, continua na escola e se prolonga por toda a
existência humana. A Educação é, pois, o processo pelo qual uma pessoa ou
grupo adquirem conhecimentos gerais, científicos, artísticos, técnicos ou
especializados com o objetivo de desenvolver sua capacidade ou aptidões.
Na Grécia Antiga, a Educação visava preparar os jovens para as
relações com a Cidade ou Estado. Cada Estado tinha suas características e os
sistemas educacionais deviam adaptar-se a elas para preparar adequadamente
a juventude.
Quando os romanos conquistaram a Grécia, existia em Roma um
sistema educacional decadente. O pai tinha poder ilimitado sobre os filhos e era
publicamente censurado quando fracassava no ensino dos preceitos morais.
Destacaram-se na Idade Média o trivium (gramática, dialética e retórica)
e o quadrevirum (geometria, aritmética, música, astronomia). Além disso, tem-
se a filosofia e, na dramaturgia, as doutrinas da igreja e das escrituras. Já
durante o Humanismo – no século XI – o norte da Itália apresentava o maior
progresso material cultural da Europa.
A Educação nos séculos XVIII e XIX teve caráter marcadamente
aristocrático.
Com os movimentos intelectuais do século XX, a Educação
contemporânea trouxe teorias educacionais destinadas a renovar os métodos
da escola tradicional.
A nova escola e a escola antiga abarcaram várias correntes
pedagógicas. A Educação em liberdade aboliu a hierarquia professor/aluno e,

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portanto, a relação de autoridade na experiência pedagógica é rompida,
encaminhando a criança à autoeducação de acordo com seu ritmo e
movimento.
Além das referidas abordagens, tem-se, ainda, a Educação socialista,
que no século XX elaborou uma doutrina marxista para a educação; a
Educação libertadora, que, no Brasil, deveria estar pautada na liberação do
oprimido, dando-lhe meios para transformar a realidade social a sua volta
mediante a conscientização e o conhecimento crítico do mundo; e a Educação
e tecnologia, enfatizando o desenvolvimento tecnológico no âmbito da
educação.
Nos tempos atuais, destacam-se alguns Ramos Especiais:
 Educação artística;
 Educação física;
 Educação para adultos;
 Educação especial;
 Ensino religioso;
 Ciências da educação;
 Filosofia da educação;
 Educação comparada;
 Biologia da educação;
 Economia da educação (psicologia da educação, sociologia da
educação, didática).
A Educação no Brasil, no período colonial, empregava o sistema de
ensino dos jesuítas. No tempo de D. João VI passou-se por um período de
decadência, desagregação e descentralização do ensino básico (1834), cuja
organização passou a ser responsabilidade das assembléias provinciais.
Na República Velha, após a primeira Guerra Mundial, a “Escola Nova“
penetrou no Brasil com algumas figuras centrais: Antônio Sampaio Dória, em
São Paulo (1920); Lourenço Filho, no Ceará (1923); Anísio Teixeira, na
Bahia(1925); Francisco Campos e Mário Casassanta, em Minas Gerais (1927);
Fernando de Azevedo, no Distrito Federal (1928); todos tentaram reorganizar

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os sistemas educacionais.
Foi nesse período que a escola passou a viver o principal objetivo dos
centros de formação escolar e transmitir conhecimento especialmente aos
jovens, como forma de perpetuar a cultura, desenvolver a personalidade
individual e estimular a sociabilidade.
Assim, a educação escolar deve por em prática a concepção de vida
como um dos principais mecanismos de socialização. Nesse contexto, a escola
tem a função de desempenhar e transmitir conhecimentos, estimular a
aprendizagem e preparar para o convívio social. A escola, na estrutura geral da
sociedade, funciona simultaneamente como órgão de socialização e
mecanismos de controles sociais.
Quando a escola surgiu entre os povos da antiguidade oriental (Egito,
China e Índia) tinha cunho religioso. Privilegiava-se a formação de pessoas
letradas, que seriam responsáveis pela manutenção dos cultos. Na antiguidade
clássica (Grécia e Roma) a escola adotou duas linhas opostas, mas
complementares: a pedagogia da personalidade, que visava à formação
individual, e a pedagogia dos humanistas, que procurava desenvolver o
indivíduo dentro de um sistema educacional representativo da realidade social.
No século XX a escola pública passou a ser gratuita e seus regimes
diferenciados:
 Quanto ao sexo Masculino /Feminino /MISTA;
 Quanto a Idade Pré-Escola, primária, média ou secundária / pré-
Universitária, / Superior/ Supletivo normal;
 Quanto ao tipo de educação especialização (deficientes físicos ou
mentais);
 Quanto ao caráter religioso;
 Confessional;
 Multiconfessional.
A nova concepção de escola ministrava ensinamentos de caráter
memorizado, intelectualista e literário. Posteriormente, evoluiu para chegar a
incluir, na atualidade, grande diversidade de matérias: ciências, línguas, artes,

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técnicas, etc. Cada vez mais a escola procura tornar-se integradora, isto é,
constitui uma comunidade em que se busca a interação entre alunos e
professores.
Chama-se escola nova as instituições educativas nas quais se promove
a renovação educacional por meio de internato para pequenos grupos que ficam
a cargo dos professores e de suas famílias.
Na psicologia aplicada à educação mostra-se o conceito de disciplinar
ou interdisciplinar, e não há punição dentro dessa nova perspectiva. O que se
procura é o incentivo à liberdade das forças produtivas que constituem o
potencial do ser humano. Analisando a questão de disciplina destacam-se:
1. Possibilidade de punição injusta, com a imediata instalação de
cargos de hostilidade no punido;
2. O excessivo relevo concedido a um aspecto indesejável da conduta
do punido quando mais bem se justificaria a concessão de destaque a um
aspecto positivo;
3. A eventual conexão entre a medida punitiva e uma outra atividade
qualquer, totalmente diferente da que se pretendeu inibir;
4. A preocupação com o bloqueio de certo padrão de conduta, ao invés
de se estimular a resposta positiva.
Para entender como a Interdisciplinaridade pode ser desenvolvida na
escola é preciso que se conheça a formação e a estrutura escolar, o avanço da
educação e suas dificuldades. Não seria possível, portanto, trabalhar sem
conhecimento da causa, sem visão adequada em sua formação. Para qualquer
posicionamento que precise alcançar, busque o conhecimento enraizado,
assim conseguirá efeitos positivos, e caso o negativo persista em aparecer,
será mais fácil detectar os problemas encontrados. Percebe-se que ninguém
sobe uma escada começando pelo meio, o primeiro degrau é sempre o contato
direto com a realidade.
A interdisciplinaridade surgiu da necessidade de se desenvolver estudos
que relacionem as temáticas estudadas, buscando um bom resultado no
mercado de trabalho, mostrando-se a produção do conhecimento escolar
pautada na inter- relação das diversas áreas do conhecimento.

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O conhecimento da interdisciplinaridade não parece um processo assim
tão simples. Diante da multiplicidade de formas e conteúdos, podemos avaliar
por quantos caminhos, critérios e métodos tivemos que passar para chegarmos
a acreditar que as inovações seriam necessárias, quando voltamos para um
estudo de pesquisas em que se conhece a formação de estrutura educacional
desde a sua formação física até o desenvolvimento pedagógico. Retomando os
caminhos que foram percorridos para se chegar a todas as mudanças,
podemos entender a importância de considerar que tem sido incidente na
bibliografia específica sobre interdisciplinaridade o emprego, a indicação e a
citação do termo em inúmeras produções científicas exclusivas da área de
educação.
Quando nos dedicamos à tarefa da educação não é possível precisar
exatamente há quanto tempo estamos nela. Aqueles que se dedicam à tarefa
da educação, desde há muito, estão na escola (qualquer que seja ) bem antes
de virem a se tornar profissionais dela. Por isso é difícil, senão impossível,
precisar exatamente quando deixamos de ser “alunos” para nos tornarmos
“professores” ou, por outro lado, quando e por quantas vezes, já no exercício
do magistério e/ou nas funções técnicas e administrativas da escola
continuamos sendo “alunos”.
A experiência prática e profissional de que se dispõe, acrescida do fato
de ser pedagogo, representa necessariamente grande compromisso diante de
tal circunstância, em especial pelo fato de representar exatamente uma
prioridade ou como diriam alguns, uma efetiva necessidade: a atitude
interdisciplinar que, uma vez percebida, acaba por nos conduzir à percepção de
outras tantas contradições da visão fragmentária enraizada em nossa prática.
Finalmente, então, queremos registrar aqui estudos sobre a
Interdisciplinaridade que demonstrem tanto a visão fragmentada do cotidiano
escolar, como a produção de uma perspectiva que melhore o processo de
educação interdisciplinar nas formas concebidas de sua existência de conhecer
para novamente se comunicar. Nessa perspectiva, a educação tem sido
considerada em dois níveis: o nível do esclarecimento sobre a compreensão
das totalidades sociais, e da educação econômica; e o nível específico das

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discussões de temas e problemas educacionais. O desafio parece configurar-se
diante da impossibilidade e inconveniência de serem alterados componentes
da infraestrutura. As impossibilidades dificultam o processo, numa análise
mais aprofundada, que acaba sendo entendida como elemento típico na
maioria das situações em que o educador atua e, portanto, acaba por se
constituir um dos maiores motivos de termos aceito os desafios.
O trabalho participativo e interdisciplinar seria a grande preocupação dos
professores que pretendiam no currículo do curso (Pedagogia) estabelecer nos
primeiros anos um elenco muito variado de disciplinas, o que nos parece
fragmentar o repasse ao aluno. Na verdade, o que vem a ser preocupante é a
posição do pedagogo quanto a sua especialidade, em comparação com os
outros professores que têm áreas específicas. Segundo essa concepção,
procura-se encontrar meios que superem essa fragmentação encontrada na
formação do educador para desenvolver um trabalho para o educando. Daí
aquele grupo composto por professores de tendências e posturas diversas
frente à educação, que se conhece e procura definir suas diferenças,
traduzindo suas preocupações pelo desenvolvimento em nível de curso.
No entanto, o lema deveria emergir da análise cotidiana escolar por
parte do docente para os discentes, buscando a coerência entre a teoria e a
prática procurando entender e transformar a concepção encontrada numa
escola melhor.
O trabalho interdisciplinar é um trabalho participativo, ainda que
realizado em diferentes posturas e visões educacionais, no qual se encontra
hesitação e consequentes críticas a uma concepção única na formação do
pedagogo.
Sobre o assunto, Ivani Fazenda (1999, p. 70) comenta: Hoje, diríamos
trabalho interdisciplinar porque participativo. Trabalho interdisciplinar porque
realizado por grupo heterogêneo de professores bastante heterogêneos e por
grupo também heterogêneo de alunos, diríamos hoje, com muita convicção. A
visão fragmentada do conhecimento, no curso de Pedagogia, com currículo
que apresentava elenco bastante variado de disciplina. E ainda
acrescentávamos até com certa insegurança: trabalho interdisciplinar porque

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preocupado com um “tipo” de interdisciplinaridade a interdisciplinaridade
interna daquele currículo.
Já presenciamos nos dias de hoje um trabalho disposto a superar essa
fragmentação, muito mais disposto a enfrentar barreiras entre a teoria e a
prática, que parecia ser diferente do exercício para aplicação da prática. Nesses
casos, o trabalho interdisciplinar, sem qualquer tipificação interna ou externa,
especifica-se no desenvolvimento entre as áreas do conhecimento trabalhado.
Para a escola, o esboço do entendimento pedagógico é o trabalho
diversificado em áreas de profissionais atuantes capazes de desenvolver uma
metodologia dentro do seu contexto de experiências adquiridas ao longo de
sua formação.
É viável que se pense dessa forma, mas que se olhe também por outro
ângulo, analisando caminhos e direções. Acredita-se que o pedagogo não tenha
somente uma direção, mas direções para serem desenvolvidas e as
experiências irão conduzi-los para isto.
Para se integrar a um trabalho conjunto é preciso se utilizar de uma
ferramenta muito comum: o “entendimento” para uma atuação participativa. Na
visão que se pretende formar diante da problemática encontrada, pode-se
vislumbrar a experiência vivida como educação travada em direção da
aprendizagem. É necessário que se olhe não somente para o que
encontramos, mas para o que vamos encontrar. A prática parece um pouco
árdua, mas nada que não possa ser especificamente moldado. A especialidade
generaliza e contribui para a ampliação dos conhecimentos existentes que,
muitas vezes, a escola não gosta de conhecer senão na teoria, pois na sua
prática cotidiana só sabe se ocupar com a reprodução do conhecimento
existente.
Os exercícios levam a questionar e avaliar a postura da teoria e prática,
cujos grupos de estudo sobre a Interdisciplinaridade, mais que tudo,
demonstram a perspectiva de substituição. No cotidiano da escola, das visões
fragmentadas e/ou dicotômicas pelo que se chama de convergência em
termos, denominados de saber, alegria, participação, aspectos que,
combinados, formam a Interdisciplinaridade.

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Para os educadores a Educação seria impotente e ideológica se
ignorasse o objetivo de adaptação e não preparasse os homens para se
orientarem no mundo. Porém, ela seria igualmente questionável se ficasse
nisto, produzindo pessoas ajustadas, em consequência do que a situação
existente se impõe precisamente no que tem de pior. Nestes termos, desde o
início existe no conceito de Educação uma ambiguidade para a consciência e
para a racionalidade. Talvez não seja possível superá-la, mas certamente não
é possível desviar dela.
Anteriormente fez-se referência à posição encontrada no profissional
que atua e que também analisa a posição da Educação em uma relação
dialética. Evidentemente, a aptidão para se orientar no mundo é impensável
sem adaptações. Mas ao mesmo tempo impõe-se equipar o indivíduo de um
modo tal que mantenha suas qualidades pessoais. E essa tarefa de reunir na
educação princípios individuais e sociais simultaneamente, adaptando a
resistência particular, é difícil para o pedagogo no estilo vigente. Procura-se
mostrar que quem deseja educar para a democracia precisa esclarecer com
muita precisão as debilidades da mesma.
A educação constitui necessariamente um procedimento dialético,
porque só podemos viver na democracia quando se dá conta igualmente de
seus defeitos e de suas vantagens. Para que se firme confiante no processo
ensino-aprendizagem em perspectiva da interdisciplinaridade (paradigmas
emergentes da educação); exige-se que esse “paradigma”, como melhor pode
ser denominado, possa ser profundamente conhecido pelo homem e que se
faça vivido pelos educadores. Pode ser comunicado, reproduzido e produzido
para, por meio de outras formas, ser concebido em sua sempre nova
existência. Dar-se-ia, novamente, conhecer e, novamente, comunicar, para
formação de uma escola que favoreça um ambiente de aprendizagem voltado
para a qualidade.

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3 PRÁTICAS ESCOLARES E A INTERDISCIPLINARIDADE

Antes do trabalho do aluno com atividades propostas, ou seja, com


atividades escritas, faz-se necessário um amplo trabalho do professor com
material concreto e vivências de experiências. Os estudos das práticas
escolares e a interdisciplinaridade nos levam a conhecer conceitos e
informações importantes que levam o professor a desenvolver suas habilidades
de formas coerentes e modos satisfatórios. A sala de aula é o lugar
intermediário entre a teoria e a prática que surgem com suas mudanças e
conceitos de práticas pedagógicas estabelecidas pelo professor no exercício de
sua didática. É preciso uma mudança total na concepção do objetivo da
aprendizagem, do sujeito que aprende e, forçosamente, do professor.
Trata-se de compreender o processo que se está vivendo a cada
momento, o conhecimento de uma série de fatos vinculados à evolução
psicológica, que será preciso pensar em outros termos de intervenção
pedagógica ligada às ideias do processo evolutivo.
A prática tradicional leva o aluno a saber ou não saber, poder ou não
poder, equivocar-se ou acertar. Isso torna muito difícil compreender que está
sendo apresentada uma evolução e que certas coisas são normais dentro da
evolução, ainda que se cometam “erros” em relação ao desenvolvimento do
aluno em sua prática aprendiz (disciplinas).
A interpretação do professor faz a produção interpretativa do aprender
respeitar o produtor (aluno), mostrando por meio de seus esforços o que está
sendo feito para se compreender o sistema de uma didática de entendimento.

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Procure retratar fatos que povoam momentos importantes no caminho
de formação da caminhada do professor para o seu desenvolvimento.

3.1 Disciplinaridade

A luta pelo direito à escolarização é a luta pelo acesso ao conhecimento


e faz-se uma estratégia global da luta das classes e da construção de uma nova
sociedade. Mas não é suficiente nesta luta que se tenha uma renovação de
conteúdos e métodos sem que se permita a apropriação do verdadeiro
conhecimento.
Coloca-se, pois, o problema de continuidade de transformação do saber
recebido e transmitido. O saber não pode ser simplesmente transmitido, com
todas as distorções ideológicas, que apresenta um saber fechado histórico e
crítico. A seleção desses conteúdos devem ser reveladoras e não mascarem a
realidade, revelando o seu caráter contraditório e transitório.
A verdade não deve ser apresentada como universal e atemporal
dissociada do problema de classe. A verdade de hoje é superada pela verdade
de amanhã. A verdade de hoje traz o conhecimento dos problemas
apresentados que se colocam numa educação que procura transformar-se em
termos de apropriação, redefinida a criação do ponto de vista da educação.
Apossa-se desse saber e cria-se um novo saber, que recupera a relatividade
histórica do domínio das condições por meio de uma sociedade educativa que
vem criar o novo.
O ponto de partida vem trazendo um conceito real de experiências de
vida e observações de funções educativas para modificação de como e aonde
foram repassados. A ideologia global necessita de um sentido novo que venha
destacar uma qualidade das expressões que surgem com a formação humana
global e que se produz em uma integração básica destacada nas inclinações,
das barreiras encontradas na educação.
Compreendemos que a sociedade ensina e ao mesmo tempo se
contradiz quanto à postura educativa. Isso ocorre quando tal sociedade se reflete
nos problemas da escola que não são técnicos e pedagógicos para apoiar-se em

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conteúdos e critérios de avaliação que relacionam um conceito afirmativo na
construção de identidade e personalidade integral. Avista-se um futuro
aparentemente sem saída e se evidencia a necessidade de buscar um caminho
a trilhar.
A educação hoje vive e respira a atmosfera do questionamento e jamais
deve esquecer que as dúvidas metódicas fazem parte da vida de cada
educador e educando. O questionamento muitas vezes afasta o fantasma que
mostra as verdades feitas que apenas começam a ser assimiladas pelos
espíritos superficiais de uma consistência intelectual na qual se pressupõe a
contínua busca do sentido que sempre foge do olhar mediador de uma
educação atribuída ao ensino. Passando pelas transformações cotidianas, não é
de hoje que se procuram respostas sobre o futuro da educação. Analisa-se a
burocracia pedagógica e nota-se um aspecto de trabalho que implica uma ação
direta e individualizada, ou seja, a atuação centrada no aluno.
A esta perspectiva temos uma atuação que assenta a visão basicamente
corretiva na linha de atendimento aos problemas educacionais. A esta
perspectiva espera-se direcionamento e controle das interferências que outros
agentes educacionais, como a família, vem desenvolvendo no sentido de
modificar o contexto que se espera alcançar diante das possibilidades. As
influências podem ser reconhecidas diante das articulações geométricas dos
currículos e programas, na repetição de erros metodológicos que sempre
recebem novas roupagens.
A colocação aqui é descrever o que inevitavelmente se afirma sobre as
competências educacionais em um linguajar espesso que se baseia na
pobreza de conteúdo e mesmo de expressões vistas como esclarecedoras
(colocar onde e em que termos?). Mas não é somente a teoria que as relações
educacionais disciplinares vêm mostrar em uma realidade social enfocada. A
compreensão crítica da relação disciplinar é preocupante. Sobre isso, um grupo
de pesquisadores de escolas, em colaboração com a UNESCO, buscou
estruturar o Centro Internacional de Pesquisas e Estudos Transdisciplinares em
1995.
De lá para cá prosseguiram os encontros de que daremos alguma

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notícia para clarear o que nos desafia. A discussão coletiva dos pensamentos
complexos é um imperativo do avanço significativo que evidencia as demais
questões específicas da escola e procuram ampliar a relação escola e
sociedade. A disciplinaridade supõe uma clara definição dos contornos dos
diversos saberes. Respira a tranquilidade e a coragem de um saber com
fronteiras definitivas, e em obediência a uma metodologia com limites
igualmente demarcados. É a física, a química, a matemática, o português, a
literatura, etc.
A verdade se revela bem na medida em que o aprofundamento de uma
questão prevalece sobre outra área do saber e, com isso, se vê
significativamente iluminada. A complexidade emergente gera o fenecimento
da hierarquia. Em decorrência disso, surge a era em que não há autoridade
investida, imposta por si mesmo, mas terá de competir com a autoridade de
quem sabe mais. E quem sabe muito? A resposta é: ninguém.
Assim, é visto surgir um inédito capítulo da história humana, que implica
na fragilidade do centro decisório que definia e separava as áreas do saber. Não
mais se podem deter os conhecimentos amplos e variados que o processo
decisório exige para que surjam os autoconceitos nas estratégias globais da
capacidade do aprender. Dar voz ao mundo do aluno, porém, não significa
calar-se. É do confronto que a disciplinaridade vem professar mudanças para o
entendimento da realidade de vivenciar. Quando procuram adequar, buscam-se
meios que ampliem as experiências imediatas e profundas aos conhecimentos
possuídos e encorajados na realidade do saber.
O acúmulo da história da educação que preocupa quanto a sua
transparência atual leva às condições de construção de novos conhecimentos.
E estes buscam aprimorar os nossos enfoques acumulados que vêm ser
transmitidos pelos alunos, buscando uma transformação para o novo saber.
Não que mude os conteúdos, mas a maneira como vão ser repassados a partir
do entendimento disciplinar.
As compreensões da realidade, por sua vez, provocam novas
necessidades de compreender. As respostas dadas aos desafios suscitam
novos desafios e, portanto, novas respostas. Daí que o conhecimento não pode

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ser e nem é absoluto. Conhece- se perfeitamente, e quanto mais se conhece,
mais aumenta a necessidade de conhecer melhor. Esta permanência do
conhecimento vai tornando durável a educação. Nenhuma educação autêntica
pode estar presa a um tempo, um espaço, um programa, por causa do ir e vir
também permanente dos tempos, dos espaços, dos programas, das coisas etc.
Compete a cada articulador a sua responsabilidade de entender as
relações fundamentais de formas claras nas relações de transmissão e criação
de transformação do saber para o saber do aluno. Essa responsabilidade de
mudança aspira uma segurança e um estudo centrado no conteúdo repassado
em sala de aula. Poder-se-ia imaginar que a pluridiscipinaridade estaria à
disposição, mas ela não se afasta inteiramente da disciplinaridade, uma vez
que se trata de um estudo que envolve várias ciências a partir de uma única
direção do processo. É um enriquecimento do estudo, mas não uma abertura
plena à sua compreensão. Já a interdisciplinaridade vai mais longe. Ela
concerne à transferência de métodos. Exemplo: os métodos da física nuclear
podem beneficiar o tratamento do câncer, que, como duas ciências, ao se
aproximarem, geram uma nova.
A educação para a libertação tem como fundamento a problematização.
Essa, por sua vez, tem seu instrumento na criticidade, levando os educandos a
aprofundarem seus conhecimentos na realidade em que estão inseridos. E na
medida em que se conhecem e se descobrem, mas capazes se tornam para
darem respostas transformadoras mediante seus fazeres transformadores. E
quanto mais respondem, tanto mais irão modificando, criando e recriando,
transformando a realidade conhecida numa nova realidade. A isso se adiciona o
condimento da complexidade e estarão ante um novo universo cognitivo à
espera da luminosidade do homem a lhe decifrar os enigmas.
Cabe ao homem contemporâneo acreditar que se impõe,
gradativamente, o itinerário fecundo do aprender, do fazer e do conviver. É por
esta razão que a emergência da indisciplinaridade precisa se ajustar aos
mecanismos capazes de fazer desembocar nos altiplanos da paz, da
convivência e do respeito mútuo entre homens, instituições e povos. Longe de
tais pensadores estabelecerem compartimentos estanques entre a

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pluridisciplinaridade, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade podem e
devem conviver pacificamente e abrir espaços à compreensão de sentido do
real. Sem prejuízo da densidade criativa do ideal, do ficcional, do imaginário que
tanto opulentam o olhar perplexo do homem ante a magnitude do desafio de
simplesmente captar os sinais vitais de tudo o que o envolve, sobre ele atua e
lhe oferece um mundo para se conviver – vivendo.

3.2 Multidisciplinaridade

A especificação do tema pretende desvendar, no universo da sala de


aula, o processo de uma prática pedagógica que introduz a construção do
conhecimento significativo no qual o lúdico favoreça a apreensão de novos
conceitos. A desenvoltura do contexto vem sintetizar uma dinâmica que possa
atuar um processo construtivo e informativo na educação. Entretanto, a
orientação leva à formação do espírito consciente, crítico, que toma as
decisões rápidas e eficazes no convívio social.
A multidisciplinaridade corresponde à estrutura tradicional de currículo
nas escolas, o qual se encontra fragmentado em várias disciplinas. De acordo
com o conceito de multidisciplinaridade recorre-se a informações de várias
matérias para estudar um determinado elemento, sem a preocupação de
interligar as disciplinas entre si. Assim, cada matéria contribuiu com
informações próprias do seu campo de conhecimento, sem considerar que
existe uma integração entre elas. Essa forma de relacionamento entre as
disciplinas é considerada pouco eficaz para a transferência de conhecimentos,

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já que impede uma relação entre os vários conhecimentos.
A qualidade do trabalho se dá pela experiência vivida e por isso, procurei
desenvolver ao longo de minha carreira como educadora a origem e formação
do que se pretende estudar e repassar. Portanto, comecei pela realidade
interiorana do sertão semiárido nordestino. Uma cidadezinha pequena, mas que
traz consigo o retrato de uma história de luta e determinação. A fé católica que
conduz o contexto da história de sua fundação povoa o cenário inspirador da
religiosidade que, envolvem seguimentos da cidade, desde comércio varejista,
ambulantes, até as andas com suas músicas regionais.
Quanta beleza se retrata diante de uma paisagem climática
preocupante, que vem mostrar um cartão-postal de seu povo. Porém, as
atividades escolares transcorrem normalmente e revendo a sua cultura
procuramos seus principais fatos históricos que trazem estudos entre
disciplinas aparentemente distantes como a Educação Física e Português,
História e Matemática.
A multidisciplinaridade tornou-se muito importante quando começamos a
desenvolver na escola trabalho com projetos, nos quais conseguíamos integrar
as disciplinas. A multidisciplinaridade foi considerada importante para acabar
com um ensino extremamente especializado, concentrado em uma única
disciplina. A origem da multidisciplinaridade encontra-se na ideia de que o
conhecimento pode ser dividido em partes (disciplinas). Resultado da visão
cartesiana e depois cientificista na qual a disciplina é um tipo de saber
específico e possui um objeto determinado e reconhecido, bem como
conhecimentos e saberes relativos a este objeto e métodos próprios.
Ao apresentar as pesquisas que ora vinham sendo trabalhadas em sala
de aula, sugerimos que os alunos fizessem uma exposição oral a partir do que
foi explicado e levassem seus entendimentos para o pátio da escola. No pátio
da escola os alunos começavam a registrar suas ideias por meio de confecção
de cartazes e faixas, para uma grande caminhada pela comunidade de seu
bairro. O resultado foi acima do esperado. O trabalho ia ganhando corpo e
formas que começaram a levar o conhecimento até suas casas. Com o projeto
“Cuidado com o Lixo” as famílias começaram a se integrar na escola.

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Acompanhei cada passo. E a cada organização ocupávamos a sala de aula
com investimento do conhecimento diferenciado para promover as diferenças.
Resgatamos a história do passado dessa comunidade, relacionando a
disciplina de história com a matemática, numa teoria e prática do estudo da
história e formação econômica (desenvolvimento dos trabalhos que sustentam
a comunidade, como a Agricultura, com participação e depoimentos dos pais).
A transformação sobre a trajetória realizada aproximou duas disciplinas
que costumam caminhar separadamente – Matemática e História. Nos
trabalhos confeccionados em sala os alunos montaram um painel das
profissões com sua história e quanto se ganhava. Nessas comparações
observávamos as roupas de épocas, estilo de vida, alimentação, etc.
Quando conhecíamos a história e sua economia (fonte de renda),
voltamos para a questão da saúde pública, unindo Ciências com Geografia.
Abordamos os problemas de saúde pública desde o início do século. Em
mapas e gráficos observamos a distribuição e as formas de prevenção das
epidemias como: sarampo, hanseníase, doenças de chagas, etc.
O objetivo do projeto desenvolvido era mostrar o cenário da saúde
pública no passado e no presente. Para entender melhor os temas estudados,
os alunos fizeram uma pesquisa na comunidade e juntaram dados da
Secretaria Municipal de Saúde sobre as condições de higiene das crianças da
mesma idade (zona rural e zona urbana). A estatística sobre a incidência das
doenças mais comuns nessa faixa tornou-se gráficos informativos
regionalizados, o que facilitava a informação dos casos, conseqüências,
cuidados e prevenção. As aulas de Educação Física ganharam uma nova vida.
O jornal do estudante criado nas aulas de português deu oportunidade para
despertar o gosto pelos assuntos esportivos. Os alunos pesquisavam histórias
do futebol, escreviam textos relatando fatos ocorridos, de vitórias até a questão
dos óbitos ocorridos nos últimos meses. A eles era dada uma atenção maior
porque os mesmos textos produzidos pelos alunos voltavam para a sala de
aula para serem estudados em uma visão explicativa ( gramática / produção
textual).
Quanto aos exercícios físicos aplicados, buscávamos retratar as

19
modalidades quanto aos conceitos e utilidades para fins específicos dentro do
limite de cada um, com conhecimento de cultura e ritmos musicais. A cada
música trabalhada valorizavam-se suas letras e as mesmas voltavam para sala
de aula como paródias, poemas, e frases. Sem fugir do contexto das aulas de
Educação Física, mas voltados para união dos saberes do fazer acontecer para
crescer.
Como toda experiência narrada aconteceu no eixo semi-árido, buscamos
parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura para entendermos a
evolução teórica da agricultura e fracasso da prática, e os impactos ambientais
(queimadas). As informações foram chegando, trazidas pelo interesse
despertado nos alunos, que preocupados com a poluição e o meio Ambiente
se voltavam sobre a teoria estudada e o conhecimento da prática. Foi quando
lançamos a campanha de conservação e cuidados (casas, ruas e bairros).
Os alunos sentiam-se muito envolvidos e nas aulas de artes
confeccionavam maquetes que retratavam sua experiência e sua visão de
futuro. Essa comparação determinava a subdivisão de um domínio específico
do conhecimento. Surgiu a tentativa de estabelecer relações entre as
disciplinas, o que daria origem à chamada interdisciplinaridade.
A multidisciplinaridade difere-se da pluridisciplinaridade porque essa,
apesar de também considerar um sistema de disciplinas de um só nível, possui
disciplinas justapostas situadas geralmente ao mesmo nível hierárquico e
agrupadas de modo a fazer aparecer às relações existentes entre elas. A
interdisciplinaridade, tão falada, mas tão pouco praticada, não apenas leva à
formação mais completa do estudante e do cidadão, preparando-o para
interagir com as informações esparsas e construir seu conhecimento, como
também permite uma compreensão mais profunda das próprias questões
especializadas. Já se definiu inteligência como a capacidade de formular
analogias; compete à escola ser o ambiente que forme tais competências,
criando projetos de estudo multidisciplinares. Em todo este trabalho aplicado é
possível entender que a educação é uma mistura de conhecimentos
trabalhados. Suas conquistas levam imediatamente ao mundo prático da vida
cotidiana não só porque daí se deriva e se impulsiona, mas, sobretudo, porque

20
para o imediato reflui com suas múltiplas incidências nos processos de produção
do conhecimento inovado.
Com as rápidas transformações nos meios e nos modos de produção,
resultado da revolução tecnológica e científica, está entrando em uma nova era
da humanidade. A natureza do trabalho e a relação econômica entre as pessoas
e as nações sofreram enormes transformações, mudando a natureza do que
hoje se entende por profissão. Neste quadro a educação não apenas tem que
se adaptar às novas necessidades como, principalmente, tem que assumir um
papel de ponta nesse processo.
O mérito abordado traz a comprovação de um imenso desafio que, por
sua vez, se constitui em um trabalho no qual se permite um mundo fantástico
articulado no conhecimento que vem possibilitar a compreensão. É abrir
oportunidades para criar, fazer o aluno pensar, entender e viver o seu
conhecimento na teoria e vivencia prática.

21
4 INTERDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres
se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando,
reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me
indago. Pesquiso para constatar, constatando intervenho educo e me educo.
Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
novidade (Paulo Freire).
A interdisciplinaridade é um conceito novo e tem como objetivo principal
manter um diálogo permanente entre os conhecimentos, que pode ser de
questionamentos, de ampliação, negociação, iluminação e de confirmação.
Desta maneira fica fácil constatar que algumas disciplinas se identificam e se
aproximam, outras se diferenciam e se distanciam como, por exemplo, pelo tipo
de habilidades que mobilizam naqueles que a investigam, conhece, ensina ou
aprende.
A cidadania é um assunto bastante rico e uma necessidade dos nossos
dias. Num projeto pedagógico interdisciplinar, ela poderá ser enfocada por
todas as disciplinas sob vários pontos de vista. O importante é que os alunos
aprendam a olhar o mesmo objeto de estudo sob perspectivas diferentes.
Nesse desafio a escola e professor têm um eixo integrador que pode ser um
objeto de conhecimento, um projeto de investigação que vai surgindo diante da
necessidade da comunidade escolar.
A interdisciplinaridade é um tesouro didático a espera do futuro. Para
desenvolver o tema é preciso conhecer a cápsula do tempo. Ela vem surgindo
muito lentamente e suas pesquisas vão dando as coordenadas do que se vai
precisar. Essa triagem do conhecimento histórico, a posição especial, vem
refletindo sobre a interdisciplinaridade como categoria indispensável para se
repensar o processo da educação na sociedade atual.
O nosso ensino tem se mostrado útil, mantendo ainda mais a dominação
que exemplifica o crepúsculo que descreve a análise do discurso das práticas
escolares.
Quando se dedicar à tarefa educação procure entender que esta

22
abordagem possibilita a percepção dos valores individuais (sentimentos
próprios) dos outros (seres humanos) grupos (ali valorizados).
Torna-se possível que o ser que está sendo educado entenda
primeiramente a importância de seus valores gerados; que representam o
vínculo entre o individual e o social, ao serem projetados na cultura mediante o
fazer pessoal.
A compreensão deste processo, por sua vez, permite que a realidade
“valor” seja desvendada. Com isto, pode-se perceber que os valores podem
expressar as experiências da pessoa (suas vivências, as necessidades do
contexto social e cultural), como também na estrutura da personalidade. Para
isso, precisa transitar por todas as disciplinas, escolhendo temas que
diferenciem e que, algumas vezes, ampliam e questionem muitas vezes a
qualidade e a habilidade de cada um.
O caminho da interdisciplinaridade é longo e amplo no contexto que
revela um quadro que precisa de atenção voltada para a redefinição e
ampliação dos conhecimentos educativos. A interdisciplinaridade perpassa os
elementos do conhecimento pressupondo a integração entre eles. Porém, é
errado concluir que ela apenas se resume a isso. Ela está marcada por um
movimento ininterrupto, criando ou recriando outros pontos para discussão. Já
na integração, apesar do valor, trabalha-se sempre com os mesmos pontos
sem a possibilidade de que sejam reinventados. Quem trabalha na apreensão
da atitude interdisciplinar garante uma prática elevada de maturidade.
É preciso ter segurança, adquirir ao longo de sua experiência a vontade
de querer mudar, fazer do pensamento a sua realidade, e da realidade o seu
caminho para descobrir o novo e nele permanecer. Não se faz com mágica,
mas com magia e encantamento pelos projetos adaptados na conquista dos
alunos.
A interdisciplinaridade mexe, arruma, exige e reconhece o envolvimento
do exercício, na forma de encarar e de pensar os acontecimentos, que são
diversos. Aprende-se com a interdisciplinaridade que um fato ou uma solução
nunca está isolado, mas é consequência da relação entre muitos e muitos
outros.

23
A interdisciplinaridade é sinônimo de desafio. A sua função tem
interdependência entre educação e o mundo do trabalho, é clara a necessidade
de reconstrução de paradigmas e sabido que o modelo de escola que se
conhece está inserido na crença de que o conhecimento é algo pronto,
acabado e perfeito.
Para muitos estudiosos, a interdisciplinaridade é um caminho rumo à
busca de soluções, pois ela convida os educadores, os psicólogos, enfim todos
os profissionais da educação a navegarem no oceano de elementos teóricos e
práticos. Levamos um século para construir a maneira pela qual concebemos a
vida, a ciência a educação e essas crenças são frutos da construção coletiva
dos cérebros do passado. Em função da alta tecnologia, essas crenças, essas
verdades, foram e serão constantemente revistas e muitas vezes superadas.
A interdisciplinaridade quebra todas as crenças e deixa claro que todas
as disciplinas podem desenvolver competências e habilidades. Certamente, a
interdisciplinaridade é uma proposta que permite o adeus ao ensino tradicional,
a educação conteudista. Abre a partir de agora os braços para uma educação
que permite a criação, a articulação de conhecimentos, sentimentos, ideias e
ideais.
A essa temática propõe-se anunciar que os educadores estão sendo
desafiados a mudar e inovar. Inovar com o intuito de atender às expectativas da
atual sociedade. Mudanças para adquirir novas técnicas metodológicas
capazes de transformar o espaço – escola do aprendiz em algo dinâmico,
significativo e participativo, aproximando a teoria da prática com uma postura
interdisciplinar e permitindo assim, a criação de destrezas para uma vida.
Hoje o educador vivencia muitas mudanças e a cada dia a exigência do
sistema educativo coloca à prova a capacidade de atuação do educador em
suas novas metodologias. Os recursos e meios disponíveis de tempo
destinam-se à educação. Mas, infelizmente, a realidade demonstra educadores
com suas cargas- horárias dobradas e isso vai dificultando a sua atualização.
Não foi por acaso que a Interdisciplinaridade surgiu, procurando frisar o seu
maior objetivo que é unir as ideias disciplinares, repassar os conteúdos para o
aluno de forma que o professor possa repensar seus conceitos e posturas

24
educativas quanto educando.
A dificuldade encontrada nas salas de aulas na questão “interesse do
aluno” levou os educadores a introduzir um sabor a mais no seu contexto
didático metodológico, em benefício da aprendizagem. Mas ela não vem
centrada somente no aluno, muito mais que isso, ela procura resgatar do
professor a capacidade de ampliar suas habilidades pedagógicas de modo
geral.
Trabalhar a interdisciplinaridade na sala de aula é encontrar, por
exemplo, uma sala indisciplinada e levar para eles a palavra educação, e
transformá-la nos conceitos da linguagem escrita, matemática, ciências,
geografia, história e artes. Quando a sala de aula está envolvida com as
transformações educativas, surgidas a partir das ideias do educando, o aluno
sente e se envolve. A forma como a turma se adapta aos projetos educativos
leva o educando a trabalhar sua teoria, levando-o para a prática, motivando-se
em suas disciplinas.
O aluno se sente integrante e participativo. A interdisciplinaridade
prepara a socialização, melhora a autoestima do educando e do educador,
exige o pensamento lógico e a postura determinante no que se pretende
realizar. Não é só uma ideia, é a realidade que encontram hoje. Existem
realidades escolares em que a evasão acontece em massa e se o professor não
se preparar para criar nesses alunos o gosto pela escola, pela leitura, pelos
livros, o que se poderá esperar da educação? Pense no compromisso como
educador, desde a origem da formação profissional até a história da
comunidade escolar na qual foi preparado, para moldar diante dos termos
educativos a formação do aluno egresso para a sociedade que o espera.
A interdisciplinaridade vem preparar o professor para adaptação no seu
cronograma, para a criação e execução de projetos, favorecendo subsídios
centrados nas necessidades do educando e em conformidade com os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Considera-se, pois, que esta prática
possa transformar o educador em um comunicador arrojado, inovador, com
fundamentos teóricos sólidos, capaz de unir teoria e prática com autonomia
eautodeterminação.

25
4.1 Transdisciplinaridades

“Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para
ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme.
Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido”
(Rubens Alves).
A transdisciplinaridade é um modelo de organização do conhecimento
que procura entender-se às diferenças culturais formadas pela solidariedade e
integração à natureza humana. Em 1970, no “I seminário Internacional sobre
pluri e interdisciplinaridade”, realizado na Universidade de Nice, Jean Piaget
disse que a transdisciplinaridade tratava de uma etapa sucedida. Entendemos
que o prefixo faz a diferença: ‘além das’ disciplinas. Por se tratar de um
conhecimento, a proposta do rompimento entre o sujeito e o objeto vem diferir
os níveis de percepção correspondentes. A transdisciplinaridade vem propor
uma alternância sobre a razão sensível, a razão experiencial e razão prática.
Entretanto, o paradigma da transdisciplinaridade surge numa proporção do
universo fechado da ciência em trazer à tona conhecimentos e
reconhecimentos produzidos dentro das velhas e novas experiências. A
transdisciplinaridade não procura construir um sistema filosófico que combina
princípios de diversos sistemas entre a ciência e tradição prática radicalmente
diferente das metodologias das ciências modernas, mas formar uma
concepção que venha gerar uma civilização em escala planetária na
integridade do ser.
No final do século XX, a expressão “direitos humanos” assumiu o
significado exato de direitos do homem, de acordo com a formulação nas
últimas décadas. Os direitos humanos são a designação genérica dos direitos
que dizem respeito diretamente ao indivíduo em decorrência de sua condição
humana e em consonância com a lei natural. As fronteiras disciplinares
começam por se cruzarem permitindo uma ponte por meio da qual se estuda os
fenômenos que se situam fora e além das disciplinas que existem. A
transdisciplinaridade não é uma prova de domínio sobre várias outras
disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as

26
ultrapassa para o conhecimento real.
Seguimos valores que precisam ser preservados e resgatados, estando
eles a procura de uma contribuição para um mundo melhor. Diante da
valorização humana o ser humano se doa pela solidariedade e o vínculo aos
outros indivíduos. O homem tem direitos à vida, à liberdade e à segurança
pessoal. Mas o que encontramos atualmente? As inúmeras obras sucessivas e
mutações educacionais dos últimos anos nos levam a pensar sobre tal
questionamento.
A discussão sobre a nova concepção de educação, de educador e de
educando, delineados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), inclui a
interdisciplinaridade, a contextualização, a transdisciplinaridade, os distúrbios
de aprendizagens. Os educadores de forma geral navegam sem bússola e
estão sendo confrontados com a realidade atual, automatizados, sendo
diagnosticados como defasados, pois temem dar passos além da dúvida. A
discussão do ponto de vista conceitual, como, por exemplo, a da sua relação
com a concepção de interdisciplinaridade, está bastante difundida no campo
discursivo. Deve-se analisar como estão sendo destinados momentos da
escolaridade de possibilidades delineadas pela forma de pensamentos no que
se dispõe de um desenvolvimento construtivo.
O conhecimento é o resultado de um complexo e intricado processo de
modificação da reorganização e construção utilizado pelos que assimilam e
interpretam os conteúdos escolares (alunos). No conhecimento da Carta da
transdisciplinaridade, produzida pela UNESCO com fundamento do CIRET, em
1994, temos uma definição do conceito transdisciplinar:
Artigo 1: "qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma mera
definição e de dissolvê-lo nas estruturas formais, sejam elas quais forem, é
incompatível com a visão transdisciplinar";
Artigo 2: "(...) qualquer tentativa de reduzir a realidade de um único nível
regido por uma única lógica não se situa no campo da transdisciplinaridade";
Artigo 3: "(...) a transdisciplinaridade não procura o domínio sobre várias
outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as
ultrapassa (...)";

27
Artigo 4: "(...) ela pressupõe uma racionalidade aberta por um novo olhar
sobre a relativa definição das noções de definição e objetividade (...)";
Artigo 5: "(...) a visão disciplinar é deliberadamente aberta, na medida
em que ela ultrapassa o domínio das ciências exatas (...)";
Artigo 7: “A transdisciplinaridade não constitui nem uma nova religião,
nem uma nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem uma ciência das
ciências”.
O que se pode observar é que tanto na educação quanto no mundo do
trabalho a transdiciplinaridade pode ajudar educadores e líderes a reverem
suas posições sobre os seres humanos. Na escola busca-se uma profunda
mudança nas relações sociais e políticas lá experimentadas. Essa estrutura
que divide o tempo em aulas de 50 minutos e que utiliza os professores
horistas está caduca. A escola precisa aprender a movimentar-se em outros
espaços, não fazendo da sala aula o único caminho do conhecimento.
A aprendizagem significativa implica sempre alguma ousadia: diante do
problema posto o aluno precisa elaborar hipóteses e experimentá-los. Fatores
e processos afetivos motivacionais e relacionais são importantes nesse
momento. Os conhecimentos gerados na história pessoal e educativa têm um
papel determinante na expectativa que o aluno tem da escola, a motivação do
professor em seu autoconceito e em sua autoestima. Nesse processo de
interação com o objeto a ser conhecido, o sujeito constrói representações que
funcionam como verdadeiras explicações e se orientam por uma lógica interna
que por mais que possa parecer incoerente aos olhos de outros, faz sentido
para o sujeito.
O entendimento da transdisciplinariade no âmbito acadêmico, já no
século XX, tem o intuito de unir o mundo "não universitário" ao universitário,
cuja separação se dá primordialmente pela hiperespecialização profissional.
Com grande número de disciplinas que não acompanham todo o
desenvolvimento, principalmente na área tecnológica, tem-se um
aprofundamento na utilização deste conceito, visando formar profissionais cada
vez mais completos, compatíveis com as exigências do mercado de trabalho
que encontrarão.

28
A transdisciplinaridade resgata um conceito que em muitas realidades
parece ter caído no esquecimento humano. Ao longo da experiência, o estudo
dos casos foi me convencendo de que a aprendizagem significativa provoca
uma modificação no comportamento do indivíduo, na orientação da ação futura
que escolherá, na sua atitude e na sua personalidade. Na formação da história
da educação a presença avassaladora e impertinente do positivismo no geral,
chegou a fazer uma divisão e classificação da ciência que só serviu para
elitizar a escola.
Com isso, tornaram-se elite também aqueles que a procuravam e a
vivenciavam. Hierarquizou-se a sociedade. Mas não se trata apenas de uma
visão passageira do contexto em si. O que leva a entender a
transdisciplinaridade educativa é adentrar às suas teorias, que vêm centradas
ao conhecimento, conduzindo às alterações, visto que ela é muito mais que
uma teoria. Nela retrata-se uma postura aplicativa do ser de dentro para fora,
na adaptação do contexto disciplinar e desenvolvimento sociocultural próprio
do ser humano. O complexo tem- se mostrado na transdisciplinaridade, que por
ser tão sutil, sobrepõe-se como uma linha tênue que une e serve de limite entre
o comprometimento e o individualismo de cada disciplina. Não há uma definição
exata, e ao mesmo tempo é um dos mais necessários conceitos quando se trata
de formação e educação. Quando se trabalha a educação volta-se para a
disciplina do desenvolvimento escrito e falado, assim como para a postura do
ser na integração da sociedade.
O ser humano vive dentro de uma contribuição de conceitos de uma
nova construção de conhecimentos, e nessas misturas de saberes surge a
importância dos métodos transferidos diante das várias disciplinas que ora se
apresentam em sala de aula. A transdisciplinaridade faz parte da construção do
conhecimento cognitivo íntimo do ser humano. Quando se trabalham em uma
disciplina contextos que se misturam às outras, mostra-se para os alunos que o
ser humano é composto por grupos que se unem conforme objetivos diversos. E
essas metodologias buscam despertar dentro do conhecimento repassado a
solidariedade e valorização do ser humano diante do que vai se
desenvolvendo.

29
Busca-se dentro da realidade mostrar nas ações diárias das escolas a
contribuição proveniente da capacidade que cada ser humano tem em
participar da integração dos seus valores reais diante da sua postura e da
vivencia no meio em que está inserido.

4.2 Didática e interdisciplinaridade

A opção que tem sido adotada da inclusão de novas disciplinas nas


informações do conhecimento disciplinar vem trazer uma transformação dos
conceitos tradicionais, resultando em inovações abertas, nas quais se questiona
e participa, nas quais a colocação do aluno dentro da interdisciplinaridade vai
exigir uma nova postura dele e do professor que está conduzindo os estudos.
Estudar para associar, estudar para questionar e formar opinião conjunta. A
palavra in-ter-dis-cipli-na-ri-da-de parece ser tão grande e complexa quando
vista em sua extensão, de forma separada, e tão familiar quando se trabalha
com ela.
No início da formação da história da educação foram vividos conceitos
que priorizavam conhecer o que vem de fora. Era uma programação voltada para
o período colonial e que na época era determinada pela tradição dos Jesuítas,
porque eles estruturavam o sistema de ensino. Deu-se início às escolas e o
principal objetivo era a formação e transmissão do conhecimento,
especialmente dos jovens.
Com a chegada da nova concepção escolar o ensinamento se dava pelo

30
caráter de memorização.
Conversando com pessoas que estudavam nessa época, pode-se
perceber que a lição era tratada como ponto decorativo. Eles estudavam
principalmente na disciplina de história tinham que decorar toda História Geral
e do Brasil, toda a Tabuada – acreditava-se que só sabia matemática quem a
tivesse decorado. Alguns não tinham condição de comprar materiais e
aprendiam a contar nos dedos os números de 1 a 10, e na mão fechada as
décadas. Em português o que mais se fazia era cópia de textos, para se
desenvolver a caligrafia e aprender a soletrar (be a ba).
Uma nova visão pautada no conhecimento científico pode ser a origem
de uma nova racionalidade. Um pensar nesta direção exige um trabalho
aprofundado das relações conscientes entre as pessoas e entre as pessoas e
as coisas. A interdisciplinaridade não se ensina, nem se aprende: vive-se para
exercer as responsabilidades em que está inserida.
O que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da
pesquisa: é a transformação da insegurança num exercício do pensar, num
construir.

4.3 Contexto das salas de aula e a organização das condições de


aprendizagem

“Se a aula é dada apenas de acordo com as regras fixas, e por


processos já comprovados, comportamonos como os operários em frente a
uma máquina cujo funcionamento não compreende” (Hans Aebli).

31
O conceito de aprendizagens significativas, centrado numa perspectiva
construtivista, implica a necessidade de um trabalho simbólico dentro de um
significado cuja parcela da realidade é o que se conhece. As aprendizagens
que os alunos realizam na sala de aula serão significativas à medida que
conseguirem estabelecer relações substantivas e não- arbitrárias entre os
conteúdos escolares desenvolvidos por eles, em processos da articulação de
novos significados. A aprendizagem significativa implica sempre em alguma
ousadia: diante do problema posto o aluno precisa elaborar hipóteses e
experimentá-las.
Fatores e processos efetivos motivacionais e relacionais são importantes
nesse momento. Se a aprendizagem for uma experiência de fracasso, o ato de
aprender tenderá a se transformar em ameaça, e a ousadia necessária se
transformará em medo, para qual a defesa possível é a manifestação de
desinteresse. A aprendizagem se dá pelo condicionamento de um lado pelas
possibilidades do aluno, que englobam tanto os níveis de organização do
pensamento como o conhecimento e experiência prévia, e, de outro, pela
interação com os outros agentes. Para a estruturação da intervenção educativa
é fundamental distinguir o nível de desenvolvimento real do potencial. O nível
de desenvolvimento real se determina como aquilo que o aluno pode fazer
sozinho em uma situação determinada, sem a ajuda de ninguém. De acordo com
essa concepção, pode-se falar dos mecanismos interativos pelos quais
professores e colegas conseguem ajustar sua ajuda ao processo de construção
de significados realizados pelos alunos no decorrer das atividades escolares de
ensino e aprendizagens (Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs).
Procura-se destacar duas situações que levam a raciocinar sobre as
mudanças e aperfeiçoamentos de conhecimento:
- Professor tradicional – trata-se de um profissional que não tem o
problema de escolher entre as várias atividades possíveis para ensinar um
assunto. Como para ele a única atividade válida é a exposição oral ou
preleção, não perde tempo procurando alternativas.
- Professor moderno – vai escolher adequadamente as atividades de
ensino numa etapa importante de sua profissão. Por meio dele manifesta-se a

32
verdadeira contribuição das atividades dos seus conteúdos e materiais dos
alunos.
 Experiências didáticas do professor;
 Etapas do processo de ensino;
 Tempo disponível;
 Tipos de aprendizagens;
 Contribuições;
 Tipos de alunos;
 Aceitação e experiências dos alunos.
A necessidade que o aluno tem de participar ativamente do processo de
aprendizagem vem se realizar por meio da conduta do aluno que aprende
mediante a sua participação ativa no fazer e não apenas pela observação do
que faz o professor. Os critérios de escolha das atividades estão ligados a
diversos pontos pedagogicamente importantes, sabe-se que o potencial
didático é diferente das limitações específicas. Junto a isso, as possibilidades de
combinar atividades de forma que se contemplem umas com as outras, o
potencial de uma, compensando as limitações de outras.
O processo de ensino-aprendizagem, apesar de variar conforme a
personalidade do professor e as características dos alunos, pode formar uma
receita de diversos procedimentos nas atividades docentes. O que é aprender
e o que ensinar? A discussão teórica e prática permite analisar bases que
venham resumir uma atividade experiente nos objetivos educacionais.
Atividades são os veículos usados pelos professores para criar situações e
abordar conteúdos que permitam ao aluno viver as experiências necessárias
para sua própria transformação.
Suponham que o objetivo desenvolvido pelo professor venha extrapolar
as habilidades de seus alunos. Como por exemplo: o milho hibrida tem uma
fórmula X de fertilizantes usados na lavoura, a ela extrapola a resposta dada
pelos alunos porque nem todos sabem a quantidade de potássio. Logicamente
o professor precisa trabalhar atividades que permitam ao aluno desenvolver
suas habilidades. Outro exemplo: supõe-se que o professor adquira a atitude e

33
o hábito da cooperação e trabalho em equipe na aula de português. O reforço é
o modo estimulado em internalizar e fixar o aprendizado. A essa dependência o
objetivo direcionado estabelece ao professor as atividades de ensino que serão
realizadas.
Para se atingir objetivos educacionais, o aluno é exposto a assuntos ou
conteúdos de uma matéria de natureza diversa. Suas fórmulas, teorias,
princípios e conceitos isolados são uma forma de conjunto que se faz à parte.
A essas estruturas deve-se almejar o tipo de aprendizagem necessária para o
aluno que procura entender, fixá-lo em diferentes casos que levam a interpretar
a metodologia que está sendo repassada para ele.
A situação de aprendizagem em sala de aula vem mostrar as atividades
trabalhadas, seja em exposição oral ou escrita, na transmissão das
informações exercitadas e nas habilidades quem venham a ser avaliadas
diante de soluções que foram apresentadas dentro dos problemas surgidos.
O desenvolvimento da postura do conhecimento para que o aluno se
interesse em debruçar-se sobre as dificuldades que desafiam seus saberes
exigem dele um maior desempenho. A educação tem uma distinção que é
fundamental, pois não há máquina que substitua o professor – e quando isso
ocorre é porque o professor o merece. Tecnologia educacional é, por exemplo,
usar uma lata de água, um pedaço de madeira e uma pedra para explicar a
flutuação dos corpos; apertar a tecla de um vídeo sobre o assunto e deixar os
alunos o assistirem passivamente, em contrapartida, nada tem de tecnologia.
O que se vai fazer diante da aprendizagem é mostrar ao aluno a
capacidade que cada um tem em desenvolver sua metodologia sem que
precise de muitos equipamentos. Basta a força de vontade e a segurança do
conteúdo para explicar uma aula de geometria sem que se possua um
esquadro. O desenho de sua mão, por exemplo, mostra o que ela representa.
Aberta ela forma um ângulo de 90º. E isso faz a diferença na aprendizagem e
ensino apontando para a formação de um novo educador. Por mais que
pensem em utilizar a tecnologia ou mesmo o velho e bom quadro-negro, é na
formação do professor que se desenvolve a tecnologia educacional,
preparando líderes, mediadores e estimuladores, mais do que detentores de

34
determinados conhecimentos.
Mesmo porque se pensa na clientela e em suas diferentes culturas e
condições econômicas. E nem por isso, deve-se deixar de fora a informação
globalizada. O professor do final do século deve saber orientar os educandos
sobre onde colher a informação, como tratar essa informação, como utilizar a
informação obtida. Esse educador será o encaminhador da autoformação e o
conselheiro da aprendizagem dos alunos, ora estimulando o trabalho individual,
ora apoiando o trabalho de pequenos grupos reunidos por área de interesses.
Levam os esforços e pensamentos voltados para a geração que se forma nas
realidades encontradas por diversas escolas, que chamam a atenção em
diversos critérios.
E um deles relaciona-se à questão das tecnologias e da aprendizagem.
Até onde vai o compromisso como educador diante do aluno que não tem
acesso a tecnologia avançada? Que compromisso tem o professor diante da
sua formação como cidadão/sociedade?
Essas metodologias desenvolvidas distribuem-se em quatros critérios:
pensar, sentir, trocar e fazer de modo crítico, criativo, significativo, solidário e
prazeroso.

35
5 PLANEJAMENTO DE ENSINO NUMA PERSPECTIVA CRÍTICA

No planejamento é fundamental a idéia de transformação da realidade.


Isto quer dizer que uma instituição se transforma a si mesma tendo em vista
influir na transformação da realidade global. A primeira coisa que nos vem à
mente quando perguntamos sobre a importância do planejamento é a
eficiência. O planejamento é um plano que ajuda a alcançar a eficiência. Isto é
implanta-se um processo de planejamento a fim de que seja bem feito aquilo
que se faz dentro dos limites de tempo previsto para aquela execução. O
planejamento visa também à eficácia.
O planejamento deve alcançar não só que se façam bem as coisas que
se fazem, mas que se façam as coisas que realmente importam ser feitas
porque são socialmente desejáveis.
Assim, o planejamento segue etapas que visam facilitar o ensino:
- Conhecimento da realidade;
- Elaboração do plano;
- Execução do plano;
- Avaliação e aperfeiçoamento do plano.
Podemos visualizar as etapas do planejamento de ensino por meio do
seguinte gráfico:

36
O termo planejamento é normalmente utilizado para definir uma ação
educativa para elaboração de um orçamento, passando por relatórios extensos
para assumir, nos dias atuais, uma característica especial: um
macroplanejamento, em que todos os planos de desenvolvimento de um país
se entrelaçam, num dinamismo contínuo e progressivo.
Um planejamento educacional tornou-se, então, uma atividade
multidisciplinar, exigindo trabalho em conjunto e integrado de administradores,
educadores, pedagogos, economistas, sociólogos estatísticos e outros
especialistas. Seu êxito, valor e realismo dependem, em grande parte, das
equipes que o preparam e que deverão discutir e procurar conciliar seus pontos
de vista, dando a cada aspecto o real valor que possui dentro do contexto e não
preferindo uns em detrimento de outros.
O objetivo do planejamento educacional é tornar a educação mais
efetiva e eficiente para atender às necessidades e metas dos estudantes e da
sociedade. Em sua afirmação a caracterização dos planejamentos que
encontramos nos dias atuais mostra uma planificação do trabalho educativo
que vem exigir uma postura inicial diante de uma determinada visão ideológica.
A efetivação terá princípios que se mantêm em um aspecto planejado em
função de várias concepções.
O planejamento educacional reveste-se de uma especificidade tal que
não pode ser encarado apenas como uma função de retorno puramente
econômico. No processo educativo os resultados têm um retorno puramente na
classificação e qualidade do ensino repassado. O verdadeiro trabalho dentro do
planejamento é unir a participação consciente de situações organizacionais que
vem exemplificar problemas adquiridos e solucionados, cuja eficiência está na
razão direta dessa sua ação globalizadora.
Dentro da realidade de um planejamento procura-se estudar os objetivos
que venham superar as dificuldades encontradas ao longo do trabalho
educativo. Planejam-se encontrar dentro de um posicionamento individual e
social das situações problemas a serem estudadas e resolvidas e das
atividades propostas para efetivar sua mudança ou reestruturação.
Mas como olhar a Educação num contexto de Igualdade para todos?

37
A descrição que segue não é uma descrição do que existe, mas do que
deveria existir ou, dito de outra forma, daquilo que se pode colocar como ponto
de referência para ser perseguido na tarefa do planejamento. Quando
planejamos buscamos centrar em três critérios que levam a interrogar os
retornos do processo de planejamento.
- O que queremos alcançar?
- A que distância estamos daquilo que queremos alcançar?
- O que faremos concretamente (em tal prazo para diminuir esta
distância?).
Há modelos e concepções dos homens e da sociedade em cada grupo.
Por isso, pode-se variar seus efeitos, mas se não forem respondidas não se
pode efetuar um planejamento. Deve-se, pois, analisar continuamente a ação e
a buscar reflexão não apenas sobre a eficiência do trabalho como também do
processo educativo humano mais fundamental.
Dizer para que existe hoje a instituição que planeja é a parte mais
importante de um plano e, mesmo, de um processo de planejamento. Os
enfoques que buscam identidade devem levar em conta se estão apontados no
plano compreendido a cultura que se integra à educação. No marco doutrinal é
algo que se constitui como um ideal alcançável sempre em maior profundidade
para o momento, contudo difícil de ser atingido plenamente.
É necessário dentro do marco Operativo um posicionamento a respeito
do que é adequado para que a instituição planejada aproxime a realidade
existente à realidade idealmente descrita. Quando tentar alcançar a maioria
dos objetivos nos planejamentos, que serão formados nos planos, supõe-se a
melhoria das ações. Em função disso e em contraposição à visão funcionalista
de planejamento, propomos uma nova forma de ação, cuja força reside na
participação de muitas pessoas, politicamente agindo em função de
necessidade, interesses e objetivos comuns. Um planejamento flexível
adaptado a cada situação específica que envolva decisões comunitárias e que
se constitui em processos políticos vinculados à decisão da maioria. Um
planejamento que tenha por objetivo final a formação do brasileiro, individual ou
socialmente considerado a partir do engajamento de maiorias para as

38
mudanças estruturais necessárias.
O planejamento vem constituir uma estratégia de trabalho que se
caracteriza pela integração de todos os setores da atividade humana social,
num processo global para a solução de problemas. O conhecimento da
realidade para se poder planejar adequadamente a tarefa de ensino e atender
às necessidades do aluno. É preciso, antes de tudo saber para quem se vai
planejar, por isso conhecer o aluno e seu ambiente é a primeira etapa do
processo de planejamento. É importante saber quais as aspirações,
frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. Fazendo isso, estará
fazendo uma sondagem, isto, é buscando dados. Uma vez realizada a
sondagem e o diagnóstico corre-se o risco de propor o que é possível alcançar
ou o que não interessa ou, ainda, o que já foi alcançado. Esquematizando essa
primeira etapa, tem-se o seguinte:

Conhecimento da
realidade

Aluno
Aspirações Ambiente
Sondagem
Necessidades Escolar
Diagnóstico
Frustrações Comunitário
Possibilidades

A elaboração do plano a partir dos dados fornecidos pela sondagem e


interpretados pelo diagnóstico trará condições de estabelecer o que é possível
ser alcançado, como fazer para alcançar o que julga possível e como avaliar os
resultados:
- O que venho fazer aqui?
- E o que eles, todos e cada um individualmente, vêm fazer aqui?
- Que espero deles?

39
A elaboração de um plano de ensino é a forma de organizar todas as
etapas de trabalho escolar. A sua execução consiste no desenvolvimento das
atividades previstas. Sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às
vezes, a reação dos alunos ou as circunstâncias do ambiente exigirão
adaptações e alterações no planejamento. Isto é normal e não dispensa o
planejamento, pois uma das características de um bom planejamento deve ser
a flexibilidade.
O planejamento passa a ter em seu bojo, então, o conjunto de
instrumentos técnicos a serviço das decisões e técnicas participativas. É
necessário, porém analisar os riscos dos planejamentos suplantados pelas
vantagens que oferecem. Se o planejamento puder ser realizado a partir de um
processo educativo permanente e renovado efetivará suas características.
A complexidade da vida social gera a luta de classes, a busca constante
de melhores condições de vida ou a ascensão a uma classe economicamente
mais alta. O planejamento hoje é uma necessidade de todos os campos de
atividades humanas. Quanto mais complexos forem os problemas, maior é a
necessidade de um planejamento. O processo de planejamento procura
responder às pendências adquiridas ao longo do desenvolvimento. Ele precisa
consistir na tomada de decisão sobre a educação de um conjunto de
desenvolvimento geral.
A elaboração dos tipos de planejamento requer a proposição de
objetivos ao longo do prazo que definam uma educação. O planejamento é
fundamental à idéia de transformação da realidade, centrado em suas
perspectivas visa aprimorar o desenvolvimento dos envolvidos na elaboração e
com isso busca integrar para adquirir a eficiência e qualidade do trabalho que
pretende desenvolver.
Eis o enfoque decisivo do planejamento que parte de uma filosofia
humanista, que propõe ao homem, juntamente com seus iguais, discutir
problemas comuns e construir um processo de trocas e buscas do futuro de
uma comunidade que se estuda. O planejamento precisa deixar de ser mero
espectador, a platéia dirigida para se transformar no sujeito da história e autor
da sua cultura e de seu tempo adquirido qu,e aos poucos, começa a ganhar o

40
destino de suas experiências relatadas. O planejamento vem servir como base
de um trabalho que procura sair do palavreado e direciona-se para uma prática.
É mesmo fundamental que o processo de planejamento sobre um
determinado campo de atividade seja entendido como uma contribuição para
que, na sociedade, diminuam as diferenças entre os mais e os menos
favorecidos. O grande remédio é a participação porque ela é a mola para a
conscientização. O enfoque que vem chamar atenção diz respeito às
observações que podem ser feitas quando se elabora um planejamento que é a
visão idealizadora da teoria para levar à adaptação da vida prática.
Em qualquer segmento profissional, para se obter um trabalho de
qualidade, vem primeiro o planejamento desenvolvido dentro do estudo. É
nesta etapa que se procura relacionar: deficiência, tentativas, formas, qualidade
e os resultados. Quantas vezes se planeja uma aula para, em contato com a
realidade, aquela mesma aula precisar ser reformada imediatamente pela
realidade encontrada na sala de aula (indisciplina).
O professor precisa planejar além de suas próprias necessidades,
porque ele nunca sabe o que vai encontrar na sala no dia seguinte. Tem-se
uma perspectiva idealizada, porém muitas vezes difere do contexto atual no
qual está inserida(o). Se diante dos percalços existir uma relação voltada para
uma ligação participativa nos critérios administrativos, técnicos, docentes e
discentes, tudo parece andar na mesma direção, mas se houver uma
disposição (conflitos), parece ficar difícil, mesmo porque não está direcionado
só para alguns, a direção vale para todos que vivem a realidade. Não supõe
soluções independentes da necessidade da comunidade.
Ao tratar a realidade teórica envolve-se uma série de problemas, que
vão dar subsídios para o planejamento. Não se planeja o que está bem, mas o
que precisa melhorar a visão do futuro, a chegada do novo, a receptividade.
Costuma-se dizer que o planejamento é o cartão de visita de uma Empresa. O
reflexo de um bom planejamento reflete em todos os setores e qualifica os
profissionais que atuam direta ou indiretamente. Isso é realmente o que domina
o planejamento como uma estrada de asfalto que se direciona rapidamente a
qualquer lugar.

41
A estrada facilita o contato com as cachoeiras, rios, campos lindos
diminuem os passos, pois o viajante permanece mais tempo atônito com tanta
beleza e, com isso o caminho vai ficando longo, se arrastando, sem previsão.
No entanto, se pretende chegar mais rápido e com liberdade de escolha precisa
ir ao asfalto, que é o modo de ir mais longe e rápido pela qualidade da estrada
que o veículo precisa percorrer (inteligência).
Quando embaralham as ideias elas ficam confusas e a qualidade dos
trabalhos reflete na pessoa que direciona. Mas se a essas mesmas ideias
estiverem organizadas terá mais condição de desenvolver o planejamento com
segurança e ainda sobrará tempo para auxiliar o outro. Ninguém trabalha
voltado para si, todos os esforços analisados com calma direcionam para
alguém. Em qualquer situação que venha a ser há sempre um setor esperando
a execução de um trabalho.
São essas direções que qualificam para procurar fazer cada vez melhor,
com determinação, com segurança e buscar dentro dos esforços a perfeição.
Sabese que ninguém é perfeito, mas deve-se procurar formá-la em benefício
de uma educação melhor. A comunidade que será avaliada no planejamento
fundamenta-se numa filosofia política de renovação. As decisões mais
substantivas, importantes, deverão ser tomadas pelas pessoas que compõem a
comunidade, que começarão por tomar consciência de seus problemas mais
prementes e desenvolvem sua criatividade e capacidade de tomar decisões
iniciativas, na busca de soluções próprias.
Portanto, todo planejamento comporta um diagnóstico da realidade.
Porém, um diagnóstico mais consciente e autêntico é pressuposto essencial
para um trabalho produtivo. Este conhecimento da comunidade deverá
decorrer do trabalho co- participado de todos. A comunidade precisa saber o
que deseja e o que poderá ser num determinado tempo. Visto tudo isso, surge
os planos que se integram ao trabalho desenvolvido para aprender e fazer a
progressividade das atividades e técnicas dos conteúdos.
É necessário considerar, porém, que tais riscos e dificuldades poderão
se suplantar pelas vantagens que oferecem o Planejamento. Nota-se a
transparência da realidade dos objetivos propondo-se soluções conscientes e

42
substantivas. Além disso, a união de todos, para um fim comum, imbui todo
processo de uma força de atuação muito grande, ampliando o horizonte de
decisões, a divisão de trabalho e as responsabilidades. O valor se deve ao
desenvolvimento humano educativo que se encara como ator e não mero
espectador de sua história.
Uma das preocupações mencionadas pelos educadores a respeito do
planejamento é a possibilidade legal de sua efetivação nos diferentes sistemas
de ensino. Enquanto as atividades vêm renovando as estruturas, ainda trazem
um pouco sobre o sistema de ensino retrógrado, tradicional e fechado. É
necessário superar esses ideais passados e planejar para que se dê vida, que
se desperte o tamanho da importância da organização e se alcance os objetivos
da qualificação do trabalho educativo em todos os seus segmentos.

5.1 A importância do planejamento das aulas

O planejamento tem que ser algo flexível ao entendimento e não uma


teoria que dificulte a prática e acabe sendo guardado na gaveta, ou que venha a
ser repetida a mesma metodologia do exercício da prática sem nunca trazer uma
forma que chame atenção para percepção do aluno.
A elaboração de planos é muito importante num processo de
planejamento. Convém repetir, contudo: mais importante que os planos são os
processos que por meio deles se desencadeiam. É possível planejar as aulas
dentro da realidade atual. Não convém idealizar uma teoria centrada numa
prática que difere da cultura.
Embora tenha que aprender os costumes e culturas diversas, não se
deve esquecer o que se dispõe no momento. De fato o planejamento das aulas
(planos) sob a forma escrita torna-se mais eficiente e mais eficaz. E, sobretudo,
para dar consistência a um processo de planejamento alcançado como resultado
adicional (não de menor importância) sendo o próprio processo educativo
quando colocado em prática.
O que qualifica a maneira de interagir diante dos planejamentos em sala
de aula é a maneira na qual são expostos os conhecimentos adquiridos. Até

43
para que esses conhecimentos venham ao público é preciso conhecer a quem
passar e o que passar, visto que eles estão na posição de
receptor/transmissor. Para qualificar a importância de um planejamento para
sala de aula precisa-se de demonstrações de conhecimentos que sejam
vivenciados ao longo da formação educar e aprender. Fazer um planejamento
é levar o seu objetivo para os planos de aula e estes se estenderem na sala de
aula.
Todavia, observe que elaborar um plano sem planejamento é tecer uma
rede que não se liga entre si. Ter um processo de planejamento sem plano é
correr o risco de que a rede desmanche por falta de pontos de ligação dos fios.
Não são, contudo, todas as metodologias de elaboração de planos que são
organizadoras de um processo de planejamento. Com muitas metodologias,
mesmo que se queira ter um processo, fica-se num suceder de planos
desligados entre si.
É conhecido no planejamento uma tarefa que anda por uma estreita via
entre dois desfiladeiros: entrada firme desde que se tome cuidado para não cair.
A tendência que leva a esse conhecimento é a norma da visão imperativa de
uma imposição que pode instalar-se com facilidade e produzir a manipulação.
Por outro lado, o desejo de fugir permite a desorganização das aulas e mostra
que o planejamento foi negado.
Entretanto, o conhecimento leva a alertar para o compromisso.
Conhecer as habilidades para executar um plano de aula dentro do que foi
planejado é a maneira mais eficiente de dizer para si mesma que: a
organização qualifica. Não criticando situações opostas, mas estar procurando
esclarecer que um não anda sem o outro. A importância de planejar é procurar
prever um prognóstico que chama a atenção para melhorar a qualidade da
atuação.
Os principais cuidados para se fazer um planejamento que virá atuar na
sala de aula é organizar a sua equipe, não de planejadores, mas de
coordenadores:
 Conhecimento da teoria de planejamento (o que se pretende diante
do que se tem registrado);

44
 A metodologia e a clareza do plano facilitam um entendimento e
melhora a capacidade do outro;
 Ser parceiro e compreensivo: favorecer a explicação;
 Abrir espaço para que os outros participem;
 Propor etapas das atividades do processo educativo;
 Redigir os textos, respeitando o pensamento do outro;
 Favorecer a participação e demonstração de fatos vivenciados na
teoria e prática;
 Encontrar soluções em conjunto;
 Ser comunicativo.
Assim pode-se encontrar uma equipe que deslancha o processo do
planejamento e que venha parecer uma interferência ética e cientificamente
aceitável dentro do grupo, inclusive com o aval da “autoridade”, tendo em vista
que não visa à manipulação e busca sair do espontaneísmo de deixar as coisas
ficarem como estão. Nas reuniões de planejamento para elaboração de seus
planos devese, porém, utilizar durante todo andamento um suporte de tempo
necessário para implantação de um processo favorecendo a realidade de cada
um. O fundamento se dá pelo resumo de tudo e assume diante dos esforços os
limites que venham a ultrapassar a perspectiva do plano diante da realidade
escolar.
Quando foi frisado que o professor precisa planejar, além do que está
programado para executar seu trabalho, estava avaliada a questão de
desenvolvimento socioeconômico encontrado, que muitas vezes empurra o
educador para aprimorar o seu conhecimento conforme as condições que lhe
foram impostas. Será oportuno que o planejamento venha a ser implantado no
processo de cooperativismo. As suas várias formas devem ser observadas no
que se refere às características escolares como: motivação, mudanças,
conhecimento dos esquemas mais amplos a metodologias de implantação do
processo e, sobretudo, domínio dos pontos básicos.
Não se trata de estabelecer com extremo rigor o nível de qualidade dos
planejamentos, o que se pretende alcançar é a melhor qualidade na atuação
enquanto programador de funções educativas. Diante dos processos do

45
planejamento, analisando várias metodologias e estudos diferenciados das
escolas e posturas educadoras, vem uma observação que chama a atenção
sempre. A qualidade da aprendizagem se dá pelo repasse, diante das
metodologias trabalhadas em sala de aula.
E porque existem tantos analfabetos? O que acontece quando se
avaliam os alunos e encontram uma aprendizagem tão fraca? Por que os
alunos não dominam a interpretação e não tem aptidão para matemática?
Onde está o erro? Procura-se planejar diante dos labirintos que empurram para
uma realidade que questiona tanto? Diante das realidades de ensino o que falta
são os compromissos das funções tanto do educador como do educando. Não
se questiona somente pela qualidade, mas pela quantidade que apresentam e
exigem a nossa mudança diante das posturas apresentadas.
Por isso o planejamento vem assumir um lugar de destaque nos dias
atuais, não para alertar organização, mas para favorecer o desenvolvimento do
processo melhor, de um crescimento contínuo de uma qualidade satisfatória.
Se procurar investir nos planejamentos, certamente terá planos bem
elaborados e alunos qualificados. Falar da teoria da aplicação simplifica dizer
um conjunto de conhecimentos que explica a realidade dos fenômenos e suas
causas. O teórico vem determinar uma realidade de conjunto de fatos
compreendidos nos acontecimentos e por onde está acontecendo.
Para compreender essa situação e solucionar o problema das
necessidades em alcançar as qualidades efetivas do desenvolvimento
educativo, deve-se procurar chegar às hipóteses de soluções e propostas de
ação. A teoria vem utilizar o conhecimento da realidade ou sobre a qualidade
da hipótese proposta. Não é certo de imediato, que a teoria não é consistente,
porque a falha pode localizar-se em outro ponto. Quando se avalia essa forma
entende-se que o ponto fraco da cadeia se deva pelos momentos que a teoria
seja adotada nos resultados.
É fundamental que haja uma ação. Tão fundamental como a existência
de uma teoria e do conhecimento da realidade. É nesses quadros que uma
proposta de ação tem sentido e, sobretudo, possibilidades de ser eficaz. Todo
planejamento é um relacionamento adequado entre esses elementos: a

46
situação, a teoria, a realidade, a ação, o resultado dessa ação e a avaliação
constante de tudo.
O ser humano é responsável pela inovação dos seus planos fundamentais
para o conhecimento do processo educativo em função de sua qualidade
profissional. Não é somente a inovação da teoria, mas a maneira como ela vai
ser trabalhada na prática diária. A receptividade vem mostrar conceitos de
planejamentos dentro dos processos que convertem em processo educativo:
repetir estas ideias sob diversas formas que parecem essenciais tendo em
vista sua importância. O pensamento vem investigar o conceito de educação
que sustenta uma aproximação conceitual. É muito prejudicial buscar
compreender o ato de educar: dizer que ninguém educa ninguém, na
conclusão de Paulo Freire, se todos nós educamos no relacionamento.
Vale à pena compreender o ato de educar sendo a educação
completamente como um conjunto de recursos, de situações e de ações para
que mais facilmente aconteça o educar-se para integração do meio social, na
perspectiva de formação do cidadão para vida. Educar é, em primeiro lugar,
projetar a busca de sua própria identidade, seja ela pessoal ou em
comunidade. Como se pretende educar se não trabalhar a socialização? Isso
leva a acreditar que o entrosamento com o grupo busca uma intensidade
motivada e uma capacidade de evolução construtiva.
Planejar é justamente isso: propor uma identidade e agir para aproximar
o que são, e para o que querem ser. Para que o processo de planejamento se
estabeleça não é exagero insistir várias vezes na necessidade de que as
pessoas tenham condições, capacidades e participação. De fato as pessoas só
fazem aquilo para o que estejam capacitadas. O planejamento se contempla
dentro de uma conceituação de educação que venha facilitar a compreensão
de que se dá uma capacitação e participação na qual estabeleça um
planejamento voltado para qualidade significativa renovada, participativa,
enriquecendo os planos que ora vem sendo trabalhados nas salas de aula.
A formação de ideias nos conjuntos educativos só vem engrandecer a
qualidade de um planejamento voltado para a valorização dos seus
educadores. A capacidade que cada um tem diante do seu compromisso é

47
aprimorar nos seus métodos as ideias renovadas e metodologias aplicadas. O
plano de aula faz a organização das metas, planejamento e levantamento dos
dados para um objetivo a ser alcançado. Planejar é encontrar a saída para
atuar na capacidade que se tem e de acordo com determinados critérios
adquiridos ao longo de suas próprias experiências.

48
6 TIPOLOGIA E ETAPAS DO PLANEJAMENTO

O processo de busca que vem equilibrar entre meios e fins, recursos e


objetivos, visa melhorar o funcionamento das instituições escolares em
diversos setores grupais e outras atividades humanas. Se planejar é refletir,
então podem tomar decisões sobre a ação; previsão/necessidades e
racionalização.
Planejar, em sentido amplo, é um processo que visa a dar respostas a
um problema, onde se estabelece medidas em que seja apontada a superação,
atingindo seus objetivos ora previstos, no pensando que vem ser uma previsão
necessária do futuro. A determinação do educador é prever os acontecimentos
contraditórios aos seus objetivos. Então, dentro do planejamento ele estuda
suas metodologias centradas em condições presentes, analisando as
experiências passadas para encontrar a qualidade futura.
Planejar é uma atividade que está dentro da educação, visto que esta tem
como características básicas: evitar a improvisação, estabelecer caminhos que
possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa, ao
acompanhamento e a avaliação da própria ação. Planejar e avaliar andam de
mãos dadas. Ninguém faz um planejamento voltado somente para si. Ele tem
vários segmentos que formam as suas tipologias que virão a ser trabalhadas
cotidianamente, sem nenhuma restrição de fatos ou causas:
Planejamento Educacional é um processo contínuo que se preocupa
com o ‘para onde ir’ e quais as maneiras adequadas para chegar lá, tendo em
vista a situação presente e as possibilidades futuras, para o desenvolvimento
da educação;
Planejamento Curricular é o processo de tomada de decisões sobre a
dinâmica da ação escolar”. “É previsão sistemática e ordenada de toda a vida
escolar do aluno;
Planejamento de Ensino é o processo de decisão sobre atuações
concretas bem informatizadas que visem às atividades dos professores, no
cotidiano de seu trabalho pedagógico e do aluno, na situação de ensino-
aprendizagem;

49
Planejamento Escolar é o planejamento global da escola, envolvendo o
processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a
proposta pedagógica da instituição;
Planejamento (para quê, para quem, o quê), são essas as
preocupações fundamentais que venham a responder a todas essas questões.
Sejam a longo ou curto prazo, elas são analisadas de forma que venha
favorecer a qualidade do aprendizado;
Planejamento Operacional (o quê, como e com quê) trata
prioritariamente dos meios. As técnicas e seus instrumentos vêm centralizados
na eficiência e na busca da manutenção do funcionamento. Pode-se concluir
que o planejamento é a união de dados que vem sendo trabalhados dentro das
organizações sociais, em benefício de uma qualidade de seus profissionais e
as funções exercidas. Mas ele não se resume somente em saber planejar, a
extensão o leva para um patamar mais apropriado que vem ser distribuído em
outros segmentos para que possam ser executados.

O reflexo de um bom planejamento será percebido nos Planos de Aula –


estes são documentos que vêm registrar os tipos de decisões tomadas no
planejamento, ou seja, o que se pensa fazer, como, quando, com que fazer
com quem fazer. Para o plano existir é necessária a discussão sobre fins e
objetivos, culminando com a definição dos mesmos, pois somente desse modo

50
é que se pode responder às questões indicadas acima. Convém ressaltar que
dentro de um processo de planejamento a duração é indefinida os planos têm
duração bem fixada. Este modelo tem em vista prazo médio, devendo sofrer
adaptações.
O plano diz respeito apenas às questões que chegam a chamar a
atenção no planejamento. Isso não faz dele um plano incompleto, ele apenas
trabalha por etapas. O sentido que vem propor direcionamento às bases das
necessidades em excussão, pois ele tem a função de orientar uma prática para
a própria prática e, portanto, não pode ser um documento rígido e absoluto. É,
dessa forma, a direção de um estudo de metas:
Plano Escolar é onde são registrados os resultados do planejamento da
educação escolar;
Plano de Curso é a organização de um conjunto de matérias que vão
ser ensinadas e desenvolvidas em uma instituição educacional, durante o
período de duração de um curso;
Plano de Ensino é o plano de disciplinas, de unidades e experiências
propostas pela escola, professores, alunos ou pela comunidade.
Os Planos, por sua vez, vêm ganhar uma determinação dentro do
planejamento que facilita para o educador uma metodologia voltada para sua
realidade, e que busque inovação e qualidade no processo de ensino-
aprendizagem.
Tais planos referem-se aos Projetos que, por sua vez, tratam de um
documento, produto do planejamento nos quais são registradas as decisões
mais concretas de propostas futuristas. Trata-se de uma tendência natural e
intencional do ser humano. Como o próprio nome indica, projetar é lançar para
frente, dando sempre a idéia de mudança, de movimento. Trabalhar o projeto
em si é viver uma realidade que foi planejada, discutida, e que traz um retorno
muito positivo para o educador e educando.
O projeto é algo muito conhecido nos planejamentos e visa a alcançar
um objetivo específico. Não teria sentido, assim, um projeto desligado de um
plano mais amplo. A verdadeira mania de projetos que tem predominado sobre
a educação tem gerado ações esporádicas, até contraditórias entre si. O

51
projeto mantém uma ação determinada no espaço escolar. Os projetos
pretendem ser amplos, tomar o lugar de plano.
A clareza passa a ser muito simples por ser uma máxima aproximação
junto à orientação da rotina, a elaboração (pensar) e a execução (agir): constam
nele apenas as especificações para a ação, uma vez que a teoria e a doutrina
que o embasam, já constaram antes.
Dentro dessa simplicidade, além de algumas instruções suplementares
eventualmente necessárias, as partes de um projeto são essencialmente:
 Objetivo (tomada do plano);
 Justificativa (breve);
 Localização (atividades do projeto);
 Cronograma (quando acontecerá cada atividade);
 Metodologia (descrição);
 Recursos humanos;
 Recursos físicos e financeiros;
 Critérios de eficiências.
Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro.
Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, é sair
do comodismo e passar por uma aventura, só que ela favorece andar com os
pés no chão. Descobrindo em cada passo aonde se pretende chegar. Fala-se
de projeto educativo com muito entusiasmo porque muitas ações educativas
partem de um projeto, que por sinal parecem ser simples e se estendem por
um curto período, ganham espaço e modificam a consciência de muitos, diante
do que venha a ser educação para educar. O projeto facilita o exercício da
prática e o incentivo de buscar, em determinadas rupturas do decorrer do seu
exercício. A qualidade da execução vem das idéias de quem o conduz. Ele
precisa ser visto como peça importante de um grande quebra-cabeça que vai
sendo descoberto passo a passo e que dentro do projeto pedagógico conhece
várias características que dão base de sustentação futura:
 Participativo / decisivo;
 Organização;
 Autonomia escola/ solidariedade educativa;

52
 Direção e opção dos problemas;
 Compromisso e formação;
 Não idealizar coisas / buscar a sua própria realidade;
 Condições de desenvolvimento e avaliação;
 Ação articulada.
Construir, fazer do processo de criação, a ideia se transformar em
realidade.

Projeto Político-Pedagógico da escola (PPP) - este precisa ser


entendido como uma maneira de situar-se num horizonte de possibilidades a
serem adquiridas dentro de suas perspectivas estudadas. O que se escreve
dentro do PPP – Projeto Político Pedagógico é uma demonstração teórica do
que espera alcançar e para quê. Vista esta realidade teórica ao longo do seu
exercício, ele precisa ser visto como bússola de informação a ser seguida e
melhorada. A escola tem um corpo docente que participa da elaboração,
registra suas dificuldades, relata suas perspectivas e espera o retorno. Mas a
teoria não pode estar sozinha, por isso o PPP deve ser colocado em prática e
trabalhado pela qualidade que representa dentro da instituição escolar.
O projeto pedagógico é um contexto do planejamento de um processo
participativo, em que o passo inicial é a elaboração do marco referencial, sendo
este a luz que deverá iluminar o fazer das demais etapas. O que fica claro
diante das diversas formas de classificar a qualidade do planejamento para
execução em sala de aula é que a educação que almeja alcançar um resultado
deveria sair do seu comodismo.
Então que resultados se podem ter diante dos planejamentos quando se
vive uma realidade que difere da teoria escrita. A escola não se faz sozinha, o
sistema são os educadores, e, por sua vez, os alunos andam na medida em
que os educadores avançam suas pegadas. Acredito na educação , mas
gostaria de ouvir sempre a conjugação do verbo - vamos, posso, acredito,
realizo, aprendo e ensino. Não estou fantasiando uma realidade, não, estou
comprovando as experiências vividas, relados registrados.
O PROGRAMA é promover um estudo da realidade global e de propostas

53
sobre homem e sociedade a fim de gerar espírito crítico e participação. A
estratégia cooperativa condizente à educação libertadora para favorecer ao
aluno ser sujeito de seu desenvolvimento. Dinamiza-se a utilização de métodos
ativos que venham promover a cidadania. O programa, dentro de um plano, é o
espaço em que são registradas as propostas de ação do planejador, visando a
aproximar a realidade existente da realidade desejada.
Desse modo, na elaboração de um programa é necessário considerar
duas dimensões: a das ações e atividades permanentes. No Conceito de
Participação que leva a uma construção de melhorias da qualidade da
Educação levanta-se a necessidade de descentralização e democratização da
gestão escolar e, consequentemente, a participação como um conceito nuclear.
De acordo com a etimologia da palavra, participação origina-se do latim
"participatio" (pars + in + actio) que significa ter parte na ação. Para ter parte na
ação é necessário ter acesso ao agir e às decisões que orientam o agir.
Executar uma ação não significa ter parte, ou seja, responsabilidade sobre a
ação. Mas fazer cumprir, interpretar e representar a capacidade de ação
prática.

6.1 Planejamento interdisciplinar

Nos últimos tempos, o mundo vem passando por uma série de


transformações políticas, econômicas e tecnológicas. Nesse período a
Educação merece destaque, pois, em 1988 a Constituição reafirmou como
direito de todos e dever do Estado e da família os caminhos da promoção e
incentivo da sociedade, objetivando três pontos relevantes: o pleno
desenvolvimento da pessoa, a preparação para o exercício da cidadania e a
qualificação para o trabalho. Dessa forma, estabeleceu-se a Educação
inspirada nos princípios dos ideais de solidariedade humana, tendo como
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, a desburocratização da
educação e a descentralização do ensino, possibilitando maior autonomia aos
estados e municípios, escolas e universidades.
A LDB deixou clara a responsabilidade da escola em favorecer

54
largas condições e oportunidades de aprendizagem e o esforço quanto à
necessidade e flexibilidade de uma formação básica dos componentes
curriculares. Por isso o planejamento curricular bimestral deverá ser discutido e
bem elaborado, pois é a base para criação de novas aulas. As metas do
planejamento vêm sendo trabalhadas nos últimos anos em constantes
modificações, seja nas suas tecnologias, seja como políticas econômicas. A
educação merece um destaque que vem reafirmar um direito de todos e um
dever que precisa ser cumprido.
Para que as metas se concretizem, a escola precisa tratar de situações
do dia- a-dia, abrangendo temas como a saúde, meio ambiente, orientação
sexual, ética, pluralidade cultural, trabalho e consumo, que fazem parte da
proposta da educação atual com a classificação dos temas transversais. Por
isso o planejamento curricular bimestral deverá ser discutido e bem elaborado,
pois é a base para a criação de boas aulas. As principais metas indicam
conteúdos significativos e procedimentos adequados, assim como a avaliação
que será utilizada. Integrar experiências variadas de aprendizagens inserindo
exemplos que venham chamar a atenção para que se melhore o entendimento
e se facilite a qualidade de aprendizagem trabalhada.
O eixo temático é o tema gerador, ou seja, o nome do conteúdo que vai
ser trabalhado na disciplina deve estar dentro do contexto e contribuir com um
desenvolvimento intelectual do aluno.
 Conteúdo conceitual – o conteúdo que deve ser aprendido de forma
sistêmica; Dados e conceitos – são diferentes tipos de conhecimento;
 Conteúdo procedimental – cabe ao educador apresentar suas
atividades programadas dentro do planejamento, respeitando os níveis
diferentes de dificuldades para que o aluno possa apossar-se de sua execução;
 Conteúdo atitudinal – inclui normas, valores e atitudes que permeiam
todo o conhecimento escolar e envolve cognição, afeto e condutas;
 Avaliação – ela passa a ser contínua englobando os três conteúdos
(conceitual, procedimental e atitudinal) por meio de atividades solicitadas e
questionamentos no cotidiano que envolvam atividades práticas e exercícios
que o aluno possa se expressar.

55
Nesse pequeno percurso transitar pelos estudos das disciplinas
escolhendo tema e cidadania, enxergando-a de pontos diferentes que algumas
vezes se encontram completando-se. E em outros momentos se amplia,
questiona, negam ou se confiam, mas na maioria das vezes se iluminam.
Quando é enfocada a cidadania sob a ótica diária das ciências humanas, por
exemplo, deve-se estudar o conceito e escolher de que forma se deseja
abordá-lo.
Se cidadania tem a ver com os direitos e deveres dos cidadãos de um
país e está diretamente ligada à Constituição Federal, Lei máxima de uma
nação, pode-se começar pesquisando o porquê da necessidade da
Constituição. O que vem a ser Constituição? Qual a data da última Constituição
outorgada em nosso país? Também investigar a Declaração dos Direitos
Humanos, correlacionar Cidadania e Direitos Humanos.
Estudar o direito da cidadania como: igualdade, direito do consumidor,
direito à moradia, direito à educação, etc. E avançar nos estudos dos princípios
para uma prática democrática de participação efetiva. Pesquisando os modos
de participação segundo a constituição vigente e, enfim, que cidadania e
participação comunitária são conceitos diretamente proporcionais.
Do ponto de vista da História, podem perguntar: qual foi a primeira
constituição elaborada na História da humanidade e em que circunstância? O
que levou uma nação a elaborá-la e por quê? Outra pergunta que podem fazer:
qual foi a data e a circunstância da elaboração da primeira constituição do país,
no caso o Brasil? Passando pela geografia aborda-se sob a ótica da geografia
humana, isto é, o homem é um ser histórico capaz de atuar no seu meio para
transformá-lo, podendo melhorá- lo, discutindo ideias como transformar o bairro
por criar órgãos para defesa de seus direitos, lançar mão da matemática
quando houver necessidade de transformar o espaço físico por meio de
mutirões para constituição e reformas dos espaços físicos, fazendo cálculos,
construindo maquetes etc. Tais iniciativas envolvem diferentes áreas, como
ciências da natureza, Biologia, Física e Química, passando pelo tema
transversal Meio Ambiente.
Vejam que a interdisciplinaridade vem abraçar de forma contextualizada

56
todas as ideias trabalhadas em diversas disciplinas, e como não se podia
deixar de fora nessa inovação, entra em cena também a área Código e
Linguagem. Quando os alunos começam a trabalhar por meio de projetos
percebem a importância prática de enviar mensagens de forma clara para o
público-alvo. Seja a própria comunidade escolar, seja a comunidade local, por
meio da elaboração de cartazes, faixas, murais, textos informativos que
venham chamar a atenção para o que se deseja atingir; iniciativas assim
encontram na Língua Portuguesa, aliada à arte e à informática, embasamento.
As disciplinas Língua Portuguesa, Artes e Educação Física poderão trabalhar
de forma integrada por meio de atividades como desempenho, teatro, números
musicais, levando a mensagem desenvolvida durante o processo de trabalho
interdisciplinar.
Planejar o ano letivo pressupõe analisar a prática que virá a ser
trabalhada durante todo o ano na escola, de maneira a encontrar respostas às
questões orientadoras do aprimoramento do seu projeto político-pedagógico.
Deve-se procurar sempre interrogar na questão da escola quem são e
qual o perfil dos alunos, a comunidade que circunda, a qualidade da
aprendizagem, na intenção do que é necessário aprender e o sucesso que será
obtido diante dos valores e formação dos alunos, o que vem a retratar a
qualidade do trabalho da escola. Na realidade deseja-se com isso fazer um
replanejamento do ano que passou e tentar melhorar a qualidade do ensino de
uma instituição escolar. Os desafios que irão conhecer e que cada escola
deverá responder a partir de suas forças e experiências comprovadas. Porém,
o objetivo é unificar a qualidade de ensino e tentar construir uma escola com
qualidade social, capaz de ser um espaço de crescimento para alunos e todos
que nela trabalham. Com gestão democrática e em sintonia com a produção
que venha a fazer a socialização do conhecimento repassado e que este
chegue à melhor forma possível em trazer a informação clara para fazer-se
aprender. O planejamento do ano letivo constitui-se num momento
privilegiado para a reflexão coletiva, na qual todos estão voltados para ações
educativas que se integram nas equipes e formação dos trabalhos. A
elaboração, o desenvolvimento e a avaliação de planos de ensino e o preparo

57
de aulas traduz-se numa atitude e vivência crítica permanente diante do
trabalho pedagógico, possibilitando ao conjunto da equipe de profissionais da
escola conhecer e se expandir numa construção participativa dos
desenvolvimentos educativos.
Ao falar em planejamento vêm logo a ideia de organizar o que se quer
melhorar e apontar o que não o está fazendo evoluir enquanto profissional.
Dentro do planejamento embasado no trabalho político-pedagógico vem a
análise crítica dos resultados, que procuram novas formas de atuação e criam
poderes para decidir. Quando procurar uma qualidade de atuação, procurar
organizar-se dentro do perfil descrito nos PPP, que é o fruto do planejamento e
que vem representar uma escola/sociedade no qual quer fazer parte dessa
construção, diante das experiências passadas e expectativas futuras.
A visão que o planejamento traz é o reflexo que registra os diagnósticos
analisados no processo ensino-aprendizagem. O planejamento escolar, da
forma como vem sendo concebido no presente texto, não pode ficar
circunscrito a apenas “semanas de planejamento.” Ele exige vários espaços
garantidos no calendário do ano letivo, em que ora se registra encontros mais
frequentes, mesmo porque a necessidade de estudar as possibilidades, cultura,
forma crítica, possibilita ao professor uma reflexão prática do que se pode
replanejar. É bom ter em mente várias interrogações, porque elas vão dando
pistas por onde se pode tentar melhorar ou até excluir propostas que não
deram certo. Para direcionar essa reflexão pode-se questionar:
- Como tem sido a qualidade dos planejamentos? Quais as
expectativas do planejamento para o trabalho deste ano? O que quero e preciso
modificar? Como está sendo trabalhada a questão da interdisciplinaridade na
escola? Como os alunos estão melhorando?
É uma avaliação que durante todo o desenvolvimento dos trabalhos
precisa ser revista. A qualidade do fazer se faz pela maneira como pode ser
observado, qualificando avanços ou deficiências.

58
6.2 Didática multireferencial

A proposta dessa alternativa pedagógica é facilitar o processo de


ensino- aprendizagem, reunindo teoria e prática. Mas, como essa relação
acontece?
A disciplina explora o processo de ensino-aprendizagem a partir de uma
série de tópicos presentes na pesquisa contemporânea da área. Estes incluem
teorias cognitivas da aprendizagem e das teorias sociais. A disciplina aborda
também a relação entre motivação, emoção, inteligência e aprendizagem.
Finalmente, todos estes aspectos são revistos de modo integrado como
processo que leva à expertise, área que também é trabalhada do ponto de vista
conceitual e empírico.
A disciplina tem por objetivo aprofundar as teorias em administração e
seus diversos conceitos aplicados à gestão das instituições de ensino, públicas
e particulares, nos diversos níveis de ensino. Pretende-se tratar o tema nas
perspectivas institucional, do mercado educacional e do macroambiente
educacional do país. Possibilitará, ainda, a análise e a crítica de distintos
modelos de gestão. A disciplina irá oportunizar a análise, a pesquisa e o debate
sobre as diversas áreas da gestão, com ênfase em processos, planejamento,
pessoas, marketing educacional e gestão do conhecimento.
O tema será considerado em uma abordagem multirreferencial e irá
considerar as relações entre as distintas correntes filosóficas e sociológicas em
educação e gestão de instituições de ensino. Imagine que durante suas
explicações você mencione um fato ocorrido num país da Europa e,
imediatamente, seus alunos visualizam onde ele se localiza. Indicadas para
todas as disciplinas, as salas- ambiente estimulam a pesquisa e favorecem o
seu trabalho com turmas heterogêneas. A integração que leva o professor a
adaptar esta didática no seu dia a dia na sala de aula procura abrir uma janela
do conteúdo a ser trabalhado e expor para seus alunos as amostras da própria
realidade encontrada no conteúdo teórico.
A Didática assume, nessa perspectiva, tanto quanto na Escola
Tradicional e no Tecnicismo, o papel de "zeladora" do processo ensino-

59
aprendizagem que passa a ser estudado no espaço físico e temporal
determinado pela sala de aula: Professor (Métodos e técnicas ), Aluno
(avaliação) Conhecimento/Currículo (Planejamento e objetivos).
A forma como vai se trabalhar a teoria e a prática ao mesmo tempo, em
que se transforma o ambiente em que está inserida a sala de aula numa
realidade do contexto trabalhado. É uma didática que leva o aluno a viajar no
entendimento do saber. São estes os chamados "elementos didáticos" que se
alternam e se dimensionam diferenciadamente, dependendo do referencial
pedagógico: ora é o professor o centro do processo, ora é o aluno; ora o
método se torna a garantia da aprendizagem, ora esta passa a ser decorrência
de conteúdos bem estruturados; a avaliação, em determinado contexto pode
ser formal, objetiva, subjetiva, informal ou até mesmo auto-avaliação; o
planejamento é flexível, em determinada perspectiva, incidental em outra e até
mesmo inexistente.
Entretanto, o objetivo desta didática é transformar o conteúdo trabalhado
teoricamente para uma apresentação real e prática. Imaginem se as aulas de
geografia fossem trabalhadas em uma sala adaptada somente para geografia.
História dentro do contexto de história que foi trabalhado no plano de aula em
todos os bimestres, ciências diretamente no laboratório e matemática
desenvolvida com todos os materiais necessários para trabalhar a geometria.
Esta tarefa de integrar a macro e a microvisão da educação entende que a
Didática não deve minimizar uma em desfavor da outra. Assim como entende
que não se deve priorizar a prática em desfavor da teoria. Nem mesmo
voltar as costas ao que de importante e significativo já se fez em educação ao
longo de séculos.
Acredita-se que a qualidade dos alunos que vivem naturalmente com
uma didática diferenciada é percebida na qualidade do seu entendimento diante
do mundo e com visão de mundo educativo melhor.
Por exemplo, em uma escola rural existiam duas situações que
trabalham didáticas diferenciadas da seguinte forma:
A professora fecha a porta da sala e começa a explicar o conteúdo
levando os alunos a compreender o contexto do livro didático, teoricamente.

60
Enquanto que a outra professora leciona ao ar livre. Neste ambiente a
professora leva o aluno a entender as mudanças climáticas, trabalha a
produção de textos com objetos que recolhidos nos arredores e a matemática é
trabalhada a partir da encenação de um pequeno comércio. É muito
interessante, pois ali todas as crianças sabem passar troco, criam histórias com
objetos diversos, entre outras atividades. No intervalo o lanche oferecido utiliza
o que está na sala de aula e serviu como embasamento para enriquecer o
aprendizado. Não há apoio quanto à estrutura física, mas o método utilizado
pela professora diferencia e qualifica. A qualidade do repasse da didática
retrata a criatividade do professor. O que impede que o mesmo que esteja em
sala de aula faça diferente? Afinal não é somente o prédio que significa escola.
Com todos os exemplos e experiências pedagógicas conhecidas ao
longo do tempo levam a acreditar que a escola vai aonde o educador pode
estar, a didática diferenciada também vem mostrar o quanto a sua qualidade
inovada por meio da figura do professor pode prender a atenção do aluno para
aprender. Um exemplo disso são os cursos a distancia que, se não
diferenciassem a didática, com várias inovações e criatividade, não seriam bem
sucedidos. A cada dia surgem mais pessoas interessadas em se qualificar e
por não disporem de tempo recorrem aos cursos a distancia, nos quais podem
aprender se divertindo.
A didática trabalhada com a tecnologia em sala de aula é uma viagem
que cansa. Pelo contrário, quanto mais se acessa mais se evidencia a
necessidade de conhecimento. Mesmo porque o mercado exige que o
profissional vá atrás de uma qualificação a mais. O entendimento da
capacidade didática passa a ser infinito, não existe um ponto final.
Outro tópico muito importante da didática diferenciada é que o professor
sai de seu casulo e começa a andar para a vida. É sabido, todavia, que muitos
professores lecionam sempre a mesma disciplina durante vários anos e a cada
ano repetem o que foi dado no ano anterior. Isso é preocupante em relação ao
aprendizado do aluno. E quando chega uma professora que inova e exige do
aluno trabalho e participação, automaticamente surge à antipatia como
consequência de fatos reais vistos ou vivenciados.

61
A didática exige do professor a preparação e do aluno a ação. O tempo
em que ele permanece em sala de aula precisa interagir com as mudanças e
passar a entender, compreendendo a postura do professor e percebendo que a
atenção irá fazer muita diferença.
A qualquer dispersão é como se o trem tivesse partido e a cada
passagem ele tivesse que registrar as paisagens encontradas, se fechar os
olhos não se aprende. É vergonhoso quando se percebe quanto tempo foi
desperdiçado em escolas nas quais professores e alunos estavam somente
preocupados com tempo e loucos que a sirene toque para irem embora.

62
7 DIDÁTICA E INTERDISCIPLINARIDADE

7.1 A Parábola do cavalo

Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns


cavalos para ajudar nos trabalhos em sua pequena fazenda. Um dia, seu
capataz veio trazer a notícia de que um dos cavalos havia caído num velho
poço abandonado.
O poço era muito profundo e seria extremamente difícil tirar o cavalo de
lá. O fazendeiro foi rapidamente até o local do acidente, avaliou a situação,
certificando-se que o animal não havia se machucado. Mas, pela dificuldade e
alto custo para retirá- lo do fundo do poço, achou que não valia a pena investir
na operação de resgate. Tomou, então, a difícil decisão: Determinou ao
capataz que sacrificasse o animal jogando terra no poço até enterrá-lo, ali
mesmo. E assim foi feito: os empregados, comandados pelo capataz,
começaram a lançar terra para dentro do buraco de forma a cobrir o cavalo.
Mas, à medida que a terra caía em seu dorso, o animal a sacudia e ela ia se
acumulando no fundo, possibilitando ao cavalo ir subindo.
Logo, os homens perceberam que o cavalo não se deixava enterrar, mas, ao
contrário, estava subindo à medida que a terra enchia o poço, até que,
finalmente, conseguiu sair!
Autor desconhecido

Inicialmente é preciso saber que a didática é exigida para qualificar o


professor, e sua atitude deve tomar conhecimento da postura positivista que
supera o parcelamento do saber em busca da objetividade. É preciso entender,
também, que o conhecimento interdisciplinar não se restringe à sala de aula,
mas ultrapassa os limites do saber escolar e se fortalece na medida em que
ganha a amplitude da vida social.
A observação relevante sobre a didática é um estudo que pretende
pesquisar os tipos de condução de experiências rotineiras nas disciplinas que
venham a ser experimentadas em sala de aula. O fato de saber construir o

63
conhecimento e procurar desenvolver dentro de um ritmo individual o que o
professor não somente ensina, mas compartilha, irá estimular o educando a ser
agente de sua própria aprendizagem.
Isso leva a concluir que existe uma grande dificuldade por parte de
muitos educadores em despertarem para trabalhar uma didática que formule
um interesse maior no aluno.
Hoje a escola exige do profissional a formação interdisciplinar que se
evidencia na prática. O uso do conhecimento diferencia e as competências do
professor são intuitivas, intelectivas, práticas e emocionais. Na sala de aula, o
compromisso de educar passa a ser formado pela visão de mundo e exercício de
sua própria cidadania. Baseia-se em um grande estudo da psicologia analítica.
A visão do fazer educar é levar os educandos para integração das
possibilidades que vão surgindo diante dos desafios encontrados na trajetória
do seu aprendizado. Para que se possa trabalhar uma didática interdisciplinar é
preciso que se veja a metodologia trabalhada como intermediária nas
colocações do amplo conhecimento das experiências educativas e repassadas.
Não se pode falar em estudar sem uma visão para o futuro. Quando se estuda
de forma diferenciada do tradicional, a perspectiva é despertar no aluno o gosto
pelas suas aptidões e conhecimento de casos.
A interdisciplinaridade entra na sala de aula por meio das didáticas dos
professores com o objetivo de levar o aluno a pensar, raciocinar, conhecer o
mundo no qual está inserido com seus efeitos, causas e consequências. Que
interesse teria estudar matemática sem saber interpretar a leitura dos números
para executar um trabalho que exija a metragem geométrica de certa obra? Ou
estudar geografia sem conhecer o local em que mora, seu clima, vegetação,
ressaltando textos escritos e relatos apresentados? As ciências sem uso da
aula de campo (laboratório)? Português sem a leitura que leva ao
conhecimento de lugares e povos diferentes, por meio dos livros? Falar sobre
História sem observar o que está acontecendo na sua região, as notícias que
são escritas em cada época, no seu país e no mundo (na economia, na
política, na educação, na saúde)?
A diferença que se encontra em estudar a interdisciplinaridade nas

64
didáticas consiste em poder levar o aluno para viajar pelos conhecimentos do
mundo. Entretanto, a cultura regionalizada e sua religião vêm enriquecer a
origem dos fatos estudados e podem ser trabalhados dentro das didáticas do
entendimento disciplinar. A abertura dada em sala de aula levará o estudante a
se posicionar criticamente diante dos fatos.
Aprender a se questionar exige mais de si diante do conhecimento
trabalhado. O professor busca criar métodos inovadores, dando vida à didática
interdisciplinar, tornando as aulas prazerosas pelo fato de alcançar os objetivos
concretos. Entretanto o professor que não se enquadra a estas mudanças anda
em passos lentos e vive num mundo de entendimento sem cor. A expressão
“Idéia Viva” foi o tema trabalhado no projeto educativo da escola municipal
aonde a transformação interdisciplinar veio ocupar o lugar de destaque na vida
de cada componente que ali estava.
A esta metodologia foi atribuído o sucesso do aprendizado, resolvendo
questões como a indisciplina e a ausência da participação da família em
acompanhar seus filhos nos deveres de casa. Quando comecei a notar o
resultado foi gratificante, mesmo tendo sido uma experiência sofrida com
muitos problemas, mesmo porque o ambiente não favorecia e tudo se tornava
distante. Mas a determinação prosseguia e aos poucos foi abrindo novos
horizontes. Não foi uma mudança imediata, levou certo tempo, mas hoje há
resultados positivos. Tanto no aprendizado como na inclusão social dos alunos
e integração da família na escola. Diante da didática interdisciplinar o aluno
passa a ser o ponto chave da questão em todos os aspectos como:
 Adaptação dos conteúdos; Núcleo de pesquisas;
 Capacidade de raciocínio e criticidade do aluno; Participação e
integração social;
 Novos horizontes e desprendimento; Conclusão dos fatos.

A realidade trabalhada não exige uma fórmula própria, apenas vem


mostrar que para cada efeito existe uma causa e todos podem comungar a
mesma criatividade do entendimento no meio educativo e progredir. O progresso
educativo vem das ideias centradas nos planejamentos realizados e nas metas

65
trabalhadas. O professor tem interesse em expor o seu objetivo em sala de
aula com as ideias espalhadas dentro do conteúdo, enquanto que o aluno
elabora, cria e aprende.

7.2 Socioconstrutivismo e didática

A participação da didática e do socioconstrutivismo nas principais


relações no processo de trabalho docente baseia-se nos fundamentos
epistemológicos e sociopolíticos. Partindo dessa colocação, o trabalho é uma
obra educativa que se limita apenas a dissolver as potencialidades do
educando. O educador desperta e mantém-se em alerta para se tornar
eficiente.
Toda prática pedagógica exige uma metodologia. É a metodologia que
orienta quando, com o que e como desenvolver o processo de ensino-
aprendizagem dos alunos. A forma de iniciar a compreensão é aceitar que o
professor possa optar pela prática, que, uma vez definida, deve ser coerente
com a teoria que a suporta.
Comece, pois, dentro de uma perspectiva construtivista, pelo nome que
a criança tem, por ser este muito significativo para ela.
A letra inicial do nome é trazida para ser trabalhada em sala de aula e,
aos poucos, as crianças vão se apropriando das letras de que precisam para
escrever. Cada letra trabalhada é colocada em destaque na sala para que
chame atenção da criança. A forma como ela vem ser apresentada é muito
significante porque o que prende a atenção da criança não é somente o formato
da letra em si, mas os desenhos aos quais a letra está associada. Quando a
letra vem ser apresentada em cores variadas, a criança logo começa a
associar as cores, favorecendo o conhecimento dos desenhos dentro das
artes, jogos e recortes com colagens.
A didática vem resgatar da criança um trabalho de memorização e
facilidade no manuseio que passa a ser exposto no mural ou varais da sala de
aula. Paralelamente destaca-se como sendo muito interessante que se coloque
ao lado da letra que está sendo trabalhada uma outra com formatos e cores

66
diferentes, deixando com que a criança se familiarize e possa destacar suas
diferenças. As extensões dos métodos chegam às séries (anos) fundamental I e
II e Ensino Médio, que passam por distinção de textos e desenhos variados. A
formação dos conhecimentos vai se fazendo de acordo com a metodologia
aplicada dentro da didática que consegue resgatar a inclusão do aluno
(diversas idades).
O desenvolvimento na sala de jovens e adultos também é curiosa, pois
eles sentem a mesma dificuldade que os alunos da Educação Infantil,
Fundamental I e II. Não é somente o registro de experiências vividas ao longo
dos anos, mas a interação do conhecimento, que embora pareça simples e
aparentemente sem nenhum significado faz uma diferença muito grande. A
realidade escolar brasileira traz uma análise dos limites e alcances na relação
entre o ensinar e o aprender. A Didática e seu objeto de estudo surgem das
tendências pedagógicas ao longo dos tempos com teorias liberais e teorias
críticas da educação. As atividades propiciam além de uma distinção entre
textos e desenhos a leitura e interpretação. Como não poderia deixar de dizer
que o construtivismo é uma teoria e não um método.
É muito importante lembrar que o processo educativo não se exerce no
abstrato, mas dentro de uma sociedade com características culturais próprias.
Portanto, é um processo que não visa apenas ao indivíduo, mas ao grupo, à
comunidade, estabelecendo os padrões de comportamentos para o próprio
indivíduo. Não sendo possível desvincular tal processo da situação histórica e
da ordem social em que ele atua.
Quanto à comum condição dos conceitos de educar como
desenvolvimento que provenha de dentro, entende-se educação como
processo de formação por elementos que atuem de fora ou entre a idéia na
qual educar é promover o desenvolvimento. A expansão das inclinações
naturais ou que considerem como o processo de substituição de hábitos por
inculcação externa. Nota-se que no fundo cai- se novamente num problema de
métodos uma vez que não se admite o desenvolvimento de qualquer inclinação
interna, mas somente daquelas consideradas válidas para o educador.
O aluno não precisa usar um método específico, mas desenvolver uma

67
prática pedagógica dentro das perspectivas que iniciam um trabalho global do
aprendizado em diversos segmentos da sala de aula e das relações
fundamentais do processo de trabalho docente: conteúdo/forma; teoria/prática;
professor/aluno; aluno/aluno; ensinar/aprender; sujeito/objeto de
conhecimento; acesso à escola/ permanência; sucesso/fracasso escolar.
As noções gerais de metodologia da pesquisa (escolha de objeto de
estudo; problemática; técnicas de coleta e análise de dados) e um diagnóstico
que vem fazer diante do ensino alternativo que acompanha de projetos
elaborados para intervenção pedagógica sabem que, para se alcançar um
objetivo maior na sala de aula, é necessário ter cuidado nas organizações das
aprendizagens. O processo de planejamento é um ensino de perspectivas
críticas que passam a observar diante das etapas do planejamento e execução
do mesmo.
A prática pedagógica aqui descrita faz referência às atividades
espontâneas respeitando os limites de cada aluno, diante do seu próprio ritmo
no que venha fazer e ter o gosto para aprender. O contato direto com o objeto
do conhecimento desenvolve todas as suas potencialidades, levando-as às
descobertas e construções do conhecimento de forma lúdica e construtiva.
Conduz à autonomia e ao raciocínio, proporcionando avanços no nível
conceitual. Sejam eles voltados para dentro do contexto da sala de aula.
 Tipologia e planejamento; Planejamento interdisciplinar;
 Dimensões e componentes didáticos; Formulação de objetivos;
 Seleção de conteúdos; Recursos didáticos; Avaliação e utilização.
A educação passa de um estágio empírico para um científico ao valer-se
da observação, da experimentação controlada, da reflexão, formando um
conjunto sistemático de conhecimentos práticos e teóricos que guiam a ação.
Sob esse enfoque pode-se considerar a ciência da arte em aprender. A
educação de certo modo cria o modelo da sociedade na qual se desenvolve e é
criada por ela. O sistema de valores juntamente com o conjunto dos juízos de
valor que dominam num meio definido, específico de uma maneira mais
próxima os componentes e as condutas.
Os conhecimentos que se associam às qualidades desenvolvidas neste

68
contexto vêm socializar e efetivar os elementos básicos para fundamentação
do estudo e aprendizado. A união dos conceitos vem fortalecer a didática com
elementos básicos amplamente trabalhados. A transição se cultiva dentro da
formação de palavras e da expressão na ação educativa do esforço, tanto do
educador, quanto do educando. O aluno se sente com muita segurança diante
da clareza que trata o assunto, transformando-se num processo evolutivo do
crescimento humano social.
Procurar entender o que a interdisciplinaridade vem fazer na arte de
ensinar e na adaptação das formas coerentes abre perspectivas que facilitam o
aprendizado do aluno e o trabalho do professor.
O que se precisa observar é que ao trabalhar com a interdisciplinaridade
é importante conhecer a adaptação do desenvolvimento do meio para que a
sua construção não fique tão falha. O novo leva ao questionamento e melhora a
qualidade de aceitação a partir do que foi para a subjetividade do que é
trabalhado na sala de aula e o retorno no esperado pelos alunos e educador.
A inspiração básica do processo de crescimento humano é o de
ressaltar que uma visão correta sobre a compreensão de cada parte utiliza uma
vivência de princípios didáticos aplicados.
O imenso desafio que se constrói no uso da imaginação exigida pelo
trabalho como modelo que permita migrar de mundos fantasticamente
pequenos para universos fantasticamente grandes está na articulação do que
já se conhece com as possibilidades de compreensão e ação que se anunciam.
Essa perplexidade se tornou maior na medida em que foi se
evidenciando um paradoxo merecedor de mais profundos esclarecimentos
voltados para uma educação reprodutora. O contexto positivo traz uma grande
reflexão cautelosa sobre o desenvolvimento interdisciplinar, salientando-se a
qualidade promissora do trabalho desenvolvido durante a condição dos seus
aspectos educacionais.
Aborda-se nesta questão uma temática que leva a raciocinar sobre o
que “somos” e “podemos” fazer para desenvolver uma didática de
entendimento, em que se proponha a utilização de conceitos de contra-
hegemonia e ante-hegemonia para a análise da instituição escolar.

69
Assim, o educador será capaz de entender a aptidão que tem em
desenvolver um momento dialético, centrado na análise que vem contribuir com
as práticas incumbidas nas determinações que totalizam relações dinâmicas.

70
8 TEMAS TRANSVERSAIS DA EDUCAÇÃO

O desempenho que se tem em forma de compromisso com a construção


da cidadania leva necessariamente a uma prática educacional voltada para a
compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação
à vida pessoal e coletiva e a afirmação do princípio da participação política.
Sem os critérios citados todo o empenho passa a ser meramente uma ficção,
pelo fato de não se firmar como alicerce de construção sólida.
Nessa perspectiva acrescentam-se à educação os chamados Temas
Transversais diante de questões que tratam da Ética, da Pluralidade Cultural, do
Meio Ambiente, da Saúde, da Orientação Sexual, do Trabalho e do Consumo.
As reflexões desenvolvidas na escola tornam-se amplas e bastante produtivas
em saber traduzir as preocupações da sociedade nos últimos anos, às quais os
Temas Transversais propõem um trabalho voltado a esses vários aspectos da
vida cotidiana.
O desafio que se apresenta para as escolas é disponibilizar-se aos
debates, abrir sequência de dados informativos, em que a sua teoria venha
fazer diferença no exercício da ação prática. O que isso significa? Uma
perspectiva que faça criar dentro de uma nova área ou disciplinas a questão da
qualidade educativa nos segmentos incorporados diante da aprendizagem do
aluno e qualidade trabalhada de metodologias criadas pelo professor.
Como se pode perceber os temas abordados dentro dos conceitos dos
Temas Transversais vem mostrar que tudo se começa pela prática. É o
ponto de vista metodológico de cada desempenho, que forma uma análise
crítica das práticas educativas exercidas constituídas, como se formassem o
carro chefe do movimento da renovação que aqui se expressa. As diferentes
abordagens do processo consideram uma ação da educação e seus
desdobramentos em sala de aula. Desse esforço coletivo de reflexão
resultaram os pressupostos relacionados às contribuições de diversas áreas do
conhecimento que iluminam o tema em pauta, submetendo-as ao crivo das
demandas, lacunas e problemas propriamente pedagógicos enfrentados.
Partindo da hipótese do educador, consciente ou não, apóia-se em teorias,

71
crenças que conseguem manter sua população preparada para o bom uso e
proveito dos progressos alcançados. A definição sobre os Temas Transversais
esclarece um contexto de documentos específicos no qual são aprofundados e
apresentados seus objetivos, conteúdos e orientações didáticas. Apesar do
exposto, sabe-se pela própria experiência do processo vem transparecer uma
prática pedagógica assentada na vertente em foco, a qual compõe o cenário e
registra as concepções educativas ou denomina uma ação tradicional
substantiva das anteriores, assentando o conhecimento e participação social
do aluno.
Ao mesmo tempo, as áreas especializadas mostram uma questão
central das preocupações das éticas entendidas como inspiradoras dos
valores de igualdade e equidade. Dando um exemplo muito positivo desse tipo
de trabalho aproxima-se mais do campo pedagógico em que se propõe
encontrar terreno fértil dos educadores progressistas, com abordagens
particularizadas e desconexas dos objetivos do saber.
O que se percebe pela leitura deste documento são os objetivos e
conteúdos dos Temas Transversais, que devem ser incorporados nas áreas já
existentes e no trabalho educativo da escola. Sem essa conjunção de dados não
é possível fazer uma conexão entre as formações básicas cognitivas da
aprendizagem. É possível fazer educação sem o conhecimento da pluralidade
cultural? Acredita-se que a base de estruturação está voltada para se pensar e
realizar o respeito aos diferentes grupos e culturas que os constituem.
A sociedade brasileira é formada não somente por diferentes etnias, mas
por imigrantes de diferentes países. Essa mistura cultural leva a conviver entre
grupos diferenciados nos planos socioculturais, muitas vezes marcados pelo
preconceito e discriminação. A escola tem um papel fundamental quando está
inserida diante de uma causa para superar esses conflitos e fazer conhecer a
riqueza representada pela diversidade cultural, que vem compor um patrimônio
brasileiro e valorizar as trajetórias dos diferentes grupos. Nesse sentido, a
escola forma e organiza o trabalho didático que ora recebe o nome de
Transversalidade. O que se apresenta é uma concepção de cidadania e
princípios democráticos que a norteiam, discutindo a amplitude do trabalho com

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questões sociais na escola e apresentando a proposta em sua globalidade: a
relação de transversalidade entre os temas e as áreas curriculares, assim
como sua presença em todo o convívio escolar.
Para cada tema exposto há um documento que fundamenta as questões
que o envolvem e são apontados objetivos e conteúdos para subsidiá-los na
criação de seu planejamento de trabalho e de uma prática educativa coerente
com seus objetivos mais amplos. São muitas as questões que levam a trabalhar
o entendimento sobre os Temas Transversais, ressaltando-se uma questão
educativa, uma vez que norteia a construção da cidadania e a democracia, que
são questões que envolvem múltiplos aspectos e diferentes dimensões da vida
social.
Embora a transversalidade que implica os conceitos dos Temas
Transversais seja contemplada pelas áreas e não configure um aprendizado à
parte, todos os temas têm explicitado em seus documentos o conjunto de
conceitos, procedimentos, atitudes e valores a serem ensinados e aprendidos.
Com isso, buscou-se garantir que cada tema seja compreendido
integralmente, isto é, desde sua fundamentação teórica até sua tradução em
elementos curriculares. Isso ocorre por um lado para possibilitar que as equipes
pedagógicas façam novas conexões entre eles e as áreas e/ou outros temas;
por outro lado, porque o trabalho didático com as áreas não é suficiente para
cobrir toda a demanda dos Temas Transversais. A força deste projeto que
impulsiona para racionar sobre a sua grande importância é tentar responder
diante do ponto de vista epistemológico a formulação das contribuições de
diversas áreas.
Há um sério trabalho educativo a ser feito no âmbito do convívio escolar
e a especificação dos conteúdos de temas que favoreçam a reflexão e o
planejamento deste trabalho. Além disso, o trabalho com questões sociais exige
que os educadores estejam preparados para lidar com as ocorrências
inesperadas do cotidiano. Não somente saber executar a teoria, mas
principalmente a postura relacionada à prática educativa. O estudo dos Temas
Transversais é a integração de um conjunto de critérios desenvolvidos e
discutidos para elaboração da ação cidadã.

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Em nível da saúde brasileira que hoje se enfrenta, reflete a maneira
como se vive numa interação dinâmica entre potencialidades de indivíduos e
condição de vida. Para trabalhar este tema em sala de aula é necessário que
se discuta a qualidade de vida que o brasileiro leva atualmente. O cidadão
brasileiro passa por transformações difíceis diante da saúde, das mudanças em
suas dificuldades como o ar que se respira, o consumismo, a miséria, a
degradação social, a desnutrição, entre outros. Essas diferenças, entretanto,
vêm refletir na educação que se pretende repassar para obter resultados
positivos.
O que favorece o objetivo do que se está refletindo é que é preciso
sonhar acordado, não ficar imaginando os fatos e criar perspectivas. Porém, a
realidade mostra um retrato preto e branco que preocupa. As sociedades
cresceram e se desenvolveram, esse crescimento envaideceu o homem
fazendo-o modificar o meio ambiente conforme sua vontade, não se
preocupando com modificações que poderiam criar um desentendimento entre
homem e natureza.
É preciso refletir sobre como devem ser essas relações
socioeconômicas e ambientais para se tomar decisões adequadas a cada
direção e se alcançar as metas desejadas por todos. Existem situações
escolares não programáveis, emergentes, que devem ser respondidas e, para
tanto, necessitam ter clareza e articular sua ação pontual ao que é
sistematicamente desenvolvido com os alunos. Além dessa apresentação, os
Temas Transversais fazem parte dos conteúdos das áreas.
Buscou-se contemplar a amplitude de cada tema mediante sua inserção
no conjunto das artes: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais,
História, Geografia, Arte e Educação Física. Foram transversalizados com a
preocupação de respeitar as especificidades de cada tema e de cada área.
Quanto à divisão dos conteúdos por ciclo, considerou-se que nos temas
transversais não há nada que a priori justifique uma sequência dos conteúdos.
Ao contrário, os conteúdos podem ser abordados em qualquer ciclo, variando
apenas o grau de profundidade e abrangência com que serão trabalhados.
A relação pedagógica que tem lugar na sala de aula decorre de visões

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de mundo, de homens e de conceitos diferenciados, concretizados à medida
que os professores estabelecem objetivos, selecionam conteúdos, preparam e
desenvolvem suas aulas, realizam suas avaliações e posicionam políticas e
éticas ideologicamente diante dos alunos. Por isso, é de suma importância a
opção clara por linhas de pensamento que sedimentem as ações educacionais,
de acordo com os propósitos estabelecidos.
No que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem, a reflexão
coletiva do exercício profissional demonstrou a força da concepção de base
empirista, segundo a qual o homem, ao nascer, é uma tabula rasa, e o
conhecimento produto do registro imediato de dados, fatos, informações fim
das percepções providas pela experiência. Tem-se então, uma
supervalorização das pressões do ambiente sobre o sujeito que se constitui
como ser cognoscente por meio das impressões do mundo que recebe o
fornecimento por meio dos órgãos dos sentidos. Deve-se ressalta que essa
concepção hoje não é mais condizente com as necessidades da realidade
escolar.
Falando-se de sexualidade, como exemplo de um tema transversal que
possa ser abordado, parte-se da mesma trilha e define-se a aprendizagem
como mudanças de posturas diante das orientações sexuais. A escola deve ser
entendida como processo de intervenção pedagógica e tem como objetivo
transmitir conhecimentos diante das questões relacionadas. A abordagem dos
fatos propicia ao aluno o conhecimento de seu próprio corpo, entendimento dos
cuidados que necessitam dos serviços de saúde.
A função do treino ou da experiência conduz à justificação técnica para
se considerar o aprendiz como ser passivo, como uma espécie de disco para
armazenamento de dados, nos quais serão inseridos os conteúdos desejados,
e que o aluno virá a acumular conhecimentos e reconhecimentos das
manifestações de sexualidade possíveis de serem expressas na escola. Nesses
termos acredita-se que uma boa aprendizagem vem resgatar temas sociais na
escola, por tratar de um conhecimento diretamente vinculado à realidade e que
considera a qualidade do professor como transmissor das suas qualidades
administradas nas sequências temporais de estímulos e reforços, sob a forma

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de premiação e punição.
Essa forma de pensar em relação aos Temas Transversais e a
importância deles no processo educativo levam a pensar o quanto a sua
influência vem modificar os fatos de entendimento do meio, sejam eles diretos
ou indiretamente prepostos ao raciocínio da ação pela ação educativa.
A Transversalidade vem mostrar uma roupagem diferenciada das áreas
convencionais. A complexidade não deixa existir áreas isoladas. O campo do
conhecimento torna-se amplamente claro para sequência de dados, conteúdos
e registros diferenciados e que venham em função de um tema que pode ser
desenvolvido na sala de aula durante todo o ano sem especificação de
disciplina e professor.
Nesse sentido que define a participação dos profissionais ativos, veja o
exemplo de uma situação: se a professora de Geografia trabalha um projeto
sobre o Meio Ambiente, isso não significa dizer que somente essa professora
deva estar comprometida com o desenvolvimento do projeto. O referido projeto
precisa de dados e conhecimento das Ciências Naturais, da Sociologia, da
economia, visto que todas essas áreas educam em relação a questões sociais
por meio de suas concepções e dos valores aos quais se vinculam.
Não tem sentido falar da aprendizagem e do conhecimento científico
sem falar em prática (pedagógica) que vem fazer diferença. O conhecimento
procura compreender os processos educativos, sendo uma formação relativa
do desenvolvimento histórico no seio de uma sociedade e a transmissão de
estruturas operatórias elementares, que vem se constituir no curso da
socialização do aluno.
Como se pode ver, suas características são muito interessantes e vem
fazer um trabalho interdisciplinar por força da complexidade dos problemas
levantados. Nota-se, pois, a importância sobre as perspectivas de uma
integração e profundidade de trabalho que faz a diferença em diversos níveis,
segundo o domínio que prioriza diferentes realidades.
Os desafios são constantes e precisamos enfrentá-los como peças de
um quebra-cabeça que, tendo ou não domínio, é necessário que se domine e
faça o equilíbrio dos fatos. As perspectivas dentro da educação direcionam para

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uma análise centrada nas observações que se quer ensinar, o perfil que está
inserido neste processo e as modalidades equilibradas para compor a
demanda que observam.
A escola vem participar na vida da criança desde muito cedo. A
constituição do saber informativo libera uma chave que abre a riqueza da
grandeza do ser humano que está preso aos aspectos burocráticos e limitado
dentro do sistema de ensino e a partir da prática orientada pelo senso comum
ou hábitos estão sendo avaliados.
Baseados em bom senso e delegação de autoridades àqueles que estão
envolvidos na realização do serviço educacional, constitui-se um modelo de
líderes compartilhados e compartilhando ao redor do mundo. O conhecimento
se estende formando uma corrente humana procurando não aprisionar
ninguém, mas esclarecer e mostrar o tamanho de seus esforços nas
mediações que desempenham propostas apresentadas nas sequências
didáticas.

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ENCERRAMENTO

Parabéns por ter concluído os estudos desta matéria da sua


especialização!
A Editora Famart e seus parceiros (a) conteudistas, prepararam esta
apostila baseando-se em temas e discussões relativas à esta disciplina.
Reunimos conteúdos de autores e pesquisadores que são referência na
temática apresentada, concebendo um compilado desta abordagem de forma
didática visando melhor aproveitamento no seu processo de conhecimento e
aprendizagem. Na presente apostila, foram utilizados materiais que estão
devidamente referenciados ao final em conjunto com as demais referências de
todas as citações, viabilizando, desta forma, a identificação e eventual consulta
às fontes.
Busque materiais auxiliares de estudo para que possam agregar ainda
mais no seu conhecimento.
Dúvidas, elogios, questionamentos ou orientações quanto ao conteúdo
estudado, disponibilizamos para esta finalidade a opção de abertura de
requerimento através de sua área de estudo. Nossos tutores estarão
disponíveis para te atender!

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REFERÊNCIAS

ARAUJO, F. J. D. Interdisciplinaridade na Escola. Milagres/CE, 2007.


BUSQUET, M. D. et al. Temas Transversais em Educação. São Paulo: Ática,
2003.

DEMO, P. Educar pela Pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996.

FAZENDA, I.C.A. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro:


efetividade ou ideologia. São Paulo: Loyola, 1979.

FAZENDA, I. C. A. Práticas Interdisciplinares na Escola. São Paulo: Cortez,


1999.

HARTNOLL, P. The Theatre: A Concise History. Londres: Thames and


Hudson, 1987.

LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-


social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 2003.

MORIN, E. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

PIMENTEL, M. da G. O professor em construção. Campinas: Papirus, 1993.

VASCONCELLOS, M. J. E. de. Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da


ciência. Campinas, SP: Papirus, 2002.

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