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BIRIGUI
2017
ANDRÉ VICTOR BASCAROTTO
BIRIGUI
2017
BASCAROTTO, André Victor.
Legislação e Políticas Publicas em Educação. André Victor Bascarotto.
Birigui/SP, 2017.
Nº p. (paginas)
TERMO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a FABI - Faculdade de
Birigui, a coordenação do curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e
qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso
de plágio comprovado do trabalho monográfico.
Birigui, __ de __________de2017.
___________________________
André Victor Bascarotto Stella
ANDRÉ VICTOR BASCAROTTO STELLA
Monografia aprovada em ____ de ____________ de 2017, como requisito total para obtenção
de nota para a disciplina Trabalho de Conclusão de Curso em Bacharel de Direito, na
Faculdade de Birigui, pela banca examinadora formada por:
Presidente e orientador:______________________________________
Instituição:________________________________________________
Assinatura:________________________________________________
Professor(a):_______________________________________________
Instituição:________________________________________________
Assinatura:________________________________________________
Professor(a):_______________________________________________
Instituição:________________________________________________
Assinatura:________________________________________________
( ) Aprovado ( ) Reprovado
Karl Marx
Resumo
BASCAROTTO, André Victor. Legislação e Políticas Públicas em Educação. Birigui / SP, nº
paginas. 2017.
Palavras-chave:
Abstract
Keywords:
LISTA DE SIGLAS
Art. – Artigo
§: Parágrafo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
A Escola desenvolvida no Brasil desde o século XIX até a atualidade vem passando
por grandes modificações com a intenção de se atingir um ensino de qualidade e que dê
condições para que o indivíduo aprenda e que as suas diferenças sejam respeitadas. Mas esse
processo vem sendo muito complicado em virtude de vários fatores externos e internos e
principalmente das características sociais e culturas dos alunos que estão dentro da instituição
denominada escola, o que acaba anulando a função da escola que seria de diminuir as
desigualdades sociais.
Assim, o presente trabalho terá como objetivo fazer uma análise comparativa das
diferentes tendências pedagógicas apontando o papel de cada indivíduo envolvido no processo
ensino e aprendizagem bem com tornar evidente onde está o foco de cada tendência e ao
longo do desenvolvimento mostraremos que ainda estamos longe da escola ideal e veremos
que a escola atual ainda é um instrumento de produção de desigualdades sociais. E apresentar
de forma sucinta a legislação vigente que garante o direito a todos de uma educaçãode
qualidade com a finalidade de formar indivíduos que possam atuar como agente de
transformação de sua realidade social-política e econômica.
Sabe-se que a prática do processo ensino e aprendizagem desenvolvida nas escolas é
condicionada por fatores de ordem sócio política que determinam as diferentes concepções de
mundo, de sociedade e principalmente de homem, assim, existe uma tendência de diferentes
formas de atuação da escola e do desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem. Desta
forma o presente estudo se justifica tendo em vista o modo que os professores desempenham
as suas proposta pedagógicas e como estas estão vinculadas com os pressupostos teóricos
abordados durante o desenvolvimento do trabalho e também pelo fato de que novos estudos
estão sendo feitos com a finalidade de em pouco tempo temos um sistema de ensino que
reduza as desigualdades e formem cidadãos críticos e conscientes de sua realidade social e
que atuam como agentes transformadores da sociedade.
A metodologia desenvolvida será a pesquisa de revisão bibliográfica e o presente
trabalho será dividido em três capítulos, tendo início com a
caracterização da Escola Tradicional, fazendo uma análise também das Escolas, Nova, ativa e
Comportamentalista. Durante o desenvolvimento do presente trabalho faremos uma analise
das características da Escola atual e finalmente vamos analisar os aspectos teórico-prático de
como deveria ser uma escola para não atuar como instrumento de ideologia dominante e
reduzir as desigualdades evidenciadas dentro do atual Sistema Educacional.
Desta forma, por mais que uma Lei tente democratizar, garantir o acesso e a
permanência dos indivíduos e um ensino gratuito dentro das Instituições Municipais e
Estaduais sempre existirá uma forte relação entre as desigualdades sociais e principalmente
culturais, sendo que estás distanciam cada vez mais o indivíduo do processo de
desenvolvimento de habilidades para que se aproprie do saber.
Assim, ficará explicito que essas desigualdades entram nas escolas e com a tutela do
poder público e é obrigada a conviver a se adequar a um sistema que não vai de encontro com
as características do indivíduo, fazendo assim, que o sistema escolar trate de forma diferente
os pobres e os ricos.
Mediante ao que será exposto ficará claro a necessidade de muitas reflexões sobre a
educação no Brasil, e possibilidade de alcançar pelo processo educativo a justiça social. Pois,
a escola precisa estar diretamente ligada com a vida de seus alunos.
A educação é um assunto que gera inúmeras discussões, no qual seu esgotamento é
impossível de acontecer, em razão da sua complexibilidade e importância. É através da
educação que o indivíduo consegue se tornar um ser humano melhor, com maiores
possibilidades de um futuro melhor.
É com essa finalidade que a Constituição Federal de 1998, destaca o direito à educação
da criança e do adolescente como um direito fundamental e social de cada indivíduo,
assegurando então a educação básica para todos de forma igual e gratuita, desde os 04 anos
até os 17 anos de idade. Porém, mesmo esse direito assegurado pela Constituição Federal, a
realidade de muitas crianças e adolescentes em relação à educação ainda é vivida de formas
bem diferentes.
O trabalho foi desenvolvido ao longo de 3 capítulos. O 1º capítulo foi dedicado a
realizar uma comparação entre as características da escola atual e como deveria ser a escola.
O capítulo 2º foi dedicado a analisar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e
apontar a responsabilidade de cada integrante no processo educacional das crianças e
adolescentes, baseado nas leis vigentes do estado de direito de cada individuo. Já o 3º capítulo
faz uma analise dos direitos à educação como direito fundamental social e suas normativas.
1 –UM COMPARATIVO ENTRE AS CARACTERISTICAS DA ESCOLA ATUAL E A
ESCOLA COMO DEVERIA SER
A violência contra o ser humano faz parte de uma trama antiga e complexa: antiga,
porque data de séculos as várias formas de violência perpetradas pelo homem e no
próprio homem; complexa por tratar-se de um fenômeno intrincado, multifacetado.
(OLIVEIRA E MARTINS, 2007).
Dessa maneira, é possível compreender que violência é qualquer ato que ao ser
realizado é aplicado uma carga excessiva de força, e dentro da violência encontramos a
agressão, que é uma forma de violência que visa causar um dano a outra pessoa com uma
força excessiva aplicada de forma intencional.
A desigualdade social existente também é considerada um ato de violência, pois as
suas origens estruturais são parecidas com as da violência, e inspira a sociedade
contemporânea. A grande contradição existente na sociedade por meio da desigualdade social
acaba contribuindo para que à violência física e moral se manifeste cada vez mais, e por
consequência, acaba favorecendo os motivos que se expressam através dos costumes, das
tradições e dos hábitos de cada um.
A violência que causa o problema é a que traz para a pessoa a forte vontade de
demolir, depreciar, de amedrontar as pessoas, e por consequência a esse ato, a violência se
torna mais provável e possível quando a pessoa acredita que a conversa já se tornou algo
impossível. Charlot (2002) evidencia que a violência enfatiza o uso da força, do poder, da
dominação, que de certo modo toda agressão é violência na medida em que usa a força.
Para Santos (2004),
A violência encontrada nas escolas não é algo recente, se fizer uma pesquisa na
história irá deparar que a violência escolar já existe a muitos e muitos anos, o que muda são as
formas de violências, novas formas nascem constantemente, e esse tema de violência, e
violência na escola se tornou um tema de pesquisas e estudos de profissionais de diversas
áreas, pois essa violência afeta o convívio em sociedade em geral.
Segundo relato de Sposito (2001),
Na década de 1990, Charlot realizou uma pesquisa e publicou esse estudo realizado na
Europa, no qual o trabalho foi baseado na abordagem da violência que acontece nas escolas,
junto com sociólogos franceses sugeriu que existe varias formas de violência dentro das
instituições, e a importância de entender cada forma separadamente como forma de antecipar
o problema.
Segundo Charlot (2002),
A violência na escola é aquela que se produz dentro do espaço escolar, sem estar
ligada à natureza e às atividades da instituição escolar: quando um bando entra na
escola para acertar contas das disputas que são as do bairro, a escola é apenas o
lugar de uma violência que teria podido acontecer em qualquer outro lugar. A
violência à escola está ligada à natureza e às atividades da instituição escolar:
quando os alunos provocam incêndios, batem nos professores ou os insultam, eles se
entregam a violências que visam diretamente a instituição e aqueles que a
representam. Essa violência contra a escola deve ser analisada junto com a violência
da escola: uma violência institucional, simbólica, que os próprios jovens suportam
através da maneira como a instituição e seus agentes os tratam (modos de
composição das classes, de atribuição de notas, de orientação, palavras desdenhosas
dos adultos, atos considerados pelos alunos como injustos ou racistas...)
(CHARLOT, 2002, p. 434 e 435).
Para Bourdieu e Passeron, todas as ações tomadas pela escola, mesmo sendo
tradicional, e por ser tão omissa “serve automaticamente os interesses pedagógicos das classes
que necessitam da Escola para legitimar escolarmente o monopólio de uma relação com a
cultura que elas não lhe devem jamais completamente” (BOURDIEU E PASSERON, 1992, p.
140).
Essa violência realizada pelas instituições tem origem forçada, assim como a cultura
simbólica utilizada por essas instituições, uma vez que essas atitudes não pactuam com a
realidade entendida como natural, pois o sistema simbólico de cada cultura existente é uma
vivência social, e manter essa cultura é algo fundamental para que consiga perpetuar essa
determinada sociedade, no qual cada membro dessa sociedade precisa interiorizar sua cultura.
Para que consigam entender melhor a relação existente entre a escola e a pratica de
violência que acontece nessas instituições, é preciso compreender que essa relação passa pelas
reestruturações das relações sociais que estão expostos nas escolas. Segundo Oliveira e
Martins (2007):
É nesse sentido que aparecem os conflitos e as crises dentro dessa instituição, no qual
fica mais clara a percepção do seu funcionamento conferido à sua finalidade. Toda a ação
realizada pela escola, principalmente as pedagógicas, é compreendida como forma de
violência através de sua imposição. Segundo Bourdieu e Passeron, “a ação pedagógica inicial
deriva seu principal recurso, sobretudo quando tenciona desenvolver a sensibilidade a uma
forma particular de capital simbólico3, dessa relação originária de dependência simbólica”
(BOURDIEU E PASSERON, 2001, p. 202).
O poder em violentar que a escola tem, só exerce a função pedagógica, quando a
escola der condições sociais de obrigação aos alunos.
Segundo Stoer (2008),
O professor tem um papel de protagonista nessa violência realizada pela escola, pois
segundo Adorno (1995),
A imagem do professor sendo aquele que é fisicamente mais forte e que castiga o
mais fraco também afeta a vantagem do saber do professor frente ao saber de seus
alunos, que ele utiliza sem ter direito para tanto, uma vez que a vantagem é
indissociável de sua função, ao mesmo tempo em que sempre lhe confere uma
autoridade de que dificilmente consegue abrir mão (ADORNO, 1995, p. 104).
Nessa relação de dominação, a parte que é dominada via de regra não confronta o seu
opressor, pois na maioria dos casos o dominado não entende que está sendo vitima desse
processo, e por não perceber acaba considerando que essa situação seja normal e inevitável.
Outro erro cometido nas escolas públicas, principalmente no Brasil, é que os gestores e
professores não querem saber e conhecer as origens dos seus alunos, e acaba por repassar para
todos um ensino padrão, esse processo é explicada através das ações pedagógicas realizadas
pelas escolas, que eternizam a violência através do abuso de poder realizado por essas
instituições, no qual o conteúdo que a escola ensina aos seus alunos de maneira autoritária,
pois as instituições estimulam a pratica desse autoritarismo pelos professores.
Segundo Durkheim (1972),
A violência existente é uma ação coercitiva que se instaura através da aceitação de que
o dominado não pode deixar de concordar com o dominante, sendo assim, a dominação
quando colocada em prática, faz com que o dominado entenda essa relação abusiva como
normal, pois é o dominante que repassa todo o processo de conhecimento a ele.
Abramovay (2002) cita que:
Essa violência fica clara em diversas situações que acontecem no dia-a-dia na relação
professor e aluno, como a relação de poder existente do professor em relação ao aluno, a
violência verbal e o grande destaque é a discriminação que existe de raça e gênero, mesmo
que na maioria das vezes seja de forma indireta, dentre varias outras situações. Assim como
acontece na sociedade em geral, no qual a classe com maior poder econômica coloca sua
cultura em pratica em relação as demais classes, que são seus dominados.
Bourdieu (1998) faz uma reflexão sobre a escola, no qual podemos comparar e igualar
com o que acontece no Brasil:
A escola brasileira vive uma realidade no qual seu número de alunos aumenta
constantemente, pois vivemos um cenário onde o ensino é massificado e a população pobre se
eleva com a mesma frequência, e os investimentos na educação são baixos, sendo assim a
escola acaba sendo considerada uma grande instituição geradora de desigualdades sociais, e
consequentemente causa o grande problema de violência nas escolas, pois devido a esse
problema acaba por realizar a exclusão dos alunos.
No cotidiano das escolas publicas brasileira é fácil deparar com o mesmo problema em
diversas escolas, no qual o professor tem grande dificuldade em achar um ponto de equilíbrio
no dialogo com seus alunos, e por consequência acabam maltratando e ignorando os
problemas enfrentados por eles, e quando os alunos tentam ao menos explicar, os professores
também não querem nem ouvi-los, e alguns professores ainda acabam humilhando o aluno
quando não consegue entender determinar matéria ou quando não conseguem responder uma
pergunta feita por esse professor.
Assim a escola acaba sendo considerada como o maior aparelho ideológico capaz de
reproduzir a ideologia de que devem existem as classes dominantes e as dominadas. Podemos
perceber na citação de Bourdieu (2001):
A propensão das famílias, e das crianças para investir na educação, que constitui por
si só um dos fatores importantes do êxito escolar depende do grau em que dependem
dos sistemas de ensino para a reprodução de seu patrimônio e de sua posição social,
bem como das oportunidades de seu sucesso prometidas a tais investimentos em
função do volume de capital cultural que possuem (BOURDIEU, 2001, p. 264).
O maior problema está relacionado na inserção dos filhos de classes operárias, pois
para estes a escola representa uma interrupção em seus valores e saberes, pois estes são
ignorados, desprezados e desconstruídos no momento em que são inseridos na cultura escolar
com os demais filhos das classes dominantes, ou seja, esses precisam aprender novamente
todo o modelo de cultura mais agora modelo diferente e com outro padrão. Desta maneira,
para alcançar o sucesso escolar e depois profissional se torna muito mais difícil para esses
filhos do que para os filhos das classes dominantes, pois precisam aprender essa nova cultura
e se adaptarem a novos padrões como o de falar, de enxergar e entender o mundo, de se
portar, dentre outros, e somente apos conseguir entender todo esse novo processo que podem
considerar inseridos na sociedade de forma ativa.
E essa relação de dominantes e dominados, recebe grande influencia do Estado. A
violência é encontrada nas estruturações de classes criada pela sociedade capitalista, no qual
decorrem da divisão social existentes no trabalho que se baseia de forma clara e subjetiva, na
apropriação dos diferentes meios de produção.
Para o Estado, a escola trata todos os alunos da mesma maneira, todos recebem as
mesmas oportunidades, os mesmos conteúdos, as mesmas avaliações, e consequentemente
todos respeitam e cumprem as mesmas regras, dessa maneira todos recebem as mesmas
chances de vencer o “sistema”, porém na pratica o que acontece é bem diferente, mesmo que
de forma implícita.
A principal violência praticada pelo Estado é a violência simbólica, no qual seu modo
de operar nessa ação é através da neutralização dos objetivos dos alunos num geral, no qual
ele determina o que será repassado e de que forma será repassado aos alunos, determinando o
que vão e podem apreender, sendo assim, fica claro o objetivo do Estado, o que ele se
preocupa é apenas a integridade de participar ou não da vivência cultural em sociedade, e
quem vai participar dessa vivência, que continuará sendo dominados os de classes inferiores e
o de classes superiores continuará dominando os demais.
Para Durkheim (2002),
Sendo assim, fica claro que o Estado enquanto estiver como responsável pelo
monopólio criado por ele mesmo e colocam em duvida e de forma clara a famosa igualdade
de oportunidades disponíveis para todos, e mostra que o sistema escolar utilizado não deixa
claro que essa igualdade realmente aconteça. Pois, a realidade brasileira em que vivemos
mostra que existe uma grande parte da população que hoje encontram-se desempregada e
abandona pelo Estado, que faz um papel claro de agente facilitar e que apoia as realizações
das classes superiores em relação as classes inferiores (dominantes e dominados).
Para Bourdieu (1983),
A classe social é definida pelos seus hábitos principalmente, e não apenas pela posição
que se encontram nos processos produtivos. O uso da violência nas classes sociais sempre é
dirigido ou um grupo ou único individuo que tem o poder dominante de controlar as demais
classes, crianças verdades sobre cada processo, e consequentemente faz com que os
dominados passem a enxergar e compreender o mundo baseado nos padrões e critérios criados
pela classe dominante. Como o Estado é claramente um facilitador da classe dominante, e
apoia essa classe constantemente, as ações para que a escola pública seja melhorada e alcance
a realidade de outros países, de um modo geral, depende totalmente dos interesses da classe
dominante, pois se essa classe tiver esse interesse o Estado irá apoiar e fazer as modificações
necessárias, caso contrário não.
2.1 – Um estudo sobre a Lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e
o Plano Nacional de Educação
O sistema jurídico brasileiro visando ter uma atenção especial para assegurar o direito
à educação no país promulgou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN –
Lei 9. 394/1996), uma vez que esse direito é considerado um direito fundamental social, pois
dentre varias outras coisas, esse direito é essencial ao desenvolvimento. A citada lei normatiza
e organiza a estrutura e os fundamentos do sistema educacional brasileiro.
A LDBEN em seu art. 21º divide a educação escolar em duas etapas: a primeira como
a educação básica, no qual é composta por educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio; a segunda etapa como educação superior, no qual abrange os cursos sequencias da
primeira etapa, como a graduação, a pós-graduação, etc.
O art. 22º da LDBEN esclarece o objetivo da educação básica,
O art. 29º citado acima é um fragmento do art. 208 da Constituição Federal (C.F.) de
1.988, que traz como base o dever do Estado com a educação e suas responsabilidades,
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de
idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta
irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental,
fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à
escola. (ART. 208º DA CF DE 1988).
A segunda etapa da educação básica mais conhecida como ensino fundamental I, tem
como duração mínima 9 anos e sua finalidade consolida-se na básica formação do cidadão, no
qual está diretamente ligada a capacidade de aprender, e de compreender o ambiente social
em que vive, assim como o ambiente natural, as tecnologias dessa fase, o ambiente e sistema
político, e busca constantemente fortalecer os vínculos familiares e desenvolver a capacidade
de aprendizagem de cada um.
A terceira e ultima etapa da educação básica mais conhecida como ensino médio, é
citado na LDBEN em dois artigos, mas é no art. 35º da respectiva lei que traz os objetivos
desta etapa final,
O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos,
terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética
e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.(ART.
35 DA LDBEN).
Ainda na C.F. de 1988, traz outro art., no qual outorga a responsabilidade do Estado
sobre a educação, porém cita como responsáveis também a família e a sociedade,
Outro ponto de destaque para esse desinteresse das crianças e dos adolescentes em
relação aos estudos, a forma como as avaliações são aplicadas. Pois as avaliações escolares
deveriam ter como finalidade realizar a inserção das crianças e adolescentes no ambiente
escolar, estimulando sua aprendizagem constantemente, mas acabam cada vez mais fazendo
exatamente o oposto.
O resultado dessas avaliações pode ser um dos responsáveis para que o aluno tenha
cada vez menos sucesso, assim como o professor e a própria escola, pois essas avaliações
acabam realizando uma classificação onde separa um aluno do outro, de forma grosseira, e
isso está tão ligado a característica da escola, dos professores, que fica cada vez mais difícil
mudar essa ideia e essa maneira de avaliar. Além de estimular e colocar em prática as
políticas de combate à constante repetência que acontece ano após ano é necessário também
que comecem a entender o que realmente acontece dentro da escola.
Existem ainda, fatores fora do ambiente escolar que precisam ser compreendidos,
analisados e acompanhados, que acabam por desestimular e afastar cada vez mais as crianças
e adolescentes do ambiente escolar, como os problemas familiares vivenciados por eles, os
alunos que trabalham e tem seus horários incompatíveis com os horários que deveria estar se
dedicando aos estudos, as suas próprias dificuldades por determinadas matérias sem uma
atenção especial, o abuso sexual, as drogas, e principalmente a falta de perspectiva de um
futuro após todos esses anos de dedicação a educação.
Para que essa constante evasão escolar seja eliminada, e que o direito à educação seja
cada vez mais eficaz, existem diversos mecanismos que podem e devem ser colocados em
prática, são necessários todos os esforços para que a política educacional saia do papel e
realmente seja eficaz no dia-a-dia da escola, e concomitante a isso o número de faltas e
abandonos serão cada vez menores.
3 – O DIREITO FUNDAMENTAL E A EDUCAÇÃO
Para Paulo Bonavides (2003), a primeira geração são os direitos da liberdade, pois
foram os primeiros a aparecem em legislação assegurando assim como direitos fundamentais,
pois os direitos de primeira geração são todos aqueles que englobam os direitos relacionados à
liberdade do individuo.
Os direitos de primeira geração são os direitos que estão em uma zona que
teoricamente não estão passiveis de intervenção de qualquer parte do Estado, pois são direitos
individuais de cada um, são conhecidos também como direitos “negativos”.
Os direitos de segunda geração também são direitos individuais de cada ser humano,
porém neles estão presentes os direitos culturais, econômicos e sociais.
Para Ingo Wolfgang Sarlet (2006), os direitos de segunda geração,
Os direitos sociais também tem outra nomenclatura, pode ser encontrado e citado
como direitos de status positivos, pois a ele é reconhecido pelo Estado sua capacidade jurídica
de valer-se de todo sistema estatal, assim como utilizar as instituições do Estado, garantindo
então ao individuo sua vontade positiva. Para Robert Alexy (2011),
Ainda para Robert Alexy (2011), essas prestações de serviços estatais citadas
anteriormente como direitos de status positivos que o Estado realiza através dos direitos
sociais são divididos em suas formas. A primeira forma ampara às prestações materiais que
englobam os serviços e bens prestados pelo Estado aos que não podem adquiri-los no
mercado, já a segunda forma está relacionada às prestações realizadas pelo Estado no qual
oferece de forma universal os serviços que Ele mesmo monopoliza.
Desta maneira, o direito à educação está amparado pelos direitos sociais, ou direitos de
status positivos, que encaixam-se na primeira forma, ou seja, nos direitos materiais fornecidos
pelo Estado. A educação além de ser uma ferramenta indispensável aos indivíduos,
principalmente para sua formação pessoal e social, trata-se uma função do Estado promover e
disponibilizar tal direito, além de estar assegurada também pelo caput do art. 227º da C.F. de
1988,
Desta maneira, após ter feito a referencia e destacado o referido direito fundamental,
assim como demonstrado seus princípios que guiam o desenvolvimento através da educação,
agora é necessário compreender o significa educação.
A Declaração de Genebra, que foi criado pela Liga das Nações no ano de 1924, foi o
primeiro documental internacional conhecido responsável por trazer em seu texto os direitos
relacionados à criança e ao adolescente. Porém, foi na Declaração Universal de Direitos das
Crianças, que em 1.959 foi aceita e aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU)
que o tema recebeu o real reconhecimento.
Já em 1989 após um período de diversas atualizações perante os constantes avanços
que a sociedade enfrentava, foi aprovado a Convenção de Direitos das Crianças, pela ONU. O
documento citado acima determinou de forma autoritária e exigiu que os direitos das crianças
fossem protegidos dali em diante.
Após compreender e aprovar os direitos das crianças e dos adolescentes, ela passa a
enxergar as crianças e os adolescentes como sujeitos de direitos, e passou a admitir um
doutrina de proteção integral à esses sujeitos.
Para Andréa Rodrigues Amin (2009),
Pela primeira vez, foi adotada a doutrina de proteção integral fundada em três
pilares: 1º) reconhecimento da peculiar condição da criança e jovem como pessoa
em desenvolvimento, titular de proteção integral; 2º) crianças e jovens têm direitos à
convivência familiar; 3º) as Nações subscritoras obrigam-se a assegurar os direitos
insculpidos na Convenção com absoluta prioridade. (ANDREA RODRIGUES
AMIN, 2009).
A convenção então reconhece e protege os direitos das crianças e dos adolescentes,
através de sua proteção integral aos direitos específicos e especiais de todas as crianças e
adolescentes.
Pra Tânia da Silva Pereira (1996), destaca a doutrina de proteção integral como,
No Brasil, essa mesma convenção foi aprovada em 1990, pelo Decreto Legislativo nº
28, e foi promulgada em 21 de novembro de 1990 pelo Decreto Legislativo nº 99.710. Do
mesmo modo, é notável que o princípio da proteção integral dos direitos as crianças e aos
adolescentes é um principio que foi utilizado como guia para o ECA, como podemos ver em
seu 1º art., esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Para a C.F. de 1988, o direito à educação é considerado um direito de estrema
importância para a realização das finalidades da República Federativa do Brasil. Pois é
através da educação que será possível alcançar uma sociedade mais solidária e menos injusta,
buscando constantemente o desenvolvimento da sociedade como um todo, e
consequentemente tentando acabar com a pobreza e a marginalização, pois assim as
desigualdades existentes serão diminuídas.
A C.F. de 1988 aceitou em seu texto a introdução do princípio da proteção integral as
crianças e aos adolescentes, no qual consagrou os diretos de forma que todos devem ser
reconhecidos em todo território brasileiro, no qual se destaca o direito a educação. Esse
direito está claro no art. 227º da C.F., assim como já foi citado anteriormente,
Com a proteção integral já presente em nossa C.F. de 1988, buscando que essa
proteção integração fosse eficaz, foi promulgada a Lei 8.069 em 13 de julho de 1990 que
levou o nome de ECA. Sobre essa lei Andréa Rodrigues Amin (2009), faz o seguinte
comentário:
Com o fim de garantir efetividade à doutrina de proteção integral a nova lei previu
um conjunto de medidas governamentais aos três entes federativos, através de
políticas sociais básicas, políticas e programas de assistência social, serviços
especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de
negligência, maus-tratos, abuso e proteção jurídico social por entidade da sociedade
civil. (ANDRÉA RODRIGUES AMIN, 2009).
O ECA passou então a ser considerado a norma que iria disciplinas todas as questões
relacionadas às crianças e aos adolescentes, que traz como destaque em seu 1º art., Esta Lei
dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Essa proteção está amparado pelo
art. 227 da C.F. de 1988, já citado anteriormente e determina como responsáveis por essa
proteção o Estado, a família, as entidades da comunidade, a sociedade de um modo geral e
cada cidadão.
Assim como a C.F. de 1988 assegura o direito a educação das crianças e dos
adolescentes, o ECA também garante esse direito em seu 53º art.,
Nesse mesmo sentido, além da C.F. de 1988 determinar o dever do Estado em relação
a educação, o ECA também faz menção a essa responsabilidade do Estado e garante esse
direito em ser 54º art.,
O ECA possui três principais princípios que são responsáveis por guiá-lo, que são o
princípio da propriedade absoluta, o princípio do melhor interesse e o princípio da
municipalização.
O princípio da prioridade absoluta está garantido na C.F. de 1988 em seu 227º art.,
esse princípio tem importante destaque em todas as esferas, no qual inclui também a esfera
administrativa, a judicial e a extrajudicial, ou seja, para esse princípio não existe meio termo,
pois o legislador já cuidou de priorizar esse direito as crianças e aos adolescentes. É preciso
levar em consideração também, é a condição de cada individuo em desenvolvimento, pois
nesse período os indivíduos encontram-se em condição de vulnerabilidade em uma pessoa que
processo de formação, e desta maneira, encontram-se em uma zona de maior risco em relação
aos demais indivíduos.
Essa prioridade citada que o legislador tratou de assegurar por si mesmo, é obrigação e
dever da família, do Poder Público e da sociedade em geral de garantir que esse princípio seja
colocado em prática. Andréa Rodrigues Amin (2009), faz o seguinte apontamento sobre o
dever da família,
Ainda pra Andréa Rodrigues Amin (2009), a sociedade tem um papel fundamental em
resguardar os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes no que tange à
comunidade. Se a comunidade tiver uma relação de constante aproximação com as crianças e
os adolescentes, será mais fácil identificar as violações desses direitos quanto vier acontecer,
assim, na medida em que sociedade exige alguns comportamentos pré-estabelecidos de
convivência, como a educação em convívio, a cultura, os bons costumes, dentre diversas
outras maneiras de acompanhar esse direito.
O Poder Público também tem sua parcela de responsabilidade, seja na esfera
legislativa, judiciária ou executiva.
Para que o princípio da prioridade absoluta seja eficaz, existe uma lista de preceitos
que deve ser seguida, buscando então a eficácia constante desse princípio. O art. 4º do ECA
norteia essa prioridade,
[...] atenderá o princípio do melhor interesse toda e qualquer decisão que primar pelo
resguardo amplo dos direitos fundamentais, sem subjetivismos do intérprete. Melhor
interesse não é o que o Julgador entende que é melhor para a criança, mas sim o que
objetivamente atende à sua dignidade como criança, aos seus direitos fundamentais
em maior grau possível. (ANDRÉA RODRIGUES AMIN, 2009).
A descentralização do poder legislativo acabou por fazer uma reserva para que à
execução dos programas políticos pudessem acontecer e ao mesmo tempo ser fiscalizado com
maior eficácia, pois desta maneira os poderes tanto estadual como municipal estariam mais
próximos e em condições de serem constantemente adaptadas as constantes mudanças em
relação às realidades sociais.
O art. 206º da C.F. de 1988, a LDBEN em seu art. 3º, asseguram os direitos básicos a
educação. Esses direitos assegurados em cada um desses artigos citados são considerados a
base para que seja alcançado o três principais objetivos da educação, que esta garantido no art.
205º da C.F. de 1988, que podemos destacar: I) o pleno desenvolvimento da pessoa; II)
preparo do indivíduo para a cidadania; III) qualificação do indivíduo para o mercado de
trabalho.
CONCLUSÃO
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