Você está na página 1de 7

Disciplina: EDM0423 - Metodologia do Ensino de Filosofia I

Professor: Paulo Henrique Fernandes Silveira


Resenha: Introdução BNCC
Aluno: Gustavo Gondim Archanjo
Nº USP: 13903404

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que busca estabelecer


quais serão os conhecimentos e as competências que todos os estudantes do território nacional
devem ter. O desenvolvimento das chamadas aprendizagens essenciais definidas pela BNCC
compreende o período ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, sendo
assegurado os direitos de aprendizagem e de desenvolvimento pelo Plano Nacional de
Educação (PNE).
Como uma instituição referência na formulação dos currículos dos sistemas das redes
escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a BNCC busca, em âmbito
federal, estadual e municipal, contribuir para que estejam alinhadas às ações políticas que
sejam referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos
educacionais e também as questões à respeito da infraestrutura adequada oferecida para o
pleno desenvolvimento da educação.
A introdução nos mostra uma aspiração por certa padronização no ensino, e ela almeja
que a cada etapa básica da educação, tenha-se objetivos de aprendizagem a se cumprir. São
oferecidos aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais.

Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos


(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e
socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da
vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
(BRASIL, Ministério da Educação, Base Nacional Comum Curricular, 8,
2017)

As competências, então, devem se inter-relacionar, atuando na formação e articulação


das habilidades nas três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio) visando formar estudantes conscientes de seu papel como cidadãos ativos na
sociedade. Essas competências gerais, então, visam estimular as habilidades críticas,
reflexivas e colaborativas dos estudantes.
Em suma, as dez competências gerais da Educação Básica da BNCC, abrangem
diferentes áreas do conhecimento, se valendo de alguns aspectos cognitivos e
socioemocionais, além de aspectos relacionados à vida na sociedade, para assim formar um
conjunto de habilidades, conhecimentos e competências necessárias para uma formação
integral dos estudantes.

Os marcos legais que embasam a BNCC


As diretrizes estabelecidas pela BNCC são compostas e respaldadas por uma série de
marcos legais. A constituição federal de 1988 é um dos principais marcos legais que embasam
a BNCC, em seu Artigo 205, reconhece que

[...] a educação, direito e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo e exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

Com suas diretrizes a BNCC busca estar em consonância com esse princípio
constitucional para poder promover uma educação inclusiva para todos os estudantes.
Outro marco a se destacar é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
Lei nº 9.394/96. A LDB é quem estabelece as bases da educação brasileira. É ela que define
quais serão os princípios e quais as diretrizes para a organização e funcionamento do sistema
educacional. A LDB, no inciso IV de seu Artigo 9º, afirma que cabe à União

[...] estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum (BRASIL, 1996).

E é nesse contexto que a BNCC se enquadra, portanto ela orienta a elaboração dos
currículos escolares e define quais as habilidades, competências e conhecimentos que devem
ser desenvolvidos a cada etapa da educação básica.
Além disso, em 2014 a Lei nº 13.005/2014 promulgou o Plano Nacional de Educação
(PNE) que visa

[...] estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa [União,


Estados, Distrito Federal e Municípios], diretrizes pedagógicas para a
educação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos e
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada
ano do Ensino Fundamental e Médio, respeitadas as diversidades regional,
estadual e local (BRASIL, 2014).

A BNCC está alinhada e contribui para o cumprimento das diretrizes e metas


estabelecidas pelo PNE que buscam a melhoria da educação brasileira em um período de dez
anos. Essas diretrizes visam a universalização do acesso à educação, à valorização dos
profissionais da educação e o fortalecimento da gestão democrática.
Em 2017, houve uma alteração na LDB por força da Lei nº 13.415/2017, a partir daí
passa-se a utilizar duas nomenclaturas, concomitantemente, para se referir às finalidades da
educação

Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos


de aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional
de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento [...]
Art. 36§ 1º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas
competências e habilidades será feita de acordo com critérios estabelecidos
em cada sistema de ensino (BRASIL, 2017).

São, portanto, maneiras diferentes de se tratar como os estudantes devem aprender na


Educação Básica, as diferentes maneiras podem ser intercambiáveis em suas diferenças para
tratar de algo comum, incluindo os saberes e as capacidades de mobilização e aplicação.

Os fundamentos pedagógicos da BNCC


Foco no desenvolvimento de competências
Após analisarmos criticamente alguns dos fundamentos pedagógicos da BNCC,
nota-se um foco no desenvolvimento de competências, conceito que marca a discussão
pedagógica. Podemos criticar essa conduta construtivista adotada. Embora seja importante
reconhecer a abordagem utilizada - de que os alunos tenham uma construção ativa de seus
conhecimentos, é temerária a ênfase exagerada nessa abordagem, pois ela poderia facilmente
desconsiderar a necessidade de intervenções e de instruções sistemáticas por parte dos
docentes.
A falta de uma abordagem mais específica em relação aos métodos e estratégias de
ensino é outra crítica cabível ao texto. A BNCC não fornece aos professores um material com
práticas pedagógicas ou orientações claras que possam nos ajudar a promover o
desenvolvimento das competências e habilidades propostas. Assim como também não
fornece suficientemente conteúdo sobre a educação inclusiva. O texto menciona a valorização
da diversidade, mas não oferece as orientações e estratégias específicas que os professores
necessitam para que seja garantida a inclusão dos estudantes com necessidades educacionais
especiais. Situação que pode gerar um problema grave, a falta de enfoque claro na inclusão
pode resultar em práticas pedagógicas que negligenciam as necessidades desses estudantes,
perpetuando a exclusão e a desigualdade na educação.

O compromisso com a educação integral


De acordo com a BNCC, a educação integral busca ir além do ensino tradicional,
considerando múltiplas dimensões do ser humano. A proposta escolhida almeja que os
estudantes sejam desenvolvidos integralmente, contemplando as dimensões cognitivas e
também as socioemocionais e culturais.
Poder-se-ia dizer a mesma crítica da sessão anterior. A BNCC não aborda
adequadamente a questão da distribuição de recursos e investimentos necessários para a
efetivação da educação integral. Esse modelo requer recursos adicionais, como profissionais
qualificados, assim como programas complementares e uma infraestrutura qualificada,
necessidades que na maioria das vezes não são fornecidas de maneira suficiente.
Como também citado anteriormente, nota-se a ausência de orientações concretas, fato
que pode resultar diretamente em interpretações variadas do conteúdo, comprometendo a
consistência e a qualidade da educação integral oferecida.

O pacto interfederativo e a implementação da BNCC


Base Nacional Comum Curricular: igualdade, diversidade e equidade
É um dos principais objetivos da BNCC a promoção da igualdade de acesso ao
conhecimento e às aprendizagens essenciais. No entanto, é preciso fazer uma análise crítica
sobre a efetividade desses princípios na implementação da BNCC.
Embora seja mencionada a igualdade de acesso ao conhecimento, é notória a realidade
desigual a que os alunos brasileiros são submetidos. Mesmo sendo um dos objetivos
principais da BNCC (a valorização da igualdade, diversidade e equidade na educação), a falta
de investimentos adequados na educação pública, junto com a falta de professores e a falta de
estrutura adequada nas escolas continuam perpetuando a exclusão e a desigualdade no sistema
educacional brasileiro.
Portanto, embora seja mencionada a igualdade, equidade e diversidade é importante
que sejamos críticos sobre a efetividade desses princípios na prática. Pois a desigualdade
persiste, e em conjunto com a superficialidade na abordagem da diversidade e com a falta de
ações efetivas para que seja garantida a equidade dos alunos o ideal de educação é impedido
de ser concretizado.
Seria necessário que o governo tivesse um compromisso mais consistente e que
tomasse ações que transformem esses princípios ideais em uma realidade na educação de
todos os estudantes.

Base Nacional Comum Curricular e currículos


A sessão visa reconhecer a importância dos currículos como instrumentos de
planejamento e organização das práticas educativas, destaca-se que eles devem estar
alinhados com as diretrizes e com os objetivos propostos pela BNCC. É enfatizado no
documento a necessidade de se considerar as especificidades regionais, locais e individuais,
dessa forma pode-se adaptar as diretrizes da Base para que atenda às realidades das diferentes
comunidades escolares.
No entanto, faço a mesma crítica das seções anteriores, falta direcionamento e
orientações claras sobre a elaboração dos currículos e sobre a relação deles com a BNCC.
Deixar as escolas com autonomia das redes de ensino e das instituições escolares na
construção dos currículos, pode resultar em divergências nas interpretações e também
inconsistências na escolha das práticas pedagógicas.
Sendo assim, é necessário um esforço conjunto das instâncias governamentais, assim
como investimentos adequados na capacitação de professores, infraestrutura e que assim seja
estabelecido uma relação coerente e consciente entre a BNCC e os currículos, garantido assim
a qualidade e também a efetividade no país.

Base Nacional Comum Curricular e regime de colaboração


O último tópico da introdução da BNCC enfatiza a importância da cooperação entre os
entes federados na implementação da Base. Embora seja aspecto essencial para o sucesso da
reforma educacional, essa proposta enfrenta alguns desafios significativos.
É uma crítica relevante o fato de faltar clareza sobre a responsabilidade de cada esfera
governamental. Como já dito, essa carência pode levar a interpretações divergentes que
podem ser danosas ao sistema educacional. Com respeito à descentralização e disparidade de
recursos entre as esferas governamentais, é feita uma crítica no tocante à maior capacidade
financeira e técnica que a União possui para apoiar a BNCC, que em comparação com os
municípios e Estados, têm uma situação desfavorável e podem enfrentar dificuldades
adicionais, como a falta de recursos financeiros e a necessidade de fortalecer suas estruturas
educacionais.
Portanto, embora seja notável o reconhecimento da importância do regime
colaborativo incentivado pela BNCC entre as diferentes esferas governamentais, a
implementação efetiva desse modelo enfrenta diversos problemas. É necessário e fundamental
que seja feito um esforço em conjunto para que sejam definidas de melhor maneira as
diretrizes e que assim sejam fortalecidos os mecanismos de governança adequados, a fim de
promover uma implementação mais coerente e equitativa da BNCC.
Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Introdução. In BRASIL. Ministério da Educação. Base
Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

Você também pode gostar