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UNIDADE 3.

CARBOIDRATOS

OBJETIVOS

• Compreender a estrutura e função dos carboidratos;


• Estudar a importância fisiológica dos carboidratos;
• Compreender as vias metabólicas para obtenção de energia;
• Entender as estratégias de regulação do metabolismo;
AULA 8
Seção 3.2. Metabolismo de Carboidratos
ASSUNTOS QUE SERÃO ABORDADOS
• Conceito de Metabolismo ;
• Processo químico da glicólise;
• Processo de degradação do glicogênio (glicogenólise);
Metabolismo
Características Gerais.

• São processos de obtenção, armazenamento e utilização de energia, além da


transformação de precursores obtidos do meio ambiente em compostos característicos,
são realizados por milhares de reações químicas.

• As reações químicas organizam-se em vias metabólicas, as quais constituem


sequências definidas de reações enzimáticas específicas que funcionam de maneira inter-
relacionada e extremamente coordenada.

• Os constituintes mais importantes dos alimentos são três tipos de compostos orgânicos:
carboidratos, lipídeos e proteínas, os quais, no processo de digestão, são degradados até
suas subunidades.
Metabolismo de maneira simplificada
Conversões possíveis PROTEÍNAS

• Proteínas → Glicose: Possível devido à conversão de


aminoácidos em piruvato (alguns casos havendo, primeiramente,
a conversão em oxaloacetato), o qual é posteriormente
convertido em glicose.

• Proteínas → Ácidos graxos: Possível devido à metabolização


de aminoácidos em acetilcoenzima A (Acetil-CoA) a qual,
posteriormente, é convertida em ácidos graxos.

• Glicose → Ácidos graxos: Possível devido à conversão de


glicose em piruvato, o qual é convertido em Acetil-CoA que, por
sua vez, é convertida em ácidos graxos.
Metabolismo de maneira simplificada
Conversões não possíveis
PROTEÍNAS
• Glicose → Proteínas: Não possível, uma vez que a glicose pode originar
apenas alguns aminoácidos (via conversão em piruvato) e, na ausência do
conjunto completo de aminoácidos, a síntese de proteínas torna-se inviável.

• Ácidos graxos → Glicose: Não possível, uma vez que os ácidos graxos
são degradados em Acetil-CoA, com dois átomos de carbono, e este
composto condensa-se em oxaloacetato (o qual contém quatro carbonos),
formando um composto de seis carbonos (citrato) e liberando Acetil-CoA.
Nas reações subsequentes do ciclo de Krebs, o citrato pode regenerar o
oxaloacetato, mas com produção de duas moléculas de CO 2, isto é, dois
carbonos da Acetil-CoA são eliminados sob a forma de CO 2, não havendo
síntese líquida de oxaloacetato e, portanto, de glicose, a partir de Acetil-
CoA.

• Ácidos graxos → Proteínas: Não possível, pelas mesmas razões citadas


anteriormente quando da síntese de glicose a partir de ácidos graxos.
RESPIRAÇÃO CELULAR
Processo bioquímico que tem como objetivo produzir ATP (Energia)
• Fase 1: Glicólise. Processo anaeróbico que ocorre no
liquido citoplasmático também chamado de citosol ou
hialoplasma.
• Fase 2: Ciclo de Krebs. O produto da glicólise vai para
dentro da mitocôndria (Matriz mitocondrial – liquido dentro
da organela).
• Fase 3: Fosforilação Oxidativa. O processo ocorre nas
cristas mitocondriais (são as dobras da membrana interna da
mitocôndria)

Objetivo: Quebrar a glicose para produzir ATP


Glicólise – Quebra da molécula de açúcar.
Características Gerais.
• É um processo de ocorrência na região do citoplasma celular, e tem por objetivo a quebra
da molécula de glicose e a produção de ATP e Piruvato;

O ATP (Adenosina Trifosfato) é a molécula responsável


por realizar o armazenamento de energia em suas
ligações, ou seja, quando essa molécula é quebrada e
suas ligações são desfeitas, temos a liberação de energia
para uso celular.

• Nessa fase ocorre a quebra de glicose (C 6H12O6) para


formação de duas moléculas de piruvato ou ácido
pirúvico (C3H4O3). Processo que ocorre no citoplasma
Os organismo vivos necessitam de energia graças a ação de enzimas espalhadas no hialoplasma.
para realizar três tipos de processos
básicos: Contração muscular, o
transporte ativo de moléculas e de íons
e a síntese de grandes moléculas a
partir de moléculas menores. O ATP
utilizado em tais processos é produzido
por algumas reações, dentre elas a
glicólise.
NAD – Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo.

• Coenzima derivada da Vitamina B3 (Niacina), ou seja se


NAD
não tiver vitamina, não tem NAD!

Niacina

NAD+ NADH
• O NAD tem por função capturar elétrons e hidrogênios, ou
seja, em termos técnicos ele é um aceptor de elétrons e
hidrogênios;

• O NAD é uma molécula que carrega energia para usar-la na


fabricação do ATP;

• Quando NAD não está capturando elétrons e hidrogênios


ele está na sua forma oxidativa (NAD +), por outro lado
quando ele esta capturando elétrons e hidrogênios ele esta
na sua forma reduzida conhecida como NADH;
A Grande questão é: Como a Glicose entra para a
célula?

Você sabia?
Quando você ingere um carboidrato (por exemplo uma massa),
essa tem amido (polissacarídeo – cheio de moléculas de Moléculas de glicose oriundas
glicose), quando essa massa passa pelo seu sistema digestório, da quebra do amido pelas
o amido é quebrado pelas enzimas digestivas (amilases), e ai enzimas digestiva.
quando chega em seu intestino a glicose que estava no amido
cai na tua corrente sanguínea e vai ser levada para dentro das
células graças a ação de um hormônio chamado de insulina que
é produzido pelo pâncreas.

Insulina
Amido
Mecanismo da Glicólise
LINHA DE RACIOCÍNIO
Fase 1: Investimento Energético
• Tenho molécula de glicose, cheia de energia armazenada,
preciso de ATP para quebrar essa molécula. A glicólise
investe ATP no inicio mas no final do processo recupera Representação de um átomo de carbono.
esse ATP com “juros e correção monetária”.
• Nessa fase precisa-se de 2 moléculas de ATP, onde cada Fase 2
molécula de ATP doa para a glicose um íon fosfato. Ao Fase 1
fazer isso o ATP se transforma num difosfato (ADP);
• Os fosfatos são colocados na glicose para torná-la uma
molécula instável, propiciando assim maior a chance das C3H4O3
ligações os átomos que compõem essa molécula de
desfazerem. Esse é o objetivo: Quebra a molécula de
Ação
glicose. Enzimas
Fase 2: Preparatória
C6H12O6
• Quando cada molécula de glicose quebra, ela libera 4
elétrons e 4 prótons de hidrogênio e essa energia é C3H4O3
capturada por 2 molécula de NAD+ que formaram 2
moléculas de NADH;
• No final dessa fase, sobra 2H+ porque cada NAD+ captura apenas 1
H+ e são adicionado 2 fosfatos por enzimas que participam do
processo. A adição de fosfato é importante para deixar a molécula
dentro do citoplasma e não sair pela membrana plasmática;
Mecanismo da Glicólise
LINHA DE RACIOCÍNIO

Fase 3: Pagamento

Representação de um átomo de carbono.


• Os fosfatos vão ser retirados da molécula para cada 2 ADP
são formados 2 ATP. Quando a molécula perde fosfato, Fase 2
esses vai para molécula de ADP e assim forma ATP;
Fase 1
• A partir do momento em que os fosfatos são perdidos
acabo tendo finalmente a formação do ácido pirúvico;
Fase 3 C3H4O3

Em resumo pegou-se uma molécula de 6 carbonos (Glicose – Ação


C6H12O6) e essa foi transformada em duas moléculas de 3 Enzimas
carbono (piruvato ou ácido pirúvico – C3H4O3). Nesse processo foi C6H12O6

usado 2 ATP, 2 NAD+ e foi formado 4 ATP, 2 NADH e sobrou 2H +.


A glicólise produz 4 ATPs, gasta 2 e fica com o saldo final C3H4O3
(Lucro) de 2 ATPs.
Serão usados em outros
processos metabólicos.
C6H12O6 + 2 ATP + 2NAD+ 2C3H4O3 + 2ATP + 2NADH + 2H+
Saldo final ATPs
O Ciclo de Krebs ou Ciclo do ácido cítrico.
O piruvato vai para dentro da mitocôndria aonde é oxidado, sofrendo uma descarboxilação e
transformando-se em um composto com dois carbonos (C 2).

Fase de entrada de ácido pirúvico (piruvato) na mitocôndria.

• O ponto de partida é o ácido pirúvico formado na


etapa da glicólise. O piruvato ao passar pela Reação descarboxilação
membrana externa da mitocôndria acaba perdendo
um de seus carbonos na forma CO 2. Com isso se tem a
formação de uma nova molécula chamada Acetil.
• Na sequencia a molécula chamada Acetil se junta com
outra molécula chamada coenzima A (uma enzima
associada a vitamina A) que vai aumentar a Acetil
velocidade das reações químicas que ocorrem em uma
parte do ciclo de Krebs;
• A associação da molécula Acetil com a molécula de IMPORTANTE
coenzima A leva a formação da molécula de No processo de entrada do ácido piruvico para produção da
AcetilcoenzimaA; AcetilcoenzimaA ocorre a formação de uma molécula
NADH. Não podemos esquecer que para cada glicose que
• Na reação de descarboxilação existe a perda de era quebrada na etapa anterior produzimos 2 ácidos
carbono na forma de CO2 a energia que estava contida pirúvicos e dessa forma será produzido duas moléculas de
Acetilcoenzima A (CoA) e duas moléculas de NADH.
na molécula de acido piruvico é capturada pelo NAD +
que se transforma em NADH;
O Ciclo de Krebs ou Ciclo do ácido cítrico.
Acetil-coenzima A Acetilcoenzima A

Pontos relevantes
• A acetilcoenzima A (Acetil-CoA) é um composto intermediário chave
no metabolismo celular, constituído de um grupo acetilo, de
dois carbonos, unidos de maneira covalente a coenzima A. A Acetil-
CoA é resultado da oxidação total de moléculas orgânicas como o
piruvato, ácidos graxos e aminoácidos.

• A acetilcoenzima A provém do metabolismo dos carboidratos e dos


lipídios , e, em menor proporção, do metabolismo das proteínas, as
quais, assim como os aminoácidos, podem alimentar o ciclo em outros IMPORTANTE
locais diferentes que os do acetil. Agora tendo a Acetil-CoA formada se inicia o
ciclo de Krebs num espaço interno da
• A Acetil-CoA participa como intermediário do ciclo de Krebs, pois ao
mitocôndria denominado matriz mitocondrial e
condensar-se ao oxaloacetato, forma o citrato. É neste ciclo que o
acetil-CoA será totalmente oxidado a CO2, paralelo a produção de nesse caso é necessário a presença de oxigênio
coenzimas reduzidas. (processo aeróbico).
Mecanismo do Ciclo de Krebs ou Ciclo do ácido cítrico.
Linha de raciocínio
(1) O piruvato ao entrar na mitocôndria perde 1 carbono na
forma de CO2, libera energia e nisso há a formação NADH e a
formação do Aetil-CoA;
(2) O ácido oxalacético se une com a molécula de Acetil-CoA,
então a Coenzima A (CoA) se solta (foi usada apenas para (1)
acelerar a reação química);
(3) Então, o ácido oxalacético se une com a molécula Acetil e
forma o ácido citrico; (4)
Agora o ácido cítrico começa a ser quebrado aos poucos, pois
muita energia seria liberada rapidamente e a mitocôndria não (2)
conseguiria aproveitar e transferi toda essa energia; (3)
(4) O ácido cítrico perde 1 carbono e se transforma no ácido (5)
cetoglutárico. O carbono perdido é liberado na forma de CO 2.
Foi liberado energia e essa foi usada para formar 1 NADH;
(5) O ácido cetoglutário perde 1 carbono, que sai na forma de
CO2 e ocorre a formação de uma molécula com 4C chamada
ácido succinico. A energia liberada forma mais 1 NADH e
também 1 ATP;
Agora os dois carbonos presentes na molécula de ácido cítrico que vieram da glicose foram
perdidos nos passos (4) e (5). O processo agora envolve transformar o ácido succinico com
quatro carbonos em ácido oxalacético com quatro carbonos. A partir de agora não há mais
perdas de carbono, apenas ocorrerá perdas de hidrogênios (Reações de desidrogenação) e a
perda de oxigênio.
Mecanismo do Ciclo de Krebs ou Ciclo do ácido cítrico.
Linha de raciocínio

(6) O ácido succinico através de uma reação de


desidrogênação forma a molécula de ácido málico. Com a
energia liberada é formada a molécula de FADH2
(molécula carregadora de energia, carregadora de
elétrons)

(6)
Mecanismo do Ciclo de Krebs ou Ciclo do ácido cítrico.

Linha de raciocínio

(7) Por fim o ácido málico através de reação de


desidrogenação se transforma em ácido oxalacético. Há
liberação de energia e com a energia liberada é formada
mais uma molécula de NADH;
Com o ácido oxalacético formado se vier outra
Acetil-CoA forma-se o ácido acético e o ciclo
recomeça novamente.

(7)
Você sabia?
Importante salientar que só é possível quebrar as (6)
ligações carbônicas do ácido cítrico na presença
do oxigênio para a formação de CO2. Então se não
tiver O2 não há quebras de carbonos e por
consequências não ocorre o ciclo de Krebs, não
Qual o Saldo energético do Ciclo de Krebs?
ocorre a produção de energia na forma de NADH,
3 NADH, 1 ATP, 1 FADH2 : Isto para cada Acetil-CoA que
FADH2 e ATP e consequentemente você morre. É
entra no ciclo de Krebs. Para cada glicose quebrada há
importante você respirar, quando você faz isso,
formação de 2 Acetil- CoA. Logo para cada glicose
coloca oxigênio para dentro da mitocôndria e o
quebrada o Ciclo de Krebs ocorre duas vezes. Por fim
ciclo de Krebs acontece tranquilamente.
tem-se 6 NADH formados, 2 ATPs e 2 FADH formados.
Glicogenólise: Metabolismo do glicogênio.
Processo pelo qual a célula solta as glicose contidas na molécula de
glicogênio.
• Nosso organismo estoca glicogênio no fígado para quando precisar quebrar glicogênio e
liberar moléculas de glicose que são enviadas para o sangue;
• O músculo tem reserva de gicogênio e usa essa reserva quando entramos em atividade
muscular intensa e o mesmo precisa de energia;
(1) Para retirar a glicose de um glicogênio a célula vai utilizar um
fosfato inorgânico e ocorre a formação da glicose -1- fosfato.

(2) Vamos ter a formação do Glicogênio (n-1 glicose) porque uma


ENERGIA

glicose saiu. A quebra do glicogênio mediante a entrada de um


(1) fosfato é chamada de reação de fosforolise.
Vantagens da Fosforolise
• Fosfato ligado a glicose não permite que a mesma passe pela
membrana da célula. Para o musculo isso é importante porque qdo
(2) ele quebra o glicogênio o interesse é pegar a glicose para ele e
não jogar na corrente sanguínea.
• Se a glicose fosse liberada livre sem grupo fosfato, nesse caso para
ligar fosfato teria que vir com 1ATP e a célula teria gastar
energia.
Glicogenólise: Metabolismo do glicogênio.
(3) O grande intermediário envolvido nas rotas metabólicas é a Glicose 6- fosfato. Sendo
assim a célula muda o fosfato do carbono- 1 para o carbono-6, formando a molécula de
glicose-6 fosfato. O processo no músculo acaba aqui.

(4) Já no fígado ele guarda glicogênio em grande parte para


fornecer glicose ao sangue. É feito uma etapa a mais, onde é
retirado esse fosfato inorgânico e libera uma glicose pura
livre de fosfato.

O glicogênio é uma molécula muito ramificada e a


partir das extremidades a célula vai tirando glicose
do glicogênio. A ligação das ramificações do
glicogênio é do tipo (α1,6) e a enzima envolvida
no processo rompe apenas ligações (α1,4). Como a
célula faz quando se aproxima dessas ramificações?
(3)
Pi
Quando se aproxima da ramificação uma
outra enzima entra em ação e desloca um
pequeno grupo de 3 glicoses da ramificação e
(4) coloca na ponta da outra cadeia linear.

Glicose
Glicogenólise: Metabolismo do glicogênio.

A glicose que sobra, uma outra enzima rompe a ligação α


(16), e ela sai livre como glicose pura sem fosfato
Ligação α (16) nenhum.

Glicose

Conclusão
Glicoses são sendo retiradas através da entrada de fosfatos inorgânicos (Pi),
quando aproxima da ramificação, tem-se uma enzima que desloca as glicoses da
ramificação e coloca na extremidade da outra cadeia linear, depois outra enzima
entra em ação e tira a outra glicose que sobrou (envolvida na ligação α (16)) que
sai livre sem fosfato após desfeita a ramificação.
Glicogenólise: Metabolismo do glicogênio.
Como o fígado retira o fosfato da molécula de Glicose 6- fosfato?

Esse processo se da com o auxilio reticulo endoplasmático liso.


• Suponha que as duas barras em azul
representam a bi-camada lipídica da
membrana do reticulo endoplasmático liso.
• 5 proteínas vão participar da retirada do
fosfato da glicose 6- fosfato. Proteínas de
transporte T1, T2 e T3, uma enzima Glicose 6-
fosfatase que trabalha em conjunto com uma
proteína estabilizante – PE, fundamental para
o trabalho da enzima (glicose 6- fosfatase)

A glicogenólise ocorre no citosol (gerado a glicose 6-


fosfato). A Glicose 6-fosfato entra no REL por meio da
proteína T1, ai a enzima glicose 6-fosfatase retira o
fosfato liberando fosfato inorgânico (Pi) e glicose. O
Fosfato inorgânico volta para o citosol pela proteína
transportadora T2 e a glicose volta para o citosol pela
proteína transportadora T3.
Gliconeogênese: Síntese de glicose a partir de
compostos que não são carboidratos.

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