Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
METODOLÓGICAS
DO ENSINO DA
EDUCAÇÃO FÍSICA
Introdução
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define em seu documento
orientador um conjunto de aprendizagens essenciais que todas as crianças
e todos os jovens inseridos na escola possam desenvolver ao longo da
educação básica. A BNCC é composta por conhecimentos, habilidades,
atitudes e valores, que foram expressos por meio de competências, para
que os estudantes encontrem soluções para as demandas da sua vida
cotidiana, para a sua inserção no mundo do trabalho e para exercitar
com plenitude a sua cidadania.
Portanto, a BNCC parte do pressuposto de que os estudantes tenham
uma educação integral, não somente no sentido de tempo de permanên-
cia diária na escola. Ela vincula a educação ao pleno desenvolvimento dos
estudantes, em suas múltiplas dimensões (intelectual, física, emocional,
social e cultural). A BNCC se desvincula da visão curricular tradicionalista,
com o foco no ensino, e muda o foco para o processo de aprendizagem
dos estudantes, incorporando os seus interesses e os desafios do século
XXI em sua perspectiva.
2 Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular
1. aprender a conhecer;
2. aprender a fazer;
3. aprender a ser; e
4. aprender a conviver.
Tendo o ser humano como protagonista, esses pilares devem ser a estrutura
de qualquer ação educativa, transformando de forma construtiva e duradoura
as relações consigo mesmo e com o outro, nas dimensões pessoal, cultural,
social, cognitiva e profissional.
Nesse contexto, a BNCC é um documento de caráter normativo que define
o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os
alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação
básica, de modo que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional
de Educação (BRASIL, 2014). O BNCC assegura de maneira explícita seu
compromisso com uma formação e um desenvolvimento humano integral
(intelectual, físico, afetivo, social, ético, moral e simbólico) das crianças e
jovens. Nesse contexto, a integração do currículo identifica uma comunhão
com princípios e valores que norteiam a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva (BRASIL, 2017).
Na BNCC, as aprendizagens essenciais devem assegurar ao aluno o desen-
volvimento de 10 competências gerais, que corporificam o direito à aprendi-
zagem e ao desenvolvimento integral do aluno.
Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular 3
[…] Um cidadão que possa, na sua passagem pela escola, isto é, através do cur-
rículo, aprofundar os conhecimentos que adquiriu nas experiências da cultura
e interagir com os saberes sistematizados, quer seja do campo da filosofia, da
arte, da educação física, da matemática, das ciências, da língua portuguesa
ou estrangeira, etc. Esse entrecruzamento cultural lhe proporcionará uma
participação mais qualificada na esfera pública. Isso acontece não somente
pelo aprimoramento da leitura e escrita, mas também mediante uma quantidade
enorme de conhecimentos e saberes que viabilizam a compreensão, a crítica e
a ação no mundo (NEIRA; ALVIANO; ALMEIDA, 2016, documento on-line).
2 Possibilidades e limitações
Na BNCC, a educação física está inserida na área de linguagens, juntamente
com outros componentes curriculares, como língua portuguesa, língua es-
trangeira moderna e arte. O documento explicita que:
contexto maior, seja ele cultural, histórico ou social, ao mesmo tempo que é
interpretado de acordo com esses contextos. Assim, a BNCC para a educação
física propõe que as competências específicas ampliem e deem consciência à
cultura corporal de movimento, de modo que o estudante possa desenvolver
sua autonomia, sua criticidade e uma participação ativa no seu grupo social.
Boscatto, Impolcetto e Darido (2016, documento on-line) entendem que a
BNCC, dessa forma, pode contribuir para a educação física na escola, “[…]
com a práxis educativa cotidiana dos professores, considerando a falta de
tradição na área quanto à organização curricular de seus conteúdos”.
Pelo documento, existe a proposta de que cada sistema de ensino ou escola
escolha as competências e os objetivos de acordo com a peculiaridade de cada
região. De acordo com Martinelli et al. (2016 documento on-line), o documento,
“[…] desse modo, reforça os princípios e valores de uma educação para a
‘cidadania’ e ‘democracia’, princípios basilares do documento”. No entanto,
a sistematização curricular da educação física é necessária para a definição
dos conteúdos a serem ensinados, para a organização desses conteúdos por
anos ou ciclos de aprendizagem e para auxiliar os professores na elaboração
de seus próprios currículos à luz dos interesses de seus alunos e da proposta
pedagógica da escola, conforme apontam Boscatto, Impolcetto e Darido (2016).
Contudo, para Daólio (2002), a educação física deve trabalhar com blocos
de conteúdo (jogo, ginástica, dança, luta e esporte), em todos os anos e es-
colas. Em cada bloco, as características e os significados das manifestações
culturais locais devem ser levados em consideração; assim, o desenvolvimento
dos conteúdos, a sua implementação e o sentido dado em cada bloco serão
diversificados. Para esse autor, dessa forma, o professor se transformará de
mero executor para um mediador de conhecimentos.
corporal: “[…] conceitos centrais como cultura e cultura corporal deveriam ter
sido explicados, pois, a depender do referencial adotado, refletir-se-ão sobre
a prática de diferentes maneiras”.
Outro ponto de discórdia para Neira (2018) é em relação às competências
socioemocionais; para o autor, no documento, estabelece-se total consonância
com uma educação integral, mas os conteúdos práticos põem em xeque tal
integralidade. A depender de como o professor introduz os conceitos das compe-
tências socioemocionais, o estudante fica à mercê de subjetivações decorrentes
de esses conceitos não estarem bem estruturados na prática do professor.
Rezer ([2016]) afirma que a escola está repleta de experiências de forma-
ção cognitiva, que representam grande parte do investimento proposto por
ela. A BNCC, segundo o autor, procura reforçar (mesmo sem querer) essa
dimensão cognitiva, ao afirmar que “[…] pode colaborar com os processos
de letramento e alfabetização dos alunos, ao criar oportunidades e contextos
para ler e produzir textos que focalizem as distintas experiências e vivências
nas práticas corporais tematizadas” (REZER, [2016], documento on-line).
Atividades de esquema corporal são importantes para que a criança tenha consciência
sobre seu próprio corpo, sendo indispensáveis, também, para a formação de esquemas
espaciais e temporais. O desenvolvimento do esquema corporal da criança está atrelado
à maturidade neurológica e às suas vivências corporais. Como exemplos de atividades
para a etapa da educação infantil, podemos citar a seguinte:
pedir para os alunos desenharem e descreverem seu corpo inteiro no caderno;
com um rolo de papel kraft, pedir para um aluno se deitar sobre o papel e fazer o
contorno do corpo, fixar o papel com o desenho do corpo e pedir para os alunos
nomearem as partes do corpo que conhecem;
estimular os alunos a compararem o desenho que fizeram no papel com o que
foi exposto no papel kraft;
fornecer informações sobre movimentos que trabalham os músculos e as
articulações.
Quadro 2. Atividades por unidades temáticas por ciclo de aprendizagem nos anos iniciais
do ensino fundamental
Quadro 3. Atividades por unidades temáticas por ciclo de aprendizagem nos anos finais
(Continua)
16 Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular
(Continuação)
Quadro 3. Atividades por unidades temáticas por ciclo de aprendizagem nos anos finais
https://qrgo.page.link/5CswF
Acesse o link a seguir e assista a um vídeo que resume a BNCC em relação à área de
linguagens.
https://qrgo.page.link/yPmUa
BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas.
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 1, n. 1, p. 73-81, 2002. Disponível em:
https://www.mackenzie.br/fileadmin/OLD/47/Graduacao/CCBS/Cursos/Educacao_Fi-
sica/REMEFE-1-1-2002/art6_edfis1n1.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020.
BOSCATTO, J. D.; IMPOLCETTO, F. M.; DARIDO, S. C. A Base Nacional Comum Curricular:
uma proposição necessária para a Educação Física? Motrivivência, v. 28, n. 48, p. 96-
112, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/
view/2175-8042.2016v28n48p96. Acesso em: 29 jan. 2020.
BRASIL. Introdução: a base nacional comum curricular. In: BRASIL. Base Nacional Comum
Curricular: educação é base. Brasília: Ministério da Educação, [201-b]. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#fundamental/educacao-fisica. Acesso
em: 29 jan. 2020.
Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular 19
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/04/
BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020.
BRASIL. Os campos de experiencias. In: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: edu-
cação é base. Brasília: Ministério da Educação, [201-a]. Disponível em: http://basena-
cionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil/os-campos-de-experiencias. Acesso em:
29 jan. 2020.
BRASIL. Planejando a próxima década: conhecendo as 20 metas do Plano Nacional de
Educação. Brasília: Ministério da Educação, 2014. Disponível em: http://pne.mec.gov.
br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020.
DAÓLIO, J. A cultura da/na educação física. 2002.112 f. Tese (Livre Docência) – Faculdade
de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
DELORS, J. et al. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação
para o século XXI. In: DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo:
Cortez Editora, 1998.
INEP: Futuro. 2017. Disponível em: http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/
novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79. Acesso em: 29
jan. 2020.
MARTINELI, T. A. P. et al. A Educação física na BNCC: concepções e fundamentos polí-
ticos e pedagógicos. Motrivivência, v. 28, n. 48, p. 76-95, 2016. Disponível em: https://
periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2016v28n48p76.
Acesso em: 29 jan. 2020.
NEIRA, M. G. Incoerências e inconsistências da BNCC de educação física. Revista Brasileira
de Ciências do Esporte, v. 40, n. 3, p. 215-223, 2018. Disponível em: http://www.rbceon-
line.org.br/es-incoerencias-e-inconsistencias-da-bncc-articulo-S0101328918300374.
Acesso em: 2 jan. 2020.
NEIRA M. G., ALVIANO JÚNIOR W., ALMEIDA D. F. A primeira e segunda versões da BNCC:
construção, intenções e condicionantes. EccoS – Rev. Cient., n. 41, p. 31-44, 2016. Dispo-
nível em: https://www.redalyc.org/pdf/715/71550055003.pdf. Acesso em: 31 jan. 2020.
RATIER, R. Entendendo os conceitos que organizam a Base Nacional. Nova Escola, 2018.
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/10053/entendendo-os-conceitos-
-que-organizam-a-base-nacional. Acesso em: 2 jan. 2020.
REZER, R. Base Nacional Comum Curricular: horizontes para a educação básica – o
campo da educação física em discussão. [S. n.], [2016]. Disponível em: http://base-
nacionalcomum.mec.gov.br/images/relatorios-analiticos/Ricardo_Rezer.pdf. Acesso
em: 2 jan. 2020.
RIOS, T. A. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade. 8. ed. São
Paulo: Cortez Editora, 2010.
20 Proposta teórico-metodológica da Base Nacional Comum Curricular
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.