Você está na página 1de 30

FACULDADE BIRIGUI – FABI

PEDAGOGIA

REGIANE

UMA ESCOLA COMO PRODUTORA DE DESIGUALDADE


SOCIAL

BIRIGUI
2016
FACULDADE BIRIGUI – FABI
PEDAGOGIA

REGIANE

UMA ESCOLA COMO PRODUTORA DE DESIGUALDADE


SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Birigui – FABI,
como parte das exigências para a
obtenção da Licenciatura Plena em
Pedagogia.

Orientadora:

BIRIGUI
2016
REGIANE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Birigui – FABI, como


parte das exigências para a obtenção da Licenciatura Plena em pedagogia,
examinado pela seguinte Comissão Avaliadora:

______________________________________________________
Profª.Ms.

______________________________________________________

______________________________________________________

Aprovado em: ___/___/___


Dedico à minha família e amigos, com os quais pude
contar incondicionalmente.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que direta ou indiretamente colaboraram para a realização


desta pesquisa.
Obrigada à minha família, amigos e professores que me apoiaram e me
incentivaram no decorrer do curso.
RESUMO
A Escola desenvolvida no Brasil desde o século XIX até a atualidade vem passando
por grandes modificações com a intenção de se atingir um ensino de qualidade e
que dê condições para que o indivíduo aprenda e que as suas diferenças sejam
respeitadas. Assim, o presente trabalho terá como objetivo fazer uma análise
comparativa das diferentes tendências pedagógicas na prática escolar brasileira e
seu papel enquanto instrumento para a reprodução das desigualdades. O presente
estudo se justifica pois mostra o papel da escola no fazer pedagógico de acordo
com cada tendência, período social, situação cultural e econômica dos alunos. A
metodologia desenvolvida será a pesquisa de revisão bibliográfica. E durante o
desenvolvimento do estudo faremos uma abordagem dos diferentes tipos de escola
que estiveram presentes no Sistema Educacional Brasileiro, suas atuações e suas
relações com os processos ligados a desigualdades social. Desta forma, mediante
ao que será exposto ficará claro a necessidade de muitas reflexos sobre a educação
no Brasil, e possibilidade de alcançar pelo processo educativo a justiça social. Pois,
a escola precisa estar diretamente ligada com a vida de seus alunos.

Palavras-chave:
ABSTRACT

Keywords: 
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................8

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DA LEITURA E DOS


LEITORES...................................................................................................................11
1.1 Conceitos de leitura...............................................................................................11
1.2 A formação do leitor..............................................................................................13
1.3 A leitura na escola.................................................................................................16

CAPÍTULO 2 - O PROFESSOR E AS ATIVIDADES DE LEITURA NAS SÉRIES


INICIAIS......................................................................................................................18
2.1 A Leitura na educação infantil...............................................................................20
2.2 O leitor que se pretende desenvolver...................................................................23

CAPÍTULO 3 – A MEDIAÇÃO DA LEITURA E A LEITURA LITERÁRIA NAS


SÉRIES INICIAIS........................................................................................................25
3.1 Leitura e literatura infantil......................................................................................26
3.2 A Importância das ilustrações...............................................................................28
3.3 A Hora do conto e da leitura na educação infantil................................................29
3.4 Algumas condições para o ensino da leitura........................................................32
3.4.1 Partir do que o aluno já sabe.............................................................................33
3.4.2 Familiarizar os alunos com a língua escrita.......................................................33
3.4.3 Experimentar a diversidade de textos e leitura..................................................33
3.4.4 Ler sem ter de oralizar.......................................................................................34
3.4.5 A leitura em voz alta...........................................................................................34

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................35

REFERÊNCIAS...........................................................................................................37
8

INTRODUÇÃO

A Escola desenvolvida no Brasil desde o século XIX até a atualidade vem


passando por grandes modificações com a intenção de se atingir um ensino de
qualidade e que dê condições para que o indivíduo aprenda e que as suas
diferenças sejam respeitadas. Mas esse processo vem sendo muito complicado em
virtude de vários fatores externos e internos e principalmente das características
sociais e culturas dos alunos que estão dentro da instituição denominada escola, o
que acaba anulando a função da escola que seria de diminuir as desigualdades
sociais.
Assim, o presente trabalho terá como objetivo fazer uma análise comparativa
das diferentes tendências pedagógicas apontando o papel de cada indivíduo
envolvido no processo ensino e aprendizagem bem com tornar evidente onde está o
foco de cada tendência e ao longo do desenvolvimento mostraremos que ainda
estamos longe da escola ideal e veremos que a escola atual ainda é um instrumento
de produção de desigualdades sociais.
Sabe-se que a prática do processo ensino e aprendizagem desenvolvida nas
escolas é condicionada por fatores de ordem sócio política que determinam as
diferentes concepções de mundo, de sociedade e principalmente de homem, assim,
existe uma tendência de diferentes formas de atuação da escola e do
desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem. Desta forma o presente
estudo se justifica tendo em vista o modo que os professores desempenham as suas
proposta pedagógicas e estas estão vinculadas com os pressupostos teóricos
abordados durante o desenvolvimento do trabalho e também pelo fato de que novos
estudos estão sendo feitos com a finalidade de em pouco tempo temos um sistema
de ensino que reduza as desigualdades e formem cidadãos críticos e conscientes de
sua realidade social e que atuam como agentes transformadores da sociedade.
A metodologia desenvolvida será a pesquisa de revisão bibliográfica e o
presente trabalho será dividido em três capítulos, tendo início com a
caracterização da Escola Tradicional, fazendo uma análise também das Escolas,
Nova, ativa e Comportamentalista. No capítulo faremos uma analise das
características da Escola atual e finalmente vamos analisar os aspectos teórico-
prático de como deveria ser uma escola para não atuar como instrumento de
9

ideologia dominante e reduzir as desigualdades evidenciadas dentro do atual


Sistema Educacional.
Porém, por mais que uma Lei tente democratizar, garantir o acesso e a
permanência dos indivíduos e um ensino gratuito dentro das Instituições Municipais
e Estaduais sempre existirá uma forte relação entre as desigualdades sociais e
principalmente culturais, sendo que estás distanciam cada vez mais o indivíduo do
processo de desenvolvimento de habilidades para que se aproprie do saber.
Assim, ficará explicito que essas desigualdades entram nas escolas e com a
tutela do poder público e é obrigada a conviver a se adequar a um sistema que não
vai de encontro com as características do indivíduo, fazendo assim, que o sistema
escolar trate de forma diferente os pobres e os ricos.
Desta forma, mediante ao que será exposto ficará claro a necessidade de
muitas reflexos sobre a educação no Brasil, e possibilidade de alcançar pelo
processo educativo a justiça social. Pois, a escola precisa estar diretamente ligada
com a vida de seus alunos.
10

CAPÍTULO 1 – AS CARACTERISTICAS DA ESCOLA TRADICIONAL

A Escola foi desenvolvida no século XIX e tem como principal característica a


proibição de questionar as decisões tomadas pelas autoridades, no qual essas
decisões são consideras inquestionáveis. O diretor é um autoritário burocrata, no
qual sua principal preocupação é aplicar e controlar os programas oriundos dos
órgãos governamentais. Nesse modelo de escola, o aluno se torna um ser
totalmente passivo, no qual seu único papel é acatar as normas, recomendações e
as ordens no qual recebem, necessitam ainda colocar em pratica a obediência, a
disciplina e o espirito de trabalho. Já o professor, por ser totalmente autoritário
transmite apenas um saber dividido, sem foco no contexto que deveria ensinar, e
mais do que isso, ele apenas se preocupa com a memorização dos alunos e não
com o real aprendizado.
Esse processo didático é baseado na dedução, não tem fundamento
científico, ele passa do abstrato ao concreto, ou seja, ele passa do geral para o
particular. Já os materiais didáticos são na sua grande maioria resumos de livros e
textos baseado em informações e conteúdos conceituais. Nesse tipo de ensino, as
avaliações visam apenas ter o controle da aprendizagem dos alunos, e o único
instrumento que os professores utilizavam era os exames, pois para a população
que seguia e apoiava a escola tradicional, os exames conseguiam refletir de forma
clara a capacidade dos alunos em reter e acumular o conhecimento memorizado.
Em outras palavras, e de forma mais clara, o professor é total responsável e só cabe
a ele a iniciativa, pois ele é ao mesmo tempo o sujeito de aprendizagem e de ensino,
o elemento com papel decisório e decisivo no ensino aos alunos desta escola.
Desse modo, o significado de ensino é transmitir assuntos prontos, repassar
instruções, conhecimentos, é memorizar e acumular informações, e repassar
conhecimentos. O método mais utilizado pelos professores são as aulas dialogadas.
O professor transmite aos alunos o seu conhecimento sobre determinado tema e
espera que eles saibam explicar e repassar aquilo que foi ensinado. O professor tem
como função também deter o controle da aula e o saber dos alunos.
Esse ensino foi muito criticado no decorrer dos anos, e toda essa critica
originou em um novo entendimento sobre os pontos relacionados ao ensino.
11

1.1 A Escola Nova

A Escola Nova começa a aparecer por volta do XIX, porém é no século XX


que ela aparece de forma clara e com mais força, essa escola vem com muita força
contra a doente escola baseada no modelo tradicional, e traz como proposta, uma
escola mais aberta, menos centralizada e com maior poder de critica.
Essa escola tem como iniciativa colocar o aluno como o centro da ação de
educar e esclarece a relação que deve existir entre aluno e professor, que parte do
principio de que no centro da escola deve estar o aluno, e não outras pessoas ou
outras atitudes, o aluno aqui e considerado o protagonista de todo o processo de
aprendizagem, fazendo com que o aluno tenha como questão pedagógica e
interações social, o aprender a aprender. Nesse modelo de escola, passa a valorizar
a autogestão do aluno, assim como a participação deles nas aulas e a
responsabilidade que aluno vai aprendendo e adquirindo com o passar do tempo.
Ensinar algo a alguém é saber elaborar formas de aprendizagem. Nessa nova
escola o importante não é aprender, mais sim aprender a aprender. O professo sai
do papel de protagonista e passa a ser a pessoal responsável por estimular e
orientar o processo de aprendizagem dos alunos. Nessa nova escola muda-se toda
a característica no processo de aprendizagem, assim como as questões
pedagógicas e todo o processo de ensino, saem dos métodos cognitivos e começa a
valer os processos pedagógicos, passa do intelecto para o sentimentalismo, sai do
campo de aluno esforçado para aluno interessado, do aluno disciplinado para o
aluno espontâneo, dentre outros.
Nesse modelo de escola, as avaliações também recebem uma alteração
importante, pois aqui a característica dos exames passa a ser qualitativa e não mais
quantitativa, no qual busca constantemente a participação de forma ativa dos
alunos, assim como busca o seu crescimento no processo de aprendizagem. Nessa
escola, o processo de aprendizagem do aluno é voltado totalmente para a
experiência e para as atividades do aluno, no qual o professor apenas tem como
papel conduzi-los em suas experiências, sejam elas nas atividades relacionadas às
atividades concretas, seja de manipulação, de observação ou de instrumentação. O
lema aqui é a liberdade e a experiência dos alunos.

1.2 A Escola Ativa


12

A escola ativa aparece no Brasil no século XX, esse modelo de escola foi
criada baseada nos princípios da escola nova, porém surge também para acabar
com as mazelas da escola tradicional, que mesmo com a escola nova ainda tinha
conhecimento de casos desse modelo de escola. A escola ativa influenciou de forma
direta nas reformas que aconteceram no sistema educacional brasileiro, constatação
essa que pode ser encontrada na Constituição Federal de 1934 e na LDB
4.024/1961, e também na Lei 5.692/1971, leis essas que revisaram e modificaram a
educação básica no Brasil.
A grande diferença desse modelo escolar, é que na escola ativa as relações
pessoais são privilegiadas, e o professor é considerado e visto como um facilitador
do processo de aprendizagem do aluno, no qual o aluno toma a iniciativa de
aprender. O aluno é estimulado a colocar em pratica as suas iniciativas, sua
criatividade, respeitando a liberdade individual de cada aluno, no qual esses valores
são utilizados em diversas relações, não apenas no processo de aprendizagem.
Desta forma, ao organizar a grade curricular das matérias é levado em
consideração a necessidade de atender e responder as vivencias e aos interesses
dos alunos, no qual os programas aparecem mais abertos a alterações, desta forma
a aula deixa de ser apenas explicativas e passa a ter mais aulas em formas de
oficinas, no qual o alunos iram aprender e colocar em pratica as técnicas para que
possam descobrir o mundo de maneira que satisfaça o seu interesse, e o professor
e o aluno juntos podem aprender de forma mais agradável, até mesmo elaborarem o
próprio conteúdo das oficinas, pois nesse modelo de escola o protagonista é o
processo de aprendizagem e não exames e avaliações.

1.3 A Escola Comportamentalista

A escola comportamentalista nasce baseada e fundamentada na insatisfação


dos professores em relação aos modelos de aprendizagem apresentadas e vividas
pelas escolas nova e ativa. Esse modelo de escola traz como base a pedagogia
buscando objetivos, padrões elevados de eficiência e disciplina. Nessa escola o
papel do professor recebe grande alteração, no qual passa a ser a principal peça
para ler a famosa “cartilha” que a legislação coloca em pratica e os professores
devem interpretá-las claramente, no qual tem como protagonista no processo de
13

aprendizagem um estilo mais burocrata. Nessa escola os papeis mais valorizados


são dos organogramas e das estruturações realizadas pela legislação.
Baseado no que a legislação traz para este modelo de escola, o papel de
professor e aluno mudaram e suas características também, aqui o professor tem o
poder de burocrata, no qual deve constantemente buscar os objetivos que foram
definidos pelo Estado, e o professor fica constantemente pressionando o aluno para
conseguir entender e avaliar se o aluno está conseguindo atingir esses objetivos
através desse processo de aprendizagem. Com esse pensamento, o conhecimento
é repassado aos alunos em pequenas unidades, no qual já foram previamente
divididos baseados em cada objetivo especifico. O aluno fica em uma posição que
para ele restou apenas receber os conteúdos e aceitar sem poder opinar ou
questionar esse método, sendo assim, o processo de aprendizagem passou a ser
uma receita objetiva como sua estrutura e forma totalmente fechada para ideias
novas.
Em relação aos materiais disponíveis para o aluno, fica resumido apenas em
um livro didático mestre, no qual servirá como roteiro facilitador para que o professor
consiga seguir a constante busca por alcançar os objetivos pré-determinados. O
controle de todo o processo de aprendizagem é realizado por etapas através de
mecanismos que são considerados meios de avaliações infalíveis.
14

CAPÍTULO 2 –AS CARACTERISTICAS DA ESCOLA ATUAL

As desigualdades sociais existente na sociedade, e principalmente a


desigualdade cultural não está apenas relacionado com o acesso ao processo de
aprendizagem da escola publica, mesmo que esse acesso seja totalmente
democratizado e passe a ser igualitário para todas as classes sociais, infelizmente
essa desigualdade pode ser percebida pela forma no qual a escola exige dos alunos
algumas qualidades, no qual essas qualidades são desigualmente distribuídas de
acordo com as classes sociais, como o conhecimento cultural de cada um, o saber e
a capacidade de compreensão, pois cada criança terá o conhecimento baseado no
histórico de sua infância e vivencia no qual foi socializado todo o tempo de sua vida
até a fase escolar.
Dessa forma, já podemos perceber que a “violência” com os alunos e com a
sociedade começa com a enorme desigualdade existente, e que consequentemente,
cada criança tem uma realidade e chega ao processo de aprendizagem com uma
bagagem específica, tudo baseado naquilo que ele teve acesso até o inicio desse
processo.
Segundo Santos (1999),

A violência é algo complexo e polissêmico, isso é, apresenta diferentes


sentidos, e o seu significado se define a partir do seu contexto formador
social, econômico e cultural, de acordo com o sistema de valores adotados
por cada sociedade e levando em considerações os seus níveis de
tolerância para com a violência (SANTOS, 1999).

Já para Oliveira e Martins (2007),

A violência contra o ser humano faz parte de uma trama antiga e complexa:
antiga, porque data de séculos as várias formas de violência perpetradas
pelo homem e no próprio homem; complexa por tratar-se de um fenômeno
intrincado, multifacetado. (OLIVEIRA E MARTINS, 2007).

Dessa maneira, é possível compreender que violência é qualquer ato que ao


ser realizado é aplicado uma carga excessiva de força, e dentro da violência
encontramos a agressão, que é uma forma de violência que visa causar um dano a
outra pessoa com uma força excessiva aplicada de forma intencional.
A desigualdade social existente também é considerada um ato de violência,
pois as suas origens estruturais são parecidas com as da violência, e inspira a
15

sociedade contemporânea. A grande contradição existente na sociedade por meio


da desigualdade social acaba contribuindo para que à violência física e moral se
manifeste cada vez mais, e por consequência, acaba favorecendo os motivos que se
expressam através dos costumes, das tradições e dos hábitos de cada um.
A violência que causa o problema é a que traz para a pessoa a forte vontade
de demolir, depreciar, de amedrontar as pessoas, e por consequência a esse ato, a
violência se torna mais provável e possível quando a pessoa acredita que a
conversa já se tornou algo impossível. Charlot (2002) evidencia que a violência
enfatiza o uso da força, do poder, da dominação, que de certo modo toda agressão
é violência na medida em que usa a força.
ParaSantos (2004),

Ele ressalta que as diferentes formas de violência presentes em cada um


dos conjuntos relacionais que estruturam o social podem ser explicadas se
compreendermos a violência como um ato de excesso, qualitativamente
distinto, que se verifica no exercício de cada relação de poder presente nas
relações sociais de produção do social. (SANTOS, 2004).

A violência encontrada nas escolas não é algo recente, se fizer uma pesquisa
na história irá deparar que a violência escolar já existe a muitos e muitos anos, o que
muda são as formas de violências, novas formas nascem constantemente, e esse
tema de violência, e violência na escola se tornou um tema de pesquisas e estudos
de profissionais de diversas áreas, pois essa violência afeta o convívio em
sociedade em geral.
Segundo relato de Sposito (2001),

Foi a partir de 1980 ocorrem às primeiras pesquisas sobre violência escolar


no Brasil, quando o tom predominante era de expor as constantes
depredações e atos de vandalismo. Constata-se que a partir dos anos 1990,
a violência escolar passa a ser preponderante nas interações dos grupos de
alunos, aumentando a complexidade de análise destes fenômenos.
(SPOSITO, 2001).

Na década de 1990, Charlot realizou uma pesquisa e publicou esse estudo


realizado na Europa, no qual o trabalho foi baseado na abordagem da violência que
acontece nas escolas, junto com sociólogos franceses sugeriu que existe varias
formas de violência dentro das instituições, e a importância de entender cada forma
separadamente como forma de antecipar o problema.
Segundo Charlot (2002),
16

A violência na escola é aquela que se produz dentro do espaço


escolar, sem estar ligada à natureza e às atividades da
instituição escolar: quando um bando entra na escola para
acertar contas das disputas que são as do bairro, a escola é
apenas o lugar de uma violência que teria podido acontecer em
qualquer outro lugar. A violência à escola está ligada à
natureza e às atividades da instituição escolar: quando os
alunos provocam incêndios, batem nos professores ou os
insultam, eles se entregam a violências que visam diretamente
a instituição e aqueles que a representam. Essa violência
contra a escola deve ser analisada junto com a violência da
escola: uma violência institucional, simbólica, que os próprios
jovens suportam através da maneira como a instituição e seus
agentes os tratam (modos de composição das classes, de
atribuição de notas, de orientação, palavras desdenhosas dos
adultos, atos considerados pelos alunos como injustos ou
racistas...) (CHARLOT, 2002, p. 434 e 435).

É necessário levar em consideração a natureza desse fenômeno, pois é de


extrema importância destacar tanto o ato violento realizado dentro das instituições
entre alunos, como a capacidade que a instituição como escola tem em lidar com
esses problemas, assim como a capacidade que os gestores e lideres dessa
instituição tem em criar e suportar essas situações conflituosas, que estão ligadas
diretamente a cultura de cada escola, no qual essa cultura escolar não pode ser
motivo de atormentar os alunos sob o peso que é violência que ocorre
nasinstituições.
Segundo Julia (2001), ela traz um resumo em relação a cultura escolar.

Como um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e


condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão
desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos; normas e
práticas coordenadas a finalidades que podem variar segundo as épocas
[...] Normas e práticas não podem ser analisadas sem se levar em conta o
corpo profissional dos agentes que são chamados a obedecer a essas
ordens e, portanto, a utilizar dispositivos pedagógicos encarregados de
facilitar sua aplicação, a saber, os professores primários e os demais
professores (JULIA, 2001, p. 10).

Para Bourdieu e Passeron, todas as ações tomadas pela escola, mesmo


sendo tradicional, e por ser tão omissa “serve automaticamente os interesses
pedagógicos das classes que necessitam da Escola para legitimar escolarmente o
17

monopólio de uma relação com a cultura que elas não lhe devem jamais
completamente” (BOURDIEU E PASSERON, 1992, p. 140).
Essa violência realizada pelas instituições tem origem forçada, assim como a
cultura simbólica utilizada por essas instituições, uma vez que essas atitudes não
pactuam com a realidade entendida como natural, pois o sistema simbólico de cada
cultura existente é uma vivência social, e manter essa cultura é algo fundamental
para que consiga perpetuar essa determinada sociedade, no qual cada membro
dessa sociedade precisa interiorizar sua cultura.
Para que consigam entender melhor a relação existente entre a escola e a
pratica de violência que acontece nessas instituições, é preciso compreender que
essa relação passa pelas reestruturações das relações sociais que estão exposto
nas escolas. Segundo Oliveira e Martins (2007):

A violência que se configura dentro do espaço escolar, manifestada através


do comportamento dos alunos, lança professores diante da confusão da
possibilidade de um ensino libertador (caso seja esta a sua proposta) e de
uma realidade insuportável, na qual os educadores recorrem a expedientes
autoritários e até mesmo violentadores, a fim de manter a “ordem geral”.
São estabelecidas regras, controles, punições e dominações para disciplinar
os alunos em estados de rebeldia (OLIVEIRA E MARTINS, 2007, p. 95).

É nesse sentido que aparecem os conflitos e as crises dentro dessa


instituição, no qual fica mais clara a percepção do seu funcionamento conferido à
sua finalidade. Toda a ação realizada pela escola, principalmente as pedagógicas, é
compreendida como forma de violência através de sua imposição. Segundo
Bourdieu e Passeron, “a ação pedagógica inicial deriva seu principal recurso,
sobretudo quando tenciona desenvolver a sensibilidade a uma forma particular de
capital simbólico3 , dessa relação originária de dependência simbólica” (BOURDIEU
E PASSERON, 2001, p. 202).
O poder em violentar que a escola tem, só exerce a função pedagógica,
quando a escola der condições sociais de obrigação aos alunos.
Segundo Stoer (2008),

A ação pedagógica reproduz o arbitrário cultural das classes dominantes ou


dominadas. A ação pedagógica (institucionalizada) da escola reproduz a
cultura dominante e, através desta, a estrutura de relações de força dentro
de uma formação social, possuindo o sistema educativo dominante o
monopólio da violência simbólica legítima. Todas as ações pedagógicas
praticadas por diferentes classes ou grupos sociais apoiam objetiva e
indiretamente a ação pedagógica dominante, porque esta última define a
18

estrutura e o funcionamento do mercado econômico e simbólico (STOER,


2008, p. 15).

O professor tem um papel de protagonista nessa violência realizada pela


escola, pois segundo Adorno (1995),

A imagem do professor sendo aquele que é fisicamente mais forte e que


castiga o mais fraco também afeta a vantagem do saber do professor frente
ao saber de seus alunos, que ele utiliza sem ter direito para tanto, uma vez
que a vantagem é indissociável de sua função, ao mesmo tempo em que
sempre lhe confere uma autoridade de que dificilmente consegue abrir mão
(ADORNO, 1995, p. 104).

Nessa relação de dominação, a parte que é dominado via de regra não


confronta o seu opressor, pois na maioria dos casos o dominado não entende que
está sendo vitima desse processo, e por não perceber acaba considerando que essa
situação seja normal e inevitável. Outro erro cometido nas escolas publicas,
principalmente no Brasil, é que os gestores e professores não querem saber e
conhecer as origens do seus alunos, e acaba por repassar para todos um ensino
padrão, esse processo é explicada através das ações pedagógicas realizadas pelas
escolas, que eternizam a violência através do abuso de poder realizado por essas
instituições, no qual o conteúdo que a escola ensina aos seus alunos de maneira
autoritária, pois as instituições estimulam a pratica desse autoritarismo pelos
professores.
Segundo Durkheim (1972),

A educação deve ser um trabalho de autoridade. Para aprender a conter o


egoísmo natural, subordiná-lo a fins mais altos, submeter os desejos ao
império da vontade, conformá-los em justos limites, será preciso que o
educando exerça sobre si mesmo um grande trabalho de contenção. Ora,
não nos constrangemos e não nos submetemos senão por uma destas
razões: ou por força da necessidade física, ou porque o devamos
moralmente. Isso significa que a autoridade moral é a qualidade essencial
do educador (DURKHEIM, 1972, p. 53-54).

Os gestores da escola e principalmente os professores são estimulados a


pratica do autoritarismo que nasce das conhecidas classes que dominam os demais.
Já os dominados acabam por contribuir, mesmo que na maioria das vezes seja sem
perceber o que está acontecendo e contra a sua própria vontade, e simplesmente
apenas aceitam de forma tácita aos limites que são impostos.
Para Bourdieu (2001),
19

Tal reconhecimento prático assume, muitas vezes, a forma da emoção


corporal (vergonha, timidez, ansiedade, culpabilidade), em geral associada
à impressão de uma regressão a relações arcaicas, aquelas características
da infância e do universo familiar. Tal emoção se revela por manifestações
visíveis, como enrubescer, o embaraço verbal, o desajeitamento, o tremor,
28 Revista LABOR nº7, v.1, 2012 ISSN: 19835000 diversas maneiras de se
submeter, mesmo contra a vontade e a contragosto, ao juízo dominante, ou
de sentir, por vezes em pleno conflito interior e na “fratura do eu”, a
cumplicidade subterrânea mantida entre um corpo capaz de desguiar das
diretrizes da consciência e da vontade e a violência das censuras inerentes
às estruturas sociais (BOURDIEU, 2001, p. 205).

A violência existente é uma ação coercitiva que se instaura através da


aceitação de que o dominado não pode deixar de concordar com o dominante,
sendo assim, a dominação quando colocada em prática, faz com que o dominado
entenda essa relação abusiva como normal, pois é o dominante que repassa todo o
processo de conhecimento a ele.
Abramovay (2002) cita que:

São manifestações de violência simbólica o abuso do poder, baseado no


consentimento que se estabelece e se impõe mediante ouso de símbolos de
autoridade; verbal; e institucional como a marginalização, discriminação e
práticas de assujeitamento utilizadas por instituições diversas que
instrumentalizam estratégias de poder. (ABRAMOVAY, 2002).

Essa violência fica clara em diversas situações que acontecem no dia-a-dia


na relação professor e aluno, como a relação de poder existente do professor em
relação ao aluno, a violência verbal e o grande destaque é a discriminação que
existe de raça e gênero, mesmo que na maioria das vezes seja de forma indireta,
dentre varias outras situações. Assim como acontece na sociedade em geral, no
qual a classe com maior poder econômica coloca sua cultura em pratica em relação
as demais classes, que são seus dominados.
Bourdieu (1998) faz uma reflexão sobre a escola, no qual podemos comparar
e igualar com o que acontece no Brasil:

Se considerarmos seriamente as desigualdades socialmente condicionadas


diante da escola e da cultura, somos obrigados a concluir que a eqüidade
formal à qual obedece todo o sistema escolar é injusta de fato, e que, em
toda sociedade onde se proclama ideais democráticos, ela protege melhor
os privilégios do que a transmissão aberta dos privilégios (BOURDIEU, 1998
p.53).
20

A escola brasileira vive uma realidade no qual seu numero de alunos aumenta
constantemente, pois vivemos um cenário onde o ensino é massificado e a
população pobre se eleva com a mesma frequência, e os investimentos na
educação são baixos, sendo assim a escola acaba sendo considerada uma grande
instituição geradora de desigualdades sociais, e consequentemente causa o grande
problema de violência nas escolas, pois devido a esse problema acaba por realizar a
exclusão dos alunos.
No cotidiano das escolas publicas brasileira é fácil deparar com o mesmo
problema em diversas escolas, no qual o professor tem grande dificuldade em achar
um ponto de equilíbrio no dialogo com seus alunos, e por consequência acabam
maltratando e ignorando os problemas enfrentados por eles, e quando os alunos
tentam ao menos explicar, os professores também não querem nem ouvi-los, e
alguns professores ainda acabam humilhando o aluno quando não consegue
entender determinar matéria ou quando não conseguem responder uma pergunta
feita por esse professor.
Assim a escola acaba sendo considerada como o maior aparelho ideológico
capaz de reproduzir a ideologia de que devem existem as classes dominantes e as
dominadas. Podemos perceber na citação de Bourdieu (2001):

A propensão das famílias, e das crianças para investir na educação, que


constitui por si só um dos fatores importantes do êxito escolar depende do
grau em que dependem dos sistemas de ensino para a reprodução de seu
patrimônio e de sua posição social, bem como das oportunidades de seu
sucesso prometidas a tais investimentos em função do volume de capital
cultural que possuem (BOURDIEU, 2001, p. 264).

O maior problema está relacionado na inserção dos filhos de classes


operárias, pois para estes a escola representa uma interrupção em seus valores e
saberes, pois estes são ignorados, desprezados e desconstruídos no momento em
que são inseridos na cultura escolar com os demais filhos das classes dominantes,
ou seja, esses precisam aprender novamente todo o modelo de cultura mais agora
modelo diferente e com outro padrão. Desta maneira, para alcançar o sucesso
escolar e depois profissional se torna muito mais difícil para esses filhos do que para
os filhos das classes dominantes, pois precisam aprender essa nova cultura e se
adaptarem a novos padrões como o de falar, de enxergar e entender o mundo, de se
21

portar, dentre outros, e somente apos conseguir entender todo esse novo processo
que podem considerar inseridos na sociedade de forma ativa.
E essa relação de dominantes e dominados, recebe grande influencia do
Estado. A violência é encontrada nas estruturações de classes criada pela
sociedade capitalista, no qual decorrem da divisão social existentes no trabalho que
se baseia de forma clara e subjetiva, na apropriação dos diferentes meios de
produção.
Para o Estado, a escola trata todos os alunos da mesma maneira, todos
recebem as mesmas oportunidades, os mesmos conteúdos, as mesmas avaliações,
e consequentemente todos respeitam e cumprem as mesmas regras, dessa maneira
todos recebem as mesmas chances de vencer o “sistema”, porém na pratica o que
acontece é bem diferente, mesmo que de forma implícita.
A principal violência praticada pelo Estado é a violência simbólica, no qual seu
modo de operar nessa ação é através da neutralização dos objetivos dos alunos
num geral, no qual ele determina o que será repassado e de que forma será
repassado aos alunos, determinando o que vão e podem apreender, sendo assim,
fica claro o objetivo do Estado, o que ele se preocupa é apenas a integridade de
participar ou não da vivência cultural em sociedade, e quem vai participar dessa
vivência, que continuará sendo dominados os de classes inferiores e o de classes
superiores continuará dominando os demais.
Para Durkheim (2002),

O indivíduo é produto da sociedade como um todo e sua existência só se


torna real mediante a atuação do Estado. Entretanto, é somente com um
equilíbrio de forças entre os grupos secundários e o Estado que o indivíduo
pode existir de fato, afinal, “é desse conflito de forças sociais que nascem as
liberdades individuais” (DURKHEIM, 2002, p. 88).

Já para Bourdieu (2001),

A instituição do Estado como detentor do monopólio da violência simbólica


legítima atribui, por sua própria existência, um limite à luta simbólica de
todos contra todos em torno desse monopólio, ou seja, pelo direito de impor
seu próprio princípio de visão. (BOURDIEU, 2001).

Sendo assim, fica claro que o Estado enquanto estiver como responsável pelo
monopólio criado por ele mesmo e colocam em duvida e de forma clara a famosa
igualdade de oportunidades disponíveis para todos, e mostra que o sistema escolar
22

utilizado não deixa claro que essa igualdade realmente aconteça. Pois, a realidade
brasileira em que vivemos mostra que existe uma grande parte da população que
hoje encontram-se desempregada e abandona pelo Estado, que faz um papel claro
de agente facilitar e que apoia as realizações das classes superiores em relação as
classes inferiores (dominantes e dominados).
Para Bourdieu (1983),

As entidades metafísicas ("classe dominante" ou "aparelho de Estado") e as


teorias puramente verbais, como as que fazem do Estado um aparelho
onipotente ao serviço dos desígnios dos dominantes, cedem, desta maneira,
o lugar a uma ciência rigorosa da concorrência pelo poder, em particular nas
empresas ou nas administrações públicas, organismos 31 Revista LABOR
nº7, v.1, 2012 ISSN: 19835000 capazes de concentrar e de redistribuir uma
grande parte dos recursos disponíveis, graças ao poderes sobre os meios
materiais (sobretudo financeiros), institucionais (regulamentação das
relações sociais) e simbólicos, que são controlados pelas autoridades
administrativas. Isto coloca uma interrogante sobre a parte que é deixada a
ação propriamente política, ao governo, pelas leis tendências que a ciência
social estabelece (BOURDIEU, 1983, p. 43).

A classe social é definida pelos seus hábitos principalmente, e não apenas


pela posição que se encontram nos processos produtivos. O uso da violência nas
classes sociais sempre é dirigido ou um grupo ou único individuo que tem o poder
dominante de controlar as demais classes, crianças verdades sobre cada processo,
e consequentemente faz com que os dominados passem a enxergar e compreender
o mundo baseado nos padrões e critérios criados pela classe dominante. Como o
Estado é claramente um facilitador da classe dominante, e apoia essa classe
constantemente, as ações para que a escola pública seja melhorada e alcance a
realidade de outros países, de um modo geral, depende totalmente dos interesses
da classe dominante, pois se essa classe tiver esse interesse o Estado irá apoiar e
fazer as modificações necessárias, caso contrário não.
23

CAPÍTULO 3 – COMO DEVERIA SER A ESCOLA

O professor tem papel fundamental no processo de aprendizagem de todos


os alunos, porém ele precisa despertar a curiosidade dos alunos e passas
problemas que os alunos pesquisem e encontrem soluções para esses problemas
de forma cooperativa, ativa e criativa, e não continuar sendo o professor que apenas
para conhecimentos para os alunos memorizarem.
Desta maneira, ele pode utilizar como ferramenta a seu favor as tecnologias
existentes, fazendo com que os alunos se encontrem em um ambiente de
aprendizagem que lhes tragam interesse e possam assim desenvolver suas
habilidades, podendo utilizar a internet, telefones, câmeras, e diversos outros
recursos que hoje quase toda a população tem acesso para que os alunos possam
até mesmo criar produtos educacionais para seu processo de aprendizagem.
O grande e atual problema das escolas dentro dos processos de
aprendizagem é como lidar com o processo de ensinar, de maneira a despertar o
interesse de todos envolvidos nesse processo. A escola tem diversas funções para a
sociedade, e uma das que podemos destacar é que ela tem capacidade de fazer
com que os alunos se tornem indivíduos transmissor do conhecimento, para que
então eles possam assim cumprir as funções sociais que cada um carrega, que são
de extrema importância para a sociedade, no qual quanto mais conhecimento eles
obtém, maior será as chances de conquistar o sucesso profissional.
Todo individuo deve ocupar um lugar perante a sociedade, porém esse lugar
deve ser ocupado ao conquistar pelo próprio esforço, e assim ele conseguira exercer
suas funções como cidadão. Porém o grande problema disso está relacionado
diretamente na forma dos professores ensinar as alunos respostar para perguntas
que o aluno não tenha feito, ou também no exemplo de quando os professores
estimulam as perguntas, mas depois desprezam ou deixam de lado a importância de
obter a resposta, no ensino atual os professores estimulam os alunos o tempo todo a
fazer perguntas, e perguntas sobre diversos assuntos, estimular o aluno a
perguntam é muito importante, porém é necessário colocar em pratica que o aluno
tenha o mesmo estimulo para procurar as respostas para essas perguntas, pois
saber é perguntar, mas mais ainda responder. O professor precisa se atualizar em
relação a isso e colocar em pratica, e levar no seu processo de aprendizagem esses
dois pontos de forma paralela.
24

A escola também é considerada como um ótimo mecanismo que preparava o


aluno para a vida toda, baseada nas teorias pedagógicas, ou seja, a escola tem
papel fundamental para a sociedade como instituição social. Quando a escola cultiva
o individuo, no qual através desse cultivo repassa a esses alunos o ensinamento de
uma cultura que vem se acumulando pela humanidade ao longo dos anos, o aluno
conseguirá aprender e através desse aprendizado chegará desenvolver o seu
melhor. Afinal, é tarefa da escola também, cuidar do desenvolvimento da sociedade,
e desta forma, precisa estimular que seus alunos se tornem indivíduos capazes de
inovar, criar, inventartransformar. Para que a escola consiga vencer esse desafio,
ela não pode ficar vinculada ao passado, não deve cometer os mesmos erros
cometidos pelas escolas do passado, mas deve aproveitar a brecha que hoje tem
para conseguir fazer uma escola mais inovadora e mais critica.
É necessário entender de forma clara essa indeterminação que a escola tem
no trabalho educacional, pois essa perplexidade encontrada pela escola pode
demonstra a necessidade de estar ligada a realidade social de cada aluno e ao
mesmo tempo de ser inovador e critico. A vida escolar do aluno devem estar ligada
diretamente com sua vida social.
A escola precisa apresentar em suas aulas a realidade vivida no cotidiano
pelos alunos, pois assim o conhecimento que os alunos iram adquirir em relação ao
mundo só tende a aumentar, assim buscando transformação e um vida cada vez
melhor.
Para que a aula flua de forma pacifica e clara tanto para o professor quanto
para o aluno, algumas regras são estabelecidas e colocadas em pratica, os também
conhecidos “acordos sociais”, porém precisam tomar cuidado, pois essas regras
estabelecidas devem ser seguidas e respeitadas pelos alunos, mas os professores
não podem ensiná-las como verdade absoluta, ele precisa saber punir e ordenar e
aos alunos só resta acatar e cumprir essas regras.
A educação das crianças se divergem muito baseado em suas classes
sociais, as crianças pobres hoje são excluídas da escola, devido as dificuldades que
enfrentam para estar ali, assim como para aprender, e ai vem suas reprovações,
enquanto a classe media e a classe alta leva a escola como continuidade de sua
vida, conhecendo lugares diferentes, outras línguas, conhecer lugares, no qual
conquistam um amplo conhecimento de vida e aprendizado.
25

Devido a diversos cenários que a escola já passou, e por ser considerada tão
ruim por muitas pessoas, em meados dos anos 60 alguns autores já pregaram o fim
da escola, e tinham como base a alegação no qual a escola era apenas uma
instituição ideológica do Estado, e o único interesse do Estado nas escolas eram a
criação e produção de massa falida, ou seja, a escola publica serve apenas para
criar a mão de obra para a sociedade média e alta, e pregava sua ideologia
dominante. Atualmente, existem pessoas que lutam para que possamos conquistar a
credibilidade da escola e conseguir transformá-la em uma escola justa e real para
todos.
A escola é o primeiro local no qual os alunos começam a fazer perguntas e
procurar as respostas no qual são de extrema importância para a compreensão da
vida, assim como é na escola que irá conhecer a historia do país e as
transformações produzidas pela humanidade com o passar dos anos. A escola
precisa ser modificada, receber diversas transformações para que então possamos
alcançar a escola como ela deveria ser, e não lutar pelo fim das escolas, e preciso
também entender que casa pessoa age e pensa de uma maneira, nem todos
pensam da mesma forma.
Entendendo esse ponto dos alunos, a escola terá que ser mais flexível,
menos autoritarista e menos conservadora, pois a sociedade traz consigo os valores
do capitalismo, no qual as pessoas já começam a discursar sobre isso e questionar
mais seus direitos, como sua própria capacidade de tomar decisões, sua
criatividade, sua liberdade individual, dentre outras.
A escola é uma instituição da sociedade, dentre as diversas existentes, desta
maneira ela não deve e nem pode ser considerada a única instituição que cria a mão
de obra submissa existente, pois existem diversas outras instituições que também
ajudam nessa criação, como por exemplo, os meios de comunicação, a família e as
próprias leis existentes país, a escola tem grande parcela de culpa, mas ela é
apenas mais uma instituição que participa dessa jogada que o Estado faz com a vida
social das pessoas.
A escola precisa entender as crianças e os modelos sociais vividos por esses
aluno, como já foi dito anteriormente, pois assim conseguira colocar em pratica um
processo de aprendizagem mais critico, mostrando através dessa critica a
historicidade de cada modelo de escola, e mostrando a “evolução” desses modelos
26

com o passar do tempo, no qual evoluiu de acordo com a evolução do homem,


assim como suas necessidades e sua forma de ver e levar a vida.
Desta maneira podemos perceber ao mesmo tempo em que a escola mostra
todos os problemas encontrados em seu dia-a-dia, também podemos compreender
que não faltam propostas interessantes e viáveis para que todo esse problema seja
solucionado.
A escola precisa estar diretamente ligada com a vida de seus alunos. O
conhecimento adquirido pelos alunos e pela sociedade não pode ser considerado
algo intacto, ou seja, esse conhecimento deve ser constantemente renovado e
aprimorado. Pois, todos nos fazemos parte de um ciclo na sociedade capaz de
produzir conhecimentos, conhecimento esse que deve ser entendido com as
respostas referente as perguntas feitas pelo homem. Precisamos entender quais as
perguntas já realizadas pelo homem, e todo o conhecimento que está sendo
produzido por nós, respondem as quais perguntas.
É necessário entender também quais são as regras que estamos deixando
conduzir nossos comportamentos. Quais os modelos de comportamento a
sociedade está aprendendo e valorizando, é necessário se perguntar por que essas
regras? Porque esse comportamento? E então conseguiremos compreender o que o
homem vem fazendo para ter uma melhor convivência em sociedade. E dessa
maneira, conseguiremos compreender de forma mais fácil e mais clara quais
necessidades sociais buscam atender todas essas atitudes.
Uma pergunta feita por quase todos os alunos é a famosa “escola pra que?”.
Para essa pergunta, não precisamos encontrar uma resposta objetiva, basta que
encontremos a resposta subjetiva, e assim conseguiram repassar a esses alunos
que todo o conhecimento e tema estudado por ele na escola, talvez não seja
colocado em pratica imediatamente, mas são de extrema importância para que
consiga atingir um ser mais critico e reflexivo, e assim conseguiram alcançar sua
própria compreensão sobre a sociedade como um todo, e principalmente sobre a
realidade em que ele vive.
Com todo esse senso critico e reflexivo desenvolvido por esses alunos,
chegaremos ao que realmente importa para eles, a realidade em que ele vive, esse
é um trabalho fundamental da escola, no qual assim o aluno irá conseguir realmente
lutar e conquistar melhorias para sua realidade social e consequentemente para a
sua vida como um todo.
27

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante todo o desenvolvimento do Sistema Educacional Brasileiro, fica claro


que sempre houve um falta de consideração com a educação dos mais pobres. E
isso fica claro quando analisamos em História da Educação não só no Brasil como
também nos outros povos e períodos que sempre existiu escolas para as diferentes
classes sociais e assim, diferenças gritantes no sistema de ensino e conteúdos
abordados. Hoje o que vemos é uma tentativa das escolas em fazer uma educação
que vá em direção da liberdade e autonomia do indivíduo, porém não está sendo
fácil pois vários fatores ainda contribuem para a manutenção das desigualdades
sociais. Pois não basta garantir acesso e permanência sem qualidade de ensino.
Assim, a falta de qualidade no ensino é um dos fatores que está promovendo
a marginalização ao invés de garantir a todos o direito a cultura e com
conseqüência os bens materiais.
Por isso, existe a necessidade imediata de reflexões da verdadeira finalidade
da escola e da educação.
Desta forma, é necessário esclarecer que a escola, como instituição social
não irá solucionar todos os problemas gerados por uma sociedade capitalista.
Porém, a discussão por uma educação pública, gratuita e igualitária deve
estar na pauta das lutas políticas nos mesmos níveis das demais lutas sociais e
econômicas e se não rompermos com a atual situação educacional nunca iremos
produzir uma base sólida para acabar as desigualdades.
28

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, Miriam et. all. Escola e violência. Brasília: UNESCO, 2002.

ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra,


1995.

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude.A reprodução: elementos para


uma teoria do sistema de ensino. 3. ed., Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.

______.A Reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino.


Francisco Alves Editora S/A: Rio de Janeiro, 1975. BOURDIEU, Pierre. Sociologia.
São Paulo: Ática, 1983. ______. O poder simbólico. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2004.

______. Meditações Pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

______. Escritos de educação. Organização: Maria Alice Nogueira e Afrânio


Catani. Petrópolis, Vozes, 1998.

CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam


essa questão. Sociologias, Porto Alegre, n.8, p. 432-443, 2002. DURKHEIM, E.
Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1972.

________. Lições de sociologia: a moral, o direito e o Estado. São Paulo: Martins


Fontes, 2002. JULIA, Dominique. A cultura escolar como objeto historiográfico.
Tradução: Gizele de Souza. Revista Brasileira de História da Educação, São Paulo,
n. 1, 2001, p. 9-44.

MENDONÇA, S. R. Estado, violência simbólica e metaforização da cidadania.


Tempo, Rio de Janeiro, vol. 1, 1996, p. 94-125.

OLIVEIRA, É.C. S. e MARTINS, S. T. F. Violência, Sociedade e Escola: da recusa


do diálogo à falência da palavra. Psicologia & Sociedade, 19(1), p. 90-98; jan/abr,
2007.

SANTOS, José Vicente Tavares dos (Orgs.). A Palavra e o gesto emparedados: a


violência na escola. PMPA, SMED. 1999.

SANTOS, José Vicente Tavares. Violências e dilemas do controle social nas


sociedades da “modernidade tardia”. São Paulo em Perspectiva, a. 18, n. 1, 2004.

_______. Violências, América Latina: a disseminação de formas de violência e os


estudos sobre conflitualidades. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, n” 8, jul/dez 2002,
p. 16-32.

SPOSITO, M. Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil.


Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 27, n.1, p. 87-103, 2001.
29

STOER, S. R.A genética cultural da reprodução. Educação, Sociedade &


Culturas, n.º 26, 2008, 85-90.

THIRY-CHERQUES, H.R. Pierre Bourdieu: a teoria na prática. Revista


Administração Pública. 2006, vol.40, n.1, pp 27-53.

Você também pode gostar