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LEGISLAÇÃO E

ORGANIZAÇÃO

DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Débora Sousa
Ementa:
Educação no Marco legal: Constituição Brasileira de 1988, LDB
9; 394/96 e legislação complementar. Organização da Educação
Nacional: princípios orientadores, finalidades e objetivos; níveis
e modalidades; formação e valorização dos profissionais da
educação; gestão da Educação e financiamento da educação
pública. Plano Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares
Nacionais para a formação de professores da Educação básica e
para a Educação Infantil.
LDB
Lei e Diretrizes Base da Educação
A LDB - Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394 foi promulgada em
20 de dezembro de 1996. Desde então, ela vem abrangendo os
mais diversos tipos de educação: educação infantil (agora sendo
obrigatória para crianças a partir de quatro anos); ensino
fundamental; ensino médio (estendendo-se para os jovens até os
17 anos). Além de outras modalidades do ensino, como a
educação especial, indígena, no campo e ensino a distância.
Cabe a nós, brasileiros, segui-la, tornando a educação muito
mais humana e formativa. Mesmo porque o sistema educacional
envolve a família, as relações humanas, sociais e culturais.
É por meio da LDB que encontramos os princípios gerais da
educação, bem como as finalidades, os recursos financeiros, a
formação e diretrizes para a carreira dos profissionais da
educação. Além disso, essa é uma lei que se renova a cada
período, cabendo à Câmara dos Deputados atualizá-la conforme o
contexto em que se encontra a nossa sociedade. Como exemplo,
antes o período para terminar o ensino fundamental era de 8 anos.
Após a atualização da LDB, o período se estendeu para 9 anos,
com idade inicial de 6 anos. Outras atualizações foram feitas,
como a revogação dos parágrafos 2º e 4º do Artigo 36, da seção
IV, que trata do ensino médio. Daí a importância de sua
publicação, visando nortear o povo brasileiro, assegurando-lhe
seus direitos e mostrando os seus deveres.
Desde sua promulgação, ocorreram inúmeras atualizações na LDB. A
última atualização ocorreu em Janeiro de 2023.

Então, o que mudou?


Façam a pesquisa.
Trata-se de uma coleção composta por dez volumes que constituem um
referencial para a educação de qualidade no ensino fundamental. Tem a
função de orientar a ação pedagógica das escolas públicas e particulares
e até mesmo a prática em sala de aula.
Apesar de ser válido para todo o país, contém uma proposta
flexível e adaptável a qualquer região do Brasil e não é de uso
obrigatório.
Para sua elaboração, houve uma discussão no âmbito nacional onde
participaram docentes de universidades públicas e particulares,
especialistas de diversas áreas do conhecimento e educadores. Ao final,
32 pessoas participaram da elaboração, Délia Lerner e César Coll
(grandes nomes da área pedagógica) prestaram consultoria e 183 obras
bibliográficas foram consultadas para a composição dos Parâmetros
Curriculares Nacionais.
A criação dos PCN surgiu da necessidade de oferecer uma educação de
qualidade à população, já que pesquisas apontaram grande taxa de repetência e
evasão escolar em 1992.

Durante as décadas de 70 e 80, a principal preocupação do Estado era


oferecer acesso à escola para a população. Por isso, houve uma grande
expansão na rede de escolas de educação básica.

Porém, só fornecer a vaga na escola não era suficiente. Os alunos


precisavam permanecer na escola e se formarem com qualidade.

A primeira mudança veio por meio da nova Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional, em 1996, onde são definidos os conteúdos mínimos e o
dever do poder público é ampliado, principalmente em relação ao ensino
fundamental. Em 1997 são publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais.
A proposta dos PCN é proporcionar educação de qualidade para todo o
país orientando os professores. E levando em conta as peculiaridades de
cada região, as sugestões e objetivos são amplos e podem ser adaptados
de acordo com a necessidade de cada município, bairro ou escola.

“Se existem diferenças socioculturais marcantes, que determinam


diferentes necessidades de aprendizagem, existe também aquilo que é
comum a todos, que um aluno de qualquer lugar do Brasil, do interior ou
do litoral, de uma grande cidade ou da zona rural, deve ter o direito de
aprender e esse direito deve ser garantido pelo Estado.” (PCN, p. 28)

Todos os livros contêm: Caracterização das Áreas, Objetivos,


Organização dos Conteúdos, Critérios de Avaliação e Orientações
Didáticas.
Caracterização da área: breve histórico sobre como era vista aquela área de
conhecimento anos atrás e como é atualmente.
Objetivos: tendo em vista a formação integral do indivíduo, os objetivos
têm a função de ajudar o desenvolvimento de capacidades cognitivas,
físicas, afetivas, inserção social e ética.
Organização dos conteúdos: os conteúdos são abordados em três categorias:
– Conteúdos conceituais: referem-se aos conceitos e princípios que o aluno
precisa adquirir ao entrar em contato com um novo conhecimento.

– Conteúdos procedimentais: “saber fazer”, colocar em prática o


conhecimento adquirido.
– Conteúdos atitudinais: são atitudes, valores e normas que a criança
desenvolve em casa, mas também na escola. A aprendizagem de
atitudes requer prática constante e o professor precisa orientar os alunos
e servir de modelo.

Critérios de avaliação: os PCN consideram a avaliação como uma


orientadora da intervenção pedagógica, diferente da escola tradicional
onde esta tinha a função apenas de medir o conhecimento do aluno.
A avaliação precisa ser contínua, acompanhando o progresso dos
alunos. Vale ressaltar que é possível utilizar diversos códigos para
avaliar, como o escrito, oral, gráfico, numérico, etc.

Orientações didáticas: auxiliam o professor a criar situações de


aprendizagem, coerentes.
Levando em conta que os alunos têm ritmos diferentes de
aprendizagem, os Parâmetros Curriculares Nacionais adotam a proposta
de estruturação por ciclos, onde o aluno terá mais tempo de construir
conhecimentos que ainda não estejam consolidados.

Estes são os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino


fundamental. É uma leitura fácil, conversam muito com a realidade do
cotidiano do professor e trazem sugestões de atividades coerentes e
possíveis de aplicar em quaisquer escolas.
PNE
O Plano Nacional de Educação
Lei nº 13.005/2014
O Plano Nacional de Educação para o decênio 2014/2024, instituído
pela Lei nº 13.005/2014 definiu 10 diretrizes que devem guiar a
educação brasileira neste período e estabeleceu 20 metas a serem
cumpridas na vigência. Essa mesma lei reitera o princípio de
cooperação federativa da política educacional, já presente na
Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, ao estabelecer que “a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios atuarão em regime de colaboração, visando ao alcance
das metas e à implementação das estratégias objeto deste Plano” e que
“caberá aos gestores federais, estaduais, municipais e do Distrito
Federal a adoção das medidas governamentais necessárias ao alcance
das metas previstas neste PNE...”
O Plano Nacional de Educação (PNE)
determina diretrizes, metas e estratégias
para a política educacional no período de
2014 a 2024.
A origem do PNE
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o
objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e
definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e
modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes
esferas federativas que conduzam a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
59, de 2009)
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como
proporção do produto interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de
2009)
Art. 2o São diretrizes do PNE:
I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da


cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação;

IV - melhoria da qualidade da educação;

V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores


morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;

VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País;

VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em


educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure
atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e
equidade;

IX - valorização dos (as) profissionais da educação;

X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e


à sustentabilidade socioambiental.
Estatuto da Criança e do Adolescente
Lei Federal nº 8.069/90
Estatuto da Criança e do Adolescente
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de
1990, que regulamenta o artigo 227 da Constituição Federal, define as crianças
e os adolescentes como sujeitos de direitos, em condição peculiar de
desenvolvimento, que demandam proteção integral e prioritária por parte da
família, sociedade e do Estado.

Como consequência da doutrina de proteção integral à criança e ao adolescente,


o ECA prevê a integração operacional dos órgãos e instituições públicas e
entidades da sociedade civil, visando à proteção, à responsabilização por ação
ou omissão de violação dos direitos, à aplicação dos instrumentos postulados
pelo sistema e à interação entre os atores desse sistema.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM LIBRAS

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria


Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Secretaria Nacional dos
Direitos da Pessoa com Deficiência, desenvolve projeto em parceria com a
Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura
(OEI), visando a promoção dos direitos de crianças e adolescentes com deficiência
auditiva que dominem a Língua Brasileira de Sinais, independentemente do
conhecimento da Língua Portuguesa, por meio da tradução do ECA.

Tal iniciativa é fundamentada no parágrafo único do artigo 265-A do ECA, que


estabelece a obrigatoriedade da divulgação dos direitos da criança e do adolescente
em linguagem clara, compreensível e adequada, considerando as necessidades
específicas de pessoas com deficiência, em um processo de tradução do ECA que
envolve a interpretação do texto na língua-fonte (Português) e sua reformulação na
língua-alvo (Libras), de forma a torná-lo compreensível para o público a que se
destina.
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla divulgação
dos direitos da criança e do adolescente nos meios de comunicação
social. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será veiculada


em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças e
adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 (seis)
anos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Origem do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Instituído pela Lei 8.069 no dia 13 de julho de 1990, durante o governo de


Fernando Collor, o projeto de lei do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) é de autoria do Congresso Nacional.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) surgiu a partir da necessidade de


acabar os resquícios de autoritarismo do Regime Militar, portanto, tinha como
objetivo acabar com o Código de Menores que havia sido elaborado durante a
Ditadura Militar no Brasil.

A criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi o reflexo dos


avanços obtidos no âmbito internacional, em favor da infância e da juventude.
Dessa forma, representou uma parte importante do esforço da nação brasileira,
recém-saída de uma ditadura, para se alinhar com a comunidade internacional
em termos de Direitos Humanos.
Um desdobramento das garantias à infância e à adolescência previstas na
Constituição de 1988, o ECA é a regulamentação, em sentido amplo, do artigo
227 da Constituição, que diz:

“Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.”
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência

Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015


Regulamentação de artigos da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, de 6 de


julho de 2015, é um conjunto de dispositivos destinados a assegurar e a
promover, em igualdade de condições com as demais pessoas, o exercício dos
direitos e liberdades fundamentais por pessoas com deficiência, visando a sua
inclusão social e cidadania.

A Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência promove a


regulamentação de artigos da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência. Até o momento, já foram regulamentados os seguintes artigos:
• art. 44, sobre a reserva de espaços livres e assentos para a pessoa com deficiência em
teatros, cinemas, auditórios, estádios, dentre outros, regulamentado pelo
Decreto nº 9.404, de 11 de junho de 2018;
• art. 45, sobre a observância aos princípios do desenho universal em hotéis, pousadas e
estabelecimentos similares, regulamentado pelo
Decreto nº 9.296, de 1º de março de 2018
• art. 51, sobre a reserva de veículos acessíveis a pessoas com deficiência nas frotas de
empresas de táxis, regulamentado pelo Decreto nº 9.762, de 11 de abril de 2019;
• art. 52, sobre a oferta de veículos adaptados para o uso de pessoas com deficiência
pelas locadoras de veículos, regulamentado pelo 
Decreto nº 9.762, de 11 de abril de 2019;
• art. 58, sobre preceitos de acessibilidade em projeto e construção de edificação de uso
privado multifamiliar, regulamentado pelo Decreto nº 9.451, de 26 de julho de 2018;
• art. 65, sobre o pleno acesso à pessoa com deficiência a serviços de telecomunicações,
regulamentada pela Resolução Anatel nº 667, de 30 de maio de 2016;
• art. 66, sobre o incentivo à oferta de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com
acessibilidade, regulamentada pelo art. 9º da 
Resolução Anatel nº 667, de 30 de maio de 2016;
• art. 99, sobre a aquisição de órtese e próteses prescritas ao trabalhador com
deficiência, regulamentado pelo Decreto nº 9.345, de 16 de abril de 2018;
• art. 102, sobre incentivos criados pela Lei Rouanet, 
Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991, regulamentado pela 
Instrução Normativa nº 5, de 26 de dezembro de 2016, do Ministério da Cultura;
• art. 109, sobre alterações no Código de Trânsito Brasileiro, regulamentado pela 
Resolução do CONTRAN nº 558, de 15 de maio de 2015;
• art. 112, sobre sinais sonoros em semáforos para pedestres, regulamentado pela 
Resolução do CONTRAN nº 704, de 10 de outubro de 2017;
• art. 122, sobre o tratamento diferenciado, simplificado e favorecido a ser dispensado
às microempresas e empresas de pequeno porte previsto na Lei Complementar nº
123, de 14 de dezembro de 2014, regulamentado pelo 
Decreto nº 9.405, de 11 de junho de 2018.
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