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Políticas
Você já pensou sobre a sua importância, como cidadão, no desenvolvimento e
aprimoramento da comunidade da qual faz parte, bem como sobre o seu papel na
construção de um mundo melhor? Está consciente dos conceitos, dos fundamentos,
das diretrizes e das legislações que normatizam o convívio em grupo, bem como das
políticas públicas que conduzem os atores sociais, as instituições e o governo para
o desenvolvimento de uma sociedade com mais conhecimento, desenvolvimento
socioeconômico e cultural e justiça?
Educacionais
Esses são questionamentos muito importantes para a elaboração de uma crítica
construtiva e necessária, que pode direcionar as instituições a uma revisão de seus
conceitos e paradigmas e a novas propostas que realmente contribuam para a oferta
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2020
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10 Políticas Educacionais
Executivo, nas prefeituras (prefeito e secretários), nos estados (gover-
nador e secretários) e na União (presidente e ministros), bem como
no Poder Judiciário, por meio de juízes, desembargadores, e ministros.
Sendo assim, o Estado é necessário para promover e regular a vida das
pessoas que vivem em coletividade.
Tem sido comum, nos meios acadêmicos, que a realidade seja vista
sob as lentes da razão e da ciência; entretanto, deve ser igualmente
importante que também seja percebida sob os pressupostos da moral
e da ética, para, assim, ser compreendida em sua totalidade. Para esse
fim, um olhar voltado a todos os elementos, que compõem alguma coi-
sa ou ideia, precisa ser iniciado na origem primeira, nos princípios que
levaram à constituição dessa coisa ou ideia. No âmbito conceitual de
Estado, essa reflexão também precisa ser feita. Por isso, a primeira per-
gunta a se buscar resposta deveria ser: quais seriam os princípios que
sustentam a existência de um Estado?
12 Políticas Educacionais
Em um segundo momento, na busca pela compreensão da exis-
tência dos princípios do Estado, precisamos entender que normas e
regras são feitas para pessoas que vivem em coletividade. Portanto,
não se pode pensar na existência de Estado sem compreender a im-
portância da existência da coletividade.
O Estado, entendido como ordenamento político de uma
comunidade, nasce da dissolução da comunidade primitiva
fundada sobre os laços de parentesco e da formação de co-
munidades mais amplas derivadas da união de vários grupos
familiares por razões de sobrevivência interna e externas.
(BOBBIO, 1987, p. 73)
Princípios que
Princípio da dignidade da pessoa humana: compreende e
definem o Estado garante os direitos fundamentais a todos os cidadãos.
14 Políticas Educacionais
visando a uma administração pública de maneira justa e solidária, sem
preconceito de raça, gênero, origem, situação financeira, idade etc.
Mas de que modo isso pode ser feito? Veja que, no caso do Brasil, a
Constituição Federal expressa, em seu artigo 3º (BRASIL, 1988), objetivos
fundamentais que precisam ser coordenados pelo governo, por meio de
suas instituições, para que exista uma verdadeira nação. São eles:
16 Políticas Educacionais
“I – construir uma sociedade livre, justa e solidária”, aqui, o Estado deve
propiciar o bem-estar, a harmonia social e a qualidade de vida, garantir Para refletir
todos os meios necessários para que a comunidade viva a plena demo-
Observando a realidade na
cracia; “II – garantir o desenvolvimento nacional”, nesse caso, o governo sua comunidade, pode-se
precisa prover o bem-estar social, desenvolvendo uma série de políticas afirmar que o Estado brasileiro
tem cumprido com os seus
públicas para todas as regiões do país e tratando os iguais de maneira objetivos inscritos no artigo
igual e os desiguais de maneira especial para que atinjam o devido equi- 3º da Constituição? O governo
líbrio e cheguem à igualdade como os demais; “III – erradicar a pobreza e realmente tem sido soberano
na comunidade local e na
a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”, como internacional, considerando os
nos demais objetivos, aqui se buscam condições mais apropriadas à pro- últimos acontecimentos? Existe
uma nação brasileira, levando
moção da dignidade e do respeito à pessoa humana, visando à igualda-
em conta certos fatos que envol-
de de todos, tanto local quanto regional; e, por fim, “IV – promover o bem vem conflitos culturais entre as
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer regiões? E, quanto ao território,
o Brasil realmente se encontra
outras formas de discriminação”, ou seja, nesse aspecto, o governo pre-
bem definido, considerando
cisa reconhecer as possíveis condições referentes à igualdade, evitando a extensão fronteiriça que se
a discriminação e promovendo a harmonia entre as comunidades que encontra sem os adequados
controles de segurança?
compõem a sociedade e a população brasileira.
O fato é que esse sistema já existe desde a idade Média e tem mais
de 2 mil anos. Entretanto, ainda carece de aperfeiçoamento para evitar
a corrupção e o desvirtuamento das ações. Segundo Mill (2006, p. 188),
o ideal seria que os servidores do Estado fossem
responsáveis pela violação de quaisquer regras, e a autoridade
administrativa central apenas supervisionaria a sua execução; e,
caso não fossem adequadamente postas em prática, apelaria ao
tribunal específico para que este fizesse cumprir a lei de forma
que se livrasse dos funcionários que não as tivessem executado
2
de acordo.
Movimento intelectual
que celebrava a razão, com Na Idade Moderna, a República se configurou nos governos pós-
independência dos poderes e -Independência dos Estados Unidos (1776) e pós-Revolução Francesa
uma fiel garantia de liberdades 2
individuais. (1789). Com influências do Iluminismo , surge uma república com as
premissas de que os governados são cidadãos e verdadeiros titulares
da soberania e de que o governo é o encarregado pela organização do
18 Políticas Educacionais
Estado e proteção do interesse público. Portanto, nesse modelo, o go-
verno deve exercer suas funções sob os fundamentos da impessoalida-
de, da prudência e da publicidade de seus atos, fazendo prevalecer o
bem público.
Atividade 3
Veja que, com base nessas premissas, podemos pensar que o me-
Acredita-se, no meio acadêmico,
lhor sistema é o republicano. No entanto, quando observamos a monar- que república e monarquia par-
quia parlamentar, há pressupostos que vêm ao encontro da república, lamentar, bem como república
como a representatividade da comunidade, a escolha do governo por parlamentar e monarquia parla-
mentar, assemelham-se numa
meio do voto direto na república presidencialista, e por meio do voto série de aspectos. Em quais
indireto na monarquia parlamentar, e a coexistência dos poderes Exe- aspectos ocorrem convergências
entre esses sistemas e formas de
cutivo, Legislativo e Judiciário, que atuam de maneira interdependente.
governo?
Por isso, é fato que nos dois sistemas há o bônus do bem público.
20 Políticas Educacionais
Nas dinâmicas das políticas públicas, fazem-se presentes variados
atores que, se ausentes em determinados processos, são capazes de
prejudicar o planejamento e os resultados, os quais podem, ainda, não
alcançar sua aplicabilidade, caso sua legalidade seja questionada nos
específicos tribunais da justiça. Assim, nos processos de elaboração de
política públicas, devem-se fazer presentes alguns atores que tenham
relação direta com a localidade e a área.
a. Atores privados, que não possuem vínculo direto com a estrutura
administrativa do Estado, entre eles:
•• servidores públicos;
•• empregados públicos que, nos termos da Lei n. 9.962/2000,
são os ocupantes de emprego público na administração
direta, autarquias e fundações e os na administração pública
indireta, nas empresas públicas, nas sociedades de economia
mista e nas fundações públicas de direito privado – ambos
contratados sob o regime da CLT;
•• comissionados.
c. Atores políticos, que estão presentes no Estado e divididos pelos
poderes Executivo e Legislativo:
22 Políticas Educacionais
1.3.1 Políticas educacionais: primeiras reflexões
Política pública educacional é tudo aquilo que um governo faz ou
deixa de fazer na área da educação.
A avaliação de políticas, programas e projetos sociais e educacio-
nais foi incorporada, de fato, à agenda governamental brasileira no
início dos anos de 1990. Dentre os fatores que contribuíram para
isso destacam-se: a consolidação democrática, o ajuste econômico
e consequente redução dos recursos para a área social, as maio-
res exigências impostas pelos órgãos financiadores, especialmente
internacionais, em relação ao controle de gastos e resultados etc.
Uma dinâmica de racionalização, que incluiu a observância dos cri-
térios de eficácia, efetividade e eficiência na utilização dos recursos
financeiros, e uma preocupação crescente com passaram a envol-
ver a gestão pública brasileira. (RUS PEREZ, 2010, p. 2)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As comunidades vivem sob normas e regras, inscritas em costumes
e/ou em leis, não tornando possível, em nenhuma delas, que seus indi-
víduos façam somente o que querem ou deixem de fazer o que devem.
Mesmo sendo o indivíduo completamente livre, ele ainda é ordenado em
uma vida social e comunitária.
A implantação de planos, projetos e ações para o bem da comunidade
vai sempre depender de discussões e estudos com a participação de todos
ou, no mínimo, das lideranças e atores das áreas que permeiam a vida das
pessoas – como a da saúde, da segurança, do meio ambiente e, principal-
mente, da educação, porque é nessa área que se concentram as ideias e
políticas que podem contribuir para os melhores caminhos do desenvolvi-
mento da consciência coletiva, da ciência, do conhecimento e da cultura da
comunidade. Portanto, estudar esse processo é e sempre será necessário,
uma vez que a reflexão favorece a produção de novas ideias e projetos,
podendo garantir a evolução dos interesses individuais, bem como a dos
coletivos, em uma dinâmica de respeito às diferenças e às adversidades.
24 Políticas Educacionais
REFERÊNCIAS
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ARISTÓTELES. Política. 3 ed. Brasília: UNB, 1997.
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BOBBIO, N. Estado, governo e sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
DAHL, R. Poliarquia: participação e oposição. São Paulo: Edusp, 1997.
MILL, J. S. Sobre a liberdade. Lisboa: Edições 70 LDA, 2006.
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RUS PEREZ, J. R. Por que pesquisar Políticas Públicas Educacionais atualmente? Educação
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SKINNER, Q. The Republican Ideal of Liberty. In: BOCK, G.; SKINNER, Q.; VIROLI, M. Machiavelli
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TAYLOR, C. Philosophical Arguments. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.
WEBER, M. Economia e Sociedade: fundamentos da Sociologia compreensiva. São Paulo:
UNB, 2004.
GABARITO
1. Com exceção dos projetos pedagógicos – que são construídos pelos diversos atores
envolvidos diretamente com a educação –, a educação se encontra comprometida
com projetos, dos quais toda a comunidade é convidada a participar, voltados para
os estudantes, abordando a segurança destes enquanto se encontram nas instala-
ções da escola, a sua alimentação/merenda, bem como com o transporte escolar para
aqueles que vivem em ambiente rural. Para responder o enunciado dessa primeira
atividade, você deve analisar se isso de fato ocorre em planos e projetos do seu muni-
cípio, nessas três áreas que abarcam a educação. Os dados podem ser solicitados na
Secretaria Municipal de Educação, pois é de obrigação do município a disponibilização
de todas essas informações a todos os munícipes.
2. Primeiramente, é importante que você faça uma pesquisa sobre a formação escolar
e experiência que o prefeito e os secretários de seu município têm. Depois, pesquise
para saber quantos existem e como se encontram os postos de saúde e hospitais que
atendem a sua comunidade, bem como se a comunidade está contente com a pre-
sença das polícias municipal e militar pelos bairros. Com esses dados, você consegue
responder a essa questão. O município é obrigado a disponibilizar essas informações
a todos os munícipes.
26 Políticas Educacionais
2
Políticas educacionais
numa perspectiva
histórico-constitucional
Compreender a educação enquanto um direito fundamental
é dar a ela todo significado para a construção da cidadania e a
promoção e garantia da dignidade do ser humano. No intuito de
atingir esses objetivos, a educação deve ser gratuita, laica, uni-
versal e defensora de valores cívicos e econômicos, de modo que
todos possam dela usufruir sem qualquer discriminação, e os go-
vernantes tenham as condições necessárias para proporcioná-la
por meio de projetos e ações construídos por toda a comuni-
dade, na forma representativa, sob as melhores estruturas e de
maneira continuada.
Por isso, este capítulo identificará os pressupostos inscritos
nas Constituições do Brasil em relação a esses elementos, para
que, assim, possamos conhecer como os processos ocorreram
e relacionaram-se na trajetória histórica da nossa educação. E,
nessa dinâmica, serão analisados dispositivos de emendas cons-
titucionais e partes de planos de ensino que têm relação com os
elementos indicados, uma vez que não seria possível analisar to-
dos os pressupostos e princípios constitucionais, neste momento.
Também, observaremos os avanços que ocorreram, bem como os
recuos que podem ser explicados pelas dinâmicas e conjunturas
políticas e sociais, em seus devidos tempos.
28 Políticas Educacionais
c. A terceira, correspondendo à proclamação dos
direitos sociais, como o bem-estar e a igualdade
SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
dirigidos a todas as pessoas – o momento em
que a sociedade passou a usufruir de políticas
públicas, e, no caso, de políticas educacionais de
maneira gratuita, leiga e universal.
O fato é que, com a consolidação dos direitos civis, bem como com
a necessidade de promoção e desenvolvimento de novos direitos, a es-
cola deveria se tornar o lugar de excelência para novos conhecimentos
e aprimoramento dos já adquiridos. Por isso o direito de todos a um en-
Atividade 1
sino público ou particular de boa qualidade ter sido, nas Constituições
do Brasil, uma preocupação. Considerando que a educação
tem como pilares ser gratuita,
Entretanto, devemos pensar que não seria suficiente apenas a existência leiga e universal, e observando
de escolas; é preciso que estas se tornassem um lugar em que se escutam a realidade de seu município, é
possível afirmar que as escolas
os movimentos das ideias e dos comportamentos que ocorrem em seus próximas a você atendem
espaços, conforme Bourdieu (1982 apud BOTO, 2005, p. 788) afirmou: a todos esses pilares com a
competência esperada pela
a educação escolar exerce sobre as camadas populares níveis so- comunidade? Para responder
brepostos de violência simbólica, dado que, além de referendar à questão, você precisará
o capital cultural dos alunos pertencentes às camadas privilegia- fazer uma pesquisa no site
das da população, convence aqueles que não são herdeiros da da Secretaria de Educação ou
mesma cultura erudita de que são eles os responsáveis por seu conversar com profissionais
envolvidos na vida da escola,
próprio malogro na escola.
e/ou envolvidos nas políticas
Para entendermos um pouco mais dos padrões ideológicos, da públicas do seu município.
30 Políticas Educacionais
No Brasil, o direito a uma educação gratuita está garantido em dis-
positivos constitucionais em quase todas as Constituições que o país
teve (1824, 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967) e tem (1988).
32 Políticas Educacionais
Em seguida, o país estabeleceu a Constituição de 1946, na qual Livro
a educação voltou a ser definida como direito de todos, com ensino O livro Política e educação
no Brasil – o papel do
primário obrigatório e gratuito (BRASIL, 1946), e a restabelecer a vincu- Congresso Nacional na
lação de recursos para a pasta, visando à manutenção e ao desenvolvi- legislação do ensino
propõe uma reflexão
mento do ensino. Também, estados e Distrito Federal voltaram a ter a crítica sobre a política que
atribuição de organizar os seus sistemas de ensino. Por isso, segundo tem desempenhado o
Congresso Nacional nos
Saviani (2002), essa foi uma Constituição como instrumento de demo- processos legislativos
cratização da educação pela via da universalização da escola. que buscam estruturar
os princípios e as normas
Com novas correntes ideológicas sendo implantadas pelo mundo, para que definem a organi-
zação do ensino, indo
não ficar alheio a essas mudanças, o Estado brasileiro, sob o governo de além de uma análise me-
militares, impôs uma nova Constituição – a Constituição de 1967 –, con- ramente administrativa,
pedagógica e sociopolítica,
templando as ideologias relativas ao seu sistema educacional, que passou que tem prevalecido. É
a fortalecer o ensino particular em detrimento do ensino público oficial. uma obra indicada para
todos os estudantes que
buscam um entendimen-
to mais profundo das
Desde 1964, o país vivia sob governos militares e, dentre a fi- dinâmicas políticas do
losofia implantada por esses governos, buscava consolidar uma Parlamento na construção
de legislações sobre a
identidade nacional e a sua plena soberania. Por isso, foi retirado educação.
do título da Constituição de 1964 o termo Estados Unidos, o qual SAVIANI, D. 7. ed. Campinas, SP:
aparecia anteriormente nos títulos das Constituições, para que o Autores Associados, 2015.
34 Políticas Educacionais
Vargas (1930–1946), um período em que se desejava construir uma Saiba mais
forte identidade nacional. Para isso, em 1930, criou-se o Ministério O Conselho Nacional de
Secretários de Educação
dos Negócios da Educação e Saúde Pública e, em 1931, houve a
(CONSED) é uma associação de
Reforma Francisco Campos, resultando no Conselho Nacional de direito privado, sem fins lucrati-
Educação (CNE), órgão promotor da formatação do Plano Nacional, vos, criada em 1986, para fins de
reunir as Secretarias de Educação
contemplando um conjunto de metas para todo o território nacional
dos estados e do Distrito Federal,
– no início, sob duas abordagens: com a finalidade de promover a
integração das redes estaduais
a. Formação de cidadãos por meio de escolas democráticas e que de educação, intensificar a
incentivassem a formação humana e crítica dos estudantes. participação dos estados nos
Participaram, dentre outros, Fernando de Azevedo, Anísio processos das políticas nacionais
de educação e motivar a força
Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Antônio F. Almeida
colaborativa entre as unidades
Junior, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e federativas para o desenvolvi-
Cecília Meireles – os Pioneiros da Educação. mento da escola pública.
36 Políticas Educacionais
Art. 9º – A União incumbir-se-á de: I - elaborar o Plano Nacional
de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios [...].
Art. 10 – Os Estados incumbir-se-ão de: [...]. III - elaborar e exe-
cutar políticas e planos educacionais, em consonância com as
diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coorde-
nando as suas ações e as dos seus Municípios;
Art. 11 – Os Municípios incumbir-se-ão de: I - organizar, manter
e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas
de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da
União e dos Estados. (BRASIL, 1996)
38 Políticas Educacionais
etc. – enquanto garantidora e patrocinadora do desenvolvimento edu-
cacional e social e de produção e fornecimento de alimentação, saúde,
transporte, energia e habitação para toda a sociedade. Portanto, há
uma relação especial entre a economia e a educação: enquanto a pri-
meira é a base para a garantia de uma escola com toda a infraestrutura
necessária – tanto física, quanto de profissionais –, a segunda está para
o desenvolvimento das capacidades intelectuais para o trabalho, bem
como da qualificação dos trabalhadores.
40 Políticas Educacionais
individuais ou sociais, seja qual for a sua natureza, que tenham
por fim dominar os mercados nacionais, eliminar a concorrência e
aumentar arbitrariamente os lucros. (BRASIL, 1946, grifos nossos)
42 Políticas Educacionais
e todas as suas instituições devem caminhar, de modo que os direitos Atividade 4
fundamentais estejam expressos e constem todos os mecanismos para Considerando a realidade de
nossas escolas públicas, você
as devidas promoções, ampliações e garantias.
conhece uma ideia ou um proje-
Precisamos compreender, nessa direção, que, quando a to que tenha surgido dos meios
acadêmicos, das faculdades ou
Constituição expressa o princípio do direito fundamental e universal
das próprias escolas para resolver
à educação, ela está se propondo a garantir uma educação de quali- demandas relativas à infraestru-
dade, gratuita, democrática e solidária, promotora de cultura, diversi- tura, às vagas, à aprendizagem,
à remuneração dos profissionais?
dade, conhecimento, ciência e artes. E, assim acontecendo, o Estado, Se sim, tal ideia e/ou projeto
como o guardião da Constituição, estará cumprindo a sua responsabi- resultou em algo prático para a
lidade de ser a instituição que coordena a construção de uma socie- sua comunidade ou se encontra
em trâmite? Para responder
dade igualitária, instruída na ciência, na cultura, e no bem público e à questão, acesse os sites da
comum; uma sociedade em que os direitos são realidade para todos, Sociedade Civil Organizada, ou
entre em contato com a coorde-
sem qualquer discriminação.
nação dessas instituições para se
Quanto ao direito universal à educação, primeiro se faz importante inteirar sobre tais demandas.
entender que a educação é a ferramenta da inclusão de todos no de-
senvolvimento de uma nação; é a ferramenta que concretiza o pleno
desenvolvimento da pessoa, o preparo para a cidadania e a quali-
ficação para o mundo do trabalho, e fortalece todos os demais
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direitos como fundamentais. Por isso, é importante que a edu-
cação seja universal, isto é, um direito para todos, sem qual-
quer discriminação.
44 Políticas Educacionais
não presente nos dispositivos legais, a sociedade evolui sob a pressão
das novas circunstâncias que vive, como a chegada dos imigrantes
europeus e a Primeira Guerra Mundial. E, dentre as novas exigências
circunstanciais, a escola iniciou um processo de abertura ao acesso
educacional de todas as crianças em idade escolar.
46 Políticas Educacionais
é que a de 1988 passou a garantir, também, o acesso ao ensino fun-
damental àqueles que passaram da idade própria de cursá-lo, além da
universalização do ensino médio, do direito de jovens e adultos a
serem alfabetizados, do direito da educação infantil e do aces-
so a creches e pré-escolas (conforme Emendas Constitu-
cionais n. 14/1996 e n. 53/2006). Ainda, persistiram, nos
mandamentos educacionais, a gratuidade universal da
educação superior pública. Portanto, o direito
fundamental e universal à educação ficou as-
segurado, de maneira indiscriminada, como
pressuposto para a efetivação do Estado
Democrático de Direito.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reflexão desenvolvida neste capítulo nos leva a concluir que as leis
são elaboradas de acordo com o contexto no qual a sociedade se en-
contra, e não poderia ser de outra forma. No entanto, percebemos que
há momentos na história nos quais não ocorre essa completa interação,
principalmente durante governos não representativos, ou mesmo duran-
te governos cujos interesses de certos grupos ou de determinadas classes
sociais são privilegiados. Nesse sentido, a educação deve ser um direito
fundamental para todas as pessoas, proporcionada de maneira gratui-
ta, universal, leiga e sem qualquer discriminação, pois é ela que tem os
pressupostos e as diretrizes necessários para levar o povo ao pleno de-
senvolvimento em todos os seus aspectos culturais, econômicos, sociais e
políticos, objetivando a igualdade e a construção da cidadania.
REFERÊNCIAS
BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2004.
BOTO, C. A educação escolar como direito humano de três gerações: identidades
e universalismos. Educação & Sociedade, Campinas, Cedes, v. 26, n. 92, p. 77-
98, out. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-
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BRASIL. Constituição Política do Império do Brazil (1824). Diário Oficial da União, Poder
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União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 fev. 1891. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao91.htm. Acesso: 23 abr. 2020.
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1934). Diário Oficial da
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 jul. 1934. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm. Acesso: 23 abr. 2020.
48 Políticas Educacionais
GABARITO
1. É possível responder a essa questão realizando uma entrevista com um profissional
da educação de seu município ou fazendo uma consulta/busca nas redes sociais.
No entanto, é público e notório o conhecimento e a informação de que não há escolas
gratuitas suficientes para todos os alunos que precisam, bem como para todas as
fases escolares, além de que há escolas nas quais prevalecem certas ideologias reli-
giosas, quando a educação deveria ser leiga.
3. Ao fazer a busca sobre diretrizes que foram e/ou estão sendo contempladas na co-
munidade, é interessante observarmos o que previu o PNE entre os anos 2001-2011
e compará-los. Para isso, é importante destacar que o Plano Nacional buscou privile-
giar o fim do analfabetismo, a oferta de educação escolar para todos, uma educação
ofertada em escola única, uma escola que também preparasse para o mercado de
trabalho, um ensino humano, mas que, também, considerasse a ciência e a tecnologia
como essenciais para o desenvolvimento da comunidade, a aplicação de recursos fi-
nanceiros suficientes para manter a estrutura física, bem como de recursos humanos
para uma escola de qualidade, uma escola que promovesse o respeito à diversidade
e uma escola com gestão democrática da educação. Assim, cite apenas três dessas
diretrizes que você sabe que foram contempladas em seu município, indicando de
que forma você teria sido beneficiado por elas.
50 Políticas Educacionais
3.1 A educação na Colônia e a
Vídeo Reforma Pombalina
Para pensar o Brasil, inicialmente, é necessário compreendermos
que o país foi uma colônia de Portugal, do século XV ao ano de 1822,
quando se tornou independente do país europeu. No início desse pro-
cesso, visando povoar e administrar o imenso território da colônia, o
rei português D. João III (1502-1557) dividiu a terra em quinze capita-
nias hereditárias, entregando-as para doze nobres portugueses de sua
confiança, os chamados donatários. Nesse período, a economia era de
exploração, a colônia servia a sua metrópole com as suas riquezas por
meio do trabalho escravizado do indígena e, um pouco depois, do ne-
gro traficado de algumas regiões da África.
52 Políticas Educacionais
metodologias relativas a todos os campos das atividades pedagógicas
que se estenderam de 1599 até o ano de 1759. Saiba mais
No ano de 1759, a Companhia de Jesus perdeu o seu status quando O Ratio atque
Marquês de Pombal, o então Secretário de Estado dos Negócios Interio- Institutio Studiorum Societatis
Iesu (Plano e Organização de
res do Reino – durante o reinado de D. José I –, deu início a um processo Estudos da Companhia de
de secularização do ensino que ficaria sob a responsabilidade direta da Jesus) se constituiu de um
Coroa Portuguesa: foi reformulado o currículo das escolas e da facul- código de leis que tinha por
finalidade ordenar as atividades
dade de Coimbra, alinhando-o às mudanças promovidas pelas luzes e e os métodos de avaliação nas
pelo saber científico da filosofia iluminista – uma corrente filosófica escolas jesuítas, preceituando
uma educação para as virtudes
do século XVII que negava a origem divina dos reis, ignorava qualquer
evangélicas, para os bons
crença que fosse contrária à evidência científica, pregava o liberalismo costumes e hábitos saudáveis,
econômico e a liberdade de expressão. Teve entre os seus represen- detalhando as modalidades
curriculares, o processo de
tantes, René Descartes (1596-1650), Montesquieu (1689-1755), Jean-Ja-
admissão, o acompanhamento
cques Rousseau (1712-1778) e Luís António Verney (1713-1792). e promoção dos estudantes,
os métodos de ensino e de
A ideia, então, era a implantação de uma educação pública, de um aprendizagem, as condutas
ensino que deixasse de ser exclusivamente confessional e que tivesse e posturas respeitosas dos
seus fundamentos tanto nos princípios clássicos quanto nas ideias dos professores e estudantes, os
textos indicados para estudos
enciclopedistas franceses; que além do ensino do latim e do português, como Aristóteles, Cícero, São
também outras línguas modernas fizessem parte do currículo escolar. Tomás de Aquino, e outros
greco-romanos. Também
Nessa direção, por meio do Alvará de 1759 (PORTUGAL, 2020), Pombal
indicava a variedade dos
implanta as seguintes medidas: exercícios e atividades escolares,
a frequência e seriedade dos
•• Expulsão da Companhia de Jesus, do Brasil e de Portugal.
exercícios, a hierarquia e as
•• Inutilização de qualquer metodologia de ensino dos jesuítas, em subordinações.
escolas brasileiras e portuguesas.
•• Implantação de escolas primárias e secundárias sob a docência
laica.
•• Implantação do latim, do grego e da retórica, nos currículos.
•• Fiscalização e orientação do ensino por meio da figura do diretor
de estudos, o que antes era feito por membros eclesiásticos.
54 Políticas Educacionais
afazeres domésticos, a educação do corpo e o controle dos dese-
jos mundanos por meio da castidade, que precisava ser mantida
até o casamento.
Tudo parecia correr bem para Família Real portuguesa, que se en-
contrava no Brasil, bem como para os habitantes, devido à nova per-
cepção e visão do mundo e aos novos costumes e benfeitorias que
56 Políticas Educacionais
mentos nela presentes que mantinham relação direta com a realidade
dos ricos produtores desse produto agrícola – o mais importante culti- Saiba mais
vado em nossas terras. Privilégios de classes: para
ser senador, requeria-se que
A participação no exercício do poder só era possível para aqueles tivesse de rendimento anual por
bem próximos do rei, os cidadãos ativos, ou fazendeiros de plantações bens, indústria, comércio, ou
empregos, a soma de 800mil réis
de mandiocas, excluindo os demais populares de qualquer interlocução
(art. 45), ficando excluídos de
com o Estado e com a busca do desenvolvimento da cidadania. votar nas Assembleias Paroquiais
Portanto, tal Constituição se valeu para criar uma sociedade com os que não tivessem de renda
líquida anual 100 mil réis por
direitos apenas para aqueles que tinham renda, para uma elite agrário- bens de raiz, indústria, comércio,
-exportadora mantida por escravizados e pessoas sem renda. Uma ou empregos (art. 92). Quanto a
sociedade constitucionalmente pensada para os de primeira classe, serem eleitores, poderiam ser e
votar na eleição dos deputados,
com liberdade, e os de segunda classe sem qualquer liberdade. senadores, e membros dos
conselhos de província todos os
Portanto, a sociedade brasileira, nos primeiros tempos do Império,
que podem votar na Assembleia
caminhava sob costumes, políticas, culturas e, especificamente, sob uma Paroquial (art. 94), com exceção
educação que se revestiria de intensos processos de exclusão, conforme dos que não tiverem de renda
líquida anual de 200 mil réis
comenta Cury (2014, p. 25): (art. 94) (BRASIL, 1824).
À época da Independência, por exclusão socioétnica, 40% dos ha-
bitantes não tinham acesso à educação como também não eram
considerados cidadãos. Se a isso ajuntarmos as mulheres, que,
pela concepção organicista da época, se limitavam a uma cida-
dania passiva, então o universo dos não cidadãos ou cidadãos
imperfeitos sobe consideravelmente.
58 Políticas Educacionais
E no dia 15 de outubro do mesmo ano foi criada a primeira lei de ensi-
no público que determinou, além de diretrizes para a educação mascu-
lina, a criação de escolas de primeiras letras e o ensino primário para
as meninas – mas somente em cidades, vilas ou povoados populosos,
com o intuito de criar uma rede escolar no Brasil, além de constituir as
diretrizes sobre a formação e contratação de professores.
60 Políticas Educacionais
Como podemos observar na estrutura da Lei n. 1, de 1837, a preo-
cupação era com a não dissolução do ordenamento político do Estado
e da situação que era interessante para a aristocracia. Os liberais pro-
duziram uma legislação educacional que não moveu as discriminações
e não resolveu a falta de estrutura e financiamento público de então.
Portanto, uma educação imperial sem qualquer importância, e que iria
perdurar até o ano de 1890.
62 Políticas Educacionais
•• Exame de madureza, também perante uma comissão, era prestado
no fim do curso integral e destinado a verificar se o aluno tinha a cul-
tura intelectual necessária. Isso acontecia porque o aluno aprovado
nesse exame teria direito à matrícula em qualquer dos cursos supe-
riores de caráter federal, e aquele que conseguisse dois terços da
nota recebia prontamente o título de bacharel em Ciências e Letras.
64 Políticas Educacionais
teresses da burguesia cafeeira –, ou passavam a viver em lugares
muito distantes dos centros das cidades, abandonados à própria
sorte, vivendo apenas com o que conseguissem produzir.
Na realidade, havia poucas escolas para o país, bem como não ha-
via tratamento científico dos problemas escolares no relativo a gestão,
planos de ensino, formação docente, recursos etc. Mais ainda: sobre o
que se tinha, não se vislumbrava um olhar com qualidade em relação
aos aspectos filosóficos e sociais, ou em relação aos aspectos técnico-
-científicos dos métodos utilizados.
66 Políticas Educacionais
Outro fator importante que esteve nos estudos do grupo foi a ques-
tão da unidade federativa, mas descentralizada sob diretrizes de um
plano comum, de modo que o Ministério da Educação pudesse execu-
tar as orientações da função educacional, promovendo o intercâmbio
pedagógico com os estados e municípios em um regime de intercâm-
bio, solidariedade e cooperação. Saiba mais
68 Políticas Educacionais
devida importância ao Movimento dos Pioneiros da Educação Nova de
1932, pois, por meio dele, algumas mudanças conceituais e estruturais
no campo da educação ocorreram na sociedade brasileira, se perpe-
tuaram nas décadas seguintes e são apreciadas em todos os espaços
educacionais na atualidade.
foram reintroduzidos. Foi com base nessa Constitui- Carlos Roberto Jamil Cury
é um filósofo brasileiro
ção que se pensou na elaboração de uma Lei de Di- que foi membro do
retrizes e Bases (LDB), conforme seu artigo 5º, inciso Conselho Federal de
Educação e do Conselho
XV, letra “d”, a saber: “Compete à União: XV - legislar Estadual de Educação de
sobre: d) diretrizes e bases da educação nacional” Minas Gerais e presidente
do CAPES, o que dá gran-
(BRASIL, 1946). Assim, conforme previsto, no gover- de credibilidade a suas
no de João Belchior Marques Goulart (1961-1964), o obras e, em especial, para
o livro Educação e direito
país construiu a sua primeira LDB (BRASIL, 1961) – à educação do Brasil: um
uma lei que construiu um Plano Nacional de Educa- histórico pelas Constitui-
ções, que procura verificar
ção (PNE) para a sociedade brasileira. e analisar como o ensino
e o direito à educação
É importante destacarmos, desde já, que a LDB se encontram presentes
teve a sua tramitação política iniciada no ano de nas Constituições e nas
demais legislações que
1947 e se estendeu até o ano de 1961. O fato é que o constituíram os funda-
processo conciliatório relacionado aos princípios de mentos e as diretrizes
das políticas educacionais
liberdade, solidariedade e preservação dos direitos no país. É uma obra que
e deveres individuais, da família, das instituições so- complementa os estudos
desenvolvidos neste
ciais e do Estado, só foi possível a partir do fim do capítulo.
Estado Novo, em 1946. Além disso, a luta entre os li- CURY, C. R. J. Belo Horizonte: Mazza
berais escolanovistas que defendiam a escola públi- Edições, 2014.
70 Políticas Educacionais
Mudanças interessantes para aquele momento, não é mesmo?
De uma forma geral, essas primeiras e importantes alterações nos
processos educacionais traduziam as correntes democráticas que se
constituíam nas principais nações republicanas, e o Brasil não poderia
ter se mantido omisso a esses movimentos. Por isso, houve uma LDB
refletindo esse momento. Ao analisar tal legislação (BRASIL, 1961),
ainda são observados fundamentos e diretrizes muito importantes,
que precisam ser destacados, por exemplo:
•• A educação deve ser inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade, visando à dignidade da pessoa humana,
bem como à unidade nacional.
•• A educação é um direito de todos – até mesmo para os excepcio-
nais que deveriam ser enquadrados no sistema geral de educa-
ção – com oferta tanto em escola pública quanto em particular
e/ou no próprio lar, com ensino primário obrigatório, ofertado
em escola pública e gratuita, inclusive com escolas maternais e
jardins de infâncias para os menores de sete anos.
•• A oferta de ensino técnico, por meio de cursos industriais, agríco-
las e comerciais, é um direito da comunidade – o que traz a ideia
de uma cooperação entre a escola formal e os meios produtivos.
•• O ensino superior está para formar para a pesquisa, para o de-
senvolvimento das ciências, letras e artes, e para a profissionaliza-
ção, os cursos não podem ter menos de quatro anos de duração,
com controle de frequência dos estudantes e dos programas de
ensino – o que leva à ideia de disciplina e inspeção.
•• A Educação Física é obrigatória nos cursos primários e secundá-
rios, bem como nos cursos superiores de predominância esporti-
vas – o que remete à ideia de preocupação com a saúde do corpo.
•• O Ensino Religioso é de matrícula facultativa – o que remete à
liberdade religiosa.
•• Nos estabelecimentos oficiais de ensino médio e superior deve
ser recusada a matrícula ao aluno reprovado mais de uma vez em
qualquer série ou conjunto de disciplinas – o que remete à ideia
de intensa disciplina nos ambientes escolares.
72 Políticas Educacionais
Educação de grau superior: com a oferta de cursos de gradua- Atenção
ção, pós-graduação, especialização, aperfeiçoamento e extensão, mi- Só levava o título de
nistrados em estabelecimentos, agrupados ou não em universidades, universidade a reunião, sob
administração comum, de cinco
com a cooperação de institutos de pesquisa e centros de treinamento ou mais estabelecimentos de
profissional. ensino superior.
Podemos pensar que essa situação fez com que boa parte da edu-
cação se desenvolvesse sob um vazio de conteúdo, por estar revestida
por um mercado de livros didáticos que decidia o quê e como ensinar,
bem como por uma educação mais voltada à massificação de métodos
em que se formava a pessoa para viver em uma sociedade de consu-
mo. Isso não foi bom para o desenvolvimento da sociedade e para o
conhecimento, conforme afirma Frigotto (2010, p. 20):
A educação no Brasil, particularmente nas décadas de 1960 e
1970, de prática social que se define pelo desenvolvimento de
conhecimentos, habilidades, atitudes, concepções de valores ar-
ticulados às necessidades e interesses das diferentes classes e
grupos sociais, foi reduzida, pelo economicismo, a mero fator de Atividade 2
produção – “capital humano”.
A LDB (BRASIL, 1961) propôs
Resumindo, a prática da proposta resultou em uma educação de uma educação inspirada nos
princípios de liberdade e nos
grau primário à qual a escola se voltou mais para construir hábitos ideais de solidariedade, visando
de consumo; em uma educação de grau médio, em que a ideia era à dignidade da pessoa humana.
habilitar o estudante para uma variedade de trabalho oferecido para No entanto, quando percebemos
que no final da década de 1960
atender exclusivamente aos interesses daqueles que detinham e domi- ela serviu mais para qualificar
navam os meios de produção – é fato que alunos das classes subalter- o jovem para o exercício de
profissões liberais com uma
nas não conseguiram competir por meio dos exames vestibulares no
formação reprodutivista, o
mesmo nível que os alunos dos estabelecimentos particulares, ficando que podemos afirmar sobre os
para aqueles apenas cursos não buscados pela elite; e, em uma edu- princípios da lei?
74 Políticas Educacionais
lar em uma linha de maior racionalidade e técnica, para a construção
de planos que promovessem um maior relacionamento de conteúdos
entre os diversos graus do ensino, visando à obrigatoriedade do ensino
da língua inglesa, desde a primeira série do primário, e uma reforma
no ensino brasileiro que garantisse a sua adequação aos desígnios e
interesses da economia internacional, sobretudo aos interesses das
grandes corporações norte-americanas.
Dentre os doze acordos assinados, quatro, explicitamente, men-
cionavam o ensino médio (ou ensino secundário), entretanto,
todos contemplavam medidas que, de alguma forma, abrangiam
esse nível de ensino, uma vez que eles, embora implicassem assis-
tência a setores específicos, possuíam uma estrutura única, per-
ceptível através de aspectos comuns. (ROMANELLI, 1985, p. 213)
Foi nessa dinâmica política que em 1971 foi publicada a segunda Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a de n. 5.692, uma lei com
importantes diretrizes para a estrutura do ensino, bem como para os
currículos (BRASIL, 1971)
•• Uniu a escola primária com o ginasial, e denominou esse período
como primeiro grau (com 8 anos de duração), revestindo esse
período de aspecto técnico, principalmente nas suas séries finais,
eliminando o exame de admissão que conferia acesso entre
esses níveis.
•• Denominou o colegial como segundo grau.
•• Dividiu o currículo em duas partes: educação geral e ensino pro-
fissionalizante, com um núcleo de matérias comuns obrigatórias
(indicadas pelo Conselho Federal de Educação), e uma parte di-
versificada a ser escolhida pelo estabelecimento escolar com base
em uma lista relacionada pelo Conselho Estadual de Educação.
Direção: Jeff Bleckner. CBS: EUA, •• Educação na zona rural com a possibilidade de o estabelecimento
2011. organizar os períodos letivos, com prescrição de férias nas épo-
cas do plantio e da colheita de safras.
•• Tratamento especial para alunos que apresentem deficiências
físicas ou mentais, para os que se encontrem em atraso con-
siderável em relação à idade regular de matrícula e para os
superdotados.
•• Inclusão da Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação
Artística, e programas de saúde como matérias obrigatórias do
currículo, além do Ensino Religioso facultativo.
•• Preponderância dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos
na avaliação do aproveitamento escolar, a ser expressa em notas
ou menções.
•• Aprovação de alunos com frequência inferior a 75%, desde que
tenham tido aproveitamento superior a 80%.
76 Políticas Educacionais
•• Uma educação básica (1º e 2º graus) com objetivos voltados
para o desenvolvimento das potencialidades da pessoa, visando
à autorrealização, à qualificação para o trabalho, à cidadania
consciente, e ao nacionalismo integrativo.
•• Educação como dever da União, dos estados, do Distrito Federal,
dos territórios, dos municípios, das empresas, da família e da co-
munidade em geral.
•• Possibilidade de os estudantes estudarem o 2º grau na rede pri-
vada por sistema de bolsas com restituição.
•• Formação do professor para o ensino de 1° grau, da 1ª à 4ª sé-
rie, em habilitação específica do 2° grau (magistério) e formação
preferencial dos especialistas da educação em curso superior de
graduação ou pós-graduação, além da formação de administra-
dores, planejadores, orientadores, inspetores, supervisores e de-
mais especialistas em curso superior de graduação, com duração
plena ou curta, ou de pós-graduação.
•• Obrigação do registro profissional para o profissional de magisté-
rio ou especialidade pedagógica.
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78 Políticas Educacionais
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bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/mapion.htm. Acesso em: 18 maio 2020.
GABARITO
1. Cada estudante pode ter uma percepção diferente sobre um mesmo tema, conside-
rando que cada um tem critérios próprios para seus argumentos e observações. No
entanto, nessa questão podemos observar que ainda é um fato que os cursos de Me-
dicina, Engenharia e Direito são os mais frequentados pelas classes sociais mais abas-
tadas – uma realidade que pode ser explicada pelos altos valores das mensalidades,
bem como pela necessidade de dar continuidade, aos negócios de família. Entretanto,
por uma série de políticas públicas existentes, na atualidade esses cursos podem ser
acessados por pessoas das mais variadas classes sociais existentes no país.
2. A LDB n. 4.024/1961, na prática, serviu mais para fomentar uma educação do jovem
para o exercício de profissões liberais reprodutivistas, o que infelizmente ficou muito
distante da ideia de uma educação inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade. O fato é que tal lei quis materializar as ideias dos escolanovistas da
década de 1930, mas sua implantação e aplicação se deu apenas na década de 1960,
quando as necessidades do país eram absolutamente outras.
80 Políticas Educacionais
vos previstos na LDB e no Plano Nacional de Educação, há outras
legislações e projetos específicos quanto à regulação, avaliação de
cursos e de instituições, avaliação dos estudantes, financiamento
dos estudantes, oferta na forma EaD etc. Assim, com este capítulo
pretendemos refletir sobre o planejamento educacional e os sis-
temas de ensino a partir de 1996, considerando esse um período
com expressivo número de projetos e legislações sobre o tema,
bem como o momento histórico em que a educação teve mais len-
tes sociais e parlamentares sobre si mesma.
82 Políticas Educacionais
Quanto à organização da educação, ela está dividida entre os entes
federativos. Segundo o Título IV, cabe à União: a elaboração do Plano
Nacional e as competências e diretrizes da educação – com a colabora-
ção de outros entes; assistência técnica e financeira aos demais entes;
no ensino superior, baixar as normas gerais relativas a avaliação, auto-
rização, reconhecimento, credenciamento, supervisão e avaliação dos
cursos (os mantidos pela União e os pela iniciativa privada).
84 Políticas Educacionais
estados). Como finalidades para a educação superior estão o estímulo
da criação cultural, o desenvolvimento do espírito científico e reflexi-
vo do estudante, assim como o aprimoramento do conhecimento dos
problemas do mundo – sempre buscando formar o discente para uma
participação ativa no desenvolvimento da sociedade.
Para cursar uma pós-graduação é Para cursar, basta atender aos requisi-
necessário que o estudante já tenha, tos exigidos pelo estabelecimento de
pelo menos, uma graduação concluída, ensino.
além de atender aos requisitos exigidos
pelo estabelecimento de ensino.
86 Políticas Educacionais
ano de 2011 – no entanto, foi estendida até 2014, porque somente em 25
de junho de 2014 foi aprovado o atual PNE, Lei n. 13.005 (BRASIL, 2014).
Uma pergunta que podemos nos fazer é: por que existiu essa lacuna
entre o fim que era previsto do primeiro PNE e a publicação do segundo?
O fato é que em dezembro de 2010, como se era de esperar, foi enca-
minhado ao Congresso Nacional um projeto de lei relativo ao PNE 2011-
2020. Contudo, esse projeto não contemplava um do dos lados do tripé
desejado pelos atores sociais da educação: o diagnóstico da realidade,
do tripé diagnóstico-diretrizes-metas. Assim, a questão foi levada a
debate. Após a tramitação na Câmara Federal, a redação foi remetida
ao Senado no dia 25 de outubro. Nesse mesmo ano, o projeto tramitou
pelas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE), Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ) e de Educação (CE), que, finalmente, elaborou um PNE
substituto que retornou à Câmara em 2 de janeiro de 2014. Com a apro-
vação desse projeto pela Comissão Especial, em 3 de junho de 2014, a
versão final foi aprovada pelo Plenário, culminando a Lei n. 13.005/2014.
88 Políticas Educacionais
e. Quanto à alfabetização, a meta 5 (BRASIL, 2014) estabelece que
todas as crianças devem estar alfabetizadas no máximo até o
final do 3º ano do ensino fundamental.
Análise: segundo o OPNE (TODOS..., 2020), em abril de 2020, é
possível afirmar que apenas 45,3% dos estudantes matriculados
até o 3º ano apresentaram aprendizagem adequada em leitura, e
66,1%, aprendizagem adequada em escrita.
90 Políticas Educacionais
Análise: segundo o OPNE (TODOS..., 2020), em abril de 2020, ha-
via 64.432 mestres titulados e 22.901 doutores titulados.
92 Políticas Educacionais
sação por possíveis danos ambientais causados pela extração – e 50%
do Fundo Social do Pré-Sal são para a educação básica pública, o que
significa um importantíssimo e expressivo recurso que pode promover
mudanças profundas em toda a estrutura da educação, em todo o país,
e que pode garantir o sucesso do PNE.
Quadro 1
Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental
Ensino Fundamental (EF)
EF I – 1º ao 5º ano EF II – 6º ao 9º ano
Língua Portuguesa Língua Portuguesa
Parâmetros Curriculares Nacionais
Matemática Matemática
Ciências Naturais Ciências Naturais
História e Geografia Geografia
Arte Arte
Educação Física Educação Física
Ética História
Meio Ambiente Língua estrangeira
Temas transversais
Saúde Saúde
transversais
Meio Ambiente
Orientação Sexual
Orientação Sexual
94 Políticas Educacionais
Quadro 2
Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio
Arte
Informática
Biologia
Matemática
História
Geografia
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Sociologia, Antropologia e Política
Filosofia
Língua Portuguesa
Ciências Naturais
Ensino fundamental I e II
Compreender a natureza como um todo, formular questões sobre a natureza, com-
preender a ciência como um processo de produção de conhecimento, diagnosticar e
propor soluções para problemas e compreender a saúde pessoal, social e ambiental.
Biologia
Ensino médio
Descrever processos do ambiente, utilizar códigos da biologia, relacionar fenômenos e
fatos em biologia, estabelecer relações entre parte e o todo, reconhecer o ser huma-
no como transformador e julgar ações de intervenção e preservação da vida.
Física
Ensino médio
Compreender enunciados e códigos físicos elaborando sínteses estruturadas, conhe-
cer e utilizar conceitos físicos, reconhecer a física como construção humana, estabele-
cer relações entre a física e outras formas de expressões e emitir juízos de valor.
Química
Ensino médio
Descrever transformações químicas, utilizar conceitos e fatos químicos, reconhecer
aspectos químicos na interação individual e coletiva, reconhecer a importância da quí-
mica no sistema produtivo e os seus limites éticos e morais.
96 Políticas Educacionais
História
Geografia
Filosofia
Ensino médio
Ler textos filosóficos de diferentes estruturas e registros, ler criticamente o pensamen-
to construído, articular e contextualizar conhecimentos filosóficos e diferentes conteú-
dos e contextualizar conhecimentos filosóficos em sua origem e nos diversos planos.
Arte
Educação Física
Língua Estrangeira
98 Políticas Educacionais
Saúde (Tema transversal)
Ensino fundamental I e II
Compreender a saúde como um direito de todos e de cidadania, conhecer e utilizar
formas de intervenção individual e coletiva no aprimoramento da saúde, adotar hábi-
tos de autocuidado e responsabilizar-se pela própria saúde. Atividade 2
Considerando os Parâmetros
Curriculares Nacionais para
Pluralidade Cultural (Tema transversal) a educação infantil, o ensino
fundamental e o médio, assim
Ensino fundamental I e II como os seus componentes
Compreender e se posicionar de maneira crítica na diversidade, conhecer e valorizar curriculares específicos, com
a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, perceber-se como integrante, co- base nos estudos e nas reflexões
nhecer, cuidar e utilizar-se das diferentes linguagens culturais e questionar a realidade. desenvolvidas, quais seriam
os componentes curriculares
que objetivam a formação da
cidadania?
Orientação Sexual (Tema transversal)
Para responder a esta questão,
Ensino fundamental I e II faz-se necessário compreender
Respeitar a diversidade, conhecer o próprio corpo, identificar e expressar os próprios
o que é a cidadania, e analisar
sentimentos, desenvolver a consciência crítica de respeito às individualidades e procu-
as competências e habilidades
rar orientações adequadas relativas à sexualidade.
esperadas por cada um dos
componentes curriculares.
Educação infantil
Com implantação prevista para todas as escolas até 2020, sua finalidade é a de promover a formação
humana integral da criança por meio do brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se,
experimentar e aprender as relações e importâncias que têm o eu, o outro e nós / corpo, gesto e
movimentos / traços, sons, cores e formas / a escuta, fala, pensamento, e imaginação / espaços, tempos,
quantidades, relações e transformações, bem como formação para uma atuação justa, democrática,
inclusiva e de harmoniosa convivência.
Ensino fundamental
Ficou definida a sua implantação em todas as escolas até 2020, sob a expectativa de a alfabetização
ocorrer durante os 1º e 2º anos. Esse nível ficou dividido entre as áreas de linguagens, matemática,
ciências da natureza, ciências humanas e ensino religioso, com competências específicas para cada um
dos componentes dentro dessas áreas.
Ensino médio
Língua Portuguesa e Matemática passaram a ser ofertadas nas três séries, tendo como foco o
protagonismo e a autonomia do jovem e o mundo do trabalho, além da existência de um constante
diálogo das competências e habilidades com a educação integral. Nesse nível, o ensino ficou dividido nas
seguintes áreas do conhecimento: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências
da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas.
Pela Lei n. 10.260/2001 (BRASIL, 2001b), foi criado o FIES como pro-
grama do governo para financiar, em até 100%, cursos de educação
profissional, técnicos e tecnológicos, cursos de graduação, mestrado e
doutorado não gratuitos, com avaliação positiva – na graduação, com
conceito igual ou maior a 3 (no Sistema Nacional de Avaliação da Edu-
cação Superior - Sinaes) e para mestrado e doutorado, aos que obe-
decerem aos padrões de qualidade propostos pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Para participar,
o estudante precisa atender a alguns critérios: renda per capta familiar
de até três salários mínimos para estudantes de todo o Brasil e renda
per capita familiar de até cinco salários mínimos para estudantes das re-
giões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Desde 2010, passou a ser exigido
do estudante a participação em qualquer edição do ENEM, não tendo
zerado a redação e tendo feito uma pontuação mínima de 450 pontos
na prova. Há de se destacar que, como não se trata de uma bolsa de
estudo, mas sim um financiamento, ao concluir o curso, inicia-se a fase
Glossário
de amortização.
amortização: redução de uma
Quanto às receitas do FIES, estão previstas no artigo 2º da Lei dívida.
n. 10.260/2001 (BRASIL, 2001b); dentre elas, as dotações orçamentárias
consignadas ao MEC, os encargos e sanções contratualmente cobrados
nos financiamentos concedidos ao amparo dessa lei, multas decorren-
tes de sanções aplicadas por descumprimento dos preceitos dessa lei e
demais normas que regulamentam o FIES, os encargos e sanções con-
tratualmente cobrados nos financiamentos concedidos no âmbito do
Programa de Crédito Educativo, rendimento de aplicações financeiras
sobre suas disponibilidades e receitas patrimoniais.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, L. et al. Democratização do acesso e do sucesso no ensino superior: uma
reflexão a partir das realidades de Portugal e do Brasil. Revista da Avaliação da Educação
Superior, Sorocaba, SP, v. 17, n. 3, p. 899-920, nov. 2012. Disponível em: http://www.scielo.
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BRASIL. Decreto n. 9.057, de 25 de maio de 2017. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
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BRASIL. Lei n. 9.131, de 24 de novembro de 1995. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
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BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
htm. Acesso em: 27 maio 2020.
GABARITO
1. Para saber se a meta do Plano Nacional de Educação 2014-2024 relativa à valorização
e reconhecimento dos profissionais da educação tem sido promovida pelas políticas
educacionais no município onde reside, você pode fazer uma pesquisa direta no site
da Secretaria Municipal de Educação, no site do Sindicato dos Professores ou mesmo
fazer uma entrevista com os gestores desses órgãos. No entanto, é consenso entre os
profissionais da educação de que não são valorizados pelo governo, tampouco pela
sociedade.
É fato que os desafios vividos pela sociedade têm ecoado nas es-
feras de seus processos educacionais escolares: quando a sociedade
está bem, é porque a educação está bem, e quando a sociedade sofre,
é resultado da educação que se é oferecida. Portanto, é consenso que
a educação faz parte das dinâmicas das realidades sociais e precisa dar
REFERÊNCIAS
ALAIZ, V.; GOIS, E.; GONÇALVES, C. Auto-avaliação de escolas: pensar e praticar. Porto:
Edições Asa, 2003.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
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BRASIL. Decreto n. 9.432, de 29 de junho de 2018. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
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BRASIL. Decreto-Lei n. 872, de 15 de setembro de 1969. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 16 set. 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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Poder Legislativo, Brasília, DF, 13 set. 1996b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc14.htm. Acesso em: 29 maio 2020.
BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
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BRASIL. Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,
DF, 25 jul. 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm.
Acesso em: 29 maio 2020.
GABARITO
1. O projeto político-pedagógico (PPP) precisa contemplar o marco situacional, o marco
conceitual e o marco operacional, além de contar com uma introdução, considerações
e as referências usadas para sua elaboração. No entanto, não há qualquer problema
se a instituição de ensino distribuir essas informações em ordem diferente.