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28/03/2023, 11:17 wlcl_for_pro_edu_bas

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA


123 minutos
Aula 1 - Currículo, competências e habilidades
Aula 2 - BNCC: etapa da educação infantil
Aula 3 - BNCC: Etapa do ensino fundamental
Aula 4 - BNCC: Etapa do ensino médio
Referências

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Aula 1

CURRÍCULO, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES


Iremos reconhecer o que é um currículo para a educação, bem como compreender o que é a Base Nacional Comum
Curricular, a BNCC – documento que norteia os currículos e as propostas pedagógicas em todo o Brasil.
27 minutos

INTRODUÇÃO

Nesta aula, iremos reconhecer o que é um currículo para a educação, bem como compreender o que é a Base Nacional
Comum Curricular, a BNCC – documento que norteia os currículos e as propostas pedagógicas em todo o Brasil. Além disso,
vamos fazer comparações para compreender as diferenças entre o currículo e a base curricular; reconhecer, compreender e
analisar o ensino por competências e habilidades, para que, ao final, possamos pensar aplicações de como professores
podem planejar suas aulas estando embasados e alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC); compreender a
BNCC, as competências, habilidades e as formas de se planejar a aplicação; e passar por cada etapa da Educação Básica,
partindo da Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Bons estudos!

CURRÍCULO, BNCC, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

O currículo, segundo Jacomeli (2012), é um documento prescritivo que inclui conteúdos a serem ensinados; é elaborado
conforme os objetivos educacionais e o público ao qual se destina, ou seja, os conteúdos escolhidos são sequenciados e
dosados conforme o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem. É importante ter a percepção de que nenhum currículo
é pétreo ou permanente, pois a ciência, a filosofia, as artes e a sociedade se desenvolvem e mudam, de modo que os
currículos também passam por alterações. Nos currículos, estão em jogo não somente os conhecimentos prescritos para a
educação mas também valores e objetivos.

Masetto (2015) acrescenta que o currículo é estruturado por componentes curriculares, que, comumente, são conhecidos
como “disciplinas” ou “matérias escolares”. Deve-se ressaltar que os componentes curriculares possuem igual importância,
pois é o conjunto de todos os conhecimentos pertinentes a cada um que possibilita a aprendizagem científica, filosófica e
artístico-cultural.

 Assimile
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento norteador e normativo, contendo o que é essencial para a
aprendizagem, conforme cada modalidade da Educação Básica; ela está prevista na Constituição Brasileira de 1988
(Artigo 210) e é fruto de décadas de debates e planejamentos da Educação Básica, passando pelos Parâmetros

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Curriculares Nacionais (PNE), lançados entre 1997 e 2000, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), entre 2010 e
2012, e, a partir de 2015, começou o processo de elaboração e debate até a implantação da BNCC, em 2017, com
 posterior mobilização entre todos os profissionais da educação para debaterem o documento e aplicá-lo. 

Para ser devidamente homologado pelo Ministério da Educação, o documento foi debatido em comitês de profissionais da
educação e reformulado até a versão final. A BNCC garante os direitos de aprendizagem estabelecidos pelo Plano Nacional
de Educação (PNE), Lei Nº 13.005/2014, e está em conformidade com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
Lei Nº 9.394/1996, que, em seu inciso IV do Artigo 9º, afirma caber à União: 

IV - Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes


para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum.
— (BRASIL, 1996, p. 4)

É, portanto, papel da BNCC nortear os currículos com a responsabilidade de garantir formação básica comum a todos os
brasileiros, seja em instituições públicas, seja em instituições privadas. Observe que, no inciso citado da LDB, lemos o termo
“competências”, que se refere à educação por competências, um modelo de ensino e aprendizagem que rompe com a
educação tradicional. Segundo a BNCC:

[...] competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades


(práticas cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana,
do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
— (BRASIL, 2017, p. 8)

Com a BNCC, professores precisam levar em consideração não só os conteúdos dos componentes curriculares, mas também
as habilidades, que mobilizam conteúdos e a própria organização das turmas, comunidade escolar e sociedade. As
habilidades socioemocionais merecem destaque, pois rompem com a tradicional ideia de que a aprendizagem é impessoal,
descontextualizada ou alheia à realidade dos estudantes.

ENTRE O CURRÍCULO E A BASE

Quando se pensa em aprendizagem escolar, não basta considerar que somente os conhecimentos prescritos num
documento curricular contemplam absolutamente tudo o que estudantes aprendem ao longo do percurso. Além do currículo
oficial, que pode ser elaborado por instituições privadas, municipais, estaduais ou federais, há o currículo oculto, que
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Masetto (2015) afirma ser o conjunto de conhecimentos não inseridos em currículos oficiais, mas que é trabalhado no
cotidiano escolar. 

Fazem parte do currículo oculto, segundo Pinto e Fonseca (2017), as aprendizagens que ocorrem por meio das relações
humanas intraescolares, e isso significa que não é somente com o corpo docente que estudantes aprendem; os demais
funcionários e os próprios colegas, ou seja, toda a comunidade escolar contribui para a aprendizagem, seja ela cognitiva, seja
socioemocional. 

 Exemplificando
Na prática, imagine que, numa segunda-feira letiva, um sétimo ano terá duas aulas de Ciências da Natureza, duas de
Matemática, uma de História e uma de Língua Inglesa, e, para participar das aulas, os estudantes precisam aprender a
se dirigir aos espaços adequados de aprendizagem, operar seus materiais disponíveis, seguir as normas escolares,
interagir com professores e colegas, anotar prazos e responder aos alertas sonoros do sinal, enfim, tudo isso também é
aprendizagem e se desenvolve ao longo do cotidiano escolar, logo, o currículo formal está intimamente ligado ao
currículo oculto.

Para concluir nosso estudo sobre currículo, Masetto (2015) traça quatro considerações, aqui resumidas para que professores
pensem sobre como trabalhar o currículo; são elas: 

1) É preciso conhecer e gerir o currículo; 

2) É preciso debater o currículo com os colegas, buscando colaboração e interdisciplinaridade; 

3) Sempre se deve pensar sobre quem o trabalho pedagógico está formando e para quê; 

4) Deve-se contextualizar o currículo, ou seja, professores precisam aproximar os conhecimentos dos componentes
curriculares à realidade discente.

Agora que você viu sobre currículo, vamos analisar a relação entre currículo e base comum curricular. Conforme vimos na
introdução desta aula, a BNCC tem um papel norteador dos currículos, isso quer dizer que ela orienta, dirige e regula aquilo
que deve ser ensinado, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. É pela BNCC que se obtêm os objetivos esperados de
aprendizagem, considerando os conhecimentos selecionados pelos currículos.

Efetivamente, a BNCC se propõe a atualizar a Educação Básica brasileira, conforme parâmetros internacionais, e é possível
elencar cinco contribuições importantes, sendo elas: 

PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO 

Professores, quadro técnico e equipe gestora precisam pensar coletivamente para planejar o Projeto Político
Pedagógico (PPP) da escola, tendo como foco as necessidades e contextos do público discente;

APROPRIAÇÃO E USO DE TECNOLOGIAS 

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As tecnologias de informação e comunicação (TICs) podem e devem ser apropriadas enquanto recursos pedagógicos


para facilitar, dinamizar e atualizar os processos pedagógicos;

ATENÇÃO ÀS QUESTÕES SOCIOEMOCIONAIS 

Para além do vínculo afetivo-profissional entre professores e estudantes, a escola precisa humanizar e formar
cidadãos aptos ao convívio social, sem contar que um dos motivos que levam à dificuldade de aprendizagem é de
ordem socioemocional, logo, o espaço de aprendizagem escolar precisa ser acolhedor, justo e formativo;

MAIOR ATENÇÃO À AVALIAÇÃO FORMATIVA 

Diferentemente dos testes dissertativos e objetivos (que cobram memorização de conteúdo), a avaliação formativa
acompanha o desenvolvimento da aprendizagem, norteando os planejamentos pedagógicos. 

NA PRÁTICA

Planejar com base na BNCC significa, em primeiro lugar, selecionar competências a serem trabalhadas. É importante lembrar
que competências são amplas e, muitas vezes, multidisciplinares, por mais que tenham sido elaboradas para um
componente curricular específico.

Para se atingir uma competência, é necessário selecionar habilidades que a contemplem. Uma vez selecionadas as
habilidades, identifique os conteúdos explícitos, implícitos e os verbos que os mobilizam. Segundo a BNCC, a competência 7
de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental é: “Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negociação de
sentidos, valores e ideologias” (BRASIL, 2017, p. 87). O conteúdo é o texto, e o que os estudantes precisam é saber
reconhecê-lo. Mas como? A competência diz que o texto precisa ser reconhecido como lugar de manifestação e negociação
de sentidos, valores e ideologias. É preciso selecionar habilidades que contribuam para se atingir a competência, por
exemplo: “(EF69LP01) Diferenciar liberdade de expressão de discursos de ódio, posicionando-se contrariamente a esse tipo
de discurso e vislumbrando possibilidades de denúncia quando for o caso” (BRASIL, 2017, p. 141). Imprimir

Tente, agora, relacionar a habilidade à competência que selecionamos. É possível interpretar que a habilidade é mais
específica. Ela propõe uma diferenciação entre liberdade de expressão e discurso de ódio, e há valores implícitos nessa
habilidade que envolvem o posicionamento contrário ao discurso de ódio e atitudes que se deve tomar ao presenciar tal tipo
de discurso.

Para o planejamento das atividades pedagógicas, você pode selecionar e apresentar diferentes gêneros textuais, como
notícias, piadas, discursos políticos e charges, bem como realizar debates sobre os conteúdos ali abordados. Com o auxílio
da legislação, que também deve ser interpretada enquanto gênero textual, estudantes podem ter algum parâmetro para
diferenciar o que é liberdade de expressão e o que é discurso de ódio, assim, é possível trabalhar a habilidade relacionando-
a à competência, pois, uma vez que a turma compreende os diferentes discursos nos gêneros textuais trabalhados,
reconhece que cada texto agrega manifestação de sentidos, valores e ideologias.

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A habilidade selecionada contribui para a apropriação da competência, porém não é suficiente, logo, outras habilidades
também devem ser trabalhadas ao longo do percurso escolar para se atingir a competência desejada.

Outro exemplo na Matemática, cuja quarta competência do Ensino Fundamental é:

Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos presentes nas práticas sociais e culturais,
de modo a investigar, organizar, representar e comunicar informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las
crítica e eticamente, produzindo argumentos convincentes.
— (BRASIL, 2017, p. 267)

Trata-se de uma competência bastante ampla; dela, selecionaremos as observações sistemáticas de aspectos quantitativos
para organizar e interpretar elementos da realidade, de modo a produzir argumentos convincentes. Lendo a habilidade a
seguir, faça a relação com a competência: “(EF01MA09) Organizar e ordenar objetos familiares ou representações por figuras,
por meio de atributos, tais como cor, forma e medida” (BRASIL, 2017, p. 279).

Partindo do contexto da turma, peça para agruparem objetos cotidianos conforme as cores, como lápis, roupas ou
brinquedos; estando os objetos agrupados e organizados, faça perguntas cujas respostas se baseiem no ordenamento por
cor, tais como: quantos objetos têm a mesma cor ou quantas cores diferentes foram agrupadas? 

Em caráter lúdico, peça para que as crianças misturem os objetos e os reagrupem por tamanho, faça novas perguntas e
sempre recorra aos dados obtidos pelos agrupamentos de objetos, para que as crianças se baseiem neles.  

VÍDEO RESUMO

Chegou o momento de revisarmos nossos estudos sobre currículo, BNCC, competências e habilidades, bem como refletir
sobre nossa prática docente, desde o planejamento até o cotidiano de ensino; para tanto, vamos partir dos conceitos de
currículo, BNCC, competência e habilidade, traçando análises importantes sobre cada um. Queremos que você compreenda
a BNCC, saiba diferenciá-la dos currículos e se prepare para aplicá-la na prática. Que sua jornada de aprendizagem seja
produtiva e contribua para os novos desafios da carreira docente.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
• Para melhor entender as habilidades: BLOOM, B. et al. Taxonomia dos objetivos educacionais: domínio cognitivo.
Porto Alegre: Globo, 1983.

• Para compreender as diferentes modalidades de avaliação: MORETTO, V. P. Prova: um momento privilegiado de


estudos, não um acerto de contas. Rio de Janeiro: Lamparina, 2010.

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• Para saber mais sobre o Projeto Político-Pedagógico: BETINI, G. A. et al. A construção do projeto político-pedagógico da
escola.  Pedag. UNIPINHAL, Espírito Santo do Pinhal, v. 1, n. 3, p. 37-44, 2005.

• Para saber sobre tecnologias da informação e comunicação na Educação Básica: QUARTIERO, E. M. As tecnologias da
informação e comunicação e a educação. Revista brasileira de informática na educação, [ l.], v. 4, n. 1, p. 69-74, 1999.

• Para saber mais sobre currículos: DA SILVA, M. R. Currículo, ensino médio e BNCC: m cenário de disputas. Retratos da
Escola, [ l.], v. 9, n. 17, 2015.

• MELLO, S. A.; DA SILVA, G. F. BNCC: um currículo integrador da infância brasileira? Debates em Educação, [S. l.], v. 8, n.
16, p. 66-66, 2016.

• DA SILVA, M. V.; SANTOS, J. M. C. T. A BNCC e as implicações para o currículo da Educação Básica. Campina Grande:
Realize Editora, 2018.

Aula 2

BNCC: ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL


Daremos início ao estudo por cada modalidade básica de educação brasileira, a começar pela Educação Infantil.
29 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Daremos início ao estudo por cada modalidade básica de educação brasileira, a começar pela Educação
Infantil, sendo importante reconhecer, a fim de compreendê-la, que a concepção de infância é recente na cultura ocidental, e
o mesmo, obviamente, ocorre com a Educação Infantil. 

Além disso, passaremos brevemente pela história da Educação Infantil brasileira por meio de documentos importantes,
como a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, de 1996, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, de 1998, as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil, de 2010, e a Base Nacional Comum Curricular, de 2017, que será nosso objeto de aprofundamento
e análise, com destaque para os direitos de aprendizagem, os campos de experiência e objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento. 

INFÂNCIA E EDUCAÇÃO INFANTIL

A concepção ocidental de infância é recente e, segundo Ariès (1981), data do século XIII. Durante muito tempo, crianças
foram tratadas como “pequenos adultos” inseridos nos afazeres cotidianos dos mais velhos e vítimas, em altas taxas, de
mortalidade, abandono, exploração do trabalho e abusos de toda sorte. “A criança era tão insignificante, tão mal entrada na

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vida, que não se temia que após a morte ela voltasse para importunar os vivos” (ARIÈS, 1981, p. 57); além disso, o mesmo
autor acrescenta que, a partir do momento que se acreditava não haver mais necessidade de dependência e cuidados, a
 criança era inserida na sociedade adulta.

Quatro séculos depois, no século XVII, começou o interesse psicológico e moral, e, no século XIX, Ariès (1981) afirmou ter
havido um processo de separação entre a realidade infantil e a adulta, pois, diante da exploração do trabalho de menores e
suas drásticas consequências, os Estados Nacionais Modernos passaram a substituir, lentamente, o trabalho pela escola,
bem como leis foram surgindo, ao longo do século XX, em prol do cuidado e da proteção da criança. Houve, portanto, um
longo trajeto até a sociedade ocidental passar a reconhecer e compreender as características típicas da infância. Se a
concepção ocidental de infância é recente, a educação das crianças pequenas é mais ainda; segundo Nunes, Corsino e
Didonet (2011), a Educação Infantil no Brasil passou por três fases ou etapas históricas:

[...] 

• do começo das iniciativas de atendimento à criança até a redemocratização do país (1875-1985); 

• período da Assembleia Nacional Constituinte, promulgação da Constituição Federal e elaboração das leis que a
regulamentam na área dos direitos da criança (1986-1996); 

• formulação de diretrizes, políticas, planos e programas que objetivam a realização dos direitos da criança (1996
até os dias atuais). 
— (NUNES; CORSINO; DIDONET, 2011, p. 17)

Entre os documentos mais importantes para compreendermos a Educação Infantil no Brasil atualmente, é fundamental
recorrer ao artigo 227 da Constituição Federal de 1988, no qual a criança é vista enquanto sujeito integral que possui direitos
a serem garantidos pela sociedade, família e Estado, sendo eles: 

[...] o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
— (BRASIL, 1988, p. 131)

Outro documento é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/1990, considerado “o estatuto jurídico da
criança cidadã” (NUNES; CORSINO; DIDONET, 2011, p. 32). As autoras destacam que a visão assistencialista e repressora dá
lugar, com o ECA, à proteção integral, foco na cidadania, desenvolvimento e formação das crianças.

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Já a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/1996, consolida a Educação Infantil enquanto começo
da Educação Básica, exigindo formação profissional aos trabalhadores e integração de creches e pré-escolas aos sistemas de
 ensino. E faz-se importante ressaltar o processo de descentralização da educação brasileira, previsto na Constituição Federal
(1988) e na LDB (1996), que atribui aos municípios a priorização da Educação Infantil e Fundamental, sempre em parceria
com demais entes federados. 

Em 1998, foi publicado o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e, em 2010, o documento Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI). Dois destaques do DCNEI são: junção intrínseca entre cuidado e
educação e campos de experiência (BRASIL, 2010). 

Após as breves considerações históricas sobre a infância e a Educação Infantil no Brasil, o foco dos estudos passará a ser a
Educação Infantil segundo a Base Nacional Comum Curricular (2017).

DIREITOS DE APRENDIZAGEM, CAMPOS DE EXPERIÊNCIA E OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A Base Nacional Comum Curricular (2017) contempla seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil,
logo, reconhecê-los é importante para se compreender as características específicas da primeira educação. Tais direitos,
resumidamente, são: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se (BRASIL, 2017). Cada direito possui
relação com os outros, para que a formação seja integral, conforme ilustra o esquema a seguir:

Figura 1 | Direitos de aprendizagem

Fonte: elaborada pelo autor.

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A convivência entre pares e com a comunidade escolar em diferentes agrupamentos possibilita o desenvolvimento da
sociabilidade e do respeito, de maneira que a criança seja capaz de diferenciar a si mesma dos demais, constituindo sua
 identidade e participando tanto das atividades cotidianas quanto do planejamento, por meio da expressão de “suas
necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes
linguagens” (BRASIL, 2017, p. 38). 

A exploração se evidencia pela curiosidade genuína da criança diante da realidade que a cerca, sendo assim, é necessário
proporcionar a maior variabilidade possível de estímulos, desde os sensoriais e psicomotores até os culturais, cognitivos e
sociais. Nada mais propício para o exercício da exploração da realidade do que a brincadeira, ação prazerosa, plural e
característica marcante da infância que precisa ser proporcionada na educação infantil.

Diante da breve análise dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil, é possível compreender que
esta primeira modalidade de educação não é e nem deve ser semelhante à educação científica-artística-filosófica oferecida
nos ensinos fundamental e médio.

Para a BNCC, a educação infantil é estruturada em campos de experiência, outrora previstos nas DCNEI (2010) e “constituem
um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes,
entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural.” (BRASIL, 2017, p.40). A seguir, cada campo de
experiência seguido de breves considerações:

- O eu, o outro e nós: promove interação social, autoconhecimento, autonomia e autocuidado;

- Corpo, gestos e movimentos: induz o desenvolvimento psicomotor por meio de diferentes expressões corporais;

- Traços, sons, cores e formas: vivência de expressões culturais em diferentes linguagens, desenvolvimento de senso estético
e crítico;

- Escuta, fala, pensamento e imaginação: desenvolve a comunicação em múltiplas linguagens e o pensamento;

- Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações: contempla a observação, manuseio, investigação, exploração,
levantamento de hipóteses, uso de fontes para obter respostas, ampliação dos saberes físicos e socioculturais úteis ao dia-a-
dia, sempre contextualizados.

Para contemplar os direitos de aprendizagem, os cinco campos de experiência são detalhados e divididos em objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento, que são:

As aprendizagens essenciais, que correspondem a comportamentos, habilidades, conhecimentos e vivências


estão especificadas na BNCC enquanto objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que se distribuem
conforme grupos por faixa etária.
— (BRASIL, 2017).

A tabela a seguir, extraída da BNCC (2017), ilustra os grupos por faixa etária:

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(BRASIL, 2017, p.44)

Crianças tendem a ser exploradoras naturalmente genuínas e espontâneas, interagem com o mundo e os seres ao seu redor
de maneiras distintas e a escola precisa proporcionar as interações de forma segura, lúdica e sempre com intencionalidade
pedagógica. 

Quem educa em creche e pré-escola precisa pensar em: 

- Aliar cuidado e educação;

- Ser uma pessoa criativa; 

- Se dispor a compreender e se fazer compreendida;

- Proporcionar ambientes e momentos de convívio e aprendizagem; 

- Escolher recursos pedagógicos seguros, estimulantes e variados; 

- Desenvolver postura de observação científica das aprendizagens e realizar registros periódicos de observação. 

NA PRÁTICA

Imagine que você assumiu uma turma de crianças bem pequenas em uma creche municipal e decide trabalhar o seguinte
objetivo de aprendizagem e desenvolvimento: “(EI02EO05) Perceber que as pessoas têm características físicas diferentes,
respeitando essas diferenças.” (BRASIL, 2017, p.45).

Primeiro, é importante interpretar e refletir sobre como proporcionar um aprendizado compatível com o objetivo escolhido.
Uma dica é tentar reescrever, resumindo com suas palavras o objetivo de aprendizagem, por exemplo: “Perceber e respeitar
características físicas diferentes entre pessoas.” 

Um segundo exercício, para dar coerência ao planejamento, é associar o objetivo de aprendizagem e desenvolvimento aos
campos de experiência que o englobam. No caso, é possível destacar dois campos de experiência: “O eu, o outro e o nós” e
“Corpo, gestos e movimentos”, segundo BRASIL (2017). O campo de experiência “O eu, o outro e nós” corresponde ao
desenvolvimento do reconhecimento de si, de grupos e de outros sujeitos e “Corpo, gestos e movimentos” corresponde ao
desenvolvimento psicomotor, percepção e reconhecimento tanto do próprio movimento quanto dos outros.

Aprofundando o raciocínio, tais campos de experiência se relacionam com qual ou quais direitos de aprendizagem?

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O direito de aprendizagem e desenvolvimento “Conhecer-se” envolve construir a própria identidade e o reconhecimento do


corpo é um meio para isso. “Participar” envolve a importância de a criança aderir à atividade planejada para o grupo e
 “Conviver” permite que se reconheça e compreenda a si em relação aos outros.

Lembrando que cada profissional pode realizar tais associações conforme seu repertório metodológico e contexto, de
maneira que cada caso será planejado de maneira específica, pois a docência é uma profissão de autoria e mediação entre
conhecimento e contexto.

Definidos os direitos de aprendizagem e desenvolvimento relacionados aos campos de experiências e ao objetivo de


aprendizagem e desenvolvimento selecionado, é hora de planejar a atividade!

Se a estratégia didática objetiva a percepção das características físicas, é possível realizar três atividades envolvendo um
mesmo tema simples: a sombra. Pela abordagem exploratória e científica da sombra, se chegará ao objetivo de
aprendizagem. Os recursos pedagógicos serão: lanterna (para a primeira atividade), giz (para a segunda), papel pardo e tinta
atóxica (para a terceira).

A primeira atividade consiste em reunir as crianças em ambiente escuro ou com baixa iluminação. Em seguida,
posicionando uma criança de cada vez entre a lanterna e a parede, peça para cada uma fazer uma pose ou dançar de modo
que os demais observem a sombra. Teça comentários sobre cada sombra, induza imaginação e pareidolia (fenômeno no qual
se vê imagens onde não há, como animais em nuvens). Lembre-se de proporcionar diversão e observar as aprendizagens.

A segunda atividade precisa ser em ambiente aberto, com luz solar incidente. Divida as crianças e peça para algumas
fazerem pose entre o sol e o chão (piso de concreto, de preferência) enquanto outras, com uso do giz, contornam as
sombras. Reveze-os. Terminados os desenhos, peça para que tentem adequar suas sombras aos contornos de outras,
posicionando-se onde as colegas estiveram para a realização do desenho.

A terceira atividade envolve pintar mãos, pés e agrupá-los no papel pardo para que se possa realizar comparações. Após
secar, cada um pode tentar encaixar a própria mão ou pé nas marcações dos colegas.

Observe que cada atividade é pensada de maneira lúdica e ativa, ou seja, envolve a mobilização da turma para que aconteça.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante! Nesta segunda aula abordaremos brevemente a concepção ocidental de infância, a educação infantil e como
ela se estrutura por meio da BNCC. Veremos, portanto, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, a divisão da
educação infantil por grupos etários, entre creche e pré-escola, os campos de experiência e os objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento. Bons estudos! 

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais

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Material de apoio oficial da BNCC: no link é possível encontrar vídeos sobre a Base Nacional Comum Curricular,
cadernos temáticos, materiais sobre currículos, consulta pública, tutoriais e orientações: Merece destaque o documento

“Construção curricular na Educação Infantil” (BRASIL, 2018). 

Aula 3

BNCC: ETAPA DO ENSINO FUNDAMENTAL


Nesta aula, iremos estudar a etapa mais duradoura da Educação Básica.
24 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Nesta aula, iremos estudar a etapa mais duradoura da Educação Básica. Com nove anos, a Educação
Fundamental vai do primeiro ao nono ano, do final da infância até a adolescência. Diante disso, veremos: a estrutura da
Educação Básica, dividida entre anos iniciais, finais e respectivas idades previstas; as quatro áreas do conhecimento
(Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas); as considerações sobre as competências de cada área;
os componentes curriculares; e as competências específicas dos componentes curriculares enquanto particularidades. Com
isso, é importante que, ao final do estudo, você compreenda as relações entre a área e o componente, assim como a relação
entre competências e habilidades. 

BNCC E ENSINO FUNDAMENTAL

Para o Ensino Fundamental, a BNCC (2017) considera: 

•  Mudanças características do desenvolvimento entre 6 e 14 anos de idade; 

•  Rupturas entre Educação Infantil e Fundamental, anos iniciais e finais do Fundamental e entre anos finais do Fundamental
e Médio; 

•  Criança enquanto sujeito concreto inserido em determinado contexto; 

•  Valorização e escuta dos interesses das crianças. 

O Ensino Fundamental é dividido em Anos Iniciais (1º ao 5º) e Finais (6º ao 9º), sendo os dois primeiros anos dedicados à
alfabetização. Ao longo dos demais anos iniciais, as aprendizagens prévias são consolidadas, ocorrendo a:

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Ampliação das práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto
seus interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender. Ampliam-se a autonomia intelectual, a
 compreensão de normas e os interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com sistemas mais amplos,
que dizem respeito às relações dos sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura, com as
tecnologias e com o ambiente.
— (BRASIL, 2017, p. 59)

A BNCC (2017) afirma que a aprendizagem deve ser contínua e integrada entre anos iniciais e finais, apesar das mudanças
curriculares e docentes e da necessidade de ações que atenuem os impactos das rupturas no percurso. Os Anos Finais
demandam autonomia, pois o ritmo cotidiano é diversificado, havendo distintos compromissos e prazos, bem como
considerável diminuição da proximidade entre professor e estudante se comparado aos Anos Iniciais. 

A transição da infância para a adolescência acompanha maior carga de responsabilidades ao mesmo tempo em que a
puberdade revela um mundo novo; diante disso, a BNCC atenta para o uso de recursos digitais, resolução de conflitos,
combate aos diversos tipos de violência e reflexões sobre projeto de vida. Além disso, diferentemente da Educação Infantil,
no Ensino Fundamental, os conhecimentos científicos são apresentados formalmente, agrupados pelas áreas de
conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso. Cada área é subdividida
em um ou mais componentes curriculares, porém o ensino por competências e habilidades busca integrar, teoricamente,
todos os conhecimentos científicos, buscando interdisciplinaridade. 

É essencial levar em consideração as competências gerais da BNCC, afinal, todos os conhecimentos desenvolvidos na
Educação Básica se conjugam em busca de tais competências resumidas a seguir: 

•  Valorizar e utilizar os conhecimentos científicos para contribuir para a sociedade.

•  Desenvolver cientificidade e investigação científica.

•  Valorizar, participar e fruir a diversidade artística e cultural.

•  Apropriar-se de diferentes linguagens e saber se expressar.

•  Desenvolver o uso autônomo e ativo das tecnologias digitais de informação e comunicação.

•  Valorizar distintos saberes e culturas, apropriar-se de conhecimentos úteis à compreensão do trabalho e tomar decisões
cidadãs respaldadas no próprio projeto de vida.

•  Argumentar com ética, respeito e respaldo em informações confiáveis sobre diferentes temas latentes à humanidade,
respeitando direitos humanos e consciência ecológica. 

•  Autoconhecimento físico, emocional, consciência social e autocrítica. 

•  Desenvolver diálogo e empatia para resolução de conflitos.

•  Agir com autonomia e tomar decisões democráticas, inclusivas, sustentáveis e solidárias. (BRASIL, 2017).

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É recomendável acessar a BNCC para compreender as competências gerais, pois elas constituem os objetivos finais da
aprendizagem, ou seja, aquilo que se espera que se aprenda ao longo do percurso escolar. A seguir, trataremos das
 competências, áreas de conhecimento e habilidades.

COMPETÊNCIAS, ÁREAS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES

Após reconhecermos a estrutura da Educação Fundamental brasileira, segundo a BNCC, vamos nos aprofundar nas áreas de
conhecimento e componentes curriculares, levando em consideração suas competências.

• Linguagens: “[...] verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e, contemporaneamente,
digital” (BRASIL, 2017, p. 63). Inclui Língua Portuguesa, Arte e Educação Física em todos os anos, com acréscimo de Língua
Inglesa nos anos finais. As seis competências de Linguagens se resumem à compreensão de linguagens enquanto
construções humanas com expressões e finalidades plurais, senso estético e uso de tecnologias.

• Matemática: abrange aritmética, álgebra, geometria, probabilidade e estatística, bem como “[...] não se restringe apenas à
quantificação de fenômenos determinísticos - contagem, medição de objetos, grandezas - e das técnicas de cálculo com os
números e com as grandezas, pois também estuda a incerteza proveniente de fenômenos de caráter aleatório” (BRASIL,
2017, p. 265). As sete competências se resumem em: reconhecer a matemática enquanto ciência humana a serviço da
humanidade; raciocínio lógico, investigativo e argumentativo; observações quantitativas e qualitativas; uso de processos e
ferramentas; resolução de situações-problema; e desenvolvimento de projetos e cooperação.

• Ciências da Natureza: “[...] tem um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, que envolve a
capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base
nos aportes teóricos e processuais das ciências” (BRASIL, 2017, p. 321). Suas oito competências se resumem em formar
sujeitos dotados de cientificidade crítica, espírito investigativo, autocuidado, responsabilidade, cooperação e aptidão para
analisar, explicar e avaliar características, fenômenos e processos relacionados à área de conhecimento.

• Ciências Humanas: propõe-se a uma aprendizagem que forme sujeitos aptos a desenvolver raciocínio espaço-temporal
(unindo cognição e contexto) crítico e ético, com valorização dos direitos humanos, meio ambiente e coletividade. Valores
como solidariedade, participação e protagonismo voltados para a sociedade e críticos à desigualdade são prescritos pela
BNCC (2017), além disso, também há preocupação com a cientificidade.

Os componentes curriculares são História e Geografia, somando sete competências específicas, e as sete competências de
Ciências Humanas se resumem em formar sujeitos conscientes, conhecedores, cientificamente críticos em relação a si
mesmos, aos outros e a toda a sociedade e seus impactos, aptos a interpretar e expressar sentimentos, crenças, dúvidas,
opiniões, argumentos, ideias, comparações etc. com fundamentação científica e ser capaz de fazer uso de diferentes
linguagens e recursos tecnológicos.

• Ensino Religioso: possui o conhecimento religioso enquanto objeto de área, embasado nas Ciências Humanas. Conta com
pressupostos éticos e científicos, não sendo, portanto, uma educação confessional, segundo a BNCC (2017), e é por meio do
diálogo e de contextos estudantis que a aprendizagem se desenvolve. Conta com seis competências específicas voltadas para
a compreensão, respeito e convívio com diversas crenças, tradições e manifestações culturais, autoconhecimento, debate
sobre temas importantes e embasamento científico para as análises.

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É essencial reconhecer a intertextualidade entre competências gerais de área, de componentes e habilidades, da


abrangência à especificidade e vice-versa. Quanto mais ampla for uma competência, mais competências de área,
 componentes e habilidades serão necessários para contemplá-la. Apesar da divisão por área e componentes, deve-se
sempre manter o olhar interdisciplinar (MARCHELLI, 2017) e integrador da ciência, desconstruindo o paradigma tradicional
de fragmentação e compartimentação dos saberes científicos. Analise o esquema a seguir:

Intertextualidade entre competências e habilidades

COMPETÊNCIA GERAL DO ENSINO FUNDAMENTAL 

4. Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
digital -, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e cientifica, para se expressar e partilhar
informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao
entendimento mútuo.

COMPETÊNCIAS ESPECIFICA 

(LINGUAGENS) 2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas. corporais e linguísticas) em


diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na
vida social e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.

(MATEMATICA) 2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espirito de investigação e a capacidade de produzir argumentos


convincentes - recorrendo aos conhecimentos matemáticos para compreender e aluar no Mundo.

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE COMPONENTES CURRICULARES 

(Língua Portuguesa) 2. Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como forma de interação nos diferentes
campos de atuação da vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de participar da cultura letrada, de
construir conhecimentos (inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social.

No caso, a área corresponde a um único componente curricular, logo, as competências de área e de componente são
as mesmas

HABILIDADES ESPECIFICAS 

(EFB9LP0B) Revisar/editar o texto produzido - noticia, reportagem, resenha, artigo de opinião, dentre outros -, tendo
em vista sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, características do género, aspectos relativos a
textualidade, relação entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado das ferramentas de edição (de
texto, foto, áudio e vídeo, dependendo do caso) e adequação à norma culta.

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(EFOIMA03) Estimar e comparar quantidades de objetos de dois conjuntos (em torno de 20 elementos), por
estimativa e/ou por correspondência (um a um, dois a dois) para indicar "tem mais", "tem menos" ou "tem a mesma
 quantidade".

A figura acima ilustra um afunilamento, partindo de uma competência geral para habilidades específicas de diferentes
componentes curriculares e etapa do percurso fundamental.

HABILIDADES E INTERDISCIPLINARIDADE

Chegou o momento de pensarmos a aplicação dos conhecimentos apropriados ao longo da aula. Buscaremos planejar
atividades pedagógicas a partir da interpretação de habilidades selecionadas, possibilitando a interdisciplinaridade, que
Marchelli (2017) afirma ser necessária desde a formação inicial de professores.

Imagine que você assumiu uma turminha de primeiro ano do Ensino Fundamental e precisa trabalhar todos os componentes
curriculares (exceto inglês). A gestão entregou um cronograma com horários de cada componente curricular a ser trabalhado
ao longo da semana, algo que, sob pretexto de organização, influencia o planejamento fragmentado. Lendo a BNCC, você
encontra:  “(EF15AR10) Experimentar diferentes formas de orientação no espaço (deslocamentos, planos, direções, caminhos
etc.) e ritmos de movimento (lento, moderado e rápido) na construção do movimento dançado” (BRASIL, 2017, p. 201);
“(EF01MA11) Descrever a localização de pessoas e de objetos no espaço em relação à sua própria posição, utilizando termos
como à direita, à esquerda, em frente, atrás” (BRASIL, 2017, p. 279); e “(EF01GE09) Elaborar e utilizar mapas simples para
localizar elementos do local de vivência, considerando referenciais espaciais (frente e atrás, esquerda e direita, em cima e
embaixo, dentro e fora) e tendo o corpo como referência” (BRASIL, 2017, p. 317).

Possível atividade: divida a turma em dois grupos, oriente o primeiro a se deslocar num determinado espaço, conforme
uma música (lenta, moderada ou rápida); ao parar o som, as crianças devem ficar imóveis, como na brincadeira da “estátua”;
já ao segundo grupo, peça para que os integrantes se posicionem ao centro do local, desenhem as posições de cada colega
do primeiro grupo e descrevam, oralmente, utilizando “direita, esquerda, frente, atrás, abaixo ou acima), tendo a si mesmos
como referência. Inverta as ações dos grupos apresentando outra música, com ritmo diferente.

A estrutura e o funcionamento dos anos finais do Ensino Fundamental dificultam ações interdisciplinares, pois precisam
conciliar horários de professores e turmas, entretanto, é possível construir projetos a serem desenvolvidos em momentos
específicos. Observe as habilidades a seguir: “(EF07CI10) Argumentar sobre a importância da vacinação para a saúde pública,
com base em informações sobre a maneira como a vacina atua no organismo e o papel histórico da vacinação para a
manutenção da saúde individual e coletiva e para a erradicação de doenças” (BRASIL, 2017, p. 347); “(EF07MA37) Interpretar e
analisar dados apresentados em gráfico de setores divulgados pela mídia e compreender quando é possível ou conveniente
sua utilização” (BRASIL, 2017, p. 311); e “(EF89LP25) Divulgar o resultado de pesquisas por meio de apresentações orais,
verbetes de enciclopédias colaborativas, reportagens de divulgação científica, vlogs científicos, vídeos de diferentes tipos etc”
(BRASIL, 2017, p. 185).

Possível atividade: numa parceria entre professores de Ciências da Natureza, Matemática e Língua Portuguesa, é possível
criar um projeto de divulgação científica em formato de canal de vídeos no qual estudantes do sétimo ano levantem,
analisem e produzam conhecimentos sobre vacinação, a fim de que os alunos do oitavo ano apresentem em formato
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jornalístico com foco na comunidade local, entrevistas com professores e profissionais da saúde, análises estatísticas, saúde
de crianças, adultos e idosos etc.

Retorne às habilidades selecionadas e exercite planejamentos pedagógicos hipotéticos, sempre se atentando aos verbos e
conteúdos explícitos em cada habilidade e foco na intertextualidade, para poder unir componentes curriculares. Nos casos
apresentados, emprega-se a avaliação formativa, por meio de registros de observação de aprendizagem relacionados a
critérios avaliativos derivados das habilidades. Note que, em ambas as atividades, os estudantes serão ativos no processo e
os professores atuarão como mediadores.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante! Neste vídeo resumo, iremos abordar as relações entre competências gerais, competências de área, de
componente curricular, habilidades, seus verbos e conteúdos para o Ensino Fundamental. O objetivo é traçar a
intertextualidade entre todas as mobilizações de conhecimento (do geral ao específico e vice-versa), buscando desenvolver
olhar formativo e interdisciplinar que contribua para o planejamento e a prática, de acordo com a BNCC. Bons estudos! 

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
Sugerimos a leitura de artigos selecionados conforme a área de conhecimento da BNCC:

Linguagens:

FRANCISCO, C. N. P. A difusão de novas competências pela BNCC: os multiletramentos e o ensino da linguagem na


era das novas tecnologias. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO, 16, 2018, Recife. Anais
[...]. Pernambuco, 2018. p. 1-14.

Matemática:

DA SILVA, L. E. Educação matemática e a base nacional comum curricular (BNCC): um desafio para a educação
básica. Humanidades & Inovação, [S. l.], v. 6, n. 6, p. 51-61, 2019.

Ciências da Natureza:

Franco, L. G.; MUNFORD, D. Reflexões sobre a base nacional comum curricular: um olhar da área de ciências da
natureza. Revista Horizontes, [S. l.], v. 36, n. 1, p. 158–170, 2018.

Ciências Humanas:

DE SOUSA, A. A. P.; SOUSA, M. V. L.; DE PAULA, P. V. B. O trabalho docente na área de ciências humanas. Problemata:
Revista Internacional de Filosofía, [S. l.], v. 10, n. 5, p. 271-281, 2019.

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Aula 4

BNCC: ETAPA DO ENSINO MÉDIO


Nesta aula, iremos abordar o Ensino Médio, conforme a BNCC e a LDB.
31 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante! Nesta aula, iremos abordar o Ensino Médio, conforme a BNCC e a LDB; analisaremos brevemente as quatro
áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, que se desdobram em doze
componentes curriculares: Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Língua Portuguesa, Matemática, Biologia, Física, Química,
Filosofia, História, Geografia e Sociologia; e exploraremos a Taxonomia de Bloom enquanto instrumento metodológico para
planejar atividades pedagógicas a partir de habilidades da BNCC. Ao pensarmos a aplicação, quatro habilidades de Ensino
Médio em diferentes níveis de complexidade e área de conhecimento serão apresentadas; ao final, serão expostas algumas
reflexões sobre o ensino por competências e habilidades. Bons estudos! 

ADOLESCÊNCIA, ENSINO MÉDIO E ÁREAS DO CONHECIMENTO

O Ensino Médio brasileiro, etapa final da Educação Básica, enfrenta dois desafios principais, segundo a BNCC (2017): o
primeiro é a desigualdade de acesso e a evasão diante das circunstâncias na qual jovens se inserem precocemente no
trabalho, o segundo é o atendimento adequado diante da pluralidade do público, haja vista as características específicas da
adolescência, tão historicamente negligenciadas quanto a infância.

Considerar que há muitas juventudes implica organizar uma escola que acolha as diversidades, promovendo,
de modo intencional e permanente, o respeito à pessoa humana e aos seus direitos. E mais, que garanta aos
estudantes ser protagonistas de seu próprio processo de escolarização, reconhecendo-os como interlocutores
legítimos sobre currículo, ensino e aprendizagem. Significa, nesse sentido, assegurar-lhes uma formação que, em
sintonia com seus percursos e histórias, permita-lhes definir seu projeto de vida, tanto no que diz respeito ao
estudo e ao trabalho como também no que concerne às escolhas de estilos de vida saudáveis, sustentáveis e
éticos.

— (BRASIL, 2017, p. 463)

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O Ensino Médio é a etapa na qual se espera que estudantes se preparem para se posicionar diante da realidade e contribuir
para a sociedade por meio do trabalho e em busca da solução de desafios que a vida apresenta. A LDB (9394/96), em seu
 Artigo 35, estabelece as finalidades do Ensino Médio:

I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o


prosseguimento de estudos;

II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a
ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria


com a prática, no ensino de cada disciplina.

— (BRASIL, 1996, p. 24, grifo nosso)

Devido à proximidade entre Ensino Médio e mundo do trabalho, além das áreas do conhecimento previstas pela BNCC, há,
também, os itinerários formativos: arranjos curriculares que atendam demandas técnicas e acadêmicas locais, flexibilizando
e organizando o currículo, tendo os estudantes enquanto protagonistas dos próprios projetos de vida.

As áreas do conhecimento específicas para o Ensino Médio e seus componentes curriculares são:

• Linguagens e suas tecnologias: Língua Portuguesa, Educação Física, Arte e Língua Inglesa.

• Matemática e suas tecnologias: Matemática.

• Ciências da Natureza e suas tecnologias: Ciências da Natureza, Física e Química.

• Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Geografia, História, Filosofia e Sociologia.

Apesar de o Ensino Médio contar com uma área do conhecimento (Ensino Religioso) a menos, em relação ao Ensino
Fundamental, os itinerários formativos e componentes curriculares em Ciências da Natureza e Ciências Humanas aumentam
a carga de saberes e responsabilidades. Assim como na etapa anterior da Educação Básica, o trabalho docente demanda
compreensão, análise e aplicação de competências de área, componentes e habilidades na prática pedagógica. A seguir,
aprofundaremos as áreas de conhecimento do Ensino Médio para aplicarmos a Taxonomia de Bloom, e é importante
salientarmos que essa taxonomia é um instrumento útil para a educação por competências, pois professores, principalmente
especialistas, como os do Ensino Médio, tendem a focar os conteúdos, em detrimento das competências e habilidades; com a
Taxonomia de Bloom, é possível hierarquizar os verbos presentes em habilidades para poder decidir como trabalhar os
conteúdos.

ÁREAS DO CONHECIMENTO E TAXONOMIA DE BLOOM


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A área de Linguagens conta com sete competências e se destina à

consolidação e a ampliação das habilidades de uso e de reflexão sobre as linguagens – artísticas, corporais e
verbais (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita) –, que são objeto de seus diferentes componentes (Arte,
Educação Física, Língua Inglesa e Língua Portuguesa).
— (BRASIL, 2017, p. 482)

Merece destaque a Língua Portuguesa, que articula competências e habilidades com campos de atuação social (áreas de
aplicação cotidiana da linguagem): vida social; jornalístico-midiático; atuação na vida pública e artístico. Mediante tais
campos, estudantes percebem a aplicabilidade dos conhecimentos apropriados por meio de atividades do componente
curricular; a Educação Física propicia movimentos corporais de diferentes culturas; a Arte busca o desenvolvimento da
autonomia, criatividade e autoconhecimento; a Língua Inglesa é imbuída de caráter intercultural útil à sociedade globalizada;
e a Matemática estrutura suas habilidades em unidades de conhecimento da área: “Números, Álgebra, Geometria, Grandezas
e Medidas, Probabilidade e Estatística” (BRASIL, 2017, p. 527). Recomenda-se a aprendizagem de recursos tecnológicos, como
calculadoras e planilhas. No Ensino Médio, “o foco é a construção de uma visão integrada da Matemática, aplicada à
realidade, em diferentes contextos” (BRASIL, 2017, p. 528).

Com três competências específicas, a área de Ciências da Natureza pretende formar pessoas aptas a analisar fenômenos
naturais baseados nas relações matéria-energia, fazer uso de interpretações desde a vida até o universo e apropriar-se de
postura científico-investigativa diante de demandas sociais.

A área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas carrega consigo seis competências, compromissos atitudinais e
conhecimentos científicos para se compreender, autonomamente, a sociedade e nela viver, bem como possui categorias
transversais que devem ser abordadas e debatidas, tais como: tempo e espaço, território e fronteira, indivíduo, natureza,
sociedade, cultura e ética, política e trabalho.

Professores de Ensino Médio em exercício fazem uso de conhecimentos advindos de licenciaturas específicas relacionadas
ao componente curricular que lecionam, logo, para cada área, os profissionais conseguem, na BNCC, identificar conteúdos e
procedimentos típicos desse componente. Entretanto, não basta reconhecer temas, conteúdos ou procedimentos, é
necessário desenvolver especial atenção às competências e habilidades.

A Taxonomia de Bloom é um instrumento útil para planejamento e aplicação de atividades pedagógicas em qualquer
componente curricular, porque sistematiza, por grau de complexidade, os objetivos educacionais, que se manifestam por
meio dos verbos que acompanham as habilidades. Em síntese, é importante interpretar a aprendizagem em três domínios
interconectados de desenvolvimento:

• cognitivo (apropriação de conhecimento);

• afetivo (comportamento e postura);

• psicomotor (habilidades de movimento);

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Segundo Ferraz e Belhot (2010). Os três domínios abarcam seis níveis taxonômicos:


Figura 1 | Seis níveis taxonômicos

Fonte: adaptada de Ferraz e Belhot (2010).

O primeiro nível menos complexo é “lembrar” e consiste no reconhecimento de conceito, procedimento ou atitude;
“entender” envolve se apropriar e ser capaz de se comunicar, demonstrando o entendimento; “aplicar” é o uso de conceito,
teoria, técnica em determinada circunstância cabível; “analisar” consiste na compartimentação ou organização, conforme as
conexões entre elementos de um todo; “avaliar” é julgar conforme critérios; e “criar” é desenvolver, produzir, planejar algo
original. 

A complexidade se dá pelo fato de que é necessário desenvolver os níveis menores para se atingir os maiores, e cada nível
possui verbos semelhantes quanto à aprendizagem e complexidade, conforme veremos nas análises e habilidades a seguir.

ANÁLISE DE HABILIDADES E REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DOCENTE

Exercitaremos a taxonomia de Bloom analisando uma habilidade de cada área do conhecimento do Ensino Médio, segundo a
BNCC, e da menor complexidade à maior. É importante destacar que as habilidades tendem a ser mais complexas conforme
o avanço no percurso escolar, de modo que o Ensino Médio agrega uma maioria de habilidades de nível médio a alto da
taxonomia.

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Começando com Ciências da Natureza, a habilidade a seguir corresponde à compreensão, pois é necessário que o estudante
reconheça e compreenda temas das Ciências da Natureza em diferentes gêneros textuais, objetivando levantar informações
 confiáveis:

(EM13CNT303) Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza,
disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em
equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir
estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações.

— (BRASIL, 2017, p. 559)

Em Matemática, é comum encontrar a aplicação, conforme a habilidade a seguir: “(EM13MAT308) Aplicar as relações
métricas, incluindo as leis do seno e do cosseno ou as noções de congruência e semelhança, para resolver e elaborar
problemas que envolvem triângulos, em variados contextos” (BRASIL, 2017, p. 545).

Note que “relações métricas”, “leis do seno e do cosseno” e “congruência e semelhança” são conceitos e procedimentos que
precisam ser reconhecidos e compreendidos para serem aplicados. Isso significa que outras habilidades envolvendo tais
conteúdos proporcionaram, previamente, a apropriação de níveis de menor complexidade para o alcance da aplicação
enunciada.

Em Ciências Humanas, a habilidade a seguir envolve uma análise que combina diversos elementos interconectados para se
chegar ao objetivo proposto: “(EM13CHS603) Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas
experiências políticas e de exercício da cidadania, aplicando conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e
regimes de governo, soberania etc.)” (BRASIL, 2017, p. 579).

E para alcançar a aprendizagem da habilidade acima, o estudante precisa reconhecer, compreender, descrever, comparar,
dividir, organizar, entre outras habilidades implícitas. Por último, a habilidade de Linguagens a seguir é a de maior
complexidade levantada para este estudo:

(EM13LGG305) Mapear e criar, por meio de práticas de linguagem, possibilidades de atuação social, política,
artística e cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutindo princípios e objetivos dessa atuação de
maneira crítica, criativa, solidária e ética.

— (BRASIL, 2017, p. 493)

Para criar possibilidades de atuação em diferentes campos, enfrentar desafios e discutir a própria atuação é necessário que
o estudante reconheça, compreenda, aplique, analise, crie, planeje, debata e critique aquilo que criou. Diante das habilidades
analisadas, são necessárias algumas reflexões conclusivas importantes:
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• Conforme a complexidade da habilidade, a mobilização de estratégias ou atividades poderá ser maior ou menor.

• Por mais que a habilidade seja simples, ela leva tempo e é preciso planejar a quantidade de encontros (aulas) para

contemplá-la.

• Mediante a análise entre habilidade, atividade pedagógica e acompanhamento da aprendizagem, critérios avaliativos
podem ser determinados com melhor adequação ao contexto.

• Mais de uma habilidade pode ser trabalhada numa mesma aula, entretanto, é necessário saber discernir, na observação
formativa da aprendizagem, o que cabe a uma e o que cabe a outra.

• Tornar explícitos os objetivos de aprendizagem em cada atividade possibilitam uma aprendizagem consciente e
significativa.

Planeje com participação de estudantes para melhor engajamento e com os colegas para encontrar estratégias
interdisciplinares.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante! No vídeo desta aula, abordaremos o Ensino Médio segundo a BNCC e a LDB; analisaremos as áreas de
conhecimento e componentes curriculares, com destaque para a Taxonomia de Bloom, instrumento que auxilia o
planejamento de atividades pedagógicas com base em habilidades. Acesse as referências bibliográficas e o Saiba Mais para
aprofundamento. Bons estudos!

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
DA SILVA, M. R. Currículo, ensino médio e BNCC: um cenário de disputas. Retratos da Escola, [S. l.], v. 9, n. 17, 2015.

GALHARDI. A. C.; AZEVEDO. M. M. Avaliações de aprendizagem: o uso da taxonomia de Bloom. 2013.

LOPES, A. C. Itinerários formativos na BNCC do Ensino Médio: identificações docentes e projetos de vida
juvenis. Retratos da escola, [S. l.], v. 13, n. 25, p. 59-75, 2019.

NEVES, J. M. Análise de habilidades da BNCC do ensino médio da área de ciências da natureza e suas tecnologias
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VÍDEO ENTREVISTA

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