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Apresentação
No Brasil, a educação básica passou por uma mudança de significado e de importância a partir da
Constituição Federal de 1988, onde, pela primeira vez na história educacional brasileira, passa a ser
vista como um direito público subjetivo de todos, buscando equidade no acesso e qualidade de
ensino e contrapondo o seu percurso anterior de uma educação elitista e desigual.
Para que os aspectos que envolvem a educação básica em território nacional atinjam os resultados
almejados, são necessárias políticas públicas e programas governamentais.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá os principais marcos legais que envolvem a educação
básica, desde a Constituição Federal de 1988, até as políticas voltadas a esse nível educacional,
visando a avaliá-la, descentralizá-la e financiá-la. Ainda, você verá as exigências legais a serem
cumpridas na educação básica em relação ao calendário escolar.
Bons estudos.
Veja, no Infográfico a seguir, alguns eventos que impactaram a educação básica brasileira desde a
década de 1980.
Boa leitura.
ORGANIZAÇÃO E
LEGISLAÇÃO DA
EDUCAÇÃO
Introdução
A educação básica tem uma importância muito grande dentro do sistema
educacional brasileiro, uma vez que é composta pelas etapas da educação
infantil, do ensino fundamental (anos iniciais e finais) e do ensino médio,
fornecendo as bases necessárias para a educação superior.
Neste capítulo, você vai ler sobre os principais marcos legais que en-
volvem a educação básica desde a Constituição Federal de 1988. Também
terá conhecimento das políticas voltadas para esse nível educacional,
visando avaliá-la, descentralizá-la e financiá-la. Além disso, vai aprender
sobre as exigências legais que devem ser cumpridas na educação básica
em relação ao calendário escolar.
Os PCNs foram produzidos pelo Ministério da Educação, visando atender aos preceitos
constitucionais e propor uma regulação curricular que constituísse “[...] um referencial
de qualidade para a educação no Ensino Fundamental em todo o País” (BRASIL, 1997,
documento on-line). De caráter consultivo e orientador, não obrigatório, os PCNs
trouxeram questionamentos e fomentaram a importância do estabelecimento de
diretrizes que, de fato, regulassem, de forma obrigatória, em todo o sistema educacional
brasileiro, os aspectos curriculares comuns a serem ensinados nas escolas.
Além disso, traz a importância da educação básica para que possam ser
exercidos os direitos e deveres inerentes à cidadania e à progressão possível no
trabalho a ser conquistada, bem como projeta a ideia dos estudos posteriores a
serem buscados pelos estudantes concluintes dessa etapa, no ensino superior.
Cury (2002, p. 170), ao analisar o conceito de educação básica proposto pela
LDB de 1996, afirma que “Resulta daí que a educação infantil é a base da educação
básica, o ensino fundamental é o seu tronco e o ensino médio é seu acabamento,
e é de uma visão do todo como base que se pode ter uma visão consequente das
partes”. O autor, com essa metáfora, traz à tona a ideia de base, que, nesse caso,
deve ser entendida como o somatório das fases componentes em igual importância.
focalização;
avaliação;
descentralização;
financiamento.
6 Características gerais da educação básica
As políticas de focalização são aquelas constituídas visando dar ênfase a alguns tópicos
vistos como prioritários dentro de um universo maior. Segundo Di Pierro (2001, p.
325), “[...] a diretriz de focalização das políticas sociais tem origem na tese de que, sob
condições de limitação de recursos, o investimento público é mais eficaz quando
direcionado a porções do território nacional ou subgrupos populacionais para os quais
esse benefício resulte maior impacto positivo”. O Brasil teve uma mudança significativa
na sua política de focalização educacional a partir da LDB de 1996, deixando de focalizar
o ensino fundamental e passando a abranger a educação básica como um todo.
Proinfância;
Saúde na Escola;
Atleta na Escola.
O Saeb aplica provas para verificar a alfabetização dos estudantes das escolas públicas
ao final do terceiro ano, com a aplicação da Avaliação Nacional da Alfabetização
(ANA). O Saeb também utiliza questionários aplicados a gestores e professores com
o intuito de obter informações sobre as condições de infraestrutura, formação dos
docentes, tipo de gestão da escola e como se organiza o trabalho pedagógico. Já para
os alunos do 5º e 9º anos, temos a aplicação da Avaliação Nacional do Rendimento
Escolar (Anresc), conhecida como Prova Brasil, que visa medir a qualidade do ensino
das escolas da rede pública no ensino fundamental (séries finais).
O ensino médio, por sua vez, possui o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) —
realizado ao final dessa etapa da educação básica, servindo inclusive como meio de
seleção para o ensino superior — e o Exame Nacional para Certificação de Compe-
tências de Jovens e Adultos (Encceja) — voltado à educação de jovens e adultos, com
a finalidade de “[...] aferir competências, habilidades e saberes de jovens e adultos que
não concluíram o Ensino Fundamental ou Ensino Médio na idade adequada” (BRASIL,
2017a, documento on-line).
O Fies é destinado para a educação superior, sendo que, para a educação básica, o
programa de financiamento principal é o Fundeb.
Os valores da quota federal são administrados pelo próprio FNDE nos pro-
gramas e projetos com foco na educação básica. Já os recursos da quota estadual
e municipal são depositados em contas específicas das Secretarias de Educação
dos entes federados (estados, Distrito Federal e municípios), proporcionalmente
ao número de alunos matriculados na educação básica para que seja aplicado
também no financiamento de programas, projetos e ações desse nível educacional.
Como podemos perceber, estabelecer políticas de focalização, avaliação,
descentralização e financiamento faz o Ministério da Educação articular o
sistema educacional brasileiro para atingir suas metas específicas e, no caso da
educação básica, possa universalizar e garantir o acesso e elevar a qualidade
do ensino dos estudantes das escolas públicas nacionais.
Para que se alcance a qualidade no ensino com a educação básica, foi instituído — por
meio da Lei nº. 11.738, de 16 de julho de 2008, visando cumprir a determinação legal
presente na Constituição Federal e na LDB de 1996 — o piso salarial do magistério,
que deveria ser pago a todos os professores do sistema educacional brasileiro. O piso
atualmente está em R$ 2.886,24 para os professores que cumprem a jornada diária de
8 horas diárias ou 40 horas semanais. Você considera esse valor interessante? Estaria
realmente valorizando o professor?
Características gerais da educação básica 11
Art. 24 [...]
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser
ampliada de forma progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas
horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco
anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março
de 2017 (BRASIL, 2017b, documento on-line).
Essa carga horária que estabelece mil horas-aula anuais para o ensino médio é
reforçada na BNCC para o ensino médio atual, reforçando essa ampliação proposta.
Para o cumprimento dessa determinação relativa à carga horária do ensino
fundamental e do ensino médio, os estudantes deverão frequentar no mínimo 75%
das aulas para que possam ser considerados frequentes e garantir sua aprovação.
Em relação à educação infantil, a Lei nº. 12.796, de 4 de abril de 2013,
alterou a LDB de 1996, trazendo a seguinte menção:
Art. 54 [...]
§ 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as do seu sistema de ensino,
têm incumbências complexas e abrangentes, que exigem outra concepção de or-
ganização do trabalho pedagógico, como distribuição da carga horária, remune-
ração, estratégias claramente definidas para a ação didático-pedagógica coletiva
que inclua a pesquisa, a criação de novas abordagens e práticas metodológicas,
incluindo a produção de recursos didáticos adequados às condições da escola e
da comunidade em que esteja ela inserida (BRASIL, 2013b, documento on-line).
A carga horária estabelecida como direito dos estudantes (800 horas e 200
dias letivos), que deverá ser realizada a partir das atividades docentes, porém,
tem gerado consultas à Câmara de Educação Básica (CEB), do Ministério da
Educação, sobre qual seria o espaço de tempo relativo à hora-aula do docente,
uma vez que os períodos escolares variam entre 60, 50 e 45 minutos nas escolas
brasileiras. Atendendo a essas demandas, enaltecendo o aspecto diferenciado
das atividades do professor e buscando reforçar a valorização dos profissionais
do magistério, previstas no art. 67 da LDB de 1996, a CEB, por meio do Parecer
CEB nº. 18/2012 (BRASIL, 2013c), expressa que, independentemente do tempo
de duração de cada aula (60, 50 ou 45 minutos), adotado pelos sistemas ou pelas
redes de ensino, a jornada do docente deve seguir a apresentada no Quadro 1.
https://goo.gl/SslkNi
Características gerais da educação básica 15
BRASIL. Ministério da Educação. Câmara de Educação Básica. Parecer Homologado nº. 18, de
2 de outubro de 2012. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1 ago. 2013c. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11795-
-pceb018-12&Itemid=30192>. Acesso em: 27 nov. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação. Diretrizes
curriculares nacionais gerais da educação básica. Brasília, DF, 2013b. Disponível em:
<http://portal. mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-
basica-2013-pdf/file>. Acesso em: 27 nov. 2018.
16 Características gerais da educação básica
Leituras recomendadas
BRASIL. Comissão de Educação. Plano Nacional de Educação. Brasília: Senado Federal, UNESCO,
2001. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001324/132452porb.pdf>.
Acesso em: 27 nov. 2018.
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional: atualizada até março de 2017. Brasília:
Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2017c. Disponível em: <http://www2.
senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf>.
Acesso em: 27 nov. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Política nacional de
educação infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos à educação. Brasília:
MEC, SEB, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/
eduinfpolit2006.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2018.
Dica do professor
Uma parte muito importante para que todos os esforços de planejamento e organização da
educação básica propostos pelo Ministério da Educação possam vir a serem cumpridos é o repasse
dos recursos financeiros necessários para que as escolas públicas da educação básica mantenham-
se funcionando de forma equitativa e com qualidade naquilo que fazem. Esses recursos chegam até
as instituições de ensino seguindo algumas políticas de financiamento.
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Na prática
A educação básica possui modalidades de educação específicas que devem ser conhecidas por
todos os gestores e professores, uma vez que apresentam legislações, normatizações e
características particulares.
Essas modalidades são: Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação
Especial, Educação de Jovens e Adultos, Educação do Campo e Educação Profissional.
Tânia foi convidada para ser Secretária de Educação em seu Município, e uma de suas primeiras
atitudes foi promover a gestão democrática nas escolas públicas da rede de ensino, propiciando
que os diretores pudessem ser eleitos pela comunidade escolar.
O resultado foi muito bom, envolvendo a todos no processo eletivo, porém ficou evidente que
muitos novos diretores sentiam-se despreparados para atuarem como gestores escolares de fato,
desconhecendo as particularidades que envolviam a educação básica e as suas modalidades.
Preocupada com essa situação, Tânia reuniu sua equipe e preparou uma capacitação teórica e
prática para os novos diretores e vice-diretores eleitos, envolvendo as principais modalidades
existentes na educação básica.
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