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Especialista, Mestre e Doutora em Dentística pela Universidade Federal de Santa Catarina; Professora da Disciplina de Estágio Supervisionado do Adulto e do Idoso da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
*
Especialista em Dentística pela ABCD Florianópolis, Mestre e Doutor em Clínica Odontológica pela Universidade de Passo Fundo (UPF) – Rio Grande do Sul
**
RESUMO ABSTRACT
Reproduzir um dente em uma restauração de resina The natural tooth reproduction in a composite resin
composta com naturalidade é possível após a observação restoration is possible after exhaustive observation and the
exaustiva e o acúmulo de conhecimento sobre a morfologia accumulation of knowledge about dental morphology, both
dental, tanto de maneira individual quanto integrada com o todo, individually and integrated with the whole, in addition to the
além da experiência adquirida com o treinamento. Os elementos experience adquired with practice. The fundamental anatomical
anatômicos fundamentais são definidos na restauração durante elements are defined in restoration during finishing and polishing.
o acabamento e polimento. Diante disso, o presente trabalho Therefore, the present study aims to describe a finishing and
tem como objetivo descrever um protocolo de acabamento e polishing protocol for composite resin restorations in anterior
polimento de restaurações de resinas compostas em dentes teeth. For didactic purposes, the proposed protocol was
anteriores. Para fins didáticos, o protocolo foi demonstrado em demonstrated in a unitary composite veneer with intentionally
uma faceta direta unitária com excesso intencionalmente gros- gross excess, in order to reproduce the three-dimensional
seiro, a fim de reproduzir a composição tridimensional do dente composition of the natural tooth.
natural.
KEYWORDS
PALAVRAS-CHAVE Dental Polishing. Dental Aesthetics. Permanent dental
Polimento Dentário. Estética Dental. Restauração dentá- restoration.
ria permanente.
Clínica - International Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v. 17, n. 2, p. 158-171, abr./jun. 2021
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ACABAMENTO E POLIMENTO DE RESTAURAÇÕES DE RESINAS COMPOSTAS EM DENTES ANTERIORES – FUNDAMENTOS BÁSICOS E TÉCNICA.
PARTE II: PROTOCOLO REPRODUZÍVEL
MORFOLOGIA DENTAL
INTRODUÇÃO A forma do dente é uma das características mais im-
A integração de uma restauração de resina composta portantes para mimetizar em uma restauração, pois determina
em dente anterior com os dentes adjacentes e o sorriso do pa- como a maior parte da luz será refletida e, consequentemente, a
ciente exige do clínico amplo conhecimento de três aspectos sua percepção estética.2,22 Tal característica é o resultado de um
críticos: a morfologia, alinhamento e cor de dentes naturais.1-4 conjunto: o contorno do dente, a borda incisal, a linha cervical
Com relação à morfologia dental, três elementos são fundamen- e as cristas marginais, os quais são essenciais para a definição
tais para a aparência de uma restauração: a forma básica do dos lobos, dos sulcos e da posição das arestas longitudinais.1,2
dente, os lobos de desenvolvimento e a textura superficial. A Na Figura 1 é possível observar a importância da forma em uma
constante observação dos dentes naturais auxilia o clínico a al- restauração sob o ponto de vista estético.
cançar melhores resultados nos procedimentos restauradores A forma básica dos dentes anteriores pode ser:
diretos em dentes anteriores. Afinal, a mão somente é capaz de 1. Quadrangular – limites externos retos e paralelos, com
reproduzir o que os olhos conseguem ver. as regiões cervical e incisal amplas;
O acabamento e polimento (A/P) é uma etapa essencial 2. Ovóide – limites externos tendem a ser curvos e maiores
para determinar a aparência natural da restauração de resina que as dimensões cervicais e incisais;
composta. O seu protocolo compreende três etapas principais: 3. Triangular – existe uma convergência acentuada em di-
1. Remoção de excessos grosseiros – ajuste de interferên- reção à região cervical que é mais estreita. Em geral, os
cias oclusais e excessos que dificultam a higiene e cau- incisivos centrais superiores (ICS) apresentam o perfil
sam inflamação gengival. Maior quantidade de material mesial reto ou ligeiramente convexo e o distal convexo.1,2
é removido com auxílio de discos flexíveis abrasivos ou A habilidade de adaptar a forma dental à dentição e à
pontas diamantadas – abrasividade grossa e média (100 face do paciente de acordo com os princípios estéticos é
a 45 µm) – ou brocas de 8 a 16 lâminas; decisivo no sucesso estético da restauração.23-26
2. Acabamento – reproduzir a forma e a textura. Utiliza-se O ponto de contato apropriado entre os dentes ântero-
discos flexíveis abrasivos, pontas diamantadas – abrasi- -superiores ocorre entre as paredes mesiais de dentes adjacen-
vidade média, fina e extrafina (40 a 8 µm) – ou brocas de tes no plano sagital.2 É uma característica natural que o ponto
18 a 30 lâminas, e pontas de borracha ou silicone;
3. Polimento – proporcionar lisura superficial e brilho. Pou-
co material é removido com pontas de borracha/silicone
ou discos de abrasividade extrafina (< 8 µm), escovas de
carbureto de silício, disco de pêlo de cabra ou disco de fel-
tro associado ou não com pasta abrasiva (1,5 a 0,5 µm).5-8
O A/P executado adequadamente, além da estética ga-
rante a função e a longevidade da restauração.5,9-14 Para tanto,
deve-se seguir a sequência de abrasividade dos instrumentos,
utilizar pressão leve e controlada, realizar movimentos inter-
mitentes, com velocidade adequada e refrigeração, empregar
cada instrumento com duração suficiente para promover lisura
sem comprometer o volume de material, além da limpeza da
Figura 1: Dois dentes reproduzidos em resina composta com: A) somente cor
superfície com spray ar/água após aplicar cada instrumento.15-17 DA3, forma e textura superficial adequadas; B) estratificação das cores DA3,
Esses fatores estão sob controle do profissional e influenciam DA2, DBL-L, Trans Opal, EA3, porém com forma e textura superficial inadequa-
das. Observe que somente a estratificação com diferentes tonalidades e opacida-
diretamente na qualidade da superfície.7,18-21 des não é fator decisivo na estética de uma restauração.
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Ruschel VC, Merlo EG.
de contato entre os ICS esteja localizado na região do terço inci- 1. O cervical é mais curto e inclinado lingualmente;
sal e progressivamente no sentido incisocervical em direção aos 2. O médio é mais longo e reto;
caninos (Fig. 2).27,28 Isso faz com que o contato entre os ICS seja 3. E o incisal é mais curto e inclinado lingualmente. Quanto
amplo e maior do que entre IC e incisivo lateral (IL), e entre o IL maior a área do terço médio, maior será o comprimento
e o canino. Já por uma vista incisal, o ponto de contato entre os aparente do dente, e vice-versa.
dentes anteriores superiores é palatinizado (Fig. 3). Além disso, Um posicionamento correto da margem gengival influen-
a área existente entre a aresta longitudinal da crista marginal e ciará significativamente na forma dental. O zênite gengival é
o ponto de contato proximal, é a superfície de transição proxi- o ponto mais apical do contorno gengival e, geralmente, se lo-
mal (STP), e seu tamanho varia de dente para dente (Fig. 4).2 O caliza distalmente ao longo eixo dental (Fig. 2).30 O longo eixo
encontro da superfície de transição proximal de dentes adjacen- coincide com o lobo de desenvolvimento central, e é levemente
tes forma a ameia vestibular (Fig. 3). inclinado para distal nos ICS tornando-se mais inclinada distal-
Nos dentes anteriores, a área da face vestibular de maior mente em direção aos caninos (Fig. 2).24 Esta inclinação está
reflexão da luz é a área plana. É responsável pelo aspecto relacionada com a posição do zênite gengival, e ambos favore-
óptico de altura-largura dos dentes anteriores. 1,22,29
No sentido cem a forma dental e a composição da dentição anterior.31
mesio-distal é delimitada pelas arestas longitudinais das cristas As ameias cervicais apresentam o aspecto triangular in-
marginais, e influencia diretamente na largura aparente do dente vertido, e a sua abertura torna-se mais fechada em direção aos
(Fig. 5).1,29 A região presente além deste limite forma uma área caninos (Fig. 2). Também, ocupa o espaço formado pelos limites
de sombra e corresponde à STP. Opticamente, quanto maior a da crista óssea alveolar e as faces proximais dos elementos adja-
distância entres essas arestas maior será a largura do dente. centes, sendo preenchida pelas papilas interproximais. A amplitu-
Também, o efeito inverso será perceptível se a distância entre de da ameia cervical deve ser adequada para acomodar a papila,
tais arestas for menor. contribuir com a saúde periodontal e favorecer a estética, pre-
Já no sentido cervicoincisal, a área plana é delimitada venindo a formação dos triângulos negros.30 Existe uma relação
pelos planos de inclinação do dente.29 Esses planos corres- entre a formação do triângulo negro e a distância da crista óssea
pondem às inclinações dos três terços da face vestibular e apre- alveolar ao ponto de contato.30,32 Por isso, o contorno cervical e a
sentam as seguintes características: posição do ponto de contato adequados influenciam diretamente
Figura 2: Visão vestibular dos dentes anteriores superiores com ênfase nas Figura 3: Visão incisal da posição dos pontos de contatos entre os dentes ântero-
seguintes características: 1) Ponto de contato; 2) Ameia incisais; 3) Longo eixo -superiores. Também, destaca-se as superfícies de transição proximais mesiais
dental; 4) Contorno cervical; 5) Zênite gengival; e 6) Ameias cervicais. dos dois ICS, que formam a ameia vestibular. Observe que a STP envolve parte
da face proximal e corresponde à área existente entre a aresta longitudinal e o
ponto de contato.
Figura 4: Representação da STP de um incisivo central superior extraído. Obser- Figura 5: Área plana dos dentes ântero-superiores delimitada pelas arestas
ve, tanto por vestibular quanto por incisal, que o seu desenho varia conforme a longitudinais.
região do dente. Nessa área a luz incidente não é refletida diretamente aos olhos
do observador, formando uma área de sombra.
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ACABAMENTO E POLIMENTO DE RESTAURAÇÕES DE RESINAS COMPOSTAS EM DENTES ANTERIORES – FUNDAMENTOS BÁSICOS E TÉCNICA.
PARTE II: PROTOCOLO REPRODUZÍVEL
no desenho das ameias cervicais, determinando uma composi- treitos e rasos em direção ao terço médio. Enfatiza-se que a
ção estética agradável. 30,31
Com o passar dos anos, a recessão formação dos sulcos de desenvolvimento ocorre naturalmente
gengival faz com que a amplitude das ameias cervicais aumente. como resultado da formação de dois lobos adjacentes.
A ameia incisal é a abertura formada entre os ângulos in- As cristas e sulcos longitudinais encontram a borda in-
cisais de dentes anteriores adjacentes em uma visão vestibular e cisal formando detalhes anatômicos como proeminências e re-
está diretamente com a posição do ponto de contato. A abertura entrâncias, e apresentam continuidade com a face palatal. Nos
das ameias incisais aumenta progressivamente do IC ao canino, dentes que sofreram desgaste fisiológico ou patológico, existe
e são importantes para individualizar o sorriso do paciente (Fig. a formação de um plano inclinado em 45º com o plano oclusal,
2).24,27,28 O correto desenho dos ângulos incisais é de extrema perceptível pela observação dos dentes por palatal/lingual, e
importância para determinar as ameias. Geralmente, o ângulo que pode apresentar exposição de dentina.2
mesioincisal é reto ou levemente angulado e o distoincisal é arre- Os dentes naturais podem apresentar cristas horizontais
dondado. O desgaste dos dentes faz com que a amplitude das
1,2
que formam sulcos horizontais ou transversais, localizados no
ameias incisais diminuía ou até mesmo desapareça.27 topo dos lobos de desenvolvimento, próximos ao terço cervical.22
A textura superficial dos dentes naturais é caracterizada Deve-se observar cuidadosamente a sua largura e localização,
como o relevo superficial perceptível a olho nu. As proeminên- formam ângulo reto com o longo eixo do dente, são paralelas en-
cias e depressões presentes em sua superfície interagem com tre si, nunca se cruzam e nem se apresentam muito retas.2 Tam-
a luz e determinam a aparência dos dentes (Fig. 6).4,22 Pode ser bém, as periquimáceas são proeminências paralelas entre si,
dividida em macrotextura, que compreende os lobos de desen- que não se cruzam, porém formam o desenho de um semicírculo
volvimento (textura vertical), as cristas horizontais (textura hori- no terço incisal, diminuindo sua angulação gradativamente em di-
zontal) e a anatomia da borda incisal. Além da microtextura, que reção ao terço cervical. São mais numerosas e sutis, se estendem
compreende as periquimáceas (textura horizontal). até as faces proximais e se originam a partir das estrias de Retzius
Os lobos de desenvolvimento ou cristas longitudinais na formação do esmalte. Além disso, são menos nítidas quando
são três: mesial, central e distal. Os lobos mesial e distal corres- interceptam as cristas, que são áreas mais propensas à abrasão,
pondem às cristas marginais dos dentes anteriores. As cristas e mais nítidas quando interceptam os sulcos.22
marginais são estruturas tridimensionais que nos dentes ante- É importante destacar que os dentes naturais apresen-
riores apresentam: uma inclinação interna, um ponto mais alto tam diferentes graus de características morfológicas que variam
correspondente à aresta longitudinal e a superfície de transição de acordo com a idade, com os hábitos do paciente, de pacien-
proximal. A reprodução apropriada de lobos resulta na forma- te para paciente e, até mesmo, entre dentes contralaterais em
ção de fossas e sulcos, e também na forma do dente como um um mesmo paciente.22 Existe uma tendência de perda da textura
todo. Como resultado, a individualidade e a forma tridimensional de superfície com o passar dos anos e que caracteriza o enve-
do dente são alcançadas.2 lhecimento dos dentes.2 Por esse motivo, em restaurações de
O lobo ou crista central apresenta duas inclinações que dentes que apresentam dentes adjacentes naturais, é de suma
se encontram com a inclinação interna de cada crista marginal, importância observá-los por vários ângulos para identificar to-
formando depressões ou fossas longitudinais que podem ser dos os detalhes da superfície
chamadas de sulcos de desenvolvimento ou longitudinais.
Os sulcos de desenvolvimento apresentam a característica de RELATO DA TÉCNICA
serem mais largos e profundos no terço incisal e se tornam es- O protocolo de A/P foi realizado por redução de exces-
so de material restaurador, e baseado na sequência descrita no
livro de Nishimura e Kataoka, 2002.2 Intencionalmente, a restau-
ração de resina composta do dente 11 (p-oclusal, São Paulo, SP,
Brasil) se apresenta com excesso grosseiro (Fig. 7-9), para que
todos os passos sejam demonstrados.
Muitos protocolos de A/P são propostos para alcançar o
resultado final em restaurações diretas, porém, neste artigo, pro-
pomos uma sequência lógica e simples para reprodução clínica e
obtenção de forma, textura, lisura e brilho adequados.
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na sessão seguinte. Realiza-se o ajuste oclusal, na posição de Já a presença de excesso de material restaurador e/ou
máxima intercuspidação habitual (MIH) e nas guias de desoclu- adesivo nas faces proximais foi verificada com auxílio de fio
são, com auxílio de fita marcadora de contato. A remoção dos dental sem cera, e removido com uma tira abrasiva grossa (Epi-
contatos em excesso pode ser realizada com pontas diamanta- tex, GC Dental, Tokyo, Japão). A tira abrasiva foi posicionada em
das de grossa ou média granulação ou pontas multilaminadas, forma de “S” e utilizada com movimento de vaivém, promoven-
ambas no formato compatível com a região. No presente relato, do uma superfície proximal convexa e auxiliando na definição
o ajuste oclusal não foi necessário. das ameias vestibulares (Fig. 11).
Verificou-se a presença de excesso de material restaura- É preciso observar se as tiras abrasivas apresentam
dor e adesivo na região cervical pela sensibilidade tátil com uma zona neutra, por onde serão inseridas e utilizadas na superfície
sonda exploradora. A sonda exploradora deve ser movimentada proximal apenas à cervical do ponto de contato. As tiras mais
na transição da raiz para a coroa. A presença de excesso gera um estreitas (2 mm) são compatíveis com a região adjacente ao
movimento brusco. Assim, o excesso ao longo de todo o contor- ponto de contato. Caso contrário, devem ser recortadas para
no cervical foi removido com lâmina de bisturi nº 12 (Feather) (Fig. reduzir a sua largura e evitar o rompimento do contato proximal.
10). Ao final do processo, o movimento com a sonda é suave, Outra alternativa para remover o excesso que une a restauração
indicando um leve sobrecontorno da restauração. ao dente vizinho é a serra interproximal.
Figura 8: Vista craniocaudal da restauração do dente 11. Figura 9: Vista incisal da restauração do dente 11.
Figura 10: Remoção do excesso de material na região cervical com uma lâmina Figura 11: Tira abrasiva posicionada em forma de “S” na face proximal mesial.
de bisturi nº12 na região cervical. Importante que o excesso seja removido com Observe que, como esta tira apresenta espessura muito reduzida, pode ser
a ponta da lâmina tocando tanto o dente quanto a restauração. A lâmina deve utilizada em toda superfície proximal sem não romper o contato.
ser empregada com movimento de “raspar” da resina para a estrutura dental.
Para maior firmeza no movimento os dedos devem estar apoiados nos dentes
adjacentes conforme preferência do operador.
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PARTE II: PROTOCOLO REPRODUZÍVEL
Figura 13: Definição dos três planos de inclinação da face vestibular com o disco Figura 14: Sequência dos discos flexíveis abrasivos: A) médio, B) fino e C)
flexível abrasivo: A) terço cervical; B) terço médio; C) terço incisal. É importante extrafino.
observar por vários ângulos e manter a simetria com o dente vizinho.
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que correspondem às arestas longitudinais (Fig. 19). Na res- A posição da aresta mesial foi corrigida realizando o
tauração, primeiro define-se a posição da aresta longitudinal ajuste na STP da crista marginal mesial com um disco abrasivo
mesial que orienta a correta posição da aresta longitudinal grosso (Soflex Pop-On, 3M ESPE), com cuidado para manter
distal. a convexidade adequada da região (Figs. 20 e 21). Em segui-
Figura 15: Observe por uma vista frontal o nível de lisura e brilho já obtidos com
a sequência de discos abrasivos. Porém, ainda a forma e a textura não estão
completamente definidas, necessitando da execução das próximas etapas.
Figura 17: Posição do disco para a remoção do excesso na STP, definindo a Figura 16: Planos de inclinação em uma visão proximal. Observe também a
posição do ponto de contato na mesial de forma simétrica ao dente adjacente. redução do volume de material restaurador.
Também, a amplitude da ameia vestibular é determinada respeitando a convexi-
dade adequada da região.
Figura 18: Definição do ponto de contato distal. Figura 19: Visão frontal das arestas longitudinais marcadas com grafite, tanto na
restauração do dente 11 quanto no dente 21, o qual serve de referência para a
restauração.
Figura 20: Visão frontal da posição do disco abrasivo para alterar a posição da Figura 21: Visão incisal da posição do disco na correção da aresta longitudinal
aresta longitudinal mesial em direção ao centro do dente. mesial.
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PARTE II: PROTOCOLO REPRODUZÍVEL
Figura 22: Correção da aresta longitudinal distal em direção ao centro do dente Figura 23: Área plana da restauração do dente 11 corretamente definida.
com o disco abrasivo grosso.
Figura 24: Definição do contorno cervical uma ponta multilaminada de extremo Figura 25: Correção do ângulo incisal mesial com disco abrasivo médio.
afilado.
Figura 26: Correção do ângulo incisal distal. O movimento do disco em ambos os Figura 27: Visão frontal da restauração após a definição da forma dental.
ângulos deve ser de palatal para vestibular.
da, a posição da aresta distal é determinada pelo mesmo disco vel de abrasividade média (Soflex Pop-On, 3M ESPE). Ressalta-
utilizado anteriormente (Figs. 22 e 23). Consequentemente, as -se que, primeiro se define o ângulo mesioincisal, pois este serve
ameias vestibulares mesial e distal também foram estabeleci- de referência para o ajuste do ângulo distoincisal (Fig. 25 e 26).
das. Outra maneira de modificar a área plana é transferir a dis- Na sequência, se analisou novamente a forma da restau-
tância entre as arestas do dente contralateral para a restauração ração por todos os ângulos para identificar regiões que neces-
com auxílio de um compasso de ponta seca. sitam de ajuste adicional (Fig. 27). Constatada a presença de
irregularidades, procedeu-se à sua correção. Além disso, se a
PASSO 5: CONTORNO CERVICAL restauração envolve a face palatal o acabamento deve ser reali-
Esta etapa foi realizada por meio da remoção de ex- zado nesse momento, antes de iniciar a textura superficial, com
cesso ao longo do contorno cervical, que alterava a amplitude pontas diamantadas ou brocas multilaminadas finas, extrafinas
das ameias cervicais e a posição do zênite gengival. Para isso, e pontas de borracha.
utilizou-se uma ponta diamantada tronco-cônica multilaminada
(9714 FF, KG Sorensen) (Fig. 24).
MACROTEXTURA
PASSO 6: AMEIAS INCISAIS PASSO 7: LOBOS DE DESENVOLVIMENTO
O correto desenho dos ângulos incisais foi marcado na Iniciou-se com a macrotextura seguida da microtextura.
restauração com um grafite e ajustado com auxílio de disco flexí- Para tanto, a localização dos dois sulcos de desenvolvimento
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Ruschel VC, Merlo EG.
foi marcada na restauração com auxílio de um grafite, utilizando sulcos são criados como resultado da definição de cada lobo
como referência o dente contralateral. Primeiro, empregou-se de desenvolvimento (Fig. 31). Cabe salientar que, não houve a
uma ponta diamantada tronco-cônica de extremo arredondado necessidade de trabalhar na STP das cristas marginais, visto
(2135 FF, KG Sorensen, São Paulo, SP, Brasil) posicionada la- que essa região já foi definida em etapas anteriores. Entretanto,
teralmente, de forma que somente a ponta ativada encoste na é importante ter cuidado para não alterar a posição das arestas
superfície da restauração, atuando longitudinalmente na mesial longitudinais e sempre verificá-las, com o propósito de preser-
e depois na distal (Figs. 28 e 29), realizando depressões suaves. var a área plana anteriormente estabelecida.
Neste momento, foram definidas a localização dos sulcos que
serviram como ponto de partida para definir os lobos de desen- PASSO 8: BORDA INCISAL
volvimento (mesial, central e distal). Desenhou-se a anatomia da borda incisal com grafite e a
Na sequência, os lobos foram contornados com a mes- sua reprodução com uma ponta diamantada de extremo afilado
ma ponta diamantada (2135 FF, KG Sorensen), porém posicio- (1190FF, KG Sorensen) (Figs. 32 e 33).
nada verticalmente seguindo o longo eixo dental (Fig. 30). Os
Figura 28: Ponta diamantada 2135 FF posicionada lateralmente sobre a restau- Figura 29: Ponta diamantada 2135 FF atuando longitudinalmente no sentido
ração, atuando longitudinalmente no sentido mesial. É importante utilizar uma distal.
velocidade reduzida, que pode ser emprega pela desaceleração do motor ou por
meio de um contra-ângulo multiplicador.
Figura 30: Definição dos lobos de desenvolvimento com a ponta diamantada Figura 31: Observe a suavidade e a naturalidade dos três lobos de desenvolvi-
2135 FF aplicada verticalmente à superfície da restauração. O instrumento deve mento definidos.
agir em ambas as inclinações do lobo, respeitando a sua convexidade, com mo-
vimento do sulco em direção à aresta longitudinal, e da aresta em direção sulco.
Figura 32: Marcação da posição da anatomia da borda incisal com um grafite. Figura 33: Reprodução com uma ponta diamantada de extremo afilado da
anatomia da borda incisal, primeiro aprofundando e depois atuando de vestibular
para a palatal.
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PARTE II: PROTOCOLO REPRODUZÍVEL
MICROTEXTURA
PASSO 11: PERIQUIMÁCEAS
Iniciou-se no terço incisal com a ponta diamantada (1190
F, KG Sorensen) atuando lateralmente sobre a superfície da res-
tauração na direção de distal para mesial, com pressão leve
Figura 35: Visão proximal das cristas horizontais definidas. para formar um semi-círculo. Em seguida, sulcos consecutivos
foram criados, resultando na formação das periquimáceas. A
profundidade dos sulcos varia dependendo da localização no
dente, por isso deve-se ter atenção com a angulação da ponta
ativa do instrumento com a superfície da restauração (Figs. 37
e 38). O instrumento menos angulado no terço médio forma um
sulco mais largo e profundo do que no terço cervical. E deve ser
menos angulado ainda no terço incisal para formar um sulco
raso e de preferência mais largo.
Figura 37: Marcação com grafite e definição das periquimáceas com a ponta
diamantada de extremo afilado.
Figura 36: Utilização das pontas de borracha de abrasividade grossa (A), média Figura 38: Aspecto final das periquimáceas definidas.
(B) e fina (C) para suavizar a macrotextura.
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Ruschel VC, Merlo EG.
Figura 39: Espiral de borracha média utilizada para suavizar a microtextura, Figura 41: Polimento com espiral de borracha de abrasividade fina.
atuando com mais intensidade na superfície proeminente dos lobos.
Figura 40: Obtenção de lisura superficial da face proximal mesial com a sequên- Figura 43: Visão frontal do aspecto inicial (A) e final (B) da restauração.
cia de tiras abrasivas: A) média, B) fina e C) extrafina.
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PARTE II: PROTOCOLO REPRODUZÍVEL
Figura 44: Visão proximal do aspecto final da restauração. Figura 45: Visão incisal do aspecto final da restauração.
DISCUSSÃO
A definição de forma e textura (acabamento) e de lisura O respeito à ordem do protocolo de A/P facilitará a iden-
e brilho (polimento) em restaurações de dentes anteriores deve tificação de regiões para correção da anatomia em restaurações
ser realizada em uma sessão posterior para melhor observação com o mínimo de excesso. Desse modo, os passos de aca-
da integração óptica da restauração.33 Além disso, o profissional bamento serão reduzidos e o polimento será mais fácil de ser
estará mais descansado para identificar os detalhes anatômicos. alcançado em menor tempo clínico.
É importante destacar que, durante a etapa de acaba- No passo a passo apresentado, a utilização da sequ-
mento, a granulação dos instrumentos deve ser gradativamente ência de abrasividade dos discos flexíveis mostrou-se eficien-
reduzida, conforme a presença de excesso, para promover a te no aumento da lisura, proporcionando o brilho na restaura-
lisura superficial e o brilho na etapa de polimento. Se ajustes ção, como indicam muitos estudos.13,17-19,21,34-36 Por outro lado,
maiores forem necessários, as pontas diamantadas e brocas na texturização, o uso de instrumentos com maior granulação
multilaminadas finas e extrafinas podem ser utilizadas. Porém, faz necessário a subsequente utilização da sequência de bor-
após o seu uso, a sequência de abrasividade do sistema esco- rachas, com o objetivo de restaurar o brilho sem prejudicar as
lhido deverá ser utilizada com a finalidade de reduzir os defeitos particularidades morfológicas criadas. Ao contrário, os discos
microscópicos.6,15,34 flexíveis podem remover as áreas mais proeminentes do relevo
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Ruschel VC, Merlo EG.
superficial, e são mais favoráveis em restaurações que mimeti- 14. Heintze SD, Reichl F-X, Hickel R. Wear of dental materials: Clinical significance
and laboratory wear simulation methods —A review. Dental Materials Journal.
zam dentes com perda da textura. 29 de maio de 2019;38(3):343–53.
O protocolo apresentado também pode ser utilizado 15. Phillips RW, Anusavice KJ, Albuquerque DC de, Grinbaum NS, Loguercio AD,
Reis A. Phillips materias dentários. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005.
com adaptações em restaurações de resina composta em
16. Heintze SD, Forjanic M, Ohmiti K, Rousson V. Surface deterioration of dental
dentes posteriores, uma vez que os fundamentos de A/P são materials after simulated toothbrushing in relation to brushing time and load.
os mesmos. Vale ressaltar que, após a conclusão do A/P, o pa- Dent Mater. abril de 2010;26(4):306–19.
17. St-Pierre L, Martel C, Crépeau H, Vargas MA. Influence of Polishing Systems on
ciente deve sempre ser orientado para retornar às consultas de Surface Roughness of Composite Resins: Polishability of Composite Resins.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 19. Aytac F, Karaarslan ES, Agaccioglu M, Tastan E, Buldur M, Kuyucu E. Effects of
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O protocolo apresentado possibilitou a reprodução da of Nanocomposites. J Esthet Restor Dent. julho de 2016;28(4):247–61.
composição tridimensional do dente natural de forma simples 20. Heintze S, Forjanic M, Rousson V. Surface roughness and gloss of dental
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e satisfatória. Considera-se fundamental, para o sucesso do
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resultado final, executar cada etapa na ordem proposta, sele- 21. Yadav RD, Jindal D, Mathur R. A Comparative Analysis of Different Finishing and
cionar os instrumentos adequados e respeitar os fundamentos Polishing Devices on Nanofilled, Microfilled, and Hybrid Composite: A Scanning
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básicos do acabamento e polimento. Clinicamente, cada passo Pediatric Dentistry. setembro de 2016;9(3):201–8.
deve ser seguido, porém somente será executado caso haja a 22. Fondriest J. Shade matching in restorative dentistry: the science and strategies.
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necessidade.
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