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https://facemagazine.com.br/desafios-da-cimentacao-e-aplicacao-de-resinas-na-odontologia-estetica-e-funcional/
Autor:
Prof. Dr. Luis Felipe Jochims Schneider, DDS, MS, PhD, FADM
Professor Associado - Universidade Federal Fluminense - FOUFF
Coordenador Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Odontologia - UVA/RJ
Pós-Doutorado Universidade de Manchester – Inglaterra
Doutor em Materiais Dentários - FOP/UNICAMP; OHSU/EUA
Mestre em Materiais Dentários - FOP/UNICAMP
Fellow from the Academy of Dental Materials - FADM
www.felipeschneider.com.br
Como educador, decidi aproveitar o espaço desta coluna para apresentar algumas
estratégias de compreensão e assim simplificar o pensamento ou ao menos reduzir a
quantidade de dúvidas à respeito do processo de cimentação adesiva de peças cerâmicas.
Vamos começar?
1. O primeiro passo é procurar compreender o substrato sobre o qual estou aderindo algo e
compreender as necessidades de cada substrato. Por isto o planejamento prévio do caso é
fundamental.
2. Pode parecer chato ou enfadonho, mas saber a diferença básica entre fases amorfa e
cristalina é mais simples do que se imagina e é crucial para compreender a seleção do
material restaurador necessário e o processo de cimentação adesiva (Figura 2).
2.1 Componente “amorfo”: é aquele no qual a sua estrutura atômica está arranjada de
maneira aleatória, sem forma (“a”, sem; “morfo”, forma), sem organização. De maneira
simplista, as cerâmicas amorfas possuem baixa resistência mecânica, mas excelentes
características estéticas e são solubilizadas pelo ácido fluorídrico (Figura 3).
3. Após compreender as diferenças acima mencionadas, fica mais fácil compreender os três
grandes grupos cerâmicos existentes para aplicação em odontologia. Imagino que você
possa ficar na dúvida com relação aos processos de manufatura (se a cerâmicas é injetadas,
se é fresada, aplicada sobre refratários, etc), mas isto é o de menos no entendimento básico
do processo de adesão. Apesar de estudos in vitro apresentarem possibilidades de pequenas
variações em função do processo de manufatura (em termos de tempo de aplicação de um
ou outro componente, etc), o caminho para a correta seleção do protocolo de cimentação já
está bem adiantado. Conforme exposto na Figura 4, os três grandes grupos podem ser
representados por:
3.1 Cerâmicas vítreas – Aquelas com baixo conteúdo de cristais e que, assim, apresenta
excelente capacidade de transmissão de luz (e por consequência também possui baixa
capacidade de mascaramento de substrato), pode ser condicionado com ácido fluorídrico e
silanizada. Assim, devido suas características de alta capacidade de adesão
e transmissão de luz, opta-se pelo uso de agentes de cimentação totalmente fotoativáveis,
seja o cimento do tipo “veneer”, a resina composta modificada termicamente para ter sua
viscosidade reduzida ou, como última opção, resina do tipo “flow”.
3.2 Vidros reforçados: possuem uma matriz vítrea, amorfa, sobre a qual uma quantidade
razoável de cristais é adicionada. Assim, dependendo do tipo de cristal incorporado, poderá
apresentar variações em termos de translucidez, resistência, etc, mas dentro de uma faixa na
qual é possível realizar o condicionamento com ácido fluorídrico. Assim, este tipo de cerâmica
pode ser encarada como um grande “coringa”, pois além da possibilidade de adesão
apresenta características ópticas satisfatórias. Será com base no grau de
opacidade/espessura desta cerâmica que o(a) profissional irá selecionar o agente de
cimentação. Naqueles casos com até 1.5 mm de espessura e que a passagem de luz é
possível, recomenda-se o uso de materiais ativados exclusivamente pela luz; enquanto
naqueles de maior opacidade/espessura deve-se optar por agentes de cimentação do tipo
“dual”(MAS QUE NÃO SEJA AUTOADESIVO, AUTOCONDICIONANTE, ETC!!!).
3.3 Cerâmicas policristalinas: formadas por cristais em quase que sua totalidade, sendo as
cerâmicas à base de “zircônia” o grupo mais representativo atualmente. Se por um lado esta
categoria de cerâmica é altamente resistente em termos de propriedades mecânicas, por
outra não é passível de condicionamento por ácido fluorídrico. Além disto, sua alta opacidade
faz com que o agente cimentante seja de ativação química (com baixa disponibilidade e cada
vez mais em desuso) ou “dual”. Desta forma, o(a) profissional deverá considerar o uso de
agentes capazes de promover adesão química à óxidos metálicos, seja por um modificador
de superfície à base de monômeros fosfatados (os “primers” de zircônia) seguido de um
cimento resinoso dual tradicional ou pelo uso de cimentos autoadesivos, que possuem este
mesmo tipo de agente fosfatado em sua composição.
Espero que o conteúdo desta coluna tenha sido de grande utilidade e para que você. Para
facilitar ainda mais, deixo aqui um quadro simplificado das opções disponíveis para
cimentação adesiva para preparos realizados exclusivamente sobre o esmalte dental (Figura
5). Na próxima edição, irei explorar as possibilidades de cimentação de peças protéticas ao
substrato dentinário. Até+
Autor:
Prof. Dr. Luis Felipe Schneider (UFF, UVA)
Colaboradores
Profa. Dra. Larissa Cavalcante (UFF)
Profa. Ms. Walleska Liberato (UVA)
Prof. Ms. Marcos Gabriel Viana de Pinho (Universo)
Referências
Lobo M, Liberato WF, Vianna-de-Pinho MG, Cavalcante LM, Schneider LFJ. Adhesion
and optics: The challenges of esthetic oral rehabilitation on varied substrates-
Reflections based on a clinical report. J Prosthet Dent. 2021 Jan;125(1):15-17.
Schneider LFJ, Ribeiro RB, Liberato WF, Salgado VE, Moraes RR, Cavalcante LM.
Curing potential and color stability of different resin-based luting materials. Dent Mater.
2020 Oct;36(10):e309-e315