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Universidade Federal do Rio De Janeiro
Faculdade de Odontologia

Gabriel Monteiro

REABILITAÇÃO ORAL COM PROTOCOLO CONCEITO ALL-ON-FOUR:


Relato de caso clinico

Rio de Janeiro
2022

pág. 2
Gabriel Monteiro

REABILITAÇÃO ORAL COM PROTOCOLO DO TIPO ALL-ON-FOUR


IMEDIATO: Relato de caso clinico

Trabalho de Conclusão de
Integrada apresentado à Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do Título de
Cirurgiã Dentista.

Autor: Gabriel Monteiro


Orientador: Prof. Dr. Osmar
Agostinho

Rio de Janeiro
2022

pág. 3
CIP - Catalogação na Publicação

Monteiro, Gabriel
M775r REABILITAÇÃO ORAL COM PROTOCOLO CONCEITO ALL-ON
FOUR: Relato de caso clinico / Gabriel Monteiro. -
- Rio de Janeiro, 2022.
28 f.

Orientador: Osmar de Agostinho Neto.


Trabalho de conclusão de curso (graduação) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade
de Odontologia, Bacharel em Odontologia, 2022.

1. all-on-fou. 2. protocolo. 3. implante. 4.


protese fixa. I. de Agostinho Neto, Osmar, orient.
II. Título.

Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidos pelo(a)
autor(a), sob a responsabilidade de Miguel Romeu Amorim Neto - CRB-7/6

pág. 4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a meus pais, por todo esforço para que eu
conseguisse entrar e continuar em um curso durante 6 anos sem nunca ter faltado
apoio, carinho e amor. Sem vocês nada disso teria sido possível.
Aos meus amigos, todos os Guardas, que ao longo desse tempo, junto
comigo, passaram por muitos momentos e fases que com certeza moldaram nossas
vidas daqui pra frente. Agradeço cada conselho, hábitos criados juntos, discussões,
passeios. E espero que ainda tenhamos muitos momentos de felicidade,
aprendizado e crescimento juntos.
Minha dupla Dara, que principalmente nessa reta final conviveu comigo mais
do que qualquer outra pessoa e somou sendo uma grande companheira,
conselheira, confidente de muitas histórias, e grande parceira. Obrigado por todos os
momentos de surtos especulando sobre futuro que mesmo se tratando de assuntos
sérios sempre discutimos com leveza e surtos controlados.
A UFRJ, que foi minha casa durante 6 anos e me possibilitou vivencias,
experiencias e aprendizados que eu jamais imaginaria.
Portanto, termino esse ciclo com muito amor por essa Universidade que não
contribui somente para uma formação profissional e acadêmica, como também para
para uma formação de caráter e valores que serão levados durante uma vida inteira.

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RESUMO
MONTEIRO, Gabriel. REABILITAÇÃO ORAL COM PROTOCOLO DO TIPO
ALL-ON-FOUR IMEDIATO: Relato de caso clinico. Rio de Janeiro, 2022. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Faculdade de Odontologia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.

O conceito All-On-Four foi desenvolvido com a intenção de promover a


reabilitação maxilar ou mandibular contornando um problema principal: A atrofia
óssea. Este objetivo foi alcançado combinando dois implantes anteriores axiais, em
conjunto com dois implantes posteriores inclinados. Aplicando o conceito All-on-Four,
pode-se dispensar enxertias ósseas, levantamento de seio maxilar, lateralização do
nervo alveolar inferior, além de aprimoramento no tempo de tratamento e desconfortos
pós-operatórios sofridos pelo paciente. O objetivo deste trabalho é de relatar o
planejamento e a execução de um protocolo inferior imediato no conceito All-on-Four.
Pode-se concluir que este modelo de reabilitação é seguro e viável, reestabelecendo
função e estética e sua taxa de sucesso é similar a de protocolos confeccionados
sobre implantes axiais.

Palavras-chave: All-on-four; carga imediata; prótese sobre implante; implantes


dentários

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 fave vista frontal .....................................................................................................12
Figura 2 face vista lateral ......................................................................................................12
Figura 3 maxila e mandibula aspectos iniciais .......................................................................13
Figura 4 vista frontal maxilar e mandibular inicial .................................................................13
Figura 5 modelo de gesso maxila ..........................................................................................14
Figura 6 Modelo de gesso mandibula ....................................................................................14
Figura 7Montagem do modelo superior no ASA ....................................................................15
Figura 8 Material utilizado para regsitro oclusal ....................................................................15
Figura 9 Plano de cera e registro oclusal ...............................................................................16
Figura 10Seleção da cor dos dentes ......................................................................................16
Figura 11 Montagem dos dentes...........................................................................................17
Figura 12 Prova dos dentes e teste no sorriso .......................................................................17
Figura 13 Reconstrução 3D e panoramica .............................................................................18
Figura 14 aspecto após extrações e assentamento do guia ...................................................19
Figura 15 aspecto inicial do rebordo alveolar ........................................................................19
Figura 16 rebordo alveolar após aplainamento .....................................................................19
Figura 17paralelismo entre as fresagens ...............................................................................20
Figura 18 implantes instalados..............................................................................................20
Figura 19 mini pilares instalados ...........................................................................................21
Figura 20 transferentes de moldeira aberta acoplados .........................................................21
Figura 21 Registro oclusal feito no guia .................................................................................22
Figura 22 guia esplintado aos transferentes ..........................................................................22
Figura 23 moldagem com silicone de adição .........................................................................22
Figura 24 conjunto com os análogos acoplados ....................................................................23

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 9

1.1 All-on-four 10

2. OBJETIVO 11

3. RELATO DE CASO CLÍNICO 12

4. DISCUSSÃO 24

5. CONCLUSÃO 28

6. REFÊRENCIAS 29

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1 INTRODUÇÃO
A técnica All-on-four tem evoluído desde o trabalho original de Branemark e
colaboradores em 1977, onde eles utilizavam de 4 a 6 implantes verticais localizados
na pré-maxila ou região anterior de mandíbula para sustentar uma prótese total
(Branemark PI; Hannsson BO; Adell R; 1977).
Embora uma boa taxa de sucesso tenha sido obtida (78.3%-80.3% para a
maxila e 88.4%-93.2% para a mandíbula), o cantiléver que precisava ser estendido
para acomodar dentes posteriores era muito longo e problemático (Branemark PI;
Hannsson BO; Adell R; 1977).
Métodos para contornar tal situação como enxerto de osso na região posterior
e levantamento de seio maxilar eram uma alternativa, porém, aumentavam o custo do
tratamento, o tempo e adicionavam mais momentos cirúrgicos e possíveis
comorbidades aos pacientes. A técnica de lateralização do nervo alveolar inferior
também é uma alternativa, entretanto, apresenta alta taxa de parestesia (Chan, M. H.,
& Holmes, C. 2015).
Portanto, para contornar esses inconvenientes, o conceito de angulação dos
implantes posteriores começou a ser estudado para melhorar a posição e diminuir o
cantiléver gerado.
Em 1999, Mattson e colaboradores desenvolveram uma técnica que se assemelharia
há um design inicial do conceito All-on-four, onde eles trataram seus pacientes que
apresentavam maxila edêntula e com reabsorções severas instalando de 4 a 6
implantes na região de pré-maxila, evitando a necessidade de levantamento de seio
maxilar. Foram tratados 15 pacientes, um total de 68 implantes, com uma prótese
fixa de 12 elementos, os pacientes possuíam altura alveolar de no máximo 10mm e
espessura horizontal de no máximo 4mm. Mattson reportou apenas uma falha de
implante e 100% de estabilidade das próteses em um período de 3 a 4,5 anos
(Mattsson T; Konsell P; Gynther G; 1999).
Nos anos 2000, Krekmanov e colaboradores foram capazes de demonstrar que
próteses suportadas por implantes posteriores angulados eram possíveis e o
resultado seria similar à de implantes axiais (Krekmanov L; Khan M; Rangert B;
2000).
A instalação angulada dos implantes distais provê algumas vantagens
biomecânicas e clinicas como: Os implantes estão em área de osso denso, além de,

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necessitar de técnicas menos invasivas quando comparado aos procedimentos de
enxertos para instalação de implantes axiais, e ainda, essa angulação possibilita
implantes mais longos, enquanto, mover a posição de suporte do implante
posteriormente melhora a distribuição de cargas da prótese (Tada S, 2003; Rangert
B, 1987).
A angulação dos implantes distais entre 30 e 45 graus relativo ao plano oclusal
permite a prótese final ter entre 10 e 12 dentes por arco (Malo P, 2011).
E por último, a maior distância entre os implantes facilita a limpeza e favorece
a higienização (Malo P, 2011).

1.1 Conceito All-on-four


O design do conceito All-on-four foi desenvolvido em 2003 por Malo e
colaboradores.
Tal forma de reabilitação para uma mandíbula edêntula pela instalação de 4
implantes na seguinte combinação: 2 implantes anteriores axiais e 2 implantes
posteriores localizados distalmente e angulados na região parassinfisaria de
mandíbula. Estes implantes tem carga imediata com um protocolo de ate 12 dentes.
Devido ao sucesso do protocolo All-on-four na mandíbula, Malo e
colaboradores replicaram o mesmo design para a maxila em 2005.

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2. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é relatar um caso clínico de planejamento e execução
de uma prótese fixa do tipo protocolo pela técnica All-on-four

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3. RELATO DE CASO CLÍNICO
Paciente gênero feminino, idade 55, apresentou-se à clínica da disciplina de
Prótese Fixa II do Departamento de Prótese e Materiais Dentários da Faculdade de
Odontologia (FO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tendo como
queixa principal melhorar a condição bucal.
Na anamnese inicial foi examinada a saúde geral da paciente que era favorável,
não apresentando comorbidades. Nenhum sinal foi encontrado ao exame clinico extra
oral.

Figura 1 fave vista frontal

Figura 2 face vista lateral

Ao exame clinico intraoral, a paciente apresentava ausência dos elementos 14,


16, 24, 28, e na arcada inferior estavam presentes apenas os dentes 43, 44, 45 e 47.
Os dentes superiores se encontravam em bom estado de saúde periodontal,
enquanto, todos os dentes inferiores apresentavam doença periodontal com
moderado grau de mobilidade além de um dente fraturado (45).
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Figura 3 maxila e mandibula aspectos iniciais

Figura 4 vista frontal maxilar e mandibular inicial

Considerando a situação apresentada, iniciamos o planejamento e, dentro das


opções disponibilizadas, a paciente optou pela reabilitação da arcada inferior com
prótese do tipo protocolo conceito All-on-four.
Foi solicitado a paciente um exame de imagem tomografia computadorizada de
feixe cônico (TCFC) da mandíbula para planejamento da cirurgia de instalação dos
implantes.
Seguindo os princípios do planejamento reverso para a confecção do protocolo,
iniciamos pela moldagem das arcadas, seguida pela obtenção dos modelos de gesso
e montagem no articulador. A arcada superior foi moldada com alginato e vazada em
gesso tipo IV, e a arcada inferior foi moldada com silicone de adição base pesada e
leve em passo único.

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Figura 5 modelo de gesso maxila

Figura 6 Modelo de gesso mandíbula

A montagem do modelo superior no articulador semi-ajustavel (ASA) foi


realizada com o auxílio de uma mesa de camper, portanto, mantendo uma inclinação
padrão de 15º do plano oclusal em relação ao solo, e os ângulos alfa (angulação da
eminencia articular) e ângulo de Bennet (ângulo que demonstra o movimento lateral
da mandíbula) foram mantidos padrão, respectivamente 30 e 15 graus.

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Figura 7Montagem do modelo superior no ASA

Prosseguimos com a confecção do plano de cera para obtenção de registro


oclusal, uma vez que, a paciente não possuía estabilidade oclusal e sua mandíbula
sofria um reposicionamento anterior, além de diminuição da DVO, a montagem do
modelo inferior foi feita em relação cêntrica (RC), que foi obtida através da combinação
de métodos de manipulação e métodos fisiológicos. O registro foi realizado com
silicone para registro oclusal Variotime Bite da marca Kulzer.

Figura 8 Material utilizado para registro oclusal

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Figura 9 Plano de cera e registro oclusal

Então, os modelos foram articulados e montados obtendo-se uma relação fiel


do posicionamento desejado para a reabilitação.

Figura 10 Montagem do modelo inferior no ASA

Na seleção de cor dos dentes, optamos pela cor A4 na escala Trilux e então o
conjunto foi enviado ao laboratório para montagem dos elementos.

Figura 10 Seleção da cor dos dentes

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Com os dentes montados no plano de cera, provamos o conjunto e obtivemos
resultado favorável e natural, aprovado também pela paciente.

Figura 11 Montagem dos dentes

Figura 12 Prova dos dentes e teste no sorriso

O conjunto foi reenviado ao laboratório para que servisse como base de


confecção do guia multifuncional (Cirúrgico, para moldagem de transferência e
registro interoclusal).
Dando inicio ao planejamento da etapa cirúrgica, iniciamos com a avaliação da
TCFC e seleção dos componentes. A quantidade óssea era favorável, tanto vestíbulo-
lingual quanto em altura, então optamos pela instalação de quatro implantes modelo
Strong SW® Cone Morse (SIN, São Paulo – Brasil) com diâmetro (Ø) 3,8 mm e
comprimento de 10 mm para todas as regiões.

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Figura 13 Reconstrução 3D e panorâmica da mandíbula

Seguindo o conceito All-on-four, a posição dos implantes anteriores foi


planejada para serem instalados na região de sínfise, aproximadamente na região de
incisivos laterais. O eixo de inserção deve ser planejado para que na prótese final o
aparafusamento seja feito pela palatina dos dentes, favorecendo a estética da prótese.
Além disso, os dois implantes mais anteriores devem possuir paralelismo entre eles.
Ainda baseado no conceito All-on-four, e sendo essa umas das principais
características desse modelo, o posicionamento dos dois implantes posteriores deve
ter as seguintes características:
- Sua plataforma deve ser posicionada aproximadamente na região de segundo
pré-molar.
- Deve possuir uma angulação distal de 45 graus, tendo como objetivos
principais evitar contato com o nervo mentual, permitir implantes mais longos, explorar
um osso de melhor qualidade, e distalizar o máximo a plataforma reduzindo o
cantiléver.
A prescrição medicamentosa pré-operatória foi realizada com amoxicilina (2g),
dexametasona (8mg) e midazolam 15mg uma hora antes da cirurgia. Dando início ao
procedimento cirúrgico, foi realizado bloqueio do nervo alveolar inferior e bloqueio do
nervo bucal bilateralmente (Lidocaína a 2% com Epinefrina 1:100.000). Em seguida,
foram feitas as exodontias dos elementos 43, 44, 45 e 47 e então, foi feito o teste de
assentamento do guia cirúrgico e a checagem da oclusão, que se mostraram corretos.

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Figura 14 aspecto após extrações e assentamento do guia

Foi feita então uma incisão supracrestal mediana estendendo-se


aproximadamente da região de primeiro molar esquerdo até o direito.

Figura 15 aspecto inicial do rebordo alveolar

Utilizando uma broca de peça reta em formato de pera, realizamos o


aplainamento do rebordo remanescente com a intenção de criar uma base que tivesse
espessura suficiente para que a plataforma dos implantes estivesse completamente
cercada por osso, uma vez que devido a reabsorção óssea, o osso remanescente na
porção superior do rebordo é atrofiado e de espessura vestíbulo-lingual diminuída.

Figura 16 rebordo alveolar após aplainamento

Com o guia em posição, foi iniciada a sequência de fresas estabelecida pelo


fabricante: primeira perfuração foi com a fresa lança a 7 mm para romper a cortical
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óssea; em seguida, os quatro alvéolos cirúrgicos foram preparados com as fresas
helicoidal Ø 2.0mm e helicoidal Ø 3.0mm, as duas a 10 mm de profundidade. Entre
cada uma das fresagens, era feito a checagem do posicionamento tridimensional das
perfurações múltiplas com o guia cirúrgico e os pinos de paralelismo seguindo o
posicionamento previamente descrito dos implantes.

Figura 17paralelismo entre as fresagens

Então, os implantes foram acoplados a chave de instalação e inseridos no


alvéolo. Os implantes anteriores obtiveram torque final de 45N e os posteriores de
50N.

Figura 18 implantes instalados

Como intermediários protéticos, selecionamos para os implantes anteriores os


mini pilares cone morse, e para os posteriores, mini pilares cone morse angulados em
17 graus.

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Figura 19 mini pilares instalados

Acoplamos os transferentes de moldeira aberta aos mini pilares, e então,


suturamos toda a incisão. Os transferentes de moldeira aberta posteriores tiveram
seus parafusos trocados por parafusos menores para evitar contato com os dentes
superiores quando em oclusão.

Figura 20 transferentes de moldeira aberta acoplados

Envolvemos os transferentes com resina acrílica de baixa contração, com o


intuito de evitar deformações durante o processo de moldagem, manipulação e
transporte.
O guia multifuncional agora usado para moldagem foi posicionado. Nesse
momento, utilizamos a resina acrílica para criar três pontos de registro oclusal no guia,
facilitando o posicionamento da mandíbula da paciente na posição reabilitadora
planejada. Assim como os transferentes foram esplintados entre si, o guia foi unido
aos transferentes com resina acrílica, fixando-o na posição correta e mantendo a
dimensão vertical.

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Figura 21 Registro oclusal feito no guia

Figura 22 guia esplintado aos transferentes

A moldagem foi feita com silicone de adição base leve injetado pelos furos
presentes na vestibular do guia e pela oclusal.

Figura 23 moldagem com silicone de adição

Após a presa do material, os transferentes foram desaparafusados e o conjunto


(guia + transferentes) foi removido. E então foram instalados os protetores de mini
pilar.
Os análogos foram acoplados e este conjunto foi enviado ao laboratório para
confecção da prótese protocolo imediato.

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Figura 24 conjunto com os análogos acoplados

A paciente foi orientada a respeito dos cuidados pós-operatórios e medicada


com Amoxicilina 500mg de 8/8 horas por 7 dias, Nimesulida 100mg de 12/12 horas
por 4 dias, Dipirona 1g de 6/6 horas em caso de dor e bochechos com clorexidina
0,12% durante 7 dias.
As etapas finais consistem na prova da infraestrutura metálica e conferencia de
sua adaptação com radiografias periapicais.
Estando tudo correto, a infraestrutura é reenviada ao laboratório para aplicação
da porção cerâmica e posterior entrega do trabalho final ao paciente.
Devido a atrasos no tratamento por complicações do horário da faculdade e
problemas pessoais da paciente, a entrega final foi atrasada em uma semana.
A apresentação oral contara com as fotos do trabalho entregue a paciente.

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4. DISCUSSÃO
A primeira evidência de implantes intraósseos visando a substituição de dentes
perdidos foi observada nos anos 600 depois de Cristo, onde foram encontradas
mandíbulas de uma civilização Maya apresentando pedaços de conchas utilizadas
para repor dentes perdidos. Contudo, apenas em 1981, Dr. P. Branemark publicou um
estudo sobre seus implantes metálicos com formato semelhante a raiz de um dente,
feitos de titânio puro. Estes foram os primeiros implantes a serem bem documentados
e apresentarem boa taxa de manutenção ( Abraham C. M. 2014).
Dr. P. Branemark em seu estudo demonstrou que seguindo os protocolos de
instalação apresentados, 81% dos implantes maxilares e 91% dos mandibulares
permaneceram estáveis. E as próteses sobre esses implantes continuaram estáveis
em 100% dos casos em mandíbula e 89% em maxila (Adell, R., Lekholm, U., Rockler,
B., & Brånemark, P. I. 1981).
Próteses fixas do tipo protocolo convencionais tem sua eficácia comprovada,
porém, os implantes utilizados para um protocolo convencional necessitam de uma
estrutura óssea mínima para que sejam instalados, devido a seu posicionamento
perpendicular ao plano oclusal não permitir grande variação da técnica. Portanto, em
diversos casos surge a problemática da falta dessa estrutura, causada pela
reabsorção óssea fisiológica, sendo o tempo de edentulismo um fator determinante
para a redução da altura e espessura do osso alveolar e alteração do formato do
rebordo (TALLGREN, 1972), como consequência direta deste processo, observa-se
na literatura que 50% das próteses totais removíveis mandibulares tem apresentado
problemas de retenção e estabilidade (REDFORD et al., 1996; BURNS et al., 2000).
A reabsorção óssea tem como consequências alguns fatores complicadores
para a reabilitação. Podemos dividir estes fatores como complicadores para a
execução do trabalho pelo cirurgião dentista e complicadores para a experiencia do
paciente (Chan, M. H., & Holmes, C. 2015):
Complicadores para a execução do trabalho pelo cirurgião:
• Necessidade de recuperação do tecido ósseo perdido, principalmente na
região posterior de mandíbula e maxila, para viabilizar a instalação de implantes,
recorrendo a técnicas de enxertia óssea e levantamento de seio maxilar;
• A necessidade de execução da lateralização do nervo alveolar inferior para
viabilizar espaço vestíbulo-lingual para um implante.
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Complicadores para o paciente:
• Maior tempo de tratamento, uma vez que se faz necessário passar por
cirurgias prévias e aguardar seu período de cicatrização para dar prosseguimento ao
tratamento;
• Aumento do custo, devido a necessidade de outros procedimentos e materiais
adicionais;
• Aumento da morbidade causada por mais intervenções cirúrgicas, como por
exemplo a lateralização do nervo alveolar inferior que apresenta alta taxa de
parestesia (Chan, M. H., & Holmes, C. 2015).
O termo protocolo é definido por uma prótese fixa implanto suportada,
funcionando como uma dentadura totalmente fixa e apresenta como principais
vantagens sobre as próteses totais removíveis e próteses overdenture mais
estabilidade e mais segurança no uso (KUMARI et al., 2020).
O conceito da técnica de All-on-four é introduzido por Paulo Malo em 2003
como forma de evitar estes procedimentos baseando-se na ideia da instalação de
apenas 4 implantes na região anterior de mandíbula, dois anteriores axiais, e mais
dois posteriores inclinados para a distal, possibilitando o posicionamento destes em
osso de melhor qualidade, evitando contato com o canal mandibular, e permitindo o
uso de implantes mais longos e de maior diâmetro que terão sua conexão com a
prótese distalizadas, reduzindo o cantiléver além de fornecer uma boa distribuição das
forças (Chan, M. H., & Holmes, C. 2015).
Portanto, a inclinação dos implantes posteriores permite que a plataforma dos
implantes esteja posicionada em uma região onde um implante axial certamente teria
problemas, uma vez que estaria diretamente a cima do nervo mentual, e sua porção
mais apical entraria em intimo contato com o nervo (Chan, M. H., & Holmes, C. 2015).
A confiabilidade dos implantes inclinados é semelhante à dos implantes axiais,
onde em um estudo com acompanhamento de 5 anos, 98% dos implantes inclinados
permaneceram estáveis e essa inclinação de 25 a 35 graus forneceu em média 8
milímetros a mais de suporte para a prótese reduzindo significativamente o cantiléver
(Krekmanov, L., Kahn, M., Rangert, B., & Lindström, H. 2000).
Outra característica da técnica All-on-four é a carga imediata. O conceito de
carga imediata, na Implantodontia, é definido como sendo a instalação de um
elemento protético sobre um implante, sem que tenha ocorrido ainda a sua

pág. 25
osseointegração (FUSARO et al., 2005). Esta proposta vem sendo bastante
encorajada por estudos recentes (HORITA et al., 2017). Misch et at. (2004) sugeriram
uma terminologia para restauração imediata e/ou carga oclusal:
• Carga oclusal imediata faz referência ao carregamento oclusal completo de
um implante em até 2 semanas após a sua instalação;
• Carga oclusal precoce faz referência ao carregamento funcional entre 2 e 3
semanas após a instalação do implante;
• Restauração imediata não funcional faz referência a próteses sobre implantes
instaladas até 2 semanas após a instalação do implante sem qualquer carga oclusal
direta;
• Restauração precoce não funcional faz referência a próteses sobre implantes
entregues entre 2 e 3 semanas após a instalação do implante;
• Carga oclusal tardia faz referência à restauração de um implante mais de 3
meses após a sua instalação.
Na região anterior de mandíbula onde são instalados os 4 implantes,
normalmente, encontra-se osso tipo I (mais cortical e menos medular), permitindo alta
previsibilidade para instalação de implantes.
O sucesso dos implantes dentários não está relacionado ao momento da carga,
mas sim à função crítica do micromovimento, que não deve exceder 50 a 100 μm na
interface osso-implante (HORITA et al., 2017).
A instalação dos implantes é feita com o auxílio de um guia cirúrgico
confeccionado em laboratório. Este guia permite a transferência da posição planejada
dos dentes no plano de cera onde a correta DVO já foi reestabelecida para a boca do
paciente no momento cirúrgico (Chan, M. H., & Holmes, C. 2015).
Em caso de instalação dos implantes logo após o momento da extração de
dentes, como no caso relatado, os alvéolos devem ser limpos e qualquer tecido mole
removido para evitar infecções. Os implantes devem ser posicionados entre os
alvéolos, e não nos sítios de extração (Maló, P., Rangert, B., & Nobre, M. 2003).
Existem alguns aspectos fundamentais para o sucesso deste tratamento que
são: implantes com comprimento mínimo de 10 mm, a importância da utilização de
uma estrutura metálica rígida para uma melhor estabilidade e resistência da prótese
provisória e os cantilevers devem ser evitados e estender-se no máximo 2 dentes.
Não se deve remover a prótese sobre implante submetido à carga imediata

pág. 26
precocemente, ou seja, esperar um período mínimo de 4 a 6 meses, evitando macro
e micromovimentos nos implantes, o que acarretaria interferências na interface osso-
implante e consequentes falhas (Tarnow, D. P., Emtiaz, S., & Classi, A. 1997).
Iniciando a etapa protética após a acomodação dos implantes, realiza-se uma
moldagem que pode ser aberta, onde os transferentes são unidos com resina acrílica
sendo o objetivo dessa união é evitar qualquer tipo de distorção da posição entre os
implantes na boca e os análogos no modelo onde a prótese será confeccionada, ou
fechada, onde os transferentes são capturados em sua posição pelo material de
moldagem apenas (Chan, M. H., & Holmes, C. 2015).
Utiliza-se o guia multifuncional, que nessa etapa terá a função de moldeira e de
mantenedor/registro do espaço interoclusal, uma vez que, também é unido com resina
acrílica de baixa contração aos transferentes de moldagem (Chan, M. H., & Holmes,
C. 2015).
As próteses sobre implantes oferecem função mastigatória igual ou semelhante
a função de pessoas com a mesma quantidade de dentes. Tais próteses não
promovem apenas uma reabilitação oral, como também, refletem na reabilitação
medica, social, e psicológica dos pacientes (KUMARI et al., 2020)..

pág. 27
5. CONCLUSÃO
Analisando as informações referenciadas neste trabalho, pode-se concluir que uma
prótese sobre quatro implantes seguindo o conceito all-on-four é uma opção de
tratamento válida, com taxa de sucesso semelhante a de próteses fixas do tipo
protocolo convencionais e oferecendo vantagens no que tange a custo, economia de
tempo e menos procedimentos invasivos.

pág. 28
6. REFÊRENCIAS

Chan MH, Holmes C. Contemporary "All-on-4" concept. Dent Clin North Am. 2015

Branemark PI, Hannsson BO, Adell R, et al. Osseointegrated implant in treatment


of the edentulous jaw. Experience from a 10-year period. Scand J Plast Reconstr
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Mattsson T, Konsell P, Gynther G, et al. Implant treatment without bone grafting in


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Krekmanov L, Khan M, Rangert B, et al. Tilting of posterior mandibular and


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Tada S, Strengolu R, Kitamura E, et al. Influence of implant design and bone quality
on stress/strain distribution in bone around implants: a 3-dimensional finite
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Tarnow, D. P., Emtiaz, S., & Classi, A. (1997). Immediate loading of threaded
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with 1- to 5-year data. The International journal of oral & maxillofacial implants

Horita, S., Sugiura, T., Yamamoto, K., Murakami, K., Imai, Y., & Kirita, T. (2017).
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on-Four" concept. Journal of prosthodontic research

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