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FACULDADE BIRIGUI

ANDRÉ VICTOR BASCAROTTO

LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO

BIRIGUI
2017
ANDRÉ VICTOR BASCAROTTO

LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Birigui – FABI, como requisito
para a obtenção do título de Bacharel em
Direito.

Orientador:ProfºMs. João Claudio Celestino

BIRIGUI
2017
BASCAROTTO, André Victor.
Legislação e Políticas Publicas em Educação. André Victor Bascarotto.
Birigui/SP, 2017.
Nº p. (paginas)
TERMO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a FABI - Faculdade de
Birigui, a coordenação do curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e
qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso
de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Birigui, __ de __________de2017.

___________________________
André Victor Bascarotto Stella
ANDRÉ VICTOR BASCAROTTO STELLA

Legislação e Políticas Públicas em Educação

Monografia aprovada em ____ de ____________ de 2017, como requisito total para obtenção
de nota para a disciplina Trabalho de Conclusão de Curso em Bacharel de Direito, na
Faculdade de Birigui, pela banca examinadora formada por:

Presidente e orientador:______________________________________
Instituição:________________________________________________
Assinatura:________________________________________________

Professor(a):_______________________________________________
Instituição:________________________________________________
Assinatura:________________________________________________

Professor(a):_______________________________________________
Instituição:________________________________________________
Assinatura:________________________________________________

( ) Aprovado ( ) Reprovado

Birigui, ____ de _____________, de 2017.


Dedico esse trabalho a minha mãe, que sempre me apoio e nunca
desacreditou do meu potencial, a minha família que foi compreensiva
nesse período longo e não mediu esforços para me apoiar, ao meu
companheiro que esteve presente ao meu lado durante toda essa
jornada.
Agradeço primeiramente a Deus, que em sua infinita bondade permitiu
que eu chegasse até aqui.
Agradeço a todos que direta ou indiretamente colaboraram para a
realização desta pesquisa.
Obrigada à minha família, amigos, colegas e professores que me
apoiaram e me incentivaram no decorrer do curso, e
Em especial a minha mãe, sem ela eu jamais chegaria onde cheguei e
jamais seria quem sou hoje, à Ela devo toda a gratidão do mundo,
obrigado Tania.
“Quem usa o nome da justiça para defender seus erros é
capaz de muito mais para desvirtuar um direito.”

Karl Marx
Resumo
BASCAROTTO, André Victor. Legislação e Políticas Públicas em Educação. Birigui / SP, nº
paginas. 2017.

Começa aqui (espaçamento 1,25 sem recuo)

Palavras-chave:
Abstract

Keywords: 
LISTA DE SIGLAS

Art. – Artigo

C.F. – Constituição Federal

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

PNE – Plano Nacional de Educação

ONU- Organização das Nações Unidas

UNESCO – Organizações das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura


LISTA DE SÍMBOLOS

§: Parágrafo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO

A Escola desenvolvida no Brasil desde o século XIX até a atualidade vem passando
por grandes modificações com a intenção de se atingir um ensino de qualidade e que dê
condições para que o indivíduo aprenda e que as suas diferenças sejam respeitadas. Mas esse
processo vem sendo muito complicado em virtude de vários fatores externos e internos e
principalmente das características sociais e culturas dos alunos que estão dentro da instituição
denominada escola, o que acaba anulando a função da escola que seria de diminuir as
desigualdades sociais.
Assim, o presente trabalho terá como objetivo fazer uma análise comparativa das
diferentes tendências pedagógicas apontando o papel de cada indivíduo envolvido no processo
ensino e aprendizagem bem com tornar evidente onde está o foco de cada tendência e ao
longo do desenvolvimento mostraremos que ainda estamos longe da escola ideal e veremos
que a escola atual ainda é um instrumento de produção de desigualdades sociais. E apresentar
de forma sucinta a legislação vigente que garante o direito a todos de uma educaçãode
qualidade com a finalidade de formar indivíduos que possam atuar como agente de
transformação de sua realidade social-política e econômica.
Sabe-se que a prática do processo ensino e aprendizagem desenvolvida nas escolas é
condicionada por fatores de ordem sócio política que determinam as diferentes concepções de
mundo, de sociedade e principalmente de homem, assim, existe uma tendência de diferentes
formas de atuação da escola e do desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem. Desta
forma o presente estudo se justifica tendo em vista o modo que os professores desempenham
as suas proposta pedagógicas e como estas estão vinculadas com os pressupostos teóricos
abordados durante o desenvolvimento do trabalho e também pelo fato de que novos estudos
estão sendo feitos com a finalidade de em pouco tempo temos um sistema de ensino que
reduza as desigualdades e formem cidadãos críticos e conscientes de sua realidade social e
que atuam como agentes transformadores da sociedade.
A metodologia desenvolvida será a pesquisa de revisão bibliográfica e o presente
trabalho será dividido em três capítulos, tendo início com a
caracterização da Escola Tradicional, fazendo uma análise também das Escolas, Nova, ativa e
Comportamentalista. Durante o desenvolvimento do presente trabalho faremos uma analise
das características da Escola atual e finalmente vamos analisar os aspectos teórico-prático de
como deveria ser uma escola para não atuar como instrumento de ideologia dominante e
reduzir as desigualdades evidenciadas dentro do atual Sistema Educacional.
Desta forma, por mais que uma Lei tente democratizar, garantir o acesso e a
permanência dos indivíduos e um ensino gratuito dentro das Instituições Municipais e
Estaduais sempre existirá uma forte relação entre as desigualdades sociais e principalmente
culturais, sendo que estás distanciam cada vez mais o indivíduo do processo de
desenvolvimento de habilidades para que se aproprie do saber.
Assim, ficará explicito que essas desigualdades entram nas escolas e com a tutela do
poder público e é obrigada a conviver a se adequar a um sistema que não vai de encontro com
as características do indivíduo, fazendo assim, que o sistema escolar trate de forma diferente
os pobres e os ricos.
Mediante ao que será exposto ficará claro a necessidade de muitas reflexões sobre a
educação no Brasil, e possibilidade de alcançar pelo processo educativo a justiça social. Pois,
a escola precisa estar diretamente ligada com a vida de seus alunos.
A educação é um assunto que gera inúmeras discussões, no qual seu esgotamento é
impossível de acontecer, em razão da sua complexibilidade e importância. É através da
educação que o indivíduo consegue se tornar um ser humano melhor, com maiores
possibilidades de um futuro melhor.
É com essa finalidade que a Constituição Federal de 1998, destaca o direito à educação
da criança e do adolescente como um direito fundamental e social de cada indivíduo,
assegurando então a educação básica para todos de forma igual e gratuita, desde os 04 anos
até os 17 anos de idade. Porém, mesmo esse direito assegurado pela Constituição Federal, a
realidade de muitas crianças e adolescentes em relação à educação ainda é vivida de formas
bem diferentes.
O trabalho foi desenvolvido ao longo de 3 capítulos. O 1º capítulo foi dedicado a
realizar uma comparação entre as características da escola atual e como deveria ser a escola.
O capítulo 2º foi dedicado a analisar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e
apontar a responsabilidade de cada integrante no processo educacional das crianças e
adolescentes, baseado nas leis vigentes do estado de direito de cada individuo. Já o 3º capítulo
faz uma analise dos direitos à educação como direito fundamental social e suas normativas.
1 –UM COMPARATIVO ENTRE AS CARACTERISTICAS DA ESCOLA ATUAL E A
ESCOLA COMO DEVERIA SER

1.1 - As Características da Escola Atual

As desigualdades sociais existente na sociedade, e principalmente a desigualdade


cultural não está apenas relacionado com o acesso ao processo de aprendizagem da escola
publica, mesmo que esse acesso seja totalmente democratizado e passe a ser igualitário para
todas as classes sociais, infelizmente essa desigualdade pode ser percebida pela forma no qual
a escola exige dos alunos algumas qualidades, no qual essas qualidades são desigualmente
distribuídas de acordo com as classes sociais, como o conhecimento cultural de cada um, o
saber e a capacidade de compreensão, pois cada criança terá o conhecimento baseado no
histórico de sua infância e vivencia no qual foi socializado todo o tempo de sua vida até a fase
escolar.
Dessa forma, já podemos perceber que a “violência” com os alunos e com a sociedade
começa com a enorme desigualdade existente, e que consequentemente, cada criança tem uma
realidade e chega ao processo de aprendizagem com uma bagagem específica, tudo baseado
naquilo que ele teve acesso até o inicio desse processo.
Segundo Santos (1999),

A violência é algo complexo e polissêmico, isso é, apresenta diferentes sentidos, e o


seu significado se define a partir do seu contexto formador social, econômico e
cultural, de acordo com o sistema de valores adotados por cada sociedade e levando
em considerações os seus níveis de tolerância para com a violência (SANTOS,
1999).

Já para Oliveira e Martins (2007),

A violência contra o ser humano faz parte de uma trama antiga e complexa: antiga,
porque data de séculos as várias formas de violência perpetradas pelo homem e no
próprio homem; complexa por tratar-se de um fenômeno intrincado, multifacetado.
(OLIVEIRA E MARTINS, 2007).

Dessa maneira, é possível compreender que violência é qualquer ato que ao ser
realizado é aplicado uma carga excessiva de força, e dentro da violência encontramos a
agressão, que é uma forma de violência que visa causar um dano a outra pessoa com uma
força excessiva aplicada de forma intencional.
A desigualdade social existente também é considerada um ato de violência, pois as
suas origens estruturais são parecidas com as da violência, e inspira a sociedade
contemporânea. A grande contradição existente na sociedade por meio da desigualdade social
acaba contribuindo para que à violência física e moral se manifeste cada vez mais, e por
consequência, acaba favorecendo os motivos que se expressam através dos costumes, das
tradições e dos hábitos de cada um.
A violência que causa o problema é a que traz para a pessoa a forte vontade de
demolir, depreciar, de amedrontar as pessoas, e por consequência a esse ato, a violência se
torna mais provável e possível quando a pessoa acredita que a conversa já se tornou algo
impossível. Charlot (2002) evidencia que a violência enfatiza o uso da força, do poder, da
dominação, que de certo modo toda agressão é violência na medida em que usa a força.
Para Santos (2004),

Ele ressalta que as diferentes formas de violência presentes em cada um dos


conjuntos relacionais que estruturam o social podem ser explicadas se
compreendermos a violência como um ato de excesso, qualitativamente distinto, que
se verifica no exercício de cada relação de poder presente nas relações sociais de
produção do social. (SANTOS, 2004).

A violência encontrada nas escolas não é algo recente, se fizer uma pesquisa na
história irá deparar que a violência escolar já existe a muitos e muitos anos, o que muda são as
formas de violências, novas formas nascem constantemente, e esse tema de violência, e
violência na escola se tornou um tema de pesquisas e estudos de profissionais de diversas
áreas, pois essa violência afeta o convívio em sociedade em geral.
Segundo relato de Sposito (2001),

Foi a partir de 1980 ocorrem às primeiras pesquisas sobre violência escolar no


Brasil, quando o tom predominante era de expor as constantes depredações e atos de
vandalismo. Constata-se que a partir dos anos 1990, a violência escolar passa a ser
preponderante nas interações dos grupos de alunos, aumentando a complexidade de
análise destes fenômenos. (SPOSITO, 2001).

Na década de 1990, Charlot realizou uma pesquisa e publicou esse estudo realizado na
Europa, no qual o trabalho foi baseado na abordagem da violência que acontece nas escolas,
junto com sociólogos franceses sugeriu que existe varias formas de violência dentro das
instituições, e a importância de entender cada forma separadamente como forma de antecipar
o problema.
Segundo Charlot (2002),
A violência na escola é aquela que se produz dentro do espaço escolar, sem estar
ligada à natureza e às atividades da instituição escolar: quando um bando entra na
escola para acertar contas das disputas que são as do bairro, a escola é apenas o
lugar de uma violência que teria podido acontecer em qualquer outro lugar. A
violência à escola está ligada à natureza e às atividades da instituição escolar:
quando os alunos provocam incêndios, batem nos professores ou os insultam, eles se
entregam a violências que visam diretamente a instituição e aqueles que a
representam. Essa violência contra a escola deve ser analisada junto com a violência
da escola: uma violência institucional, simbólica, que os próprios jovens suportam
através da maneira como a instituição e seus agentes os tratam (modos de
composição das classes, de atribuição de notas, de orientação, palavras desdenhosas
dos adultos, atos considerados pelos alunos como injustos ou racistas...)
(CHARLOT, 2002, p. 434 e 435).

É necessário levar em consideração a natureza desse fenômeno, pois é de extrema


importância destacar tanto o ato violento realizado dentro das instituições entre alunos, como
a capacidade que a instituição como escola tem em lidar com esses problemas, assim como a
capacidade que os gestores e lideres dessa instituição tem em criar e suportar essas situações
conflituosas, que estão ligadas diretamente a cultura de cada escola, no qual essa cultura
escolar não pode ser motivo de atormentar os alunos sob o peso que a violência que ocorre
nasinstituições.
Segundo Julia (2001), ela traz um resumo em relação à cultura escolar.

Como um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a


inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses
conhecimentos e a incorporação desses comportamentos; normas e práticas
coordenadas a finalidades que podem variar segundo as épocas [...] Normas e
práticas não podem ser analisadas sem se levar em conta o corpo profissional dos
agentes que são chamados a obedecer a essas ordens e, portanto, a utilizar
dispositivos pedagógicos encarregados de facilitar sua aplicação, a saber, os
professores primários e os demais professores (JULIA, 2001, p. 10).

Para Bourdieu e Passeron, todas as ações tomadas pela escola, mesmo sendo
tradicional, e por ser tão omissa “serve automaticamente os interesses pedagógicos das classes
que necessitam da Escola para legitimar escolarmente o monopólio de uma relação com a
cultura que elas não lhe devem jamais completamente” (BOURDIEU E PASSERON, 1992, p.
140).
Essa violência realizada pelas instituições tem origem forçada, assim como a cultura
simbólica utilizada por essas instituições, uma vez que essas atitudes não pactuam com a
realidade entendida como natural, pois o sistema simbólico de cada cultura existente é uma
vivência social, e manter essa cultura é algo fundamental para que consiga perpetuar essa
determinada sociedade, no qual cada membro dessa sociedade precisa interiorizar sua cultura.
Para que consigam entender melhor a relação existente entre a escola e a pratica de
violência que acontece nessas instituições, é preciso compreender que essa relação passa pelas
reestruturações das relações sociais que estão expostos nas escolas. Segundo Oliveira e
Martins (2007):

A violência que se configura dentro do espaço escolar, manifestada através do


comportamento dos alunos, lança professores diante da confusão da possibilidade de
um ensino libertador (caso seja esta a sua proposta) e de uma realidade insuportável,
na qual os educadores recorrem a expedientes autoritários e até mesmo
violentadores, a fim de manter a “ordem geral”. São estabelecidas regras, controles,
punições e dominações para disciplinar os alunos em estados de rebeldia
(OLIVEIRA E MARTINS, 2007, p. 95).

É nesse sentido que aparecem os conflitos e as crises dentro dessa instituição, no qual
fica mais clara a percepção do seu funcionamento conferido à sua finalidade. Toda a ação
realizada pela escola, principalmente as pedagógicas, é compreendida como forma de
violência através de sua imposição. Segundo Bourdieu e Passeron, “a ação pedagógica inicial
deriva seu principal recurso, sobretudo quando tenciona desenvolver a sensibilidade a uma
forma particular de capital simbólico3, dessa relação originária de dependência simbólica”
(BOURDIEU E PASSERON, 2001, p. 202).
O poder em violentar que a escola tem, só exerce a função pedagógica, quando a
escola der condições sociais de obrigação aos alunos.
Segundo Stoer (2008),

A ação pedagógica reproduz o arbitrário cultural das classes dominantes ou


dominadas. A ação pedagógica (institucionalizada) da escola reproduz a cultura
dominante e, através desta, a estrutura de relações de força dentro de uma formação
social, possuindo o sistema educativo dominante o monopólio da violência
simbólica legítima. Todas as ações pedagógicas praticadas por diferentes classes ou
grupos sociais apoiam objetiva e indiretamente a ação pedagógica dominante,
porque esta última define a estrutura e o funcionamento do mercado econômico e
simbólico (STOER, 2008, p. 15).

O professor tem um papel de protagonista nessa violência realizada pela escola, pois
segundo Adorno (1995),

A imagem do professor sendo aquele que é fisicamente mais forte e que castiga o
mais fraco também afeta a vantagem do saber do professor frente ao saber de seus
alunos, que ele utiliza sem ter direito para tanto, uma vez que a vantagem é
indissociável de sua função, ao mesmo tempo em que sempre lhe confere uma
autoridade de que dificilmente consegue abrir mão (ADORNO, 1995, p. 104).
Nessa relação de dominação, a parte que é dominada via de regra não confronta o seu
opressor, pois na maioria dos casos o dominado não entende que está sendo vitima desse
processo, e por não perceber acaba considerando que essa situação seja normal e inevitável.
Outro erro cometido nas escolas públicas, principalmente no Brasil, é que os gestores e
professores não querem saber e conhecer as origens dos seus alunos, e acaba por repassar para
todos um ensino padrão, esse processo é explicada através das ações pedagógicas realizadas
pelas escolas, que eternizam a violência através do abuso de poder realizado por essas
instituições, no qual o conteúdo que a escola ensina aos seus alunos de maneira autoritária,
pois as instituições estimulam a pratica desse autoritarismo pelos professores.
Segundo Durkheim (1972),

A educação deve ser um trabalho de autoridade. Para aprender a conter o egoísmo


natural, subordiná-lo a fins mais altos, submeter os desejos ao império da vontade,
conformá-los em justos limites, será preciso que o educando exerça sobre si mesmo
um grande trabalho de contenção. Ora, não nos constrangemos e não nos
submetemos senão por uma destas razões: ou por força da necessidade física, ou
porque o devamos moralmente. Isso significa que a autoridade moral é a qualidade
essencial do educador (DURKHEIM, 1972, p. 53-54).

Os gestores da escola e principalmente os professores são estimulados a pratica do


autoritarismo que nasce das conhecidas classes que dominam os demais. Já os dominados
acabam por contribuir, mesmo que na maioria das vezes seja sem perceber o que está
acontecendo e contra a sua própria vontade, e simplesmente apenas aceitam de forma tácita
aos limites que são impostos.
Para Bourdieu (2001),

Tal reconhecimento prático assume, muitas vezes, a forma da emoção corporal


(vergonha, timidez, ansiedade, culpabilidade), em geral associada à impressão de
uma regressão a relações arcaicas, aquelas características da infância e do universo
familiar. Tal emoção se revela por manifestações visíveis, como enrubescer, o
embaraço verbal, o desajeitamento, o tremor, 28 Revista LABOR nº7, v.1, 2012
ISSN: 19835000 diversas maneiras de se submeter, mesmo contra a vontade e a
contragosto, ao juízo dominante, ou de sentir, por vezes em pleno conflito interior e
na “fratura do eu”, a cumplicidade subterrânea mantida entre um corpo capaz de
desguiar das diretrizes da consciência e da vontade e a violência das censuras
inerentes às estruturas sociais (BOURDIEU, 2001, p. 205).

A violência existente é uma ação coercitiva que se instaura através da aceitação de que
o dominado não pode deixar de concordar com o dominante, sendo assim, a dominação
quando colocada em prática, faz com que o dominado entenda essa relação abusiva como
normal, pois é o dominante que repassa todo o processo de conhecimento a ele.
Abramovay (2002) cita que:

São manifestações de violência simbólica o abuso do poder, baseado no


consentimento que se estabelece e se impõe mediante ouso de símbolos de
autoridade; verbal; e institucional como a marginalização, discriminação e práticas
de assujeitamento utilizadas por instituições diversas que instrumentalizam
estratégias de poder. (ABRAMOVAY, 2002).

Essa violência fica clara em diversas situações que acontecem no dia-a-dia na relação
professor e aluno, como a relação de poder existente do professor em relação ao aluno, a
violência verbal e o grande destaque é a discriminação que existe de raça e gênero, mesmo
que na maioria das vezes seja de forma indireta, dentre varias outras situações. Assim como
acontece na sociedade em geral, no qual a classe com maior poder econômica coloca sua
cultura em pratica em relação as demais classes, que são seus dominados.
Bourdieu (1998) faz uma reflexão sobre a escola, no qual podemos comparar e igualar
com o que acontece no Brasil:

Se considerarmos seriamente as desigualdades socialmente condicionadas diante da


escola e da cultura, somos obrigados a concluir que a eqüidade formal à qual
obedece todo o sistema escolar é injusta de fato, e que, em toda sociedade onde se
proclama ideais democráticos, ela protege melhor os privilégios do que a
transmissão aberta dos privilégios (BOURDIEU, 1998 p.53).

A escola brasileira vive uma realidade no qual seu número de alunos aumenta
constantemente, pois vivemos um cenário onde o ensino é massificado e a população pobre se
eleva com a mesma frequência, e os investimentos na educação são baixos, sendo assim a
escola acaba sendo considerada uma grande instituição geradora de desigualdades sociais, e
consequentemente causa o grande problema de violência nas escolas, pois devido a esse
problema acaba por realizar a exclusão dos alunos.
No cotidiano das escolas publicas brasileira é fácil deparar com o mesmo problema em
diversas escolas, no qual o professor tem grande dificuldade em achar um ponto de equilíbrio
no dialogo com seus alunos, e por consequência acabam maltratando e ignorando os
problemas enfrentados por eles, e quando os alunos tentam ao menos explicar, os professores
também não querem nem ouvi-los, e alguns professores ainda acabam humilhando o aluno
quando não consegue entender determinar matéria ou quando não conseguem responder uma
pergunta feita por esse professor.
Assim a escola acaba sendo considerada como o maior aparelho ideológico capaz de
reproduzir a ideologia de que devem existem as classes dominantes e as dominadas. Podemos
perceber na citação de Bourdieu (2001):

A propensão das famílias, e das crianças para investir na educação, que constitui por
si só um dos fatores importantes do êxito escolar depende do grau em que dependem
dos sistemas de ensino para a reprodução de seu patrimônio e de sua posição social,
bem como das oportunidades de seu sucesso prometidas a tais investimentos em
função do volume de capital cultural que possuem (BOURDIEU, 2001, p. 264).

O maior problema está relacionado na inserção dos filhos de classes operárias, pois
para estes a escola representa uma interrupção em seus valores e saberes, pois estes são
ignorados, desprezados e desconstruídos no momento em que são inseridos na cultura escolar
com os demais filhos das classes dominantes, ou seja, esses precisam aprender novamente
todo o modelo de cultura mais agora modelo diferente e com outro padrão. Desta maneira,
para alcançar o sucesso escolar e depois profissional se torna muito mais difícil para esses
filhos do que para os filhos das classes dominantes, pois precisam aprender essa nova cultura
e se adaptarem a novos padrões como o de falar, de enxergar e entender o mundo, de se
portar, dentre outros, e somente apos conseguir entender todo esse novo processo que podem
considerar inseridos na sociedade de forma ativa.
E essa relação de dominantes e dominados, recebe grande influencia do Estado. A
violência é encontrada nas estruturações de classes criada pela sociedade capitalista, no qual
decorrem da divisão social existentes no trabalho que se baseia de forma clara e subjetiva, na
apropriação dos diferentes meios de produção.
Para o Estado, a escola trata todos os alunos da mesma maneira, todos recebem as
mesmas oportunidades, os mesmos conteúdos, as mesmas avaliações, e consequentemente
todos respeitam e cumprem as mesmas regras, dessa maneira todos recebem as mesmas
chances de vencer o “sistema”, porém na pratica o que acontece é bem diferente, mesmo que
de forma implícita.
A principal violência praticada pelo Estado é a violência simbólica, no qual seu modo
de operar nessa ação é através da neutralização dos objetivos dos alunos num geral, no qual
ele determina o que será repassado e de que forma será repassado aos alunos, determinando o
que vão e podem apreender, sendo assim, fica claro o objetivo do Estado, o que ele se
preocupa é apenas a integridade de participar ou não da vivência cultural em sociedade, e
quem vai participar dessa vivência, que continuará sendo dominados os de classes inferiores e
o de classes superiores continuará dominando os demais.
Para Durkheim (2002),

O indivíduo é produto da sociedade como um todo e sua existência só se torna real


mediante a atuação do Estado. Entretanto, é somente com um equilíbrio de forças
entre os grupos secundários e o Estado que o indivíduo pode existir de fato, afinal,
“é desse conflito de forças sociais que nascem as liberdades individuais”
(DURKHEIM, 2002, p. 88).

Já para Bourdieu (2001),

A instituição do Estado como detentor do monopólio da violência simbólica legítima


atribui, por sua própria existência, um limite à luta simbólica de todos contra todos
em torno desse monopólio, ou seja, pelo direito de impor seu próprio princípio de
visão. (BOURDIEU, 2001).

Sendo assim, fica claro que o Estado enquanto estiver como responsável pelo
monopólio criado por ele mesmo e colocam em duvida e de forma clara a famosa igualdade
de oportunidades disponíveis para todos, e mostra que o sistema escolar utilizado não deixa
claro que essa igualdade realmente aconteça. Pois, a realidade brasileira em que vivemos
mostra que existe uma grande parte da população que hoje encontram-se desempregada e
abandona pelo Estado, que faz um papel claro de agente facilitar e que apoia as realizações
das classes superiores em relação as classes inferiores (dominantes e dominados).
Para Bourdieu (1983),

As entidades metafísicas ("classe dominante" ou "aparelho de Estado") e as teorias


puramente verbais, como as que fazem do Estado um aparelho onipotente ao serviço
dos desígnios dos dominantes, cedem, desta maneira, o lugar a uma ciência rigorosa
da concorrência pelo poder, em particular nas empresas ou nas administrações
públicas, organismos 31 Revista LABOR nº7, v.1, 2012 ISSN: 19835000 capazes de
concentrar e de redistribuir uma grande parte dos recursos disponíveis, graças ao
poderes sobre os meios materiais (sobretudo financeiros), institucionais
(regulamentação das relações sociais) e simbólicos, que são controlados pelas
autoridades administrativas. Isto coloca uma interrogante sobre a parte que é deixada
a ação propriamente política, ao governo, pelas leis tendências que a ciência social
estabelece (BOURDIEU, 1983, p. 43).

A classe social é definida pelos seus hábitos principalmente, e não apenas pela posição
que se encontram nos processos produtivos. O uso da violência nas classes sociais sempre é
dirigido ou um grupo ou único individuo que tem o poder dominante de controlar as demais
classes, crianças verdades sobre cada processo, e consequentemente faz com que os
dominados passem a enxergar e compreender o mundo baseado nos padrões e critérios criados
pela classe dominante. Como o Estado é claramente um facilitador da classe dominante, e
apoia essa classe constantemente, as ações para que a escola pública seja melhorada e alcance
a realidade de outros países, de um modo geral, depende totalmente dos interesses da classe
dominante, pois se essa classe tiver esse interesse o Estado irá apoiar e fazer as modificações
necessárias, caso contrário não.

1.2 - Como Deveria ser a Escola

O professor tem papel fundamental no processo de aprendizagem de todos os alunos,


porém ele precisa despertar a curiosidade dos alunos e passas problemas que os alunos
pesquisem e encontrem soluções para esses problemas de forma cooperativa, ativa e criativa,
e não continuar sendo o professor que apenas para conhecimentos para os alunos
memorizarem.
Desta maneira, ele pode utilizar como ferramenta a seu favor as tecnologias existentes,
fazendo com que os alunos se encontrem em um ambiente de aprendizagem que lhes tragam
interesse e possam assim desenvolver suas habilidades, podendo utilizar a internet, telefones,
câmeras, e diversos outros recursos que hoje quase toda a população tem acesso para que os
alunos possam até mesmo criar produtos educacionais para seu processo de aprendizagem.
O grande e atual problema das escolas dentro dos processos de aprendizagem é como
lidar com o processo de ensinar, de maneira a despertar o interesse de todos envolvidos nesse
processo. A escola tem diversas funções para a sociedade, e uma das que podemos destacar é
que ela tem capacidade de fazer com que os alunos se tornem indivíduos transmissores do
conhecimento, para que então eles possam assim cumprir as funções sociais que cada um
carrega, que são de extrema importância para a sociedade, no qual quanto mais conhecimento
eles obtém, maior será as chances de conquistar o sucesso profissional.
Todo individuo deve ocupar um lugar perante a sociedade, porém esse lugar deve ser
ocupado ao conquistar pelo próprio esforço, e assim ele conseguira exercer suas funções
como cidadão. Porém, o grande problema disso está relacionado diretamente na forma dos
professores ensinarem aos alunos respostar para perguntas que o aluno não tenha feito, ou
também no exemplo de quando os professores estimulam as perguntas, mas depois desprezam
ou deixam de lado a importância de obter a resposta, no ensino atual os professores estimulam
os alunos o tempo todo a fazer perguntas, e perguntas sobre diversos assuntos, estimular o
aluno a perguntam é muito importante, porém é necessário colocar em pratica que o aluno
tenha o mesmo estimulo para procurar as respostas para essas perguntas, pois saber é
perguntar, mas mais ainda responder. O professor precisa se atualizar em relação a isso e
colocar em pratica, e levar no seu processo de aprendizagem esses dois pontos de forma
paralela.
A escola também é considerada como um ótimo mecanismo que preparava o aluno
para a vida toda, baseada nas teorias pedagógicas, ou seja, a escola tem papel fundamental
para a sociedade como instituição social. Quando a escola cultiva o individuo, no qual através
desse cultivo repassa a esses alunos o ensinamento de uma cultura que vem se acumulando
pela humanidade ao longo dos anos, o aluno conseguirá aprender e através desse aprendizado
chegará desenvolver o seu melhor. Afinal, é tarefa da escola também, cuidar do
desenvolvimento da sociedade, e desta forma, precisa estimular que seus alunos se tornem
indivíduos capazes de inovar, criar, inventar e transformar. Para que a escola consiga vencer
esse desafio, ela não pode ficar vinculada ao passado, não deve cometer os mesmos erros
cometidos pelas escolas do passado, mas deve aproveitar a brecha que hoje tem para
conseguir fazer uma escola mais inovadora e mais critica.
É necessário entender de forma clara essa indeterminação que a escola tem no trabalho
educacional, pois essa perplexidade encontrada pela escola pode demonstra a necessidade de
estar ligada a realidade social de cada aluno e ao mesmo tempo de ser inovador e critico. A
vida escolar do aluno deve estar ligada diretamente com sua vida social.
A escola precisa apresentar em suas aulas a realidade vivida no cotidiano pelos alunos,
pois assim o conhecimento que os alunos iram adquirir em relação ao mundo só tende a
aumentar, assim buscando transformação e uma vida cada vez melhor.
Para que a aula flua de forma pacifica e clara tanto para o professor quanto para o
aluno, algumas regras são estabelecidas e colocadas em pratica, os também conhecidos
“acordos sociais”, porém precisam tomar cuidado, pois essas regras estabelecidas devem ser
seguidas e respeitadas pelos alunos, mas os professores não podem ensiná-las como verdade
absoluta, ele precisa saber punir e ordenar e aos alunos só resta acatar e cumprir essas regras.
A educação das crianças diverge muito,baseado em suas classes sociais, as crianças
pobres hoje são excluídas da escola, devido as dificuldades que enfrentam para estar ali, assim
como para aprender, e ai vem suas reprovações, enquanto a classe media e a classe alta leva a
escola como continuidade de sua vida, conhecendo lugares diferentes, outras línguas,
conhecer lugares, no qual conquistam um amplo conhecimento de vida e aprendizado.
Devido a diversos cenários que a escola já passou, e por ser considerada tão ruim por
muitas pessoas, em meados dos anos 60 alguns autores já pregaram o fim da escola, e tinham
como base a alegação no qual a escola era apenas uma instituição ideológica do Estado, e o
único interesse do Estado nas escolas eram a criação e produção de massa falida, ou seja, a
escola publica serve apenas para criar a mão de obra para a sociedade média e alta, e pregava
sua ideologia dominante. Atualmente, existem pessoas que lutam para que possamos
conquistar a credibilidade da escola e conseguir transformá-la em uma escola justa e real para
todos.
A escola é o primeiro local no qual os alunos começam a fazer perguntas e procurar as
respostas no quais são de extrema importância para a compreensão da vida, assim como é na
escola que irá conhecer a historia do país e as transformações produzidas pela humanidade
com o passar dos anos. A escola precisa ser modificada, receber diversas transformações para
que então possamos alcançar a escola como ela deveria ser, e não lutar pelo fim das escolas, e
preciso também entender que casa pessoa age e pensa de uma maneira, nem todos pensam da
mesma forma.
Entendendo esse ponto dos alunos, a escola terá que ser mais flexível, menos
autoritarista e menos conservadora, pois a sociedade traz consigo os valores do capitalismo,
no qual as pessoas já começam a discursar sobre isso e questionar mais seus direitos, como
sua própria capacidade de tomar decisões, sua criatividade, sua liberdade individual, dentre
outras.
A escola é uma instituição da sociedade, dentre as diversas existentes, desta maneira
ela não deve e nem pode ser considerada a única instituição que cria a mão de obra submissa
existente, pois existem diversas outras instituições que também ajudam nessa criação, como
por exemplo, os meios de comunicação, a família e as próprias leis existentes país, a escola
tem grande parcela de culpa, mas ela é apenas mais uma instituição que participa dessa jogada
que o Estado faz com a vida social das pessoas.
A escola precisa entender as crianças e os modelos sociais vividos por esses aluno,
como já foi dito anteriormente, pois assim conseguira colocar em pratica um processo de
aprendizagem mais critico, mostrando através dessa critica a historicidade de cada modelo de
escola, e mostrando a “evolução” desses modelos com o passar do tempo, no qual evoluiu de
acordo com a evolução do homem, assim como suas necessidades e sua forma de ver e levar a
vida.
Desta maneira podemos perceber ao mesmo tempo em que a escola mostra todos os
problemas encontrados em seu dia-a-dia, também podemos compreender que não faltam
propostas interessantes e viáveis para que todo esse problema seja solucionado.
A escola precisa estar diretamente ligada com a vida de seus alunos. O conhecimento
adquirido pelos alunos e pela sociedade não pode ser considerado algo intacto, ou seja, esse
conhecimento deve ser constantemente renovado e aprimorado. Pois, todos nos fazemos parte
de um ciclo na sociedade capaz de produzir conhecimentos, conhecimento esse que deve ser
entendido com as respostas referente às perguntas feitas pelo homem. Precisamos entender
quais as perguntas já realizadas pelo homem, e todo o conhecimento que está sendo produzido
por nós, respondem as quais perguntas.
É necessário entender também quais são as regras que estamos deixando conduzir
nossos comportamentos. Quais os modelos de comportamento a sociedade está aprendendo e
valorizando, é necessário se perguntar por que essas regras? Porque esse comportamento? E
então conseguiremos compreender o que o homem vem fazendo para ter uma melhor
convivência em sociedade. E dessa maneira, conseguiremos compreender de forma mais fácil
e mais clara quais necessidades sociais buscam atender todas essas atitudes.
Uma pergunta feita por quase todos os alunos é a famosa “escola pra que?”. Para essa
pergunta, não precisamos encontrar uma resposta objetiva, basta que encontremos a resposta
subjetiva, e assim conseguiram repassar a esses alunos que todo o conhecimento e tema
estudado por ele na escola, talvez não seja colocado em pratica imediatamente, mas são de
extrema importância para que consiga atingir um ser mais critico e reflexivo, e assim
conseguiram alcançar sua própria compreensão sobre a sociedade como um todo, e
principalmente sobre a realidade em que ele vive.
Com todo esse senso critico e reflexivo desenvolvido por esses alunos, chegaremos ao
que realmente importa para eles, a realidade em que ele vive, esse é um trabalho fundamental
da escola, no qual assim o aluno irá conseguir realmente lutar e conquistar melhorias para sua
realidade social e consequentemente para a sua vida como um todo.
2 –O DIREITO A EDUCAÇÃO COM BASE NA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO NACIONAL E A RESPONSABILIDADE DO ESTADO COM A
EDUCAÇÃO

2.1 – Um estudo sobre a Lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e
o Plano Nacional de Educação

O sistema jurídico brasileiro visando ter uma atenção especial para assegurar o direito
à educação no país promulgou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN –
Lei 9. 394/1996), uma vez que esse direito é considerado um direito fundamental social, pois
dentre varias outras coisas, esse direito é essencial ao desenvolvimento. A citada lei normatiza
e organiza a estrutura e os fundamentos do sistema educacional brasileiro.

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa,
nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente,
por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
(LDBEN, LEI 9.394/1996).

A LDBEN em seu art. 21º divide a educação escolar em duas etapas: a primeira como
a educação básica, no qual é composta por educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio; a segunda etapa como educação superior, no qual abrange os cursos sequencias da
primeira etapa, como a graduação, a pós-graduação, etc.
O art. 22º da LDBEN esclarece o objetivo da educação básica,

A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a


formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios
para progredir no trabalho e em estudos posteriores. (ART. 22º DA LDBEN).

A educação infantil que é a primeira etapa da educação básica está mencionada na


LDBEN em seu 29º art.,

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o


desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade. (LDBEN, ART. 29º).

O art. 29º citado acima é um fragmento do art. 208 da Constituição Federal (C.F.) de
1.988, que traz como base o dever do Estado com a educação e suas responsabilidades,

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de
idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta
irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental,
fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à
escola. (ART. 208º DA CF DE 1988).

A segunda etapa da educação básica mais conhecida como ensino fundamental I, tem
como duração mínima 9 anos e sua finalidade consolida-se na básica formação do cidadão, no
qual está diretamente ligada a capacidade de aprender, e de compreender o ambiente social
em que vive, assim como o ambiente natural, as tecnologias dessa fase, o ambiente e sistema
político, e busca constantemente fortalecer os vínculos familiares e desenvolver a capacidade
de aprendizagem de cada um.
A terceira e ultima etapa da educação básica mais conhecida como ensino médio, é
citado na LDBEN em dois artigos, mas é no art. 35º da respectiva lei que traz os objetivos
desta etapa final,

O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos,
terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética
e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.(ART.
35 DA LDBEN).

A C.F. de 1988 buscou organizar o regime educacional do país através de uma


colaboração entre os seguintes entes do país, os Municípios, o Distrito Federal, os Estados e a
União, para que todos colaborem e trabalhem unidos visando uma melhor educação para
todos, visando à efetiva colaboração de todos eles e buscando que essa conexão fosse
cumprida, foi criado o Plano Nacional de Educação (PNE), que irá cumprir essa função de
articulador entre os entes citados.
O PNE através da Emenda Constitucional de nº 59/2009 passou a ser exigido, e tem
como função de realizar essa articulação do sistema educacional nacional entre os entes do
país, sua duração é decenal. O PNE é o planejamento de médio prazo que servirá de guia e
orientação para todas as ações a serem tomadas relacionadas à educação nacional, no qual
também exige que cada ente tenha seu próprio plano de educação em conformidade com o
PNE.
Desta maneira, o PNE é a base para os planos das demais esferas, destacando cada vez
mais a importância do trabalho coletivo, mostrando que os resultados alcançados serão mais
eficazes através dessa colaboração e união de todos.

2.2– A responsabilidade do Estado em Educar

A C.F. de 1988, além de promover a educação ao nível dos direitos fundamentais do


individuo, estabelece o titular de tal obrigação em suas normas constitucionais. Desta
maneira, outorga como dever do Estado, no inciso I do artigo 208º,

Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de


idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria. (C.F. DE 1988, ART. 208º, INCISO I).

Ainda na C.F. de 1988, traz outro art., no qual outorga a responsabilidade do Estado
sobre a educação, porém cita como responsáveis também a família e a sociedade,

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e


incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(C.F. DE 1988 ART. 205º)
A norma é reprisada em outras disposições no texto constitucional, no que diz respeito
ao dever de educar dos pais, enquanto titulares do pátrio poder. O Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), por sua vez, reitera tal obrigação, no artigo 4º. Por meio do artigo 22º,
também, incube aos pais o dever de educação dos filhos. O artigo 55º, por sua vez, estabelece
como obrigação aos pais ou responsáveis, a matrícula de seus filhos ou pupilos na rede
regular de ensino. A LDBEN, por último, retoma o dever de promover a educação, através do
artigo 2º.
No caso de descumprimento da obrigação imposta, cabe ao Conselho Tutelar aplicar a
medida de proteção imposta no artigo 129, Vdo ECA, que menciona a “obrigação de
matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar”. Nessa
senda, o artigo 246º do Código Penal estabelece detenção de quinze dias a um mês, a quem
“deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar”.
Embora seja a educação um direito social e de todos, casos de infrequência escolar,
evasão e, mais danoso ainda, falta de acesso à educação, são comuns. A UNESCO divulgou
em Junho de 2014, um relatório sobre o processo educacional mundial, no qual traz números
alarmantes, no qual aproximadamente 57 milhões de crianças com idades entre 06 e 11 anos
não frequentavam escolas no mundo inteiro.
Em relação às faltas dessas crianças e adolescentes citadas anteriormente, e
concomitante a isso a saída dessas crianças e adolescentes da escola, existem diversos fatores
que podem levar a criança e o adolescente a essa situação. Segundo Andréa Rodrigues Amin
(2009) é muito comum os pais não acompanharem a vida acadêmica de seus filhos,
principalmente nas famílias mais desestruturadas.
Segundo Eliziane de Paula Silveira Barbosa (2007), esse desinteresse podem
estarrelacionados a quatro situações corriqueiras,

[...] as principais podemos agrupar da seguinte maneira: Escola não atrativa,


autoritária, professores despreparados ou ausência de motivação; Aluno
desinteressado, falta de perspectiva para o futuro, indisciplinado, com problemas de
saúde ou gravidez; Pais ou responsáveis não cumprindo o pátrio poder ou
desinteresse em relação ao destino dos filhos; Social: trabalho com
incompatibilidade de horário para os estudos, agressão entre alunos ou violência em
relação a grupos, gangues etc. (ELIZIANE DE PAULA SILVEIRA BARBOSA,
2007).

Outro ponto de destaque para esse desinteresse das crianças e dos adolescentes em
relação aos estudos, a forma como as avaliações são aplicadas. Pois as avaliações escolares
deveriam ter como finalidade realizar a inserção das crianças e adolescentes no ambiente
escolar, estimulando sua aprendizagem constantemente, mas acabam cada vez mais fazendo
exatamente o oposto.
O resultado dessas avaliações pode ser um dos responsáveis para que o aluno tenha
cada vez menos sucesso, assim como o professor e a própria escola, pois essas avaliações
acabam realizando uma classificação onde separa um aluno do outro, de forma grosseira, e
isso está tão ligado a característica da escola, dos professores, que fica cada vez mais difícil
mudar essa ideia e essa maneira de avaliar. Além de estimular e colocar em prática as
políticas de combate à constante repetência que acontece ano após ano é necessário também
que comecem a entender o que realmente acontece dentro da escola.
Existem ainda, fatores fora do ambiente escolar que precisam ser compreendidos,
analisados e acompanhados, que acabam por desestimular e afastar cada vez mais as crianças
e adolescentes do ambiente escolar, como os problemas familiares vivenciados por eles, os
alunos que trabalham e tem seus horários incompatíveis com os horários que deveria estar se
dedicando aos estudos, as suas próprias dificuldades por determinadas matérias sem uma
atenção especial, o abuso sexual, as drogas, e principalmente a falta de perspectiva de um
futuro após todos esses anos de dedicação a educação.
Para que essa constante evasão escolar seja eliminada, e que o direito à educação seja
cada vez mais eficaz, existem diversos mecanismos que podem e devem ser colocados em
prática, são necessários todos os esforços para que a política educacional saia do papel e
realmente seja eficaz no dia-a-dia da escola, e concomitante a isso o número de faltas e
abandonos serão cada vez menores.
3 – O DIREITO FUNDAMENTAL E A EDUCAÇÃO

3.1 –Conceito de direitos fundamentais e suas dimensões

A C.F. de 1988 é o principal documento jurídico existente no país, pois ele é o


responsável por reger todas as relações de poder existente dentro da sociedade. Ele
fundamentalmente determina a maneira de seu exercício, o sistema e a forma de governo, ele
estrutura todos os órgãos do governo assim como estabelece e determina os limites de cada
órgão e sua função e atuação.
Quando ouvimos ou lemos o termo “direitos fundamentais”, logo imaginamos apenas
os direitos naturais que estão positivados pelas legislações, no entanto, podemos encontrar
diversas nomenclaturas para esse termo.
Os direitos fundamentais também são entendidos como direitos públicos subjetivos de
pessoas, seja ela pessoa jurídica ou pessoa física, no qual estão presentes nos dispositivos
constitucionais. Assim sendo, são todos os direitos que finalizam o caráter normativo da
legislação dentro do Estado, no qual sua principal finalidade é definir o exercício do poder
estatal perante a liberdade de cada individuo.
Para Gomes Canotilho (1941) entende direitos fundamentais como sendo direitos do
homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espacio-temporalmente.
Já Ingo Wolfgang Sarlet (2006), o termo “direitos fundamentais” se aplica para
aqueles direitos do ser humano reconhecido e positivado na esfera do direito constitucional
positivo de determinado Estado.
A C.F. de 1988 fez uma divisão em cinco capítulos do direitos e garantias
fundamentais, sendo elas: direitos individuais e coletivos; nacionalidade; direitos sociais,
direitos públicas e direitos privados. Já para a doutrina, essa mesma divisão foi realizado
porém em apenas três dimensões ou três gerações, mas mesmo assim alguns doutrinadores
citam a existência da quarta dimensão ou geração, como Paulo Bonavides (2003), para ele
essa classificação é baseada na ordem histórica em que os direitos fundamentais foram sendo
reconhecidos e colocar em leis, desta forma ele segue as etapas cronologias dessas conquistas.
Para Ingo Wolfgang Sarlet (2013):
Desde o seu reconhecimento nas primeiras Constituições, os direitos fundamentais
passaram por diversas transformações, tanto no que diz com o seu conteúdo, quanto
no que concerne à sua titularidade, eficácia e efetivação. Costuma-se, nesse contesto
marcado pela autêntica mutação histórica experimentada pelos direitos
fundamentais, falar da existência de três gerações de direitos [...]. (INGO
WOLFGANG SARLET, 2013).

Para Paulo Bonavides (2003), a primeira geração são os direitos da liberdade, pois
foram os primeiros a aparecem em legislação assegurando assim como direitos fundamentais,
pois os direitos de primeira geração são todos aqueles que englobam os direitos relacionados à
liberdade do individuo.
Os direitos de primeira geração são os direitos que estão em uma zona que
teoricamente não estão passiveis de intervenção de qualquer parte do Estado, pois são direitos
individuais de cada um, são conhecidos também como direitos “negativos”.
Os direitos de segunda geração também são direitos individuais de cada ser humano,
porém neles estão presentes os direitos culturais, econômicos e sociais.
Para Ingo Wolfgang Sarlet (2006), os direitos de segunda geração,

Esses direitos fundamentais, que embrionária e isoladamente já haviam sido


contemplados nas Constituições Francesas de 1793 e 1848, na Constituição
Brasileira de 1824 e na Constituição Alemã de 1849 (que não chegou a entrar
efetivamente em vigor), caracterizam-se, ainda hoje, por outorgarem ao indivíduo
direitos e prestações sociais estatais, como assistência social, saúde, educação,
trabalho e etc. (INGO WOLFGANG SARLET, 2006).

Já na terceira geração ou dimensão estão os direitos relacionados à fraternidade e a


solidariedade, no qual a figura do homem como ser individual desaparece, e passa a serem
compreendidos o direito coletivo, e aqui busca-se constantemente a proteção de direitos de
um grupo de pessoas, como por exemplo a manutenção do meio ambiente de uma
determinada região, o direito à paz no qual todos são contemplados, etc.
Assim como mencionado anteriormente, para Paulo Bonavides (2003) ainda existe a
quarta geração ou dimensão, que estão englobados nessa geração o direito a democracia, o
direito ao pluralismo e a informação, no qual são frutos do resultado após a globalização do
mundo, buscando uma universalidade no plano institucional.

3.2 – O direito à educação guiado pelos direitos fundamentais sociais


A educação está presente na segunda geração ou dimensão, pois trata-se de um direito
social, a C.F. de 1988 traz esse direitos destacado em seu 6º art., que está assegurado também
pelo art. 205º da mesma lei, que determina o Estado como responsável pela educação, em
relação a essa questão, Marcos Augusto Maliska (2.001), fala que,

Quanto ao direito à educação, uma situação que também caracteriza-o de maneira


especial em meio aos demais direitos sociais diz respeito à qualidade do direito
subjetivo público no ensino obrigatório. Portanto, nesse aspecto, deve-se considerar
que o Estado tem o dever, tem a obrigação jurídica de oferecer e manter o ensino
público obrigatório e gratuito. Trata-se do mínimo em matéria de educação.
(MARCOS AUGOSTO MALISKA, 2001).

Os direitos sociais também tem outra nomenclatura, pode ser encontrado e citado
como direitos de status positivos, pois a ele é reconhecido pelo Estado sua capacidade jurídica
de valer-se de todo sistema estatal, assim como utilizar as instituições do Estado, garantindo
então ao individuo sua vontade positiva. Para Robert Alexy (2011),

O fato de o indivíduo ter esse tipo de pretensão em face do Estado significa, em


primeiro lugar, que ele tem direitos a algo em face do Estado e, em segundo lugar,
que tem uma competência em relação ao seu cumprimento. (ROBERT ALEXY,
2011).

Ainda para Robert Alexy (2011), essas prestações de serviços estatais citadas
anteriormente como direitos de status positivos que o Estado realiza através dos direitos
sociais são divididos em suas formas. A primeira forma ampara às prestações materiais que
englobam os serviços e bens prestados pelo Estado aos que não podem adquiri-los no
mercado, já a segunda forma está relacionada às prestações realizadas pelo Estado no qual
oferece de forma universal os serviços que Ele mesmo monopoliza.
Desta maneira, o direito à educação está amparado pelos direitos sociais, ou direitos de
status positivos, que encaixam-se na primeira forma, ou seja, nos direitos materiais fornecidos
pelo Estado. A educação além de ser uma ferramenta indispensável aos indivíduos,
principalmente para sua formação pessoal e social, trata-se uma função do Estado promover e
disponibilizar tal direito, além de estar assegurada também pelo caput do art. 227º da C.F. de
1988,

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão. (C.F. DE 1988, ART. 227º, CAPUT).

Desta maneira, após ter feito a referencia e destacado o referido direito fundamental,
assim como demonstrado seus princípios que guiam o desenvolvimento através da educação,
agora é necessário compreender o significa educação.

3.2.1 – As normativas e o direito à educação

Para Marcos Augusto Maliska (2001), o direito à educação é,

No ponto de vista lógico, como o direito de ser colocado, durante a formação da


criança, em um meio escolar de tal ordem que lhe seja possível chegar ao ponto de
elaborar, até a conclusão, os instrumentos indispensáveis de adaptação que são as
operações da lógica. (MARCOS AUGUSTO MALISKA, 2001).

A Declaração de Genebra, que foi criado pela Liga das Nações no ano de 1924, foi o
primeiro documental internacional conhecido responsável por trazer em seu texto os direitos
relacionados à criança e ao adolescente. Porém, foi na Declaração Universal de Direitos das
Crianças, que em 1.959 foi aceita e aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU)
que o tema recebeu o real reconhecimento.
Já em 1989 após um período de diversas atualizações perante os constantes avanços
que a sociedade enfrentava, foi aprovado a Convenção de Direitos das Crianças, pela ONU. O
documento citado acima determinou de forma autoritária e exigiu que os direitos das crianças
fossem protegidos dali em diante.
Após compreender e aprovar os direitos das crianças e dos adolescentes, ela passa a
enxergar as crianças e os adolescentes como sujeitos de direitos, e passou a admitir um
doutrina de proteção integral à esses sujeitos.
Para Andréa Rodrigues Amin (2009),

Pela primeira vez, foi adotada a doutrina de proteção integral fundada em três
pilares: 1º) reconhecimento da peculiar condição da criança e jovem como pessoa
em desenvolvimento, titular de proteção integral; 2º) crianças e jovens têm direitos à
convivência familiar; 3º) as Nações subscritoras obrigam-se a assegurar os direitos
insculpidos na Convenção com absoluta prioridade. (ANDREA RODRIGUES
AMIN, 2009).
A convenção então reconhece e protege os direitos das crianças e dos adolescentes,
através de sua proteção integral aos direitos específicos e especiais de todas as crianças e
adolescentes.
Pra Tânia da Silva Pereira (1996), destaca a doutrina de proteção integral como,

[...] os direitos inerentes a todas as crianças e adolescentes possuem características


específicas devida à peculiar condição de pessoas em vias de desenvolvimento em
que se encontram e que as políticas básicas voltadas para a juventude devem agir de
forma integrada entre a família, a sociedade e o Estado. (TÂNIA PEREIRA DA
SILVA, 1996).

No Brasil, essa mesma convenção foi aprovada em 1990, pelo Decreto Legislativo nº
28, e foi promulgada em 21 de novembro de 1990 pelo Decreto Legislativo nº 99.710. Do
mesmo modo, é notável que o princípio da proteção integral dos direitos as crianças e aos
adolescentes é um principio que foi utilizado como guia para o ECA, como podemos ver em
seu 1º art., esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Para a C.F. de 1988, o direito à educação é considerado um direito de estrema
importância para a realização das finalidades da República Federativa do Brasil. Pois é
através da educação que será possível alcançar uma sociedade mais solidária e menos injusta,
buscando constantemente o desenvolvimento da sociedade como um todo, e
consequentemente tentando acabar com a pobreza e a marginalização, pois assim as
desigualdades existentes serão diminuídas.
A C.F. de 1988 aceitou em seu texto a introdução do princípio da proteção integral as
crianças e aos adolescentes, no qual consagrou os diretos de forma que todos devem ser
reconhecidos em todo território brasileiro, no qual se destaca o direito a educação. Esse
direito está claro no art. 227º da C.F., assim como já foi citado anteriormente,

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e


ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
(C.F. de 1988, ART. 227º).

Com a proteção integral já presente em nossa C.F. de 1988, buscando que essa
proteção integração fosse eficaz, foi promulgada a Lei 8.069 em 13 de julho de 1990 que
levou o nome de ECA. Sobre essa lei Andréa Rodrigues Amin (2009), faz o seguinte
comentário:
Com o fim de garantir efetividade à doutrina de proteção integral a nova lei previu
um conjunto de medidas governamentais aos três entes federativos, através de
políticas sociais básicas, políticas e programas de assistência social, serviços
especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de
negligência, maus-tratos, abuso e proteção jurídico social por entidade da sociedade
civil. (ANDRÉA RODRIGUES AMIN, 2009).

O ECA passou então a ser considerado a norma que iria disciplinas todas as questões
relacionadas às crianças e aos adolescentes, que traz como destaque em seu 1º art., Esta Lei
dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Essa proteção está amparado pelo
art. 227 da C.F. de 1988, já citado anteriormente e determina como responsáveis por essa
proteção o Estado, a família, as entidades da comunidade, a sociedade de um modo geral e
cada cidadão.
Assim como a C.F. de 1988 assegura o direito a educação das crianças e dos
adolescentes, o ECA também garante esse direito em seu 53º art.,

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento


de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias
escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo
pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais. (ART.
53ª DO ECA).

Nesse mesmo sentido, além da C.F. de 1988 determinar o dever do Estado em relação
a educação, o ECA também faz menção a essa responsabilidade do Estado e garante esse
direito em ser 54º art.,

É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:


I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não
tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente
trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (ART. 54ª
DO ECA).
Além dos direitos já mencionados aqui que estão garantidos na C.F. de 1988, no ECA,
existe também outra lei que assegura o direito à educação, porém essa será tratada
posteriormente, que é a LDBEN.

3.3 – O ECA e o direito a educação perante as normas constitucionais

O ECA possui três principais princípios que são responsáveis por guiá-lo, que são o
princípio da propriedade absoluta, o princípio do melhor interesse e o princípio da
municipalização.
O princípio da prioridade absoluta está garantido na C.F. de 1988 em seu 227º art.,
esse princípio tem importante destaque em todas as esferas, no qual inclui também a esfera
administrativa, a judicial e a extrajudicial, ou seja, para esse princípio não existe meio termo,
pois o legislador já cuidou de priorizar esse direito as crianças e aos adolescentes. É preciso
levar em consideração também, é a condição de cada individuo em desenvolvimento, pois
nesse período os indivíduos encontram-se em condição de vulnerabilidade em uma pessoa que
processo de formação, e desta maneira, encontram-se em uma zona de maior risco em relação
aos demais indivíduos.
Essa prioridade citada que o legislador tratou de assegurar por si mesmo, é obrigação e
dever da família, do Poder Público e da sociedade em geral de garantir que esse princípio seja
colocado em prática. Andréa Rodrigues Amin (2009), faz o seguinte apontamento sobre o
dever da família,

Família, seja natural ou substituta, já tem um dever de formação decorrente do poder


familiar, mas não só. Recai sobre ela um dever moral natural de se responsabilizar
pelo bem-estar das suas crianças e adolescentes, pelo vínculo consangüíneo ou
simplesmente afetivo. [...] É instintivo, natural, mas também um dever legal.
(ANDRÉA RODRIGUES AMIN, 2009).

Ainda pra Andréa Rodrigues Amin (2009), a sociedade tem um papel fundamental em
resguardar os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes no que tange à
comunidade. Se a comunidade tiver uma relação de constante aproximação com as crianças e
os adolescentes, será mais fácil identificar as violações desses direitos quanto vier acontecer,
assim, na medida em que sociedade exige alguns comportamentos pré-estabelecidos de
convivência, como a educação em convívio, a cultura, os bons costumes, dentre diversas
outras maneiras de acompanhar esse direito.
O Poder Público também tem sua parcela de responsabilidade, seja na esfera
legislativa, judiciária ou executiva.
Para que o princípio da prioridade absoluta seja eficaz, existe uma lista de preceitos
que deve ser seguida, buscando então a eficácia constante desse princípio. O art. 4º do ECA
norteia essa prioridade,

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público


assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção à infância e à juventude. (ART. 4º DO ECA).

O segundo princípio estabelecido pelo ECA é o princípio do melhor interesse. No qual


tem como base que o interesse que seja superior à criança deva ser atendido, independente de
qualquer outra coisa. Esse princípio originou-se no instituto do parens patriae, que protege
todos aqueles direitos que antes eram limitados judicialmente.
Com o surgimento da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança no ano de
1.989, a abrangência desse princípio foi ampliado, no qual passou não apenas a inspirar a
legislação propriamente dita, mas também diversas medidas relacionadas à criança e aos
adolescentes sejam elas tomas por instituições privadas, públicas ou de bem-estar social, etc.
Pra Andréa Rodrigues Amin (2009), esse princípio deve servir de guia, tanto para o
aplicador da lei como para o próprio escritor dela, determinando a preferência em relação às
necessidades das crianças e do adolescente como principal critério de compreensão das leis.
Ainda a autora faz o seguinte apontamento,

[...] atenderá o princípio do melhor interesse toda e qualquer decisão que primar pelo
resguardo amplo dos direitos fundamentais, sem subjetivismos do intérprete. Melhor
interesse não é o que o Julgador entende que é melhor para a criança, mas sim o que
objetivamente atende à sua dignidade como criança, aos seus direitos fundamentais
em maior grau possível. (ANDRÉA RODRIGUES AMIN, 2009).

O último princípio é o da municipalização, ele está assegurado na C.F. de 1988 em seu


art. 204º. Andréa Rodrigues Amin (2009), faz o seguinte apontamento,

[...] à União cabe responder pela concessão e manutenção dos benefícios de


prestação continuada (...), assim como apoiar técnica e financeiramente os serviços,
os programas e os projetos de enfrentamento da pobreza em âmbito nacional e
atender, em conjunto com Estados, Distrito Federal e Municípios, às ações
assistenciais de caráter emergencial, enquanto aos Estados cabem as mesmas ações
no âmbito do seu território; semelhantes ações cabem ao Distrito Federal e aos
Municípios. (ANDRÉA RODRIGUES AMIN, 2009).

A descentralização do poder legislativo acabou por fazer uma reserva para que à
execução dos programas políticos pudessem acontecer e ao mesmo tempo ser fiscalizado com
maior eficácia, pois desta maneira os poderes tanto estadual como municipal estariam mais
próximos e em condições de serem constantemente adaptadas as constantes mudanças em
relação às realidades sociais.
O art. 206º da C.F. de 1988, a LDBEN em seu art. 3º, asseguram os direitos básicos a
educação. Esses direitos assegurados em cada um desses artigos citados são considerados a
base para que seja alcançado o três principais objetivos da educação, que esta garantido no art.
205º da C.F. de 1988, que podemos destacar: I) o pleno desenvolvimento da pessoa; II)
preparo do indivíduo para a cidadania; III) qualificação do indivíduo para o mercado de
trabalho.
CONCLUSÃO

Portanto, diante da análise realizada neste trabalho, com o objetivo de comparar as


diferentes tendências pedagógicas E apresentar a legislação vigente que garante o direito a
todos de uma educação de qualidade fica claro que, durante todo o desenvolvimento do
Sistema Educacional Brasileiro, sempre houve um falta de consideração com a educação dos
mais pobres. E isso fica evidente quando analisamos em História da Educação não só no
Brasil como também nos outros povos e períodos que sempre existiu escolas para as
diferentes classes sociais e assim, diferenças gritantes no sistema de ensino e conteúdos
abordados. Hoje o que vemos é uma tentativa das escolas em fazer uma educação que vá em
direção da liberdade e autonomia do indivíduo, porém não está sendo fácil pois vários fatores
ainda contribuem para a manutenção das desigualdades sociais. Pois não basta garantir acesso
e permanência sem qualidade de ensino.
Assim, a falta de qualidade no ensino é um dos fatores que está promovendo a
marginalização ao invés de garantir a todos o direito a cultura e com consequência os bens
materiais.
Por isso, existe a necessidade imediata de reflexões da verdadeira finalidade da escola
e da educação.
Desta forma, é necessário esclarecer que a escola, como instituição social não irá
solucionar todos os problemas gerados por uma sociedade capitalista.
Porém, a discussão por uma educação pública, gratuita e igualitária deve estar na pauta das
lutas políticas nos mesmos níveis das demais lutas sociais e econômicas e se não rompermos
com a atual situação educacional nunca iremos produzir uma base sólida para acabar as
desigualdades.
Durante o desenvolvimento do trabalho fica claro que a educação é indispensável ao
desenvolvimento do ser humano. Afinal, a soma de todos os fatores elencados ao direito à
educação constitui base para o desenvolvimento da criança e do adolescente no plano
intelectual, social, cultural, ético, dentre outros.
A formação de cada individuo deve ser constantemente aprimorar desde os primeiros
anos de sua formação educacional, buscando proporcionar a cada um deles a cidadania e a sua
dignidade humana. Ou seja, uma forma de acrescentar em sua base de princípios todos os
conhecimentos que forem adquirindo ao longo se sua formação de cidadão, com base nos
objetivos destacados em relação ao direito à educação na Constituição Federal de 1988.
Porém, o direito à educação por estar fundamentado e assegurado em nosso
ordenamento jurídico, não pode ser responsabilizado apenas ao Estado, como muitos
imaginam, mas é um dever em conjunto, onde cada integrante deve fazer a sua parte, tanto o
Estado, como a família e a própria sociedade em geral tem sua parcela de responsabilidade.
É importante reforçar que o ECA traz a proteção integral desses direitos as crianças e
aos adolescentes como prioridade, assim destaca-se que no Brasil existe um processo legal
completo para assegurar esse direito, e tem reais condições de elevar o nível educacional das
crianças e adolescentes baseados nos direitos fundamentais de cada indivíduo.
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de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os
recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212
da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a
prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência
dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova
redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção
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