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APOSTILA DA DISCIPLINA -

FUNDAMENTOS DE ANATOMIA E
FISIOLOGIA HUMANA

Professor Francisco Alves


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SUMÁRIO

CONCEITOS BÁSICOS ..................................................................................... 04


Anatomia Humana .......................................................................................... 04
Normalidades, anomalias e monstruosidades.............................................. 05
Planos, secções, posições, delimitações e eixos anatômicos...................... 06
Movimentos Anatômicos ............................................................................... 07
Ramos da anatomia ........................................................................................ 09
Fisiologia Humana .......................................................................................... 10

MORFOLOGIA ................................................................................................. 11
Células ............................................................................................................. 11
Tecidos ............................................................................................................ 14
Do embrião ao Organismo ............................................................................. 16

NOÇÕES DE GENÉTICA ................................................................................... 19


Genética e Hereditariedade ........................................................................... 19
Doenças Genéticas ......................................................................................... 22
Projeto Genoma Humano .............................................................................. 24

SISTEMAS ANATÔMICOS E SUA FISIOLOGIA ............................................... 26


Sistema Esquelético ....................................................................................... 26
Sistema Muscular ........................................................................................... 34
Sistema Tegumentar ...................................................................................... 37
Sistema Endócrino .......................................................................................... 39
Sistema Digestório ......................................................................................... 47
Sistema Respiratório ...................................................................................... 51
Sistema Cardiovascular .................................................................................. 54
Sistema Linfático ............................................................................................ 60
Sistema Nervoso ............................................................................................. 63
Sistema Urinário ............................................................................................. 67
Sistema Reprodutor ....................................................................................... 71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 75


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Capítulo 1 - Conceitos Gerais

Anatomia Humana
Anatomia é a ciência que estuda o organismo em seus níveis micro e macroscópico, e no caso do
homem, destaca-se a Anatomia Humana. Foi com o surgimento do microscópio que os estudos
anatômicos foram melhor viabilizados no campo celular e histológico, ciências que se especializaram, mas
que fazem parte da anatomia, tornando possível conhecer e identificar o que entes era desconhecido.

Em Fundamentos da Anatomia Humana vamos aprender sobre os principais cortes e eixos


anatômicos, sobre as divisões do corpo humano, bem como estudar mais detalhadamente o que
chamamos de sistemas, que são o conjunto de órgãos e seus complementos, que atuam, principalmente,
por uma mesma finalidade, como respirar, comer, bombear e circular o sangue, excretar, reproduzir,
entre outros. A figura 01 nos mostra o corpo humano e suas denominações mais comuns de cada parte.
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Anomalias e Monstruosidades
Dentre as diversas importâncias para o estudo da anatomia, temos o conhecimento sobre o
conceito de normalidade, ou seja, estudar o organismo em sua perspectiva normal para enfim reconhecer
quando acontece o anormal. Desta maneira, entramos em dois conceitos importantes para o estudo da
anatomia humana, a anomalia e a monstruosidade.

Anomalia trata-se de um desvio anatômico considerado fora do padrão e que gera alguma
perturbação da função normal. As anomalias podem ser congênitas, quando ocorrem desde o
nascimento, ou adquiridas, ou seja, quando aparecem após o nascimento, como em casos de lesões ou
doenças. Alguns exemplos de anomalias são: lábio leporino, fenda palatina, dedos supranumerários.

Já quando a anomalia é muito acentuada, transformando a composição anatômica do indivíduo e,


geralmente, incompatível com a vida, trata-se de uma monstruosidade. Muito se estuda essa temática na
Teratologia, campo que avalia as malformações durante o período fetal, principalmente com o uso de
terapias medicamentosas. Com o avanço da medicina cirúrgica, muito se tem ganhado em tratamento
das monstruosidades e anomalias, mas em muitos casos, ainda são incompatíveis com a vida e não
apresentam tratamento. Alguns exemplos de monstruosidade são a anencefalia (não formação do
encéfalo), amelia (ausência de membros), focomelia (porção de 1 ou mais membros nos fetos).
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Posição, Planos e Eixos Corporais


Posição Anatômica
Deve-se considerar a posição anatômica como a de um atleta em posição ereta, em pé,
com o olhar para o horizonte e a linha do queixo em paralelo à linha do solo. Os braços pendentes,
mãos espalmadas, dedos unidos e palmas voltadas para frente. Os pés também unidos e
pendentes. Como na figura abaixo. Desse modo podemos relacionar de forma precisa e
padronizada todas as estruturas anatômicas.

Plano Anatômico
O Plano Anatômico têm o objetivo de separar o corpo em partes para facilitar o estudo e
nomear as estruturas anatômicas com relação espacial. Ou seja, através dos planos anatômicos
podemos dividir o corpo humano em 3 dimensões e assim podemos localizar e posicionar todas
estruturas, como mostra a figura 03. Existem os planos: Sagital (1), Coronal (2) e transverso (3).
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Eixos Anatômicos
Os eixos anatômicos são formados pelo encontro de dois planos, como o eixo longitudinal,
encontro entre os planos sagital e coronário, o eixo transversal, encontro entre o plano transverso
e coronal, e o eixo sagital, encontro entre os planos coronário e transverso.

Movimentos Anatômicos
Sem entrar em explicações físicas complicadas e equações, os movimentos envolvem mover uma
entidade do ponto A para o ponto B. O movimento é realizado ao redor de um eixo fixo ou fulcro, e possui
uma direção. Os movimentos anatômicos não são diferentes. Eles usualmente envolvem ossos ou partes
do corpo se movendo ao redor de articulações fixas em relação aos eixos anatômicos principais (sagital,
coronal, frontal, etc.) ou planos paralelos a estes.
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1. Abdução (ABD): movimento para longe de um ponto de referência central.


1. Adução (AD): movimento em direção a um ponto de referência central; o oposto de abdução.
1. Rotação lateral (ROT LAT): giro de um osso ou de um membro em volta do seu eixo longitudinal lateral
ou para longe da linha mediana.
1. Rotação medial (ROT MED): oposto da rotação lateral; girando medialmente em direção à linha
mediana.
2. Flexão (FLEX): frequentemente um movimento que diminui o ângulo da articulação.
2. Extensão (EXT): frequentemente um movimento que aumenta o ângulo da articulação; o oposto de
flexão.
3. Elevação (ELEV): erguendo superiormente, como ao encolher seus ombros.
3. Depressão (DEPR): um movimento de uma parte do corpo inferiormente.
4. Flexão (FLEX) e extensão (EXT) da coluna vertebral (como se refere à coluna vertebral, a flexão diminui
o ângulo entre os corpos vertebrais, e a extensão aumenta este ângulo).
5. Flexão (FLEX) e extensão (EXT) do cotovelo
6. Flexão (FLEX) e extensão (EXT) do carpo
7. Pronação (PRON): rotação do rádio sobre a ulna no antebraço que muda a palma da mão para a posição
posterior (em posição anatômica) ou para a posição inferior (se a mão estiver para frente com a palma
para cima)
7. Supinação (SUP): oposto de pronação; muda a palma da mão para a posição anterior ou superior
8. Flexão (FLEX) e extensão (EXT) da articulação do joelho
9. Circundução (CIRC): movimento no espaço que circunscreve um círculo ou um cone ao redor de
uma articulação (é ilustrada a circundução do membro inferior na articulação do quadril)
10. Dorsiflexão (DFLEX): erguendo o pé na articulação do tarso (semelhante à extensão do carpo, mas no
tarso ela é referenciada mais como uma dorsiflexão que como uma extensão)
10. Plantiflexão (PFLEX): um movimento de abaixar ou de rebaixamento do pé no tarso (semelhante à
flexão do carpo)
11. Eversão (EV): movimento da planta do pé lateralmente
11. Inversão (INV): movimento da planta do pé medialmente
12. Retrusão (RETR): deslocamento posterior de uma parte do corpo sem uma modificação no movimento
angular
12. Protrusão (PROTR): deslocamento anterior de uma parte do corpo sem uma modificação no
movimento angular
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Ramos da Anatomia
Assim como a anatomia humana apresenta suas ramificações, como no caso da morfologia, a
anatomia geral também apresenta diferentes formas de estudo, como as que veremos a seguir:

ANATOMIA SISTÊMICA: se refere ao estudo a nível macroscópico dos sistemas orgânicos, como
por exemplo o sistema digestório, sistema respiratório, sistema nervoso, entre outros.

ANATOMIA TOPOGRÁFICA: é o campo da anatomia que estuda regiões específicas dos organismos
orgânicos, com a finalidade de encontrar relações entre os sistemas anatômicos daquela mesma região.

ANATOMIA APLICADA: anatomia aplicada refere-se a aplicação prática do estuda da anatomia,


como em casos de graduações na área da saúde, onde os profissionais devem conhecer a ciência
anatômica para que possam aplica-la na prática em sua rotina profissional, tornando-se profissionais mais
conscientes do corpo humano, e consequentemente mais competentes.

ANATAMIA RADIOLÓGICA: refere-se ao campo da anatomia que estuda as estruturas corporais


obtidas por meio do raio – x. São inúmeros os equipamentos médico-hospitalares que contam com a
tecnologia para fins de diagnósticos por imagem e melhoramento terapêutico.

ANATOMIA ANTROPOLÓGICA: trata-se da anatomia dos povos, das populações. Estudo de


características anatômicas que possam remeter as origens de determinado povo, e suas conexões e
relações com outros povos. Também, é muito útil em estudos de biotipologia.

ANATOMIA COMPARADA: refere-se ao estudo que compara os organismos orgânicos de


diferentes espécies, com a finalidade de entender aspectos únicos, adaptativos ou evolutivos de cada uma
delas.

ANATOMIA BIOTIPOLÓGICA: refere-se ao estudo dos tipos individuais de construção do corpo


humano, também é conhecida como anatomia constitucional.
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Fisiologia Humana
A fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento do organismo, no caso da fisiologia humana,
o funcionamento e metabolismo do homem. Tudo o que aprendemos em Anatomia Humana, agora
vamos ver funcionando, como se a anatomia fosse um “motor desligado” e a fisiologia um “motor ligado”.
Nesta mesma conotação, temos a nutrição e a hidratação como se fossem o “combustível”, e todo o corpo
humano como se fosse um “carro”.

Sendo assim, cada sistema anatômico possui sua fisiologia específica, de acordo com sua função
no corpo humano, sendo que muitos desses sistemas fisiológicos são integrados, ou seja, funcionam em
sintonia com outros sistemas.
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Capítulo 2 - Morfologia

A célula
A célula é a unidade básica do organismo, ou seja, o menor nível biológico e estruturado do
indivíduo. As células podem ser definidas como as unidades estruturais e funcionais de todos os seres
vivos. Essas estruturas são vivas, carregam a informação genética de um determinado organismo e são
capazes de transmitir essa informação no momento da divisão celular.

De acordo com a Teoria Celular, todos os organismos vivos são formados por células. Em
indivíduos unicelulares, uma única célula constitui todo o corpo do espécime; em seres multicelulares,
são necessárias várias células atuando de modo conjunto para que o corpo seja formado. O homem é um
exemplo de organismo multicelular, e as bactérias são exemplos de seres unicelulares.

Uma célula é formada por algumas partes básicas. Normalmente dizemos que todas as células
possuem membrana plasmática, citoplasma e núcleo. Entretanto, existem células que não possuem essa
última estrutura, aspecto que é, inclusive, uma forma de diferenciar dois tipos de células:
as procariontes e as eucariontes.

As células procariontes são aquelas que não apresentam núcleo celular definido, por isso, o
material genético fica disperso no citoplasma. Já as células eucariontes são aquelas em que o material
genético está presente em um núcleo celular envolto por uma dupla membrana. Além dessa diferença
crucial, podemos citar ainda que as células procariontes não possuem proteínas denominadas de histonas
ligadas a seu DNA e, tampouco, organelas citoplasmáticas membranosas.

A membrana plasmática e o citoplasma, diferentemente do núcleo, estão presentes em todos os


tipos celulares. A membrana plasmática, que é caracterizada por ser uma dupla camada fosfolipídica, é
de extrema importância para a célula, pois controla a passagem de substâncias tanto para dentro quanto
para fora. Em razão dessa propriedade de selecionar o que entra e sai da célula, dizemos que ela
apresenta permeabilidade seletiva.

O citoplasma, por sua vez, é uma região delimitada pela membrana plasmática. Essa região é
constituída por uma matriz, denominada de citosol, que contém substâncias como aminoácidos,
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nutrientes energéticos e íons. Imersas nessa matriz estão as organelas celulares, estruturas responsáveis
por controlar as diversas atividades da célula.

O que são as organelas celulares?


As organelas celulares são estruturas que funcionam como pequenos órgãos no interior da célula.
Cada organela realiza uma determinada função e é essencial para o funcionamento adequado da célula.
Existem várias organelas celulares, destacando-se:
Retículo endoplasmático rugoso

O Retículo Endoplasmático Rugoso (RER) recebe esse nome devido a sua estrutura rugosa e a
presença de vários grânulos (ribossomos), além disso possui um formato achatado. A sua principal função
é fazer a sintetização de proteínas e transportá-las para outros locais fora da célula. Já os ribossomos irão
sintetizar as proteínas que serão utilizadas no interior da célula.

Retículo endoplasmático liso

O retículo endoplasmático liso possui a função de sintetizar lipídeos, a exemplo dos fosfolipídios,
óleos e esteroides (incluindo os hormônios sexuais estrogênio e testosterona), promovendo a
desintoxicação da célula. Além disso, ele desempenha outra função importante que é o metabolismo
celular e a quebra do álcool presente no corpo de quem ingere bebida alcoólica.

Complexo de Golgi

O complexo de golgi armazena, modifica e exporta as proteínas sintetizadas no retículo


endoplasmático rugoso e realiza a função de sintetizar carboidratos do tipo polissacarídeos. Essas
proteínas sofrem a reação da adição de um açúcar (glicosiladas) no retículo endoplasmático e no golgi. É
assim que o processo se completa, caso contrário, essas proteínas podem se tornar inativas. Além disso,
são responsáveis por produzir o acrossomo (cabeça do espermatozoide).

Lisossomos

Os lisossomos são organelas celulares que contêm substâncias digestivas formadas no retículo
endoplasmático rugoso e amadurecidas pelo complexo golgiense. Assim, sua função é digerir moléculas
orgânicas como lipídios, carboidratos, proteínas e ácidos nucleicos (DNA e RNA).

Peroxissomos

Os peroxissomos são organelas celulares que produzem enzimas digestivas, que são responsáveis
pela catalisação do peróxido de hidrogênio, popularmente conhecido como água oxigenada (H2O2). Isso
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porque a água oxigenada é uma substância tóxica para a célula e a sua produção em excesso é prejudicial
à saúde. Por isso, os peroxissomos produzem uma enzima chamada de catalase, capaz de destruir essa
substância.

Mitocôndrias

As mitocôndrias possuem o próprio DNA (se reproduzem sozinhas) e o próprio ribossomo. Estão
envolvidas por uma membrana dupla (interna e externa), chamada de cristas mitocondriais. Elas realizam
a respiração celular e produzem grande parte de energia (ATP) essenciais para manter o funcionamento
das células.

Núcleo

O núcleo é a maior organela existente em uma célula eucarionte, pois ele é responsável por
guardar o material genético, o DNA do ser vivo e comandar tudo que acontece dentro da célula.

Centríolos

Os centríolos são organelas formadas por microtúbulos que vão ajudar os cromossomos a se
separarem na hora da divisão celular (mitose e meiose). Estão presentes também em cílios e flagelos,
auxiliando na locomoção de algumas células.
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Tecidos Epiteliais
O epitélio é um dos quatro tipos básicos de tecidos encontrados no corpo humano (os outros três
são: tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso). O epitélio protege as superfícies do corpo;
reveste as cavidades corporais, os ductos dos órgãos e das glândulas, os vasos sanguíneos e os órgãos; e
formam a porção secretora das glândulas. O epitélio é classificado com base no número de camadas de
células que constituem um tecido e incluem:

• Epitélio simples: uma camada de células de espessura

• Epitélio estratificado: duas ou mais camadas de células de espessura


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Tecidos Conjuntivos
Duas classes principais de tecidos conjuntivos são reconhecidas:

• Tecido conjuntivo propriamente dito: inclui o tecido conjuntivo frouxo e denso (organizado em
uma conformação irregular ou regular)

• Tecido conjuntivo especializado: inclui cartilagem, osso, tecido adiposo (gordura), tecido
hematopoiético, sangue e tecido linfoide

O tecido conjuntivo propriamente dito inclui uma variedade de tipos celulares e fibras
emaranhadas em um grupo de substâncias que compreende uma matriz extracelular. O tecido conjuntivo
frouxo é amplamente encontrado abaixo do revestimento epitelial da superfície do corpo e de seus
sistemas de órgãos internos. Junto com a pele, ele é muitas vezes a linha de defesa primária contra as
infecções. O tecido conjuntivo denso possui muitas fibras, mas poucas células e inclui os tendões, os
ligamentos, a submucosa e as camadas reticulares que oferecem sustentação.
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Do Embrião ao Organismo
O desenvolvimento do embrião humano se inicia logo após a fecundação do óvulo pelo
espermatozoide. Na espécie humana, a fecundação do ovócito secundário (também chamado de óvulo)
ocorre no interior do corpo feminino, mais precisamente na tuba uterina.

O processo de desenvolvimento de um embrião humano ocorre em diversas etapas: fecundação,


segmentação, gastrulação e organogênese.

A primeira etapa é a fecundação, quando ocorre o


encontro entre os gametas femininos e masculinos
(células responsáveis pela reprodução) e o
espermatozoide penetra o óvulo. O núcleo dos gametas
se fundem e o zigoto é formado.

Em seguida, o zigoto se divide repetidas vezes no processo chamado


de segmentação ou clivagem. Primeiro, se reparte em duas células chamadas blastômeros. Na sequência,
elas se dividem em quatro, em oito e assim sucessivamente, causando um aumento considerável no
número de células. Cerca de uma semana depois, tem início a fixação na parede uterina, chamada de
blastocisto.
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Logo depois ocorre a gastrulação. Além do aumento no número de células, o embrião cresce em
volume total. Nessa etapa são formados os três folhetos embrionários ou germinativos (camadas de
células que dão origem aos tecidos e órgãos), a ectoderma, mesoderma e endoderma.

Por fim, a organogênese, última fase do embrião. Ocorre a diferenciação dos órgãos e tecidos e o
tubo neural é formado (neurulação) e o embrião é chamado de nêurula. Esse processo ocorre até a oitava
semana de gestação (56º dia). A partir da nona semana, o indivíduo em desenvolvimento passa a ser
chamado de feto e nasce, em média, a partir da 38ª semana de gestação.
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O processo de formação dos órgãos e demais tecidos que compõem o organismo ocorre dentro do
estágio do desenvolvimento embrionário conhecido como organogênese.

Após a formação dos folhetos embrionários e das estruturas características como notocorda e
arquêntero, as células do embrião passam pelo processo de diferenciação celular.

Na diferenciação celular, sinalizadores são enviados e ativados nas células, de forma que elas mudem sua
morfologia e adquiram funções específicas. Após a diferenciação, as células podem se agrupar para
formar tecidos que, por sua vez, formam os órgãos do indivíduo.

Portanto, a partir da gastrulação, o embrião entra na fase de organogênese, onde seus órgãos são
formados. Essa fase permanece até o final do desenvolvimento embrionário.

Os folhetos embrionários são formados na etapa de gastrulação do embrião, mas é na organogênese que
se diferenciam para formar os diversos órgãos e tecidos presentes em um indivíduo.
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Capítulo 3 - Genética e Hereditariedade

Genética e Hereditariedade
A Genética é a parte da Biologia responsável por estudar a transmissão e a expressão dos genes
no organismo e a diversidade genética observada nos indivíduos da mesma espécie e de espécies
diferentes. Observa-se, portanto, que é uma matéria fundamental para o entendimento de todas as áreas
da Biologia, uma vez que é a base de tudo. Com o entendimento de que existiam “fatores” -
posteriormente chamados de genes - que determinavam as características dos organismos, a maneira de
pensar a Biologia mudou. A descoberta de Gregor Mendel, em 1865, foi, sem dúvidas, o ponto inicial e a
maior contribuição para essa parte da Biologia, apesar de ter sido ignorada por anos. Sem apresentar
conhecimento a respeito dos cromossomos e eventos como meiose e mitose, Mendel conseguiu perceber
em seus trabalhos com ervilhas que existiam fatores responsáveis pela hereditariedade.

Componentes Básicos
Cromossomo
Um cromossomo é uma estrutura altamente organizada de uma célula, que contém o material
genético de um organismo. Cada cromossomo é formado a partir de uma única molécula
de DNA extremamente longa, que contém vários genes e outras sequências de nucleotídeos com funções
específicas nas células dos seres vivos.

Está intimamente relacionado à determinação do sexo e a herança genética. Muitas células


características dos corpos dos eucariontes apresentam pares de cromossomos, essa condição é
denominada estado diplóide (2n), são as células somáticas com 23 pares de cromossomos, totalizando 46
cromossomos; enquanto que as células sexuais ou gametas apresentam apenas uma cópia de cada
cromossomo, ou seja 23 cromossomos no total, condição haplóide (n).

Cada par de cromossomo é diferente um do outro e diferentes pares de cromossomos tem


diferentes conjuntos de genes. Os cromossomos membros de um par são homólogos, tem conjuntos
iguais de genes, já os cromossomos de pares diferentes são denominados cromossomos heterólogos.

Nos cromossomos dos eucariontes, o DNA encontra-se numa forma semi-ordenada dentro
do núcleo celular, agregado a proteínas estruturais, as histonas, e toma a designação de cromatina.
Os procariontes não possuem histonas nem núcleo. Na sua forma não-condensada, o DNA pode
sofrer transcrição, regulação e replicação.
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Gene
O gene é um segmento de uma molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico), responsável pelas
características herdadas geneticamente. Cada gene é composto por uma sequência específica de DNA
que contém um código (instruções) para produzir uma proteína que desempenha uma função específica
no corpo.

Homozigotos e Heterozigotos
Os seres homozigotos são aqueles que apresentam pares de genes alelos idênticos (AA/aa), ou
seja, possuem genes alelos idênticos. Enquanto isso, os heterozigotos caracterizam os indivíduos que
possuem dois genes alelos distintos (Aa).
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Genes Dominantes e Recessivos


Quando um indivíduo heterozigótico possui um gene alelo dominante ele se expressa
determinando uma certa característica. Os genes dominantes são representados por letras maiúsculas
(AA, BB, VV) e expressos fenotipicamente em heterozigose. Quando o gene alelo não se expressa nesse
indivíduo, ele é um gene recessivo. Os genes recessivos são representados por letras minúsculas (aa, bb,
vv) donde os fenótipos são expressos somente em homozigose.

Genótipo x Fenótipo
O genótipo é o conjunto das informações contidas nos genes, desse modo, irmãos gêmeos têm o
mesmo genótipo pois possuem os mesmos genes. Ele representa a constituição genética do indivíduo. Já
o fenótipo é a expressão dos genes, ou seja, é o conjunto das características que vemos nos seres vivos,
por exemplo, a cor dos olhos, o tipo sanguíneo, a cor das flores de uma planta, a cor do pelo de um gato,
entre outras.

DNA
O DNA (ácido desoxirribonucleico) é um tipo de ácido nucleico que possui destaque por armazenar
a informação genética da grande maioria dos seres vivos. Essa molécula é formada por nucleotídeos e
apresenta, geralmente, a forma de uma dupla-hélice.
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Doenças Genéticas
Existem três tipos de doenças genéticas:

 Monogenéticas ou mendelianas: Quando apenas um gene é modificado.


 Multifatorial ou poligênicas: Quando mais de um gene é atingido e ocorre ainda
interferência dos fatores ambientais.
 Cromossômicas: Quando os cromossomos sofrem modificações em sua estrutura e
número.

Por exemplo, sabemos que a espécie humana possui 23 pares de cromossomos, caso apresente a
falta ou excesso de um deles surge uma doença genética.

Doenças Genéticas mais comuns


Síndrome de Down
A síndrome de Down é uma alteração genética causada pela presença de um cromossomo extra no par
21. Os portadores da síndrome apresentam fraqueza muscular, orelhas mais baixas que o normal, leve
retardo mental e baixa estatura.

Anemia Falciforme
A anemia falciforme é uma alteração genética e com caráter hereditário, na qual as hemácias perdem o
seu formato normal e adquirem a forma de foice. Essa condição dificulta a passagem das hemácias pelos
vasos sanguíneos e compromete a oxigenação dos tecidos.

Daltonismo
O daltonismo é uma herança ligada ao sexo, especificamente ao cromossomo X. Ele caracteriza-se pela
incapacidade de distinguir cores, como o vermelho e o verde.

Doenças Genéticas mais raras


Fibrose Cística
A fibrose cística é uma herança autossômica recessiva que se caracteriza pela produção de secreções que
se acumulam nos pulmões e pâncreas.

Síndrome de Patau
A síndrome de Patau ou trissomia do 13 é causada pela presença de um cromossomo a mais no par de
número 13. A doença pode causar uma série de alterações físicas e fisiológicas.
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Síndrome de Turner
A síndrome de Turner é uma doença genética caracterizada pela presença de apenas um cromossomo
sexual X, o que dá origem ao seguinte cariótipo 45, X. Por isso, afeta apenas indivíduos de sexo feminino.
A doença acomete 1 a cada 3.000 nascimentos de mulheres. Além disso, a taxa de aborto pode chegar a
até 97%.

Albinismo
O albinismo é uma doença de caráter autossômico recessivo. Ele compromete a produção da melanina, o
pigmento responsável pela coloração da pele, olhos e pelos. Por isso, as pessoas afetadas apresentam a
pele bastante branca, além de cabelos e olhos claros.

Fenilcetonúria
A fenilcetonúria é uma herança autossômica recessiva. A doença impede a metabolização do aminoácido
fenilalanina, o qual acumula-se no sangue e pode comprometer algumas funções do organismo,
principalmente no cérebro.

Progeria
A progeria manifesta-se na infância e caracteriza-se por ser um envelhecimento acelerado, o qual pode
ser até 7 vezes mais rápido do que o natural. Estima-se que atinja 1 a cada 8 milhões de nascidos. É comum
que as pessoas com a doença vivam até aos 15 anos de idade.
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Projeto Genoma Humano


O projeto Genoma Humano começou como uma iniciativa do setor público, tendo a liderança de
James Watson, na época chefe dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH). Numerosas escolas,
universidades e laboratórios participam do projeto.

O genoma traz codificado no DNA dos seus 46 cromossomos as instruções que irão afetar, não
apenas sua estrutura, seu tamanho, sua cor e outros atributos físicos, como também sua inteligência, sua
suscetibilidade a doenças, seu tempo de vida e até alguns aspectos de seu comportamento.

O padrão genético do ser humano contém aproximadamente 3 bilhões de pares de bases químicas.
Decifrar o código genético é compreender as dezenas de milhares de genes que compõem o DNA humano,
tarefa que necessita de muitos pesquisadores empenhados, auxiliados por máquinas de última geração –
o que implica, também, recursos financeiros.

Objetivos

Identificação de genes para doenças, para assim promover diagnósticos e tratamentos precoces.
Assim, mediante o método da terapia gênica, por exemplo, cresce o potencial para o tratamento, e até
mesmo para a cura, de determinadas doenças genéticas ou adquiridas como câncer, por meio do uso de
genes normais para suplementar ou substituir os genes defeituosos.

Identificação de genes para propensão a doenças, para descobrir os genes que aumentam o risco
de alguém ter determinada doença. Um exemplo pertinente é a doença degenerativa esclerose lateral
amiotrófica, que o físico Stephen Hawking possuía, na qual determinados genes, combinados com fatores
ambientais levaram a doença a aparecer. Dessa forma, com o conhecimento dos genes e os distúrbios
que eles propiciam, é possível evitar seu desenvolvimento. Resultados

Resultados imediatos

Foram sequenciados todos os genes, em torno de 25.000 e constituindo pouco mais de 20% do
material genético total humano. Por limitações tecnológicas, cerca de 1% do genoma não pode ser
sequenciado por possuir muitas repetições de bases nitrogenadas (centrómeros e telómeros dos
cromossomas, p. ex.). Também é importante ressaltar que a maior parte do genoma humano parece não
ser codificante e existe provavelmente por razões estruturais e regulatórias.
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Resultados gerais

Apesar dessas lacunas, a conclusão do genoma já está facilitando o desenvolvimento de fármacos


muito mais potentes, a compreensão de diversas doenças genéticas humanas e facilitando a realização
de novos projetos genoma.

O PGH já completou a descoberta de mais de 1800 genes de doença, assim como facilita a
identificação de outros genes associados a doenças. Além disso, pelo menos 350 produtos biotecnológicos
resultantes dos conhecimentos gerados pelo PGH estariam passando por ensaios clínicos. As ferramentas
desenvolvidas no PGH continuam servindo para caracterizar genomas de outros organismos importantes.

Possíveis riscos existentes

A discriminação genética é uma questão relevante no fornecimento de dados sobre o genoma


humano, já que com tais informações as atitudes discriminatórias poderiam ir além do fenótipo do
indivíduo, ferindo os direitos fundamentais do ser humano. Um exemplo muito utilizado para simplificar
essa ideia é a que os planos privados de saúde poderiam utilizar dessas informações, caso não sejam
protegidas devidamente, para visualizar as propensões que uma pessoa tem a doenças, negando sua
participação no plano de saúde.

A eugenia, que é a eliminação de defeitos genéticos em uma população, poderia aumentar, sendo
ela conhecida desde os tempos de Esparta, onde os bebês defeituosos eram jogados em um precipício,
como também na Alemanha de Hitler, onde houve o extermínio nazista.

Conclusão

O Projeto Genoma Humano foi concluído em 2013 e até hoje tem alguns resultados. Foram
encontrados cerca de 25 mil genes, mas não se conhece profundamente nem a maioria deles. O PGH foi
concluído, mas iniciou-se uma nova fase, o Projeto Proteoma, para a descoberta do conjunto de proteínas,
objetivando identificar a função de cada gene, ou seja, a proteína codificada de cada gene. Ademais,
também existe o Projeto Metaboloma, que visa identificar o papel metabólico das proteínas, as vias
metabólicas que elas possuem.
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Capítulo 4 - Anatomia Humana e sua Fisiologia

Sistema Esquelético
O sistema esquelético é constituído de ossos e cartilagens, além dos ligamentos e tendões. O
esqueleto é responsável por sustentar e dar forma ao corpo. Ele também protege os órgãos internos e
atua em conjunto com os sistemas muscular e articular para permitir o movimento.

Outras funções são a produção de células sanguíneas na medula óssea e armazenamento de sais
minerais, como o cálcio. O osso é uma estrutura viva, muito resistente e dinâmica pois tem a capacidade
de se regenerar quando sofre uma fratura.

O esqueleto humano é composto por 206 ossos com diferentes tamanhos e formas. Eles podem
ser longos, curtos, planos, suturais, sesamoides ou irregulares.
27

Os ossos dos membros inferiores são responsáveis pela sustentação do corpo e movimentação.
Para isso, eles têm de suportar o peso e manter o equilíbrio.

Veja no quadro abaixo as características dos ossos dos membros inferiores:

Ossos do
Características
membro inferior

Fêmur É o osso mais longo do corpo. Tem a cabeça arredondada para encaixar na pelve.

Patela É um osso sesamoide, articulado com o fêmur.

Tíbia Suporta quase todo o peso na parte inferior do corpo.

Fíbula É um osso mais fraco, ligado com a tíbia ajuda a mover o pé.

Ossos do pé Os pés têm 26 ossos divididos em: tarsos (7), metatarsos (5) e falanges (14).
28

A mão corresponde ao segmento terminal do membro superior, através da continuação do punho


e termina com os dedos. Ao total, temos 27 ossos na mão. Todos trabalham em conjunto.
Os ossos da mão, juntamente com os músculos e articulações, permitem o manuseio de objetos.

A característica principal dos movimentos das mãos é a ação de pinça, graças ao polegar opositor.
Essa condição permite a realização de trabalhos mais delicados e com maior precisão. Isso possibilita a
escrita, construção de ferramentas, desenhos, entre outras atividades. Em relação a estrutura óssea, a
mão é dividida em três regiões distintas: carpo, metacarpo e falange.

As falanges correspondem aos dedos polegar, indicador, médio, anular e auricular. Ao total,
temos 14 falanges.
As falanges articulam-se com os ossos do metacarpo.

Cada dedo apresenta três falanges. O polegar tem apenas duas falanges.

As falanges são classificadas em:

 Falanges proximais: localizadas na base do dedo.


 Falanges médias: entre as falanges proximais e as distais. Não existe no dedo polegar.
 Falanges distais: localizadas nas pontas dos dedos.
29

O crânio é uma caixa óssea que tem como função proteger o cérebro e os órgãos do olfato, da visão
e da audição, além dos órgãos externos do sistema respiratório e digestório. Ele é formado por 28 ossos.
É um dos componentes do sistema esquelético da cabeça e está localizada na parte superior do corpo e
unida ao pescoço.

Funções do crânio
As principais funções do crânio são:

 Abrigar e proteger o cérebro e os órgãos da sensibilidade da cabeça;


 Proteger os nervos e vasos sanguíneos;
 Permitir a passagem de ar e alimentos através das aberturas existentes;
 Atuar no processo de mastigação a partir da atuação do maxilar, mandíbula e dentes.
30

Ossificação e Remodelação Óssea

O processo de formação óssea se inicia por volta das primeiras 6 semanas de vida e termina
no início da vida adulta. No entanto, o osso sofre continuamente um processo de remodelação, onde
parte do tecido existente é reabsorvido e novo tecido é formado.

No embrião, o esqueleto é basicamente formado de cartilagem, mas essa matriz cartilaginosa


vai sendo calcificada e as células cartilaginosas morrem. As células jovens, denominadas osteoblastos,
agem produzindo colágeno e na mineralização da matriz óssea, são formadas no tecido conjuntivo e
ocupam a matriz cartilaginosa.

No entanto, nesse processo são produzidas lacunas e pequenos canais que aprisionam os
osteoblastos na matriz óssea. Essa ação transforma os osteoblastos em osteócitos, que são essas
células presentes no osso já formado. Outro tipo de células ósseas, os osteoclastos, são responsáveis
por absorver o tecido ósseo formado. Os osteoclastos agem na porção central da matriz óssea e
formam o canal o medular.
31

Em situações em que os ossos são submetidos à pressão maior do que a sua resistência, eles
podem se romper. As fraturas podem acontecer também por estresse, quando pequenas pressões
atuam repetidamente no local. Outra situação que pode causar fraturas é por doença, como é o caso
da osteoporose, condição em que o osso sofre desmineralização perdendo cálcio para o sangue. Na
superfície do local em que ocorreu a fratura é formado um coágulo de sangue, morrem células e a
matriz óssea é destruída.

Uma intensa vascularização toma conta do local e há proliferação de células precursoras das
células ósseas originando um tecido reparador, nessa região é formado um calo ósseo. Dependendo
do tratamento e das atividades realizadas pela pessoa, com o passar do tempo, o calo será substituído
pelo osso esponjoso e, mais tarde pelo osso compacto, reconstituindo o tecido como era antes.

Pela forma, os ossos são classificados em cinco principais tipos: longos, curtos, planos,
irregulares e sesamoides.
32

Articulações
As articulações são junções entre os ossos. Três tipos de articulações são identificadas em
humanos:

• Fibrosas (sinartroses): ossos unidos por um tecido conjuntivo fibroso (os exemplos incluem as
suturas de alguns ossos do crânio, as ligações fibrosas entre alguns ossos longos e as gonfoses (dentes na
mandíbula e na maxila);

• Cartilagíneas (anfiartroses): ossos unidos por uma cartilagem ou por uma cartilagem e um tecido
fibroso; inclui os tipos primária, sincondrose (cartilagem epifisial dos ossos em crescimento) e secundária,
sínfise (disco intervertebral entre as vértebras adjacentes da coluna vertebral);

• Sinoviais (diartroses): ossos unidos por uma cavidade articular preenchida com líquido sinovial e
revestida por uma cápsula, com uma cartilagem articular revestindo as superfícies opostas.

Geralmente, quanto mais movimento ocorre em uma articulação, maior é a vulnerabilidade desta
articulação em sofrer uma lesão ou deslocamento. As articulações que permitem pouco ou nenhum
movimento oferecem maior sustentação e resistência.
33
34

Sistema Muscular
O Sistema Muscular é o conjunto de músculos que nos permite movimentação do esqueleto,
produção de calor, postura e sustentação do corpo. Existem dois tipos de tecidos musculares - liso e
estriado, sendo o estriado dividido em estriado cardíaco e estriado esquelético.

Músculo liso: fibras alongadas, sem estriações, fusiformes, núcleo centralizado e movimentos
involuntários. Ex: órgãos internos.

Músculo estriado esquelético: fibras estriadas, alongadas, cilíndricas, multinucleadas,


movimentos voluntários. Ex: bíceps.

Músculo estriado cardíaco: fibras estriadas ramificadas, núcleo centralizado e discos intercalares,
contração rítmica involuntária. Ex: coração.

O movimento dos músculos é controlado pelo sistema nervoso. Existem mais de 600 músculos no
corpo humano, variando entre 600 a 630. O sistema nervoso recebe as informações do corpo e reage de
acordo com elas. Facilmente se percebe que qualquer problema ou alteração existente no corpo afeta o
sistema nervoso.
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Função Básica da Musculatura


A função básica da musculatura é a contração muscular. De acordo com cada tipo de fibra muscular
haverá outras funções mais específicas, além da contração propriamente dita, como:

Tipos de musculatura:

a. Músculo estriado esquelético (contração/movimento força e calor)

b. Músculo estriado cardíaco (contração/bomba sangue)

c. Músculo liso (contração/secreção ou movimento do alimento)

A sistema muscular possui três tipos de controle:

Tipos de controle:

a. Voluntário

b. Involuntário

c. Hormonal

Contração Muscular
O cérebro envia sinais, através do sistema nervoso, para o neurônio motor que está em contato
com as fibras musculares. Quando próximo da superfície da fibra muscular, o axônio perde bainha de
mielina e dilata-se, formando a placa motora. Os nervos motores se conectam aos músculos através das
placas motoras. Com a chegada do impulso nervoso, as terminações axônicas do nervo motor lançam
sobre suas fibras musculares a acetilcolina, uma substância neurotransmissora.
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A acetilcolina liga-se aos receptores da membrana da fibra muscular, desencadeando um


potencial de ação. Nesse momento, os filamentos de actina e miosina se contraem, levando à
diminuição do sarcômero e consequentemente provocando a contração muscular.

A contração muscular segue a "lei do tudo ou nada". Ou seja: a fibra muscular se contrai
totalmente ou não se contrai. Se o estímulo não for suficiente, nada acontece. Para que o
músculo se movimente ele precisa ser inervado. Essa inervação é realizada por um neurônio
motor somático.

Há um neurônio que chega ao músculo esquelético, e esse complexo neurônio + músculo


esquelético formam a unidade motora, que são um conjunto de fibras inervadas por um único
neurônio, o neurônio motor.

O cálcio possui a importante função de expor um sítio de ligação da miosina na proteína


actina. Como podemos verificar o cálcio é fundamental para que ocorram as contrações
musculares, sem este íon não ocorrerá contração e a musculatura sempre estará no estado de
relaxamento

Existem dois fatores importantes para que a contração se inicie e permaneça: íons Ca2+ e
moléculas de ATP (energia). O cálcio está armazenado no retículo sarcoplasmático e o ATP é produzido
pelas mitocôndrias em um metabolismo aeróbico, ou também no citoplasma através do metabolismo
anaeróbico fermentativo ou por ação da enzima creatina cinase sobre a fosfocreatina. Tendo íons cálcio
e moléculas de ATP no citoplasma, com livre acesso aos miofilamentos que constituem os sarcômeros, a
contração se inicia.
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Sistema Tegumentar
Sistema tegumentar é o conjunto de estruturas que formam o revestimento externo dos seres
vivos. Esse revestimento externo é chamado de tegumento ou integumento e nos vertebrados também é
chamado de pele. O sistema tegumentar é composto pela pele e anexos (glândulas, unhas, cabelos, pelos
e receptores sensoriais) e tem importantes funções, sendo a principal agir como barreira, protegendo o
corpo da invasão de microrganismos e evitando o ressecamento e perda de água para o meio externo.

Entre os vertebrados, o tegumento é composto por camadas: a mais externa, a epiderme é


formada por tecido epitelial, a camada subjacente de tecido conjuntivo é a derme, seguida por um tecido
subcutâneo, também conhecida como hipoderme. Há também uma cobertura impermeável, a cutícula.
Há uma variedade de anexos, tais como pelos, escamas, chifres, garras e penas.

Funções do Tegumento
 Envolve e protege os tecidos e órgãos do corpo;
 Protege contra a entrada de agentes infecciosos;
 Evita que o organismo desidrate;
 Controla a temperatura corporal, protegendo contra mudanças bruscas de temperatura;
 Participa da eliminação de resíduos, agindo como sistema excretor também;
 Atua na relação do corpo com o meio externo através dos sentidos, trabalhando em conjunto com
o sistema nervoso;
 Armazena água e gordura nas suas células.
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Pele e Regulação da Temperatura


Composto por 99% de água e sais minerais, o suor é nosso sistema de arrefecimento. Graças ao
suor que a temperatura do corpo é regulada. O processo é simples: ao identificar um aquecimento nosso
hipotálamo, por meio do sistema nervoso simpático, avisa às glândulas sudoríparas que é hora de
transpirar.

O suor é produzido dentro das glândulas em quantidade que chega a 10 litros por dia. Apesar da
composição aquosa e ser inodoro, o suor pode cheirar mal ao entrar em contato com as bactérias
presentes na pele. A transpiração é um processo constante. No verão, um adulto pode perder, em média,
entre 2 e 2,5 litros de água pelo suor. Homens geralmente suam mais do que as mulheres, pois as
glândulas masculinas são mais ativas.
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Sistema Endócrino
O sistema endócrino é um conjunto de glândulas. Estas glândulas secretam variadas hormonas,
que viajam para órgãos alvo específicos através da corrente sanguínea. As hormonas têm funções
específicas, como regular o crescimento, o metabolismo, a temperatura e o desenvolvimento reprodutivo.
40

Hipotálamo e Hipófise
O hipotálamo conecta o sistema
nervoso ao sistema endócrino sintetizando
a secreção de neuro hormônios (também
chamado de "liberador de hormônios")
sendo necessário no controle da secreção
de hormônios da glândula pituitária —
entre eles, liberação da gonadotropina
(GnRH). Os neurônios que secretam GnRH
são ligados ao sistema límbico, que está
envolvido principalmente no controle das
emoções e atividade sexual. O hipotálamo
também controla a temperatura corporal, a fome, sede, e os ciclos circadianos.

Apesar de relativamente pequeno, é uma região encefálica importante na homeostase


corporal, isto é, no ajustamento do organismo às variações externas. Por exemplo, é o hipotálamo
que controla a temperatura corporal, o apetite e o balanço de água no corpo, além de ser o
principal centro da expressão emocional e do comportamento sexual. O hipotálamo faz também
a integração entre os sistemas nervoso e endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas
produtoras de hormônios.

A hipófise e o hipotálamo são estruturas


intimamente relacionadas morfológica e
funcionalmente que controlam todo o funcionamento
do organismo direta ou indiretamente atuando sobre
diversas glândulas como a tireoide, adrenais e
gônadas. Quase toda a secreção hipofisária é
controlada pelo hipotálamo, que recebe informações
oriundas da periferia (que vão desde a dor até
pensamentos depressivos) e dependendo das
necessidades momentâneas inibirá ou estimulará a
secreção dos hormônios hipofisários, por meio de
sinais hormonais ou neurais. O hipotálamo também produz dois hormônios, a ocitocina e o
hormônio antidiurético (ADH) que são transportados para a neuro hipófise onde são armazenados.
41

Hipófise (também denominada glândula pituitária) é uma glândula endócrina com cerca de
1 cm de diâmetro alojada na sela túrcica (A sela turca protege a hipófise, mas deixa um espaço
bem pequeno para expansão) ou fossa hipofisária do osso esfenoide na base do cérebro. Está
localizada abaixo do hipotálamo e posteriormente ao quiasma óptico, sendo ligada ao hipotálamo
pela haste pedúnculo hipofisário ou infundíbulo, é envolvida pela dura-máter (exceto o
infundíbulo). A hipófise é considerada uma "glândula mestra", pois secreta hormônios que
controlam o funcionamento de outras glândulas, sendo grande parte de suas funções reguladas
pelo hipotálamo.

É responsável pela regulação da atividade de outras glândulas e de várias funções do organismo


como o crescimento (hormônio do crescimento - adeno - hipófise) e secreção do leite através dos seios
(ocitocina - neuro - hipófise). Possui dimensões aproximadas a um grão de ervilha, pesando de 0,5 a 1
grama.
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Tireoide e Paratireoide
A tireoide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço, formada por dois lobos
e o istmo, que liga o lobo esquerdo com o direito, fazendo com que a glândula tenha um formato
semelhante ao de uma borboleta. As paratireoides são quatro glândulas, localizadas atrás da
tireoide. Produzem um hormônio que controla a quantidade de cálcio presente no sangue.
Disfunções na produção do paratormônio (PTH) podem gerar a hipercalcemia (excesso de cálcio)
ou a hipocalcemia (deficiência de cálcio).

As paratireoides são glândulas endócrinas que sintetizam o hormônio paratireoidiano, responsável


por manter as concentrações de cálcio no sangue em equilíbrio. As paratireoides (para = ao lado) são
glândulas endócrinas presentes, normalmente, nos polos superior e inferior da parte dorsal da glândula
tireoide.
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Glândula Suprarrenal
Elas são glândulas endócrinas, responsáveis pela produção de importantes hormônios, tais
como a adrenalina e noradrenalina, que atuam em vários órgãos e participam do funcionamento
do organismo. Na glândula suprarrenal são reconhecidas duas regiões distintas a medula e o
córtex.

Elas são glândulas endócrinas, responsáveis pela produção de importantes hormônios, tais como
a adrenalina e noradrenalina, que atuam em vários órgãos e participam do funcionamento do organismo.
Na glândula suprarrenal

Hormônios das glândulas adrenais: Os principais hormônios produzidos e liberados pelas glândulas
adrenais são:
 Aldosterona: Atua no equilíbrio dos líquidos, especialmente de sódio e potássio no plasma
sanguíneo.
 Cortisol: Conhecido como o "hormônio do estresse", é responsável por controlar o estresse e atua
na manutenção dos níveis de açúcar no sangue e da pressão arterial.
 Adrenalina: Atua como um mecanismo de defesa do organismo, preparando-o para uma situação
de emergência, especialmente em situações de estresse.
 Noradrenalina: Contribui na preparação do corpo para uma determinada ação em momentos de
sustos, surpresas ou fortes emoções.
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Pâncreas
A O pâncreas é uma glândula que faz parte do sistema digestivo e endócrino. O pâncreas
produz o suco pancreático que age no processo digestivo, pois possui enzimas digestivas. Esta
glândula também é responsável pela produção de hormônios como, por exemplo, insulina,
somatostatina e glucagon. O pâncreas é formado por três partes básicas: cabeça, corpo e cauda.
A cabeça é porção mais volumosa do pâncreas.

Pelo fato do pâncreas apresentar duas porções, a exócrina e a endócrina, cada uma delas
possui funções diferenciadas.

A porção exócrina secreta as enzimas digestivas presentes no suco pancreático durante o


processo de digestão. Desse modo, as moléculas grandes de carboidratos, proteínas e gorduras
são quebradas em pedaços menores para seguir até o intestino.

A porção endócrina é responsável por secretar os hormônios insulina e glucagon,


responsáveis por regular o nível de glicose no sangue. São encontrados 2 tipos de células na
porção endócrina do pâncreas:

 Células Alfa: Produzem o glucagon.


 Células Beta: Produzem a insulina
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Hormônios da Puberdade
Na puberdade, ocorre estímulo na produção de testosterona, nos meninos, e de
progesterona e estrogênio, nas meninas. Puberdade é o nome dado ao período de transição entre
a infância e a fase adulta e acontece em meninas entre os 8 e 13 anos de idade e em meninos
entre 9 e 14 anos. Essa fase é marcada, principalmente, pelo desenvolvimento dos caracteres
sexuais secundários e o início da fase reprodutiva, tanto do homem quanto da mulher. Nas
meninas, o primeiro sinal da puberdade é o surgimento do chamado broto mamário, enquanto
que nos meninos é o aumento dos testículos.

O hormônio liberador de gonadotrofina, de sigla GnRH, é um hormônio polipeptídico sintetizado


pelo hipotálamo, que age sobre a hipófise e leva à liberação dos hormônios LH e FSH (hormônio
luteinizante e folículo-estimulante, respectivamente). O GnRH é responsável por regular indiretamente a
atividade gonadal por meio de estímulos da secreção de LH e FSH pela hipósfise. A frequência e amplitude
dos pulsos de GnRH e gonadotrofinas são responsáveis pelo controle da atividade gonadal e,
consequentemente, das funções reprodutivas.
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Hormônios do Sistema Digestório


Os hormônios que controlam a digestão são a gastrina, a secretina e colecistocinina.

- A gastrina faz com que o estômago produza ácido que dissolve e digere alguns alimentos.
Também é necessária para o crescimento normal da mucosa do estômago, intestino delgado e cólon.

- A secretina faz com que o pâncreas secrete um suco digestivo rico em bicarbonato. Estimula o
estômago a produzir pepsina, uma enzima que digere as proteínas, e o fígado para que produza bile.

- A colecistocinina faz com que o pâncreas se desenvolva e produza as enzimas do suco pancreático
e faz com que a vesícula biliar se esvazie.
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Sistema Digestório
O sistema digestório é o sistema do corpo humano responsável por garantir o processamento do
alimento que ingerimos, promovendo a absorção dos nutrientes nele contidos e a eliminação do material
que não será utilizado pelo corpo. Esse processamento é garantido graças à ação dos vários órgãos que
compõem o canal alimentar, bem como pela presença de glândulas acessórias, que sintetizam substâncias
que são essenciais no processo de digestão.

Os órgãos que compõem o sistema digestório são a boca, a faringe, o esôfago, o estômago, o
intestino delgado, o intestino grosso e o ânus. Já as glândulas acessórias desse sistema são as glândulas
salivares, o pâncreas e o fígado.
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Os órgãos que compõem o sistema digestório são a boca, a faringe, o esôfago, o estômago, o
intestino delgado, o intestino grosso e o ânus. Já as glândulas acessórias desse sistema são as glândulas
salivares, o pâncreas e o fígado.

→ Boca

A boca é o local onde a digestão começa. Nossos dentes promovem a digestão mecânica, garantindo que
o alimento seja rasgado, amassado e triturado. Além da atuação dos dentes, o alimento na boca sofre a
ação da saliva, a qual é secretada pelas glândulas salivares. A saliva contém a enzima amilase, também
conhecida por ptialina, que promove o início da digestão dos carboidratos. A língua também é importante
nessa etapa, garantindo que o alimento se misture à saliva e forme o chamado bolo alimentar. É a língua
também que ajuda na deglutição do bolo alimentar, empurrando-o em direção à faringe.

→ Faringe

Esse órgão é comum ao sistema digestório e respiratório, abrindo-se em direção à traqueia e ao esôfago.
O bolo alimentar segue da faringe para o esôfago.

→ Esôfago

É o órgão tubular e musculoso que conecta a faringe com o estômago. O bolo alimentar atinge o estômago
graças às contrações do músculo liso que forma o esôfago. Essas contrações são chamadas de contrações
peristálticas.

→ Estômago

No estômago, o bolo alimentar transforma-se em quimo após ser misturado com o suco gástrico. No
estômago, o bolo alimentar transforma-se em quimo após ser misturado com o suco gástrico. O estômago
é o órgão dilatado do sistema digestório e está localizado logo abaixo do diafragma. Nesse órgão, o bolo
alimentar sofre a ação do suco digestivo, chamado suco gástrico, que é a ele misturado graças à atividade
muscular do órgão. Nesse momento, o bolo alimentar passa a ser chamado de quimo. O suco gástrico
apresenta entre seus componentes a pepsina, que atua na digestão de proteínas, e o ácido clorídrico, que
torna o pH do estômago baixo e promove a ativação da pepsina. Geralmente, o ácido clorídrico e a pepsina
não causam irritação na parede do estômago, pois esta apresenta um muco que a reveste. Além disso, há
a renovação constante das células que revestem o interior do estômago.
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→ Intestino delgado

Trata-se da porção mais longa do sistema digestório, apresentando cerca de 6 m de comprimento. Possui
três segmentos: o duodeno, o jejuno e o íleo. Nessa porção do sistema digestório, a digestão é finalizada
e há absorção de nutrientes. O órgão é responsável pela maior parte do processo de digestão.

Na primeira porção, chamada de duodeno, o quimo, vindo do estômago, sofre a ação das secreções
pancreáticas (suco pancreático), da bile e de secreções produzidas pelo próprio intestino delgado (suco
entérico ou intestinal). A secreção pancreática, rica em bicarbonato, ajuda a neutralizar a acidez do quimo.
Além disso, apresenta enzimas diversas, como a tripsina e a quimiotripsina, que atuam nas proteínas.

A bile, produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, atua como emulsificante, facilitando a
digestão dos lipídios. Já a secreção produzida pelo intestino delgado é rica em enzimas, como a
aminopeptidase (atua nos aminoácidos), nucleosidases e fosfatases (agem nos nucleotídeos).

O jejuno e íleo, as porções seguintes do intestino delgado, atuam, principalmente, na absorção de


nutrientes, graças à presença de vilosidades e microvilosidades. As vilosidades são dobras no
revestimento do intestino, enquanto as microvilosidades são projeções nas células epiteliais da vilosidade.

As vilosidades e microvilosidades aumentam a superfície de absorção do intestino delgado.

→ Intestino grosso

Com cerca de 1,5 m de comprimento, esse órgão é responsável pela absorção de água e formação da
massa fecal. Além disso, divide-se em ceco, cólon e reto. No ceco, observa-se uma projeção chamada de
apêndice, bastante conhecida por sua inflamação (apendicite). O reto termina em um estreito canal –
chamado de canal anal –, o qual se abre para o exterior no ânus, por onde as fezes são eliminadas.

Glândulas acessórias do sistema digestório

As glândulas acessórias do sistema digestório liberam secreções que participam do processo de digestão.
São elas:

Glândulas salivares: responsáveis pela produção da saliva, uma substância rica em água, mas que
também apresenta outros componentes, como enzimas e glicoproteínas. A saliva ajuda a lubrificar o bolo
alimentar e também possui ação antibacteriana.

Pâncreas: glândula mista, ou seja, possui funções endócrinas e exócrinas. Sua porção exócrina é
responsável pela produção do suco pancreático, que apresenta uma série de enzimas que atuam na
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digestão, além de bicarbonato, que neutraliza a acidez do quimo. A porção endócrina do pâncreas é
responsável pela produção dos hormônios insulina e glucagon.

Fígado: segundo maior órgão do corpo humano, perdendo apenas para a pele. Atua em diversas
funções no organismo, porém, na digestão, seu papel é garantir a produção da bile, uma substância que
é armazenada na vesícula biliar e, posteriormente, é lançada no duodeno. A bile atua na emulsificação de
gorduras, funcionando como uma espécie de detergente, facilitando a ação das enzimas responsáveis
pela quebra de gordura.

 O sistema digestório atua no processamento do alimento, garantindo a absorção dos


nutrientes importantes para o corpo.
 O sistema digestório é formado pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino
delgado, intestino grosso e ânus. Fazem também parte desse sistema as seguintes
glândulas acessórias: glândulas salivares, pâncreas e fígado.
 A digestão inicia-se na boca, com a ação da saliva e dos dentes.
 O bolo alimentar segue para a faringe, para o esôfago e atinge o estômago, onde sofre
a ação do suco gástrico e transforma-se em quimo.
 O quimo chega ao intestino delgado e sofre a ação de secreções produzidas pelo
próprio intestino delgado, pâncreas e fígado. No intestino delgado, ocorre grande
absorção de nutrientes.
 No intestino grosso, há a formação das fezes, que são eliminadas para o meio externo
pelo ânus.
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Sistema Respiratório
O sistema respiratório é o sistema responsável
por garantir a captação de oxigênio do meio ambiente e
a liberação do gás carbônico. Além disso, esse sistema
está relacionado com o olfato, ou seja, nossa capacidade
de permitir odores e relacionado também com a fala,
devido à presença das chamadas pregas vocais em um
dos órgãos do sistema respiratório.

Os órgãos do sistema respiratório são: fossas nasais, faringe (nasofaringe), laringe, traqueia,
brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões. Veja a seguir um pouco mais a respeito de cada um desses
importantes órgãos:
52

Fossas nasais: o primeiro local por onde o ar passa. Nelas é possível observar três regiões: o vestíbulo, a
área respiratória e a área olfatória. O vestíbulo é a parte anterior e dilatada das fossas nasais, a qual se
comunica com o meio exterior. A região respiratória corresponde à maior parte das fossas nasais. Por fim,
temos a área olfatória que corresponde à parte superior das fossas nasais, a qual é rica em
quimiorreceptores de olfação.

Faringe: é um órgão musculomembranoso comum ao sistema digestório e respiratório. A parte


que faz parte do sistema respiratório é denominada de nasofaringe, enquanto a parte digestória é
denominada de orofaringe. A nasofaringe está localizada posteriormente à cavidade nasal.

Laringe: é um tubo de cerca de 5 cm de comprimento que apresenta forma irregular e atua


garantindo a conexão entre a faringe e a traqueia. Na laringe, é possível perceber a chamada epiglote,
que nada mais é do que um prolongamento que se estende desse órgão em direção à faringe e evita que
alimento adentre o sistema respiratório. Além da epiglote, encontramos na laringe a presença das
chamadas pregas vocais, que são responsáveis pela produção de som.

Traqueia: é um tubo formado por cartilagens hialinas em formato de C, logo depois da laringe. A
traqueia ramifica-se dando origem a dois brônquios, denominados de brônquios primários.

Pulmões: são órgãos em formato de cone que apresentam consistência esponjosa e apresenta
maior parte de seu parênquima formado pelos alvéolos, sendo estimada a presença de cerca de 300
milhões de alvéolos nos pulmões. Cada pulmão é revestido por uma membrana chamada de pleura. O
pulmão de uma criança, geralmente, apresenta a coloração rósea, enquanto do adulto pode ter uma
coloração mais escura devido à maior exposição à poeira e à fuligem.

Brônquios: são ramificações da traqueia, que penetram cada um em um pulmão, pela região do
hilo. Esses brônquios, denominados de brônquios primários ou principais, penetram pelos pulmões e
ramificam-se em três brônquios no pulmão direito e dois no pulmão esquerdo. Esses brônquios,
chamados de secundários ou lobares, ramificam-se dando origem a brônquios terciários ou segmentares,
que se ramificam dando origem aos bronquíolos.

Bronquíolos: são ramificações dos brônquios, possuem diâmetro de cerca de 1 mm e não possuem
cartilagem. Esses também se ramificam, formando os bronquíolos terminais e, posteriormente, os
bronquíolos respiratórios. Os bronquíolos respiratórios marcam a transição para a parte respiratória e
abrem-se no chamado ducto alveolar.
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Alvéolos pulmonares: são estruturas que fazem parte da última porção da árvore brônquica e
estão localizadas no final dos ductos alveolares. São semelhantes a pequenas bolsas, apresentam uma
parede epitelial fina e são o local onde ocorrem as
trocas gasosas. Geralmente, os alvéolos estão
organizados em grupos chamados de saco alveolar.

O sistema respiratório funciona


garantindo a entrada e saída de ar do nosso corpo.
O ar inicialmente entra pelas fossas nasais onde é
umedecido, aquecido e filtrado. Ele então segue
para a faringe, posteriormente para laringe e para
a traqueia. A traqueia ramifica-se em dois
brônquios dando acessos aos pulmões. O ar segue,
então, dos brônquios para os bronquíolos e
finalmente chega aos alvéolos pulmonares.

Nos alvéolos ocorrem as trocas gasosas, um


processo também denominado de hematose. O
oxigênio presente no ar que chega até os alvéolos
dissolve-se na camada que reveste essa estrutura e
difunde-se pelo epitélio para os capilares localizados em torno dos alvéolos. No sentido oposto ocorre a
difusão de gás carbônico.

A respiração é conseguida graças à realização de dois movimentos respiratórios: a


inspiração e a expiração.
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Sistema Cardiovascular
O sistema cardiovascular, também chamado de sistema circulatório, é o sistema responsável por
garantir o transporte de sangue pelo corpo, permitindo, dessa forma, que nossas células recebam, por
exemplo, nutrientes e oxigênio. Esse sistema é formado pelo coração e pelos vasos sanguíneos.

O sistema cardiovascular é composto pelas seguintes estruturas:

 Coração: órgão responsável por garantir o bombeamento do sangue;


 Vasos sanguíneos: são tubos por onde o sangue passa. Os três principais tipos de vasos
sanguíneos são: artérias, veias e capilares.

O coração dos seres humanos, assim como o dos outros mamíferos, é


um órgão muscular formado por quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são as câmaras
responsáveis por garantir o recebimento do sangue no coração, enquanto os ventrículos são as câmaras
responsáveis por garantir o bombeamento do sangue para a fora do coração. No lado esquerdo do
coração, percebe-se a presença apenas de sangue rico em oxigênio, enquanto do lado direito observa-se
a presença apenas de sangue rico em gás carbônico. No coração, há ainda a presença
de quatro válvulas que impedem o refluxo do sangue, permitindo, desse modo, um fluxo contínuo.
55

O coração apresenta três camadas ou túnicas: o endocárdio, o miocárdio e o epicárdio. O


endocárdio é a camada mais interna. O miocárdio é a camada média, a qual é formada por tecido muscular
estriado cardíaco, sendo ela, portanto, a responsável por assegurar que o sangue seja bombeado
adequadamente devido às contrações musculares. O miocárdio é a camada mais espessa do coração. Por
fim, temos o epicárdio, que é a camada mais externa. É no epicárdio que se acumula a camada de tecido
adiposo que geralmente envolve o órgão.
O sangue chega ao coração pelo átrio direito por meio das veias cavas. Esse sangue é rico em gás
carbônico e pobre em oxigênio. Esse sangue desoxigenado segue, então, para o ventrículo direito. Do
ventrículo direito, é bombeado para os pulmões via artérias pulmonares.
Nos pulmões, ocorre o processo de hematose, o sangue até então rico em gás carbônico, recebe
oxigênio proveniente da respiração pulmonar. O sangue rico em oxigênio volta ao coração via veias
pulmonares, chegando a esse órgão pelo átrio esquerdo. Do átrio, ele segue para o ventrículo esquerdo.
Do ventrículo esquerdo, o sangue segue para o corpo, saindo do coração pela artéria aorta. O
sangue então segue para os vários órgãos e tecidos do corpo. Nos capilares, ocorrem as trocas gasosas. O
oxigênio presente no sangue passa para os tecidos e o gás carbônico produzido na respiração celular passa
para o sangue.
Os capilares reúnem-se formando vênulas, que formam as veias, as quais seguem levando o
sangue pobre em oxigênio para o coração. As veias cavas superior e inferior garantem que o sangue rico
em gás carbônico seja levado até o átrio direito.

→ Circulação sistêmica e pulmonar

A circulação nos seres humanos é denominada de circulação dupla, uma vez que se observa a
presença de dois circuitos: a circulação sistêmica ou grande circulação e a circulação pulmonar ou
pequena circulação:
 Circulação sistêmica ou grande circulação: Diz respeito ao circuito que o sangue faz
partindo do coração em direção aos vários tecidos do corpo e depois retornando a esse
órgão. Ao chegar do pulmão, o sangue é impulsionado para o corpo. Nos capilares, são
feitas as trocas gasosas, e o sangue, agora rico em gás carbônico e pobre em oxigênio,
retorna ao coração.
 Circulação pulmonar ou pequena circulação: Diz respeito ao circuito realizado pelo
sangue do coração aos pulmões e seu retorno ao coração. Nesse circuito, o sangue sai
pobre em oxigênio do coração, segue para o pulmão, onde é oxigenado, e retorna ao
coração.
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Sístole, Diástole e Pressão Arterial

O coração é capaz de contrair e também de relaxar, sendo chamada a contração de sístole e o


relaxamento de diástole. Quando ele contrai, bombeia sangue e quando relaxa, enche-se de sangue. Nos
seres humanos, os batimentos cardíacos originam-se no próprio coração. A região que origina o
batimento cardíaco é chamada de nó sinoatrial e ele é caracterizado por ser um aglomerado de células
que produzem impulsos elétricos. O maior número é a leitura da pressão arterial sistólica, que representa
a pressão máxima exercida quando o coração se contrai. Já o menor número é a leitura da pressão arterial
diastólica, que representa a pressão mínima nas artérias, quando o coração está em repouso.
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Os vasos sanguíneos são um grande sistema de tubos fechados por onde o sangue circula. Os três
principais vasos sanguíneos encontrados no corpo são as artérias, veias e os capilares. Veja, a seguir,
algumas características básicas desses três vasos:
 Artérias: As artérias são vasos que levam o sangue, a partir do coração, para os órgãos e tecidos
do corpo. Nesses vasos, o sangue corre em alta pressão. As artérias ramificam-se em arteríolas.
 Capilares: São vasos sanguíneos muito delgados que garantem a troca de substâncias entre o
sangue e os tecidos do corpo.
 Veias: Os capilares sanguíneos convergem para as chamadas vênulas, as quais convergem para as
veias. As veias são os vasos que garantem que o sangue retorne ao coração. Nesses vasos, o sangue
corre em baixa pressão e para evitar o refluxo do sangue as veias são dotadas de valvas.
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Sistema Linfático
O sistema linfático atua garantindo o
retorno do fluido contido nos tecidos circundantes
para o sangue. Esse fluido, quando entra no
sistema linfático, é chamado de linfa e possui uma
circulação unidirecional, indo sempre em direção
ao coração. O sistema é formado pelos capilares
linfáticos, vasos linfáticos, ductos linfáticos e
linfonodos. Quando o líquido presente nos
espaços teciduais não é devidamente captado
pelo sistema linfático, temos a formação dos
edemas. Na elefantíase, o edema formado
provoca uma grande deformidade no órgão
atingido.

Os capilares sanguíneos perdem para os tecidos circundantes uma grande quantidade de líquido
bem como uma pequena porção de proteínas. Em condições normais, a saída de líquidos dos capilares é
maior do que sua absorção. Desse modo, o líquido e as proteínas que ficam em excesso nos tecidos são
retirados e devolvidos ao sangue por meio do sistema linfático, formado por uma rede de canais
interligados.
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Linfa, Linfócitos e Linfonodos


Linfa é o nome dado ao líquido perdido pelos capilares para os tecidos circundantes após
entrar no sistema linfático. Caracteriza-se por ser um fluido com composição muito semelhante à
do plasma sanguíneo, entretanto, diferencia-se desse último por possuir baixa concentração de
proteínas. Linfócitos são um dos diversos tipos de células de defesa do organismo e pertencem
a um grupo de células chamadas de leucócitos ou glóbulos brancos. Essas células são produzidas
na medula óssea e defendem o organismo contra doenças, infecções ou alergias. Linfonodos,
também chamados de gânglios linfáticos, são órgãos formados por tecido linfoide e estão
distribuídos por todo nosso corpo. Eles estão localizados, por exemplo, nas axilas, na virilha e no
pescoço e estão ligados a vasos linfáticos. Linfonodos são pequenos corpos ovais formados por
tecido linfático e envoltos por cápsulas de tecido conjuntivo.

Órgãos relacionados ao sistema linfático

O baço, as tonsilas e o timo são três órgãos intimamente relacionados com o sistema
linfático. Neles se observa-se a presença de grande quantidade de tecido linfoide, que, dentre
outras características, destaca-se pela presença de linfócitos. O baço está relacionado com funções
como destruição de hemácias velhas e participação na resposta imune. As tonsilas, por sua vez,
atuam na proteção da entrada do sistema digestório e respiratório contra micro-organismos. Por
fim, o timo é o órgão em que os linfócitos T completam sua maturação.

Funções do Sistema Linfático


O sistema linfático apresenta funções primordiais para
o funcionamento do corpo, podendo destacar-se:

 Retorno para a corrente sanguínea de substâncias


importantes que saíram dos capilares e encontravam-se no
tecido circundante.
 Absorção de lipídios a partir do intestino para a linfa intestinal.
 Defesa do organismo. Nos linfonodos, micro-organismos e partículas estranhas são destruídos
pela ação do sistema imunológico. Nesses locais temos a ação de macrófagos, que realizam
a fagocitose de partículas estranhas e também a ativação dos linfócitos. Observamos aqui um
trabalho conjunto entre o sistema linfático e o sistema imunológico.
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Edema

Em algumas situações, a quantidade de líquido nos tecidos ultrapassa a capacidade do sistema


linfático de garantir o retorno dele à circulação. Esse acúmulo provoca o que chamamos de edema. Esses
edemas podem ter diferentes causas, como um excesso de filtração nos capilares ou alguma obstrução
dos vasos linfáticos.
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Sistema Nervoso
O sistema nervoso é a parte do organismo que transmite sinais entre as suas diferentes partes e
coordena as suas ações voluntárias e involuntárias. Na maioria das espécies animais, constitui-se de duas
partes principais: o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico. Ele é composto por um tipo
especial de tecido denominado tecido nervoso, o qual possui como tipos celulares os neurônios e as
chamadas células da glia. É responsável por captar, processar e gerar respostas diante dos estímulos aos
quais somos submetidos. É devido à presença desse sistema que somos capazes de sentir e reagir a
diferentes alterações que ocorrem em nossa volta e mesmo no interior do nosso corpo.

 Sistema nervoso central: formado pelo encéfalo e medula espinhal.


 Sistema nervoso periférico: formado pelos nervos, gânglios e terminações nervosas.

Sistema Nervoso Central


Encéfalo
O encéfalo está localizado dentro da caixa craniana e apresenta várias partes. A seguir,
descreveremos as principais estruturas encefálicas e algumas atividades desempenhadas por elas:

 Tronco encefálico: é formado pelo mesencéfalo, ponte e bulbo. O mesencéfalo está


relacionado com audição, reflexos visuais e movimento de tração. A ponte, como o nome sugere,
está relacionada com a ligação entre várias partes do cérebro. O bulbo está relacionado com o
controle de diversas funções, como batimentos cardíacos, respiração e deglutição.
 Cerebelo: está relacionado, principalmente, com a coordenação de movimentos e
o equilíbrio do nosso corpo.
 Diencéfalo: é constituído pelo tálamo, hipotálamo e epitálamo. O tálamo é
responsável por garantir que impulsos sensitivos cheguem ao cérebro. O hipotálamo, por sua vez,
está relacionado com várias funções, como regulação de água, temperatura do corpo, controle da
fome, entre outras. Essa porção do encéfalo também atua produzindo hormônios. O epitálamo
inclui a glândula pineal, a qual é responsável por produzir melatonina.

 Cérebro: é a porção mais desenvolvida do nosso encéfalo e é dividida em duas


porções: os hemisférios esquerdo e direito. Esses dois hemisférios estão unidos pelo chamado 
corpo caloso. O nosso cérebro é responsável por garantir atividades motoras, memória,
inteligência, emoção e razão.
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Medula espinhal
A medula espinhal, também chamada medula espinal, é uma estrutura em formato cilíndrico que
está localizada no interior da coluna vertebral. Nessa estrutura, observa-se a substância branca localizada
mais externamente e a substância cinzenta central formando a letra H.
A medula espinhal está relacionada com o ato reflexo, que se caracteriza por ser uma resposta
rápida e involuntária diante de algum estímulo, como tirar a mão ao encostar em uma chapa quente.
Nesses reflexos o encéfalo não está envolvido, o que significa que a medula espinhal pode atuar
de maneira independente. O ato reflexo é constituído basicamente por dois tipos de neurônios,
um aferente e um eferente.
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Neurônio

Os neurônios são responsáveis


pela propagação do impulso nervoso
e apresentam como partes básicas o
corpo celular, onde está localizado o
núcleo, e dois tipos de
prolongamentos, os axônios e os
dendritos. De acordo com a função
desempenhada, os neurônios podem ser classificados em dois grupos básicos: sensitivos ou
aferentes (levam impulsos para o sistema nervoso) e motores ou eferentes (levam impulsos para
outras partes, como músculos e glândulas).
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Sinapses
Sabemos que os impulsos nervosos devem passar de uma célula à outra para que ocorra
uma resposta a um determinado sinal. Para que isso ocorra, é necessária a presença de uma região
especializada, que recebe o nome de sinapse. Ela pode ser definida como a região de proximidade
entre a extremidade de um neurônio e uma célula vizinha, onde os impulsos nervosos são
transformados em impulsos químicos em decorrência da presença de mediadores químicos.

Sistema Nervoso Periférico

O sistema nervoso periférico garante a transmissão das informações dos órgãos


sensoriais para o sistema nervoso e deste para os músculos, as glândulas e as células
endócrinas. Os neurônios responsáveis por levar informação ao sistema nervoso central são
chamados aferentes, e aqueles que levam as instruções às estruturas, após o processamento do
estímulo no sistema nervoso central, são chamados eferentes. O sistema nervoso periférico é
constituído pelos nervos, gânglios e terminações nervosas. Os nervos são fibras nervosas
agrupadas em feixes, enquanto os gânglios são acúmulos de neurônios que estão fora do sistema
nervoso central. Os nervos podem projetar-se da medula ou então originar-se do encéfalo. Os
nervos espinhais são aqueles que se projetam da medula, enquanto os nervos cranianos inervam-
se do encéfalo. Existem 31 pares de nervos espinhais e 12 pares de nervos cranianos.
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Sistema Urinário
O Aparelho urinário ou sistema urinário é um conjunto de órgãos envolvidos com a formação,
armazenamento temporário e eliminação da urina. O aparelho é formado por dois rins, dois ureteres,
uma bexiga e uma uretra. Os materiais inúteis ou prejudiciais ao funcionamento do organismo, não são
assimilados, sendo assim eliminados.

Os órgãos do sistema urinário são: dois rins, dois ureteres, a bexiga urinária e a uretra. Eles atuam
de maneira conjunta, garantindo a filtração do sangue, a produção da urina e sua eliminação.
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Rins
Os rins são encontrados em número de dois no nosso corpo, sendo eles os órgãos
responsáveis pela produção da urina. Estão localizados junto à parede posterior do abdômen,
abaixo do diafragma. Possuem cerca de 10 cm de comprimento, peso aproximado de 120 a 280 g
e formato que lembra um feijão, apresentando uma borda convexa e uma borda côncava. Na parte
côncava, é possível observar uma região denominada de hilo, local onde entram e saem vasos
sanguíneos, entram nervos e saem os ureteres.

Ureteres
Os ureteres são ductos que levam a urina do rim para a bexiga. São encontrados em nosso corpo dois
ureteres, cada um partindo de um dos rins. Em média, os ureteres apresentam de 25 a 30 cm de
comprimento e 4 a 5 mm de diâmetro.

Bexiga urinária
A bexiga urinária é um órgão muscular oco que serve de reservatório para a urina e gradativamente
distende-se conforme esse produto acumula-se. Há músculos próximos ao local de junção entre a uretra
e a bexiga, que atuam regulando a micção.
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Uretra
A uretra é um órgão que garante a eliminação da urina para o meio externo. No homem, a uretra
apresenta um comprimento médio de 20 cm e pode ser dividida em três porções: prostática, membranosa
e cavernosa ou peniana. A prostática passa próxima à bexiga e no interior da próstata, a membranosa
possui apenas um centímetro de extensão e conecta-se com a cavernosa, que se localiza no interior do
corpo cavernoso do pênis. A uretra da mulher apresenta cerca de 4 cm de comprimento.

Néfron
As unidades funcionais dos rins são os chamados néfrons, os quais são constituídos pelo
corpúsculo renal e pelos túbulos renais. O corpúsculo renal, também chamado de corpúsculo de
Malpighi, é formado por um glomérulo (enovelado de capilares) envolvido por uma cápsula
(cápsula de Bowman). Os túbulos renais partem da cápsula e apresentam-se como uma sequência
de túbulos: túbulo proximal, alça de Henle e túbulo distal. Esse último abre-se no ducto coletor.Os
néfrons são classificados em corticais e justamedulares. Os néfrons corticais são aqueles que
apenas uma porção adentra a medula renal, enquanto os néfrons justamedulares estendem-se
mais profundamente na medula.
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Formação da Urina

A formação da urina ocorre na região dos rins chamadas de néfrons. Inicialmente, ocorre
o processo de filtração no interior do corpúsculo renal. O sangue que chega aos glomérulos está
em alta pressão e o glomérulo atua como uma membrana semipermeável, garantindo que parte
do plasma passe para o interior da cápsula (filtração).

O filtrado formado é semelhante ao plasma sanguíneo, porém não possui proteínas. O


filtrado segue, então, para os túbulos renais, onde passa pelos processos de reabsorção e
secreção. Na reabsorção, algumas substâncias são reabsorvidas para o sangue, enquanto no
processo de secreção, substâncias são adicionadas ao filtrado. A reabsorção é importante, pois
garante que água, íons e glicose, por exemplo, sejam reabsorvidos. A urina é resultado, portanto,
dos processos de filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular.

Após passar pelo túbulo renal, a urina segue para o ducto coletor, que leva o composto até
a pelve renal (porção superior do ureter), saindo do rim, portanto, via ureter. Como dito
anteriormente, do ureter, a urina segue até a bexiga, onde é armazenada e depois eliminada pela
uretra.
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Sistema Reprodutor
O aparelho reprodutor, sistema reprodutor ou sistema genital é um sistema de órgãos dentro de
um organismo que trabalham em conjunto com a finalidade de reprodução. Muitas substâncias não-vivas,
tais como fluidos, hormônios e feromônios também são acessórios importantes para o sistema
reprodutivo.

Aparelho Reprodutor Feminino


O sistema reprodutor feminino servirá de local
para a fecundação e também para o
desenvolvimento do bebê, além de ser
responsável pela produção dos gametas femininos
e hormônios. Assim como no masculino, o sistema
reprodutor feminino apresenta órgãos externos e
internos. Os órgãos externos recebem a
denominação geral de vulva e incluem os lábios
maiores, lábios menores, clitóris e as aberturas da
uretra e vagina. Já os órgãos internos incluem os
ovários, as tubas uterinas, o útero e a vagina.
 Ovários: no corpo feminino observa-se a presença de dois ovários, os quais são responsáveis por
produzir os gametas femininos. Nesses órgãos são produzidos também os hormônios estrogênio e
progesterona, relacionados com a manutenção do ciclo menstrual, sendo o estrogênio
relacionado também com o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.
 Tubas uterinas: no corpo da mulher, observa-se a presença de duas tubas uterinas, as quais
apresentam uma extremidade que atravessa a parede do útero e outra que se abre próximo do
ovário e tem prolongamentos denominados de fímbrias. A fecundação ocorre, geralmente, na
região das tubas uterinas.
 Útero: é um órgão muscular, em forma de pera, no qual se desenvolve o bebê durante a gravidez.
A parede do órgão é espessa e possui três camadas. A camada mais espessa é chamada de
miométrio e é formada por grande quantidade de fibras musculares lisas. A mais interna, chamada
de endométrio, destaca-se por ser perdida durante a menstruação. O colo do útero, também
chamado de cérvice, abre-se na vagina.
 Vagina: é um canal elástico no qual o pênis é inserido durante a relação sexual e o espermatozoide
é depositado. Esse canal é também por onde o bebê passa durante o parto normal.
 Vulva: é a genitália externa feminina. Fazem parte da vulva os lábios maiores, os lábios menores,
a abertura vaginal, a abertura da uretra e o clitóris. Esse último é formado por um tecido erétil e
apresenta muitas terminações nervosas, sendo um local de grande sensibilidade.
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Mama Feminina
As mamas são dois órgãos localizados na porção anterior e superior do tórax. Nas mamas
são encontradas glândulas responsáveis pela lactação, portanto, são órgãos intimamente
relacionados com a reprodução.

A mama é formada por tecido


epitelial glandular, tecido conjuntivo e
tecido adiposo. O tecido glandular é
formado por 15 a 20 lobos, constituído
por um conjunto de lóbulos, que por
sua vez é um conjunto de ácinos. O leite
é produzido nos ácinos e é captado em
cada lobo pelos ductos lactíferos, que se
desembocam na papila.
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Aparelho Reprodutor Masculino


A O sistema reprodutor masculino garante a produção dos espermatozoides e a transferência
desses gametas para o corpo da fêmea. Ele é formado por órgãos externos e internos. O pênis e o saco
escrotal são os chamados órgãos reprodutivos externos do homem, enquanto os testículos, os
epidídimos, os ductos deferentes, os ductos ejaculatórios, a uretra, as vesículas seminais, a próstata e as
glândulas bulbouretrais são órgãos reprodutivos internos.

 Testículos: são as gônadas masculinas e estão localizados dentro do saco escrotal, também
conhecido como escroto. Eles são formados por vários tubos enrolados chamados de túbulos
seminíferos, nos quais os espermatozoides serão produzidos. Além de produzir os gametas, é nos
testículos que ocorre a produção da testosterona, hormônio relacionado, entre outras funções,
com a diferenciação sexual e a espermatogênese.

 Epidídimo: após saírem dos túbulos seminíferos, os espermatozoides seguem para o epidídimo,
formado por tubos espiralados. Nesse local os espermatozoides adquirem maturidade e tornam-
se móveis.

 Ducto deferente: no momento da ejaculação, os espermatozoides seguem do epidídimo para o


ducto deferente. Esse ducto encontra o ducto da vesícula seminal e passa a ser chamado de ducto
ejaculatório, o qual se abre na uretra.

 Uretra: é o ducto que se abre para o meio externo. Ela percorre todo o pênis e serve de local
de passagem para o sêmen e para a urina, sendo, portanto, um canal comum ao sistema
urinário e reprodutor.

 Vesículas seminais: no corpo masculino observa-se a presença de duas vesículas seminais, as quais
formam secreções que compõem cerca de 60% do volume do sêmen. Essa secreção apresenta
várias substâncias, incluindo frutose, que serve de fonte de energia para o espermatozoide.

 Próstata: secreta um fluido que também compõe o sêmen. Essa secreção contém enzimas
anticoaguladoras e nutrientes para o espermatozoide.

 Glândulas bulbouretrais: no corpo masculino observa-se a presença de duas glândulas


bulbouretrais. Elas são responsáveis por secretar um muco claro que neutraliza a uretra, retirando
resíduos de urina que possam ali estar presentes.
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 Pênis: é o órgão responsável pela cópula. Ele é formado por tecido erétil que se enche
de sangue no momento da excitação sexual. Além do tecido erétil, no pênis é possível observar a
passagem da uretra, pela qual o sêmen passará durante a ejaculação.

Função do sistema reprodutor


Os sistemas reprodutores masculino e feminino atuam juntos para garantir a multiplicação da
nossa espécie. Tanto o sistema genital masculino quanto o feminino são responsáveis pela produção dos
gametas, ou seja, pela produção das células que se unirão na fecundação e darão origem ao zigoto. Os
gametas são produzidos nas chamadas gônadas, sendo os testículos as gônadas masculinas e
os ovários as gônadas femininas. Os testículos produzem os espermatozoides, enquanto os ovários
produzem os ovócitos secundários, chamados popularmente de óvulos.
O espermatozoide é depositado dentro do corpo da fêmea no momento da cópula, e a fecundação
ocorre no interior do sistema reprodutor feminino, mais frequentemente na tuba uterina. Após a
fecundação, forma-se o zigoto, o qual inicia uma série de divisões celulares enquanto é levado em direção
ao útero. O embrião implanta-se no endométrio do útero, e ali é iniciado o seu desenvolvimento. A
gestação humana dura cerca de 40 semanas.
75

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