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RestauRações PaRciais LivRes de
MetaL: Faceta/inlay/Onlay
As restaurações parciais livres de metal, sejam em
resina ou em cerâmica, têm a vantagem de ser
um tratamento conservador para reconstrução do
elemento dentário fraturado, comprometido por le-
sões cariosas extensas ou por restaurações insa-
tisfatórias. Entretanto, para que estas restaurações
livres de metal tenham longevidade clínica, proce-
dimentos adesivos são necessários. Como estes
procedimentos são demorados e muitas vezes pro-
CAPíTULO 0 3

blemáticos devido às diversas etapas que compõe


o protocolo de cimentação destas restaurações
(MCLAREN & HAMILTON, 2007), muitos dentistas
evitam utilizar este tipo de tratamento restaurador
e, como forma de solucionar o problema clínico do
paciente, extrapolam a indicação das resinas com-
postas diretas e confeccionam restaurações insa-
tisfatórias em diversos aspectos como contorno,
adaptação, estética e forma.
estÉtica OdONtOLÓGica
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Neste sentido, a proposta deste capítulo será determinado pela força e durabilidade da união Devido ao seu alto apelo estético, bem pela sua
abordar as características dos preparos coroná- formada entre três diferentes componentes do comprovada biocompatibilidade e previsibilidade
rios e técnicas de cimentação das restaurações complexo de adesão, que são a superfície den- em longo prazo, as facetas laminadas de porce-
parciais do tipo faceta laminada, inlay e onlay, de tária, o cimento resinoso e a faceta de porcelana lana se tornaram um procedimento restaurador
acordo com o material restaurador, bem como (PEUMANS et al., 2000). de rotina para tratamento estético e têm ganha-
abordar aspectos inerentes à longevidade clínica do crescente popularidade, sendo consideradas
destas restaurações. A ideia das facetas de porcelana não é recente. como um procedimento restaurador durável e
Em 1938, Dr. Charles Pincus descreveu uma téc- conservador com excelente estética. Elas repre-
nica na qual as facetas de porcelana eram reti- sentam alternativa terapêutica para grande núme-
FACETAS LAMINADAS das por adesivos de dentadura durante filmagens ro de pacientes, geralmente destinados a satisfa-
cinematográficas. Estas frágeis restaurações ti- zer a necessidade estética da população e, em
As facetas laminadas promovem uma alternativa nham que ser removidas após as filmagens por- outras situações, podem ser usadas em conjunto
conservadora em relação aos preparos de coroas que não havia, naquela época, um sistema adesi- com outras formas de tratamento (GRANELL-RUIZ
totais, evitando a agressividade destes preparos vo capaz de fixá-las permanentemente. Simonsen et al., 2010; DUMFAHRT, 1999).
dentais, mantendo a estrutura dental sadia. Ini- e Calamia (1983) reativaram o interesse nas face-
cialmente, os laminados eram realizados sobre a tas de porcelana, introduzindo procedimentos de
PrEPAroS PArA FACETAS LAMINADAS
superfície dental sem preparos, entretanto, a bus- condicionamento ácido que melhoraram substan-
ca por melhores resultados estéticos e a substitui- cialmente a retenção à longo prazo. A partir do O preparo tradicional preconiza um desgaste de
0,2-0,3mm
ção de restaurações deficientes em dentes am- momento em que estas restaurações puderam 0,5mm no esmalte na face vestibular do dente e
plamente restaurados e/ou descoloridos levaram ser cimentadas adesivamente, os procedimentos um pouco mais fino na região de gengiva marginal
à realização de preparos mais extensos com re- clínicos e laboratoriais tiveram contínuo refina- (0,3mm), devido à espessura do esmalte ser mais
dução incisal e proximal de forma semelhante às mento (PEUMANS et al., 2000). delicada nesta área, permitindo a manutenção de
coroas totais (SHETTY et al., 2011). uma união forte em esmalte e, ao mesmo tempo,
As facetas são eficazes no tratamento de den- a manutenção de uma espessura de porcelana
A evolução das propriedades mecânicas e óp- tes com deformidades anatômicas, estruturais, suficiente. Normalmente, o término em chanfro é
ticas dos materiais cerâmicos e das técnicas má formações congênitas, fraturas ou quando o intrasucular, no entanto, ele também pode ser su- 0,5-0,6mm
laboratoriais tem levado ao retorno dos lamina- dente possui restaurações extensas, com a fina- pra-gengival desde que haja continuidade da cor
dos parciais e dos laminados lente de contato lidade de uniformizar a cor ou a forma do dente. do remanescente dental e da faceta laminada. A
usados no início dos anos 80, associados ao Além disso, podem ser utilizadas no fechamento incisal pode ser preparada, removendo 1,5mm do
0,6-0,7mm
apelo estético, adesividade, biocompatibilidade de diastemas, correções de giroversões ou ain- esmalte (RADZ, 2011; LESAGE, 2010; SHETTY et
e aos princípios da Odontologia Minimamente da para finalizar tratamentos ortodônticos, tam- al., 2011). Entretanto, existe uma controvérsia em
Invasiva, as facetas laminadas de porcelana têm bém fechando pequenos espaços ou corrigindo relação a recobrir ou não a borda incisal dos pre-
se tornado o tratamento restaurador de escolha o posicionamento de dentes anteriores (DAVIS, paros. Este tipo de preparo deu origem a outros
(SHETTY et al., 2011). 2007). Além disso, mais recentemente a restau- tipos, que variam de acordo com a indicação em
ração de incisivos com coroas fraturadas e de cada caso (Figura 01). 1.5-2.0mm
A técnica da faceta de porcelana inclui a cimen- dentições desgastadas foram sugeridas como
tação de um fino laminado de porcelana na su- novas indicações para facetas de porcelana,
perfície dentária usando técnicas adesivas e um já que as facetas cerâmicas são consideradas
cimento resinoso, com a finalidade de mudar a mais duráveis do que as facetas diretas de resi-
Fig. 01 | Representação esquemática do preparo
cor, forma e/ou posição dos dentes anteriores. O na composta, com propriedades superiores com de faceta laminada com recobrimento incisal com
sucesso da faceta de porcelana é grandemente relação à estética e resistência. os valores médios de redução dentária.
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Alguns dos fatores que determinarão o tipo de Nos casos sem preparo, o laminado é colado di- da de esmalte aprismática, que é resistente ao O preparo em janela é um preparo vestibular in-
preparo e a quantidade de desgaste necessário retamente sobre a superfície dental, estes lami- condicionamento ácido, e confeccionar modelos traesmalte, sem recobrimento incisal, mantendo
são, por exemplo, tipo de oclusão do paciente, nados são conhecidos como lentes de contato, de gessos precisos sem o uso de espassadores a borda incisal em esmalte intacta com um ligeiro
quantidade de espaço a ser fechado nos casos com o desenvolvimento de cerâmicas com es- para gerar alívio para os agentes de cimentação, desgaste arredondado na margem incisal. Este é
de diastemas, posicionamento dental, nos casos trutura cristalina mais resistentes com partícu- técnica muito utilizada para as coroas metalocerâ- um preparo bastante conservador indicado quando
de pigmentação À profundidade dessas man- las mais finas ou de dissilicato de lítio, o uso de micas. Para uma melhor efetividade da técnica de existe um volume dental que mantenha a resistência
chas, e os trespasses vertical e horizontal (RADZ, facetas lentes de contato, muito populares nos colagem, é necessário promover a maior adapta- da borda incisal, como no caso de caninos no qual
2011; JAVAHERI, 2007). anos 80, mas que apresentavam altos índices de ção entre as superfícies da cerâmica e esmalte não se deseje modificar as características da guia.
falha, atualmente se tornaram uma opção de tra- dentário, permitindo que o conjunto restaurador Esta modalidade de preparo pode gerar um esmal-
O desenho do preparo para laminados sem re- tamento minimamente invasiva e com excelente atue como estrutura dental única. Desta forma, te frágil pouco suportado pelos prismas de esmalte
cobrimento incisal é basicamente de três tipos resultado estético. As falhas mais comuns nestes associado à melhora da precisão das técnica de que podem fraturar durante os movimentos de pro-
(PEUMANS et al., 2000) (Figura 02): casos eram o descolamento e as fraturas gerado confecção dos laminados cerâmicos e dos mate- trusão mandibular. A maioria das falhas neste tipo
pela maior concentração de tensão em relação a riais usados para a colagem, permitem o seu uso de preparo ocorre quando as facetas são posiciona-
1. Sem preparo.
superfícies preparadas. Para evitar este tipo de nos dias atuais com maior segurança, previsibili- das sobre restaurações pré-existentes, no entanto,
2. Preparo em janela (window). falha, uma forma de melhorar a resistência de dade e controle da cor final das restaurações, que microinfiltrações são menos frequentes em relação
união da interface dente/restauração é realizar podem apresentar espessuras de 0,1 a 0,3mm. aos preparos com recobrimento incisal.
3. Preparo em lâmina de faca (feather).
um leve desgaste superficial removendo a cama-

A B C D Fig. 02A-D | Preparos para facetas la-


minadas: Preparo em janela (A); Pre-
paro em lâmina de faca (B); Preparo
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com recobrimento incisal reto (C); Pre- 3
paro com recontornamento incisal (D).
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Já o preparo em lâmina de faca apresenta um posicionamento tridimensional das restaurações


desgaste vestibular mínimo até a altura da bor- finais, tal com o desejo de modificação de cor, Fig. 06 | Confecção de guia de silico-
da incisal, mas a borda incisal não é reduzida, no caso dos laminados cerâmicos uma espessu- ne (Zetalabor – Zhermack) para rea-
lização de Mock up para análise da
deixando uma fina margem em esmalte e cerâ- ra de 0,2 a 0,3mm é necessária para promover proporção dentária entre a altura e
mica. É observado clinicamente que esta área mudanças cromáticas, a realização de um leve largura dos dentes anteriores para
avaliação estética do sorriso.
incisal apresenta a principal região de fratura de término em chanfro na periferia principalmente
Fig. 07 | Colocação de resina bisacrí-
porcelanas devido à carga gerada, clinicamente na margem gengival previne um sobrecontor- lica (Protemp 4 - 3M) na guia de si-
deve ser realizada preferencialmente em pacien- no nesta região (MCLAREN, 2006), desta forma licone para realização do Mock up.
Observar o recontornamento da área
tes que apresentem um trespasse vertical nor- uma ótima higiene oral por parte do paciente, cervical cerca de 1mm da margem
gengival para melhor adaptação da
mal. A decisão de preparar ou não a superfície margens bem polidas e um correto contorno do guia sobre as margens.
dental para a realização de facetas laminadas de laminado são fatores essenciais para manter a Fig. 08 | Guia de silicone em posi-
porcelana é baseada no desenho do sorriso e o saúde periodontal ao redor do dente restaurado. ção; remove-se o excesso de mate-
rial após a sua polimerização.
Fig. 09 | Vista da simulação com re-
CASo CLÍNICo 01 - FACETAS LENTE DE CoNTATo – IPS e.max CErAM sina bisacrílica da proporção dentá-
ria entre a altura e largura dos dentes
anteriores. O Mock up permite uma
análise estática e dinâmica do sorriso
e a realização de testes de pronúncia
dos fonemas “F” e “S” para avaliar o
comprimento dental estabelecido.
Fig. 10 | Desgaste dental com dis-
cos Sof-Lex (3M) para recontorma-
nento dentário para remover áreas
de retenção e melhorar a resistência
de união da interface dente/restaura-
ção; ao se realizar um leve desgaste
superficial, remove-se a camada de
esmalte aprismática, que é resisten-
te ao condicionamento ácido.
Fig. 11 | Acabamento da superfície
Fig. 03 | Aspecto cínico inicial. Paciente com diastema entre os incisivos cen- Fig. 04 | Realizado o clareamento dental e adequação do meio bucal com com pontas diamantadas em ultras-
trais superiores que apresentam uma largura mésio-distal ampla, necessitan- substituição de restaurações deficientes e controle periodontal. som (CVDentus), removendo irregula-
do de uma análise de proporção dentária entre a altura e largura dos dentes ridades do esmalte na região cervical
anteriores para avaliação estética do sorriso. sem promover sangramento marginal.
Fig. 12 | Molde com silicone de adição
(Express XT -3M) sem necessidade do
uso de fios de afastamento gengival
e agentes químicos para hemostasia.
Fig. 13 | Condicionamento dos lami-
nados cerâmicos (IPS e.max Ceram)
com ácido fluorídrico por 20 segun-
dos; as lentes de contato apresentam
uma espessura media de 0,2mm.
Fig. 14 | Laminados lente de conta-
to nos elementos 13 à 23, cimenta-
dos com cimento fotopolimerizável
(RelyX Venner – 3M).
Fig. 15 | Vista final do caso.

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Fig. 05 | Modelo com enceramento de diagnóstico para avaliação da proporção dentária entre a altura e largura dos dentes anteriores para análise 5
Agradecimento: Ao TPD José Vagner Ferreira pela participação no caso clínico 01.
estética do sorriso.
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Com relação ao desenho dos preparos com reco- a porcelana estendido para o aspecto palatino
brimento incisal, são basicamente de dois tipos da preparação como um chanfro, as áreas de
(PEUMANS et al., 2000): contato proximal também deve ser mantida em
caso de preparos mínimos (Figura 16). A ava-
1. Preparo com recontornamento incisal (overlap).
liação clínica deste tipo de preparo apresenta
2. Preparo com recobrimento incisal reto (butt joint). os maiores índices de sobrevivência devido à
melhor distribuição de tensões, mas quando
Preparo com recontornamento incisal (overlap) comparada aos preparos em janela. Apresenta
apresenta um recobrimento da borda incisal também uma maior microinfiltração, o que pode
promovendo uma faceta com borda incisal total- ser atribuído à contração da porcelana durante
mente em porcelana, há uma redução do com- o processo de queima aumentando o desajuste
primento incisal do dente de 1,5 a 2,0mm com marginal na face palatina.

Fig. 16 | Vista vestibular e proximal do preparo para


faceta laminada com recobrimento incisal reto. O
preparo apresenta um desgaste vestibular uniforme
de 0,5mm com recobrimento incisal do dente de 1,5
a 2,0mm e a terminação marginal deve ser estendi-
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da para as áreas proximais para proporcionar uma 7
melhor estética sem romper o contato proximal.
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O preparo incisal reto (incisal butt) é indicado altura e largura dos dentes, além da avaliação
quando se deseja uma melhor estética. Ele apre- funcional da oclusão e consequente distribuição
senta melhor distribuição de tensões quando de tensões esperado na interface dente/faceta.
comparado com o preparo com recontornamento Além disso, os defeitos mais graves na dentição
incisal por promover um melhor assentamento da anterior exigem uma preparo mais extenso e em
faceta. Em casos de pacientes com desgastes in- casos de descolorações grave, fratura de ângulos
cisals severos, este tipo de preparo é preferível, incisais, cáries proximais ou restaurações pree-
mas não é recomendado estender o chanfro na xistentes que precisam ser substituídas, um pro-
concavidade palatina. jeto de preparação alternativo deve ser realizada
geralmente com uma maior extensão proximal
A dinâmica de uma situação clínica existente e palatina é necessária para melhorar a função
pode influenciar amplamente na indicação do tipo e a estética dos dentes com laminados. Nestes
de preparo para faceta. Os fatores determinantes casos, geralmente, o preparo para faceta lamina-
geralmente são requisito para a melhor resultado da não fica restrito ao esmalte, e sim em contato
estético, como: a confecção de uma borda incisal com a dentina. Entretanto, desde que o término
altamente translúcido dependendo da condição do preparo esteja em esmalte e dentina se apre-
pré existente da borda incisal, o tipo de exten- sente saudável e em quantidade suficiente para
são da restauração a ser confeccionada baseado promover a adesão à faceta por meio do cimento
tanto no substrato dentário remanescente como resinoso, a longevidade da restauração não será
numa melhor distribuição harmônica da relação afetada (Figura 17A-C). Fig. 17B | Preparo para laminado com redução incisal reto de 2mm com ponta montada diamantada 4138 com inclinação de 45°
em direção lingual. Este preparo promove menor risco de fratura incisal e permite uma maior translucidez na borda incisal, sendo,
entretanto, menos conservador.

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Fig. 17A | Preparo para laminado em janela, desgaste com ponta montada para orientação de profundidade de 0,5mm (4142 KG Soren- Fig. 17C | Preparo de laminado com extensão proximal e recontornamento incisal, realizado com a ponta montada 4138 e/ou 2135; pro- 9
sen). O desgaste vestibular é realizado com pontas montadas diamantadas 4138 e o término marginal em chanfro com a ponta 2135. move o desgaste da restauração proximal em resina composta, proporcionando maior longevidade estética evitando a descoloração da CA
restauração ao longo do tempo. P.
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Para o sucesso do tratamento com facetas lami- dicionamento da superfície dentária, ou a partir utilizar mock ups, enceramentos diagnósticos e se tocam, mantendo um espaço interoclusal de
nadas, os seguintes fatores devem ser avaliados de um enceramento de diagnóstico em modelos restaurações provisórias e, se possível, imagens 2 a 4mm, que representa o espaço funcional li-
(GÜREL, 2007): de estudo e sua duplicação com silicones e uso de computador para que o paciente tenha uma vre presente na Dimensão Vertical de Repouso.
de resinas bisacrílicas autopolimerizáveis, permi- ideia do que será feito. Este método auxilia na determinação da Dimen-
Planejamento de tratamento clínico integrado;
tindo uma avaliação estética, fonética e funcional são Vertical de Oclusão, associando-se a outros
2. Posição da linha média: o paciente deve ser
Avaliação da qualidade de remanescente dental; das modificações proporcionadas pelo uso de la- métodos de determinação da Dimensão Vertical.
avisado a respeito do posicionamento de sua li-
minados sem a realização de procedimentos irre- A correta determinação da Dimensão Vertical de
Análise do biótipo gengival; nha mediana antes do tratamento iniciar e o cirur-
versíveis verificando se o tratamento proposto irá Oclusão influencia diretamente no posicionamen-
gião deve avaliar se é possível ou não corrigi-la.
Análise do sorriso: biótipo facial, angulação do atingir as expectativas estéticas almejadas pelo to e comprimento de incisivos (FRADEANI, 2006;
corredor bucal e estética do plano oclusal; paciente. Além de um planejamento minucioso, 3. Volume labial: o maior responsável pelo volu- MIYASHITA et al., 2006).
alguns fatores são também são importantes para me dos lábios é o posicionamento dentário. Antes
Análise funcional da oclusão, principalmente a
o sucesso do tratamento com facetas laminadas: de alterar o posicionamento dos dentes, o profis- A correta pronúncia dos sons “F” e “V” apresenta
presença de trespasse e apertamento dental;
manter uma excelente comunicação dentista, pro- sional deve classificar o tipo labial, verificar o tipo uma relação dento/labial que permite a avaliação do
Enceramento diagnóstico, mock up e fotogra- tético e paciente; confeccionar restaurações pro- de preparo mais indicado e conversar com o pa- perfil e comprimento incisal. A pronúncia produz um
fias que ajudam na boa comunicação com o visórias adequadas e esteticamente similares ao ciente a respeito de alterações no perfil facial, nos leve contato entre os incisivos centrais superiores e
técnico laboratorial; tratamento final, já que elas apresentam um papel preparos minimamente invasivos, as facetas têm a borda do lábio inferior. A borda vermelha do lábio
importante e devem ser utilizadas por um curto espessura média de 0,3 a 0,5mm, não alterando inferior representa o limite vestibular dentro da qual
Expectativas realistas do paciente.
período de tempo enquanto as restaurações finais este posicionamento labial. as bordas incisais devem estar posicionadas (FRA-
são confeccionadas; desta forma, os pacientes DEANI, 2006; MIYASHITA et al., 2006).
Ao realizar o plano de tratamento, necessitamos 4. Posicionamento da borda incisal: este item é
têm a oportunidade de avaliar a estética, função
analisar com cautela a oclusão e a dinâmica do de grande importância para determinar a estética
e fonética, não só por si, mas também com seu Existe uma grande variação no movimento man-
sorriso do paciente, pois existe uma alteração do no sorriso. A posição da borda incisal e o compri-
círculo imediato da família ou amigos. dibular durante a pronúncia dos sons “S” e “Z”.
relacionamento dentofacial à medida que a posi- mento dos dentes anteriores podem ser determi-
ção e formas dentárias são modificadas, sendo nados de duas maneiras: uma delas seria utilizar Apesar disso, o movimento mandibular vertical e
O cirurgião-dentista é quem vai determinar se o
necessário um tratamento clínico integrado mul- valores de referência que determinam uma média horizontal deve ser avaliado se houver necessida-
paciente é considerado ou não ideal para o tra-
tidisciplinar para correções de posicionamento do comprimento desses dentes, de acordo com a de de modificação do posicionamento dental de
tamento com preparo minimante invasivo, sendo
dentário e localização das margens gengivais. idade do paciente; outra forma muito utilizada nos incisivos no plano vestíbulo-lingual. A pronúncia
os seguintes fatores relevantes nesta avaliação
Para uma melhor previsibilidade do resultado final dias de hoje, seria através da pronúncia de sons de fonemas sibilantes como sessenta e seis, zaza,
(JAVAHERI, 2007):
a realização de uma simulação clínica (mock up) como “M”, “F” e “V” fundamentais para determi- sasa, Mississipi, promovem uma grande aproxi-
permite facilitar o estabelecimento de parâmetros 1. Expectativas do paciente: o cirurgião-dentista nar o comprimento e o posicionamento vestíbulo- mação ou até um leve toque das bordas incisais
a equipe multidisciplinar, em Odontologia o mock deve mostrar ao paciente todas as suas limita- -lingual dos incisivos superiores (MENDES et al., de incisivos superiores e inferiores, limitando o
up é um projeto, uma simulação clínica com ma- ções, pois muitas vezes o que o paciente quer não 2011; FRADEANI, 2006; MIYASHITA et al., 2006). alongamento do comprimento de dentes anterio-
terial não definitivo (MENDES et al., 2011). Esta é possível de ser realizado, o que não significa res. Em casos de aumento da dimensão vertical
simulação pode ser realizada diretamente a boca que o caso não fique esteticamente agradável e o A pronúncia contínua do som “M” promove um os dentes não devem entrar em contato ao pro-
com resinas compostas sem a realização de con- paciente satisfeito. Por este motivo, é importante contato suave lábio/labial, desta forma, os lábios nunciar estes sons (MIYASHITA et al., 2006).

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5. Avaliação da oclusão: a mudança de posicio- aumentando para 0,3 a 0,5mm no terço médio da cimento resinoso. A utilização de matrizes de si- acompanhadas durante um período de 10 anos
namento dos dentes com a reabilitação estética coroa. Entretanto, nos casos no qual a descolo- licone como guias do desgaste realizado é fun- apresentaram uma queda significativa entre as
não pode violar os princípios da oclusão. A oclu- ração é mais acentuada, a redução média deve damental para controlar o espaço disponível para taxas de sucesso clínico após 5 anos (92%) e 10
são é de vital importância, não somente na oclusão estar em torno de 0,7 a 0,8mm, mas ainda conser- a cerâmica nos diferentes níveis de preparo de anos (64%), baixa taxa de sucesso também foram
vertical, mas também nos movimentos protrusivos vadora em relação aos preparos de coroas totais cervical para incisal. relatadas por Burke (2009), o qual observou que
e de lateralidade. Uma placa de mordida dura em (TOUATI, 2000). apenas 53% das facetas laminadas sobreviveram
resina acrílica para uso noturno é absolutamente A pouca quantidade de estrutura dental remanes- após um período de 10 anos quando realizadas
indicada para os pacientes que fazem atividades Para melhor controle do desgaste existem pontas cente é um fator limitante para a técnica. A adesão em serviço público.
parafuncionais de apertamento e rangimento. diamantadas que calibram a profundidade do des- em substrato representado em maior parte por
gaste através de sulcos de orientação. Inicialmen- dentina e a cimentação dos laminados cerâmicos Com relação às falhas relatadas pelos estu-
6. Avaliação do formato dos dentes: para reali-
te, faz-se o desgaste na face vestibular com dupla em preenchimentos de resina composta aumenta dos, destacam-se: fratura da cerâmica, cáries
zar os preparos dentais, o profissional deve seguir
inclinação, para preservar a forma anatômica do significativamente os riscos de falha. secundárias, descolamento da restauração e
os padrões estéticos determinados para cada
dente. Após esta etapa deve ser feita a regulari- fratura do elemento dentário. Em um estudo de
dente, como forma, tamanho, largura, resultando
zação da superfície com pontas diamantadas em Os estudos de longevidade clínica da facetas la- 20 anos de avaliação de facetas laminadas de
num sorriso harmônico e natural.
forma de chanfro para o término arredondado, a minadas demonstram em sua maioria um alto ní- porcelana Beier et al. (2012) apesar do alto índi-
7. Avaliação das expectativas em relação as qual deve ser direcionada às faces proximais para vel de longevidade, alguns estudos avaliaram por ce de probabilidade de sobrevivência de 93,5%
mudanças de cor desejada: a cor da faceta de um melhor resultado estético da faceta, porém sem um longo período o desempenho dessas restau- após 10 anos, os maiores aumentos de falhas
porcelana nem sempre é capaz de superar a ex- romper o ponto de contato proximal. rações, Layton (2007), acompanhou facetas lami- foram associados como o bruxismo e dentes
pectativa do paciente, e esta insatisfação pode nadas durante um período de 16 anos, essas res- não vitais, e a descoloração marginal foi pior
levar ao insucesso do caso clínico. Quando da necessidade do envolvimento da face taurações apresentaram uma ótima longevidade em pacientes fumantes. O Quadro 01 relata o
palatina, a profundidade deve ser em torno de 0,5 clínica (91%) após 12 a 13 anos, no entanto ocor- índice de sobrevivência relatado por diversos
Somente podemos optar pelo tipo de preparo a a 0,7mm, com o término localizado fora da área reu uma queda significativa nesse índice poucos clínicos com facetas laminadas.
ser utilizado depois de determinar o posiciona- de contato oclusal. Nesses casos, a redução da anos após, entre 15 e 16 anos (73%). Elevada taxa
mento final dos dentes e compará-lo ao posicio- superfície incisal deve ter espessura de 1,5mm. de sucesso clínico para este tipo de restauração Assim, para aumentar a longevidade de facetas
namento almejado pelo paciente, desta forma po- As vantagens do recobrimento da borda incisal também foi relatada por Smales e Etemadi (2004), laminadas, a utilização de um correto protocolo
demos então determinar o sistema cerâmico mais são: restringir fraturas de ângulos, possibilitar o os quais relataram um índice de sucesso acima de cimentação, bem como a resistência à fratu-
indicado e informar o paciente sobre opções e ajuste da oclusão, facilitar a colocação do término de 85% aos 7 anos de uso clínico para facetas ra do material são fatores influenciam no sucesso
implicações do tratamento a ser escolhido. fora da área de estresse oclusal, favorecer a ob- sem cobertura incisal e de 95,8% para as face- dessas restaurações e que a presença de restau-
tenção da estética. tas com cobertura incisal. Entretanto, Peumans ração na área de termino cervical é um fator nega-
A espessura do preparo propriamente dita depen- et al. (2004) observaram que facetas analisadas tivo, favorecendo a ocorrência de falhas.
de do grau de descoloração dental: em média de Idealmente, o preparo deve ser conservador e
0,5mm, mas este não é um desgaste uniforme em uniforme. Uma espessura mínima e homogênea
toda a superfície do preparo; na face vestibular, a da cerâmica fornecerá à restauração uma con-
redução varia de 0,2 a 0,4mm na região cervical, figuração favorável com alta relação porcelana/

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íNdice de CASo CLÍNICo 02 - LAMINADoS CErâMICoS – IPS e.max PrESS


NúMeRO de MÉtOdO de PeRíOdO de
MateRiaL sObRevivêNcia autOR, aNO
Facetas ciMeNtaçãO/FabRicaçãO ObseRvaçãO
cLíNica (%)

Ceramco
Nordbo et al,
(Cerâmica Felds- 135 Adesiva / estratificada 3 anos ~95%
1994
pática)

Fradeani; Rede-
Vita Mark II (Cerâ-
182 Adesiva / CAD-CAM 12 anos 94,4% magni; Corrado,
mica Feldspática)
2005

GC Cosmotech
Peumans et al,
Porcelain (Cerâmica 81 Adesiva / estratificada 10 anos 64%
2004
Feldspática)

Flexo-Ceram (Cerâ- Aristidis;


186 Adesiva / estratificada 5 anos 98,4%
mica Feldspática) Dimitra, 2002

IPS-Empress I (Ce- Guess; Stappert,


66 Adesiva / prensada 5 anos 98,5%
râmica Feldspática) 2008

Vision 2 (Mirage Layton et al,


304 Adesiva / estratificada 15,3 anos 73%
Dental Systems) 2007

Cerâmica Smales;
110 Adesiva / estratificada 7 anos 89,7%
Feldspática Etemadi, 2004

Chen Ji-Hua,
Cerinate, Den-Mat Adesiva / estratificada 2,5 anos 99%
2005

Cerâmica
2563 Adesiva / estratificada 10 anos 53% Burke et al, 2009
Feldspática

GC Cosmotech
Peummans,
Porcelain (Cerâmica 87 Adesiva / estratificada 5 anos 93%
1998
Feldspática)

Barnes et al,
Finesse All-Ceramic 26 Adesiva / estratificada 3 anos 100%
2010

Tab. 01 | Taxa de sobrevivência de restaurações indiretas do tipo faceta laminadas de porcelana relatada pela literatura.
Fig. 18 | Vista inicial paciente com agenesia do dente Fig. 19 | Realização de Mock up a partir do ence- Fig. 22 | Vista frontal intraoral da redução vesti-
12, e dente 22 conóide. Por meio de tratamento or- ramento de diagnóstico do caso. bular com a ponta montada diamantada 4142
todôntico, foi realizado o posicionamento do dente 13 (KG Sorensen) para orientação de profundidade
Fig. 20 | Vista intraoral do Mock up com resina
na posição do lateral 22; com resinas compostas fo- de 0,5mm; o desgaste vestibular é realizado com
bisacrílica (Protemp 4 - 3M), observando a forma
ram realizadas mudanças de forma dentária para har- pontas montadas diamantadas 4138 e o término
dentária obtida pela simulação.
monizar o sorriso entre os dentes 14 e 22. Entretanto, marginal, em chanfro com a ponta 2135.
a textura superficial e a forma dentária não atingiam Fig. 21 | Vista frontal do sorriso observando a harmo-
Fig. 23 | Uso de guia orientação em silicone para
as expectativas estéticas da paciente. nia estética do conjunto com a realização do Mock up.
avaliar a redução uniforme dos dentes.
08
5
CA
P.
084
03
estÉtica OdONtOLÓGica
s o l u ç õ e s c l í n i c a s

Fig. 24 | Redução incisal realizada para permitir o alongamento dos incisivos Fig. 25 | Provisórios unidos confeccionados com resina bisacrílica a partir da
e maior translucidez incisal. Nos dentes que estão na posição de caninos, não guia de silicone com pequenos pontos de condicionamento ácido na face ves-
foi realizada a redução incisal para não alterar a guia canino existente. tibular e uso de adesivos convencionais.

Fig. 31 | Vista imediata da cimentação dos laminados.

Fig. 26, 27 | Laminados cerâmicos IPS e.max Press.

Fig. 28, 29 | Prova da cor das facetas laminadas cerâmicas com pasta de prova de cor Try-in (RelyX Venner – 3M), que simula a cor do agente de cimentação final.

Fig. 32 | Vista final do sorriso.

08
7
Fig. 30 | Laminados cimentados com a técnica de condicionamento ácido total, iniciando a colagem pelos dentes centrais. Agradecimento: Ao TPD José Vagner Ferreira pela participação no caso clínico 02.
CA
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086
03
estÉtica OdONtOLÓGica
s o l u ç õ e s c l í n i c a s

INLAYS/oNLAYS ções variou entre 93 e 100% (FRANKENBERGER clínico, comparado aos estudos que envolvem Após quatro anos de acompanhamento, 87.2%
et al., 2008; FELDEM et al., 2000; GUESS et al., restaurações cerâmicas, com acompanhamento das restaurações em Artglass e 76.6% da Cha-
LoNgEvIDADE CLÍNICA
2009; PALESSEM et al., 2000; OTTO; DE NISCO, clínico de até 20 anos. Signori et al. (2007) ava- risma estavam satisfatórias após quatro anos de
Apesar das excelentes características estéticas 2002; GLADYS et al., 1995; SJOGREN, 1992). liaram o desempenho clínico de 43 onlays em uso clínico (Tabela 02). As principais falhas rela-
e mecânicas das cerâmicas, é possível observar Já Fasbinder (2006) relatou uma taxa de sobre- resina indireta e observaram uma taxa de longe- tadas em restaurações indiretas em resina são:
na literatura que esses materiais apresentam dife- vivência dessas restaurações em torno de 97% vidade de 93.02% após seis anos de uso clínico. sensibilidade ao frio e durante a mastigação, ne-
rentes taxas de longevidade, bem como variados após 05 anos e 90% após 10 anos (Quadro 01). Resultados inferiores foram observados por Huth cessidade de tratamento endodôntico, cáries se-
problemas clínicos, assim como as restaurações Esta excelente longevidade é uma prova de que et al. (2011), quando avaliaram 155 inlays em re- cundárias, desgaste oclusal, fratura e perda da
indiretas em resina, os quais estão diretamente as restaurações parciais do tipo inlay/onlay ci- sina, sendo 75 de Artglass e 80 em Charisma. integridade marginal.
relacionados com o tipo de restauração realizada mentadas adesivamente representam uma ferra-
e o material utilizado (MCLEAN, 1991). Revisões menta válida para restaurar elementos dentários tiPO/NúMeRO de
sistemáticas têm relatado que as taxas de falhas posteriores (EDELHOFF & OZCAN, 2007). RestauRações teMPO de sObRevivêNcia
MaRca MateRiaL estudO
avaLiaçãO (%)
anuais em restaurações posteriores variam de iNLay ONLay
acordo com o tipo de material utilizado: 0% a 7% Adicionalmente, os estudos demonstraram que a Cerâmica
Vita Mark II 205 - 2 anos 100% Sjogren (1992)
fara restaurações em amálgama, 0% a 9% para principal falha observada nas restaurações par- Feldspática

resinas diretas, 1,4% a 14,4% para ionômeros de ciais cerâmicas foi a fratura da cerâmica (BINDL Cerâmica Feldspá-
Empress I 105 25 2 anos 97,5% Studer et al. (1992)
tica com Leucita
vidro e derivados, 0% a 11,8% para inlays em resi- et al., 2003; FELDEM et al., 2000; PALESSEM et
Cerâmica
na, 0% a 7,5% para restaurações cerâmicas, 0% a al., 2000; MARTIN et al., 1999; STUDER et al., Dicor 24 - 3 anos 100% Gladys et al. (1995)
Feldspática
4,4% para restaurações confeccionadas pelo sis- 1992; FRANKENBERGER et al., 2008; FRADEANI Cerâmica Feldspá- 2 anos e 2 Tidehag e Gunne,
Empress I - 62 98,4%
tema CAD/CAM e 0% a 5,9% para inlays e onlays et al., 1997). Além disso, foram encontradas fa- tica com Leucita meses (1995)
fundidas em ouro (HICKEL & MANHART, 2001). lhas relacionadas à necessidade de tratamento Cerâmica Feldspá- 4 anos e 5
Empress I 125 - 95,63% Fradeani et al., (1997)
tica com Leucita meses
endodôntico (FELDEM et al., 2000; FRANKEN-
Cerâmica Feldspá-
Restaurações cerâmicas do tipo inlay e onlay BERGER et al., 2008; OTTO; DE NISCO, 2002), à Empress I - 42 7 anos 81% Feldem et al. (2000)
tica com Leucita
são geralmente confeccionadas com cerâmicas presença de cáries (FELDEM et al., 2000; OTTO & Vita Mark II e Cerâmica Palessem et al.,
feldspática, feldspáticas reforçadas por leucita DE NISCO, 2002), à fratura do dente (MARTIN et 32 - 8 anos 90,6%
Dicor Feldspática (2000)
ou a base de dissilicato de lítio. Diversos estu- al,, 1999; OTTO & DE NISCO, 2002), ao desgaste Cerâmica Otto e De Nisco
Vita Mark II - 187 10 anos 90,4%
dos clínicos têm demonstrado que essas restau- do cimento resinoso (GLADYS et al,, 1995) e ao Feldspática (2002)
rações apresentam ótimos resultados quanto a aumento da rugosidade na superfície do material Cerâmica
Vita Mark II - 818 3 anos 97% Bindl et al. (2003)
Feldspática
sua longevidade clínica. Considerando os estu- (SJOGREN, 1992).
Cerâmica
dos que tiveram como base uma análise clínica Vita Mark II - 28 3 anos 97,1% Federlin et al., (2007)
Feldspática
de 05 anos ou mais (BINDL et al., 2003; FRADE- Poucos estudos clínicos sobre restaurações par- Cerâmica Feldspá-
Empress I - 96 12 anos 84% Frankenberger (2008)
ANI et al., 1997; FELDEM et al., 2000; GUESS ciais em resinas indiretas têm sido relatados na tica com Leucita
et al., 2009; PALESSEM et al., 2000), verifica-se literatura, sendo ainda que os poucos estudos Cerâmica Dissi-
que a média de longevidade dessas restaura- apresentam pouco tempo de acompanhamento E.max Press e licato de lítio e
- 80 5 anos 100% e 97% Guess et al., (2009)
ProCad Cerâmica Feldspá-
tica com Leucita
Cerâmica Feldspá- 10 anos 93,5%
Empress I 334 213 Beier et al., (2012)
tica com Leucita 20 anos 78,5%
Artglass e Resina Indireta e
- 75 e 80 4 anos 87,2% e 76,6% Huth et al. (2011)
Charisma Resina Direta
Artglass e Resina Indireta e
- 75 e 80 3 anos 89,8% e 84,1% Manhart et al., (2010)
Charisma Resina Direta
Sculpture - 43 Resina Indireta 6 anos 93,02% Signore et al., (2007) 08
9
Tab. 02 | Taxa de sobrevivência de restaurações indiretas do tipo inlay/ e onlay relatada pela literatura, de acordo com o material restaurador.
CA
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088
03
estÉtica OdONtOLÓGica
s o l u ç õ e s c l í n i c a s

INDICAçõES CLÍNICAS PArA INLAY E oNLAY


proteger essas restaurações dos hábitos parafun- A confecção de restaurações provisórias, neces- No que diz respeito às características dos pre-
Inlays e onlays são restaurações parciais com cionais, com o auxílio de placas oclusais. sidade de isolamento absoluto e dificuldade du- paros cavitários para restaurações do tipo inlay
a retenção fornecida basicamente pela cimen- rante a cimentação adesiva, são consideradas e onlay, a literatura não apresenta um consenso
tação com o objetivo de proteger as estruturas As restaurações inlay e onlay podem ser confec- outras desvantagens desses tipos de restaura- com relação à padronização desses preparos.
dentárias remanescentes, restituindo a anatomia, cionadas em diversos materiais restauradores, ções. A Tabela 03 apresenta algumas sugestões Na verdade, o desenho do preparo cavitário será
função e a estética. entretanto, os mais utilizados na atualidade são de técnicas restauradoras de acordo com o tipo e definido de acordo com cada situação clínica,
os polímeros (resinas) e as cerâmicas. Embora extensão do preparo. uma vez que os princípios biomecânicos de re-
As restaurações indiretas do tipo inlay (preparo as características dos preparos sejam as mes- tenção e estabilidade dos prepares cavitários não
intracoronário/limitado ao istmo) e onlay (quan- mas, existem diferenças inerentes ao material res- são aplicáveis para estes tipos de preparo, pois
CArACTErÍSTICAS DoS PrEPAroS CAvITárIoS
do envolve recobrimento de cúspide), no geral, taurador as quais influenciam na longevidade e a união entre dente e restauração se dá por meio
PArA INLAY E oNLAY
estão indicadas para situações clínicas em que técnica de cimentação dessas restaurações. As de procedimentos adesivos altamente eficientes e
existe uma perda significativa da estrutura den- restaurações indiretas em cerâmica apresentam Para a realização de preparos de restaurações não por retenção mecânica o preparo. Entretanto,
tária que impossibilite ou dificulte a realização de uma série de vantagens em relação aos materiais do tipo inlays e onlays, devem-se evitar áreas é importante salientar que independente do de-
um procedimento restaurador direto ou quando poliméricos: excelente resultado estético, condu- socavadas e irregulares na região de parede senho (design) do preparo, a espessura mínima
envolva a reconstrução de pelo menos uma cús- tividade térmica e radiopacidade semelhante à pulpar e base de cúspides que geralmente es- necessária para o material restaurador deve ser
pide. Com a evolução dos procedimentos e téc- estrutura dentária, elevada resistência mecânica tão presentes após a remoção de cárie ou res- respeitada, já que um dos aspectos que é respon-
nicas adesivas, é possível realizar preparos par- após cimentação adesiva, resistência à abrasão, taurações preexistentes. Neste caso, é neces- sável pela resistência das restaurações parciais
ciais preservando ao máximo a estrutura dental biocompatibilidade e elevada estabilidade de cor sário preencher essas cavidades com resina é a sua espessura. Em um estudo recente, Schli-
e a vitalidade pulpar, possibilitando ao paciente (BANJS, 1990). Já as restaurações em resina indi- composta ou ionômero de vidro modificado com chting et al. (2011) observaram que restaurações
uma restauração estética e duradoura. reta apresentam alteração de cor, maior grau de resina previamente ao prepare cavitário. Este cerâmicas com espessuras reduzidas quando uti-
desgaste superficial e propriedades mecânicas passo prévio favorece o a confecção da restau- lizadas em regiões posteriores apresentam baixa
Situações clínicas nas quais existe a necessidade inferiores às cerâmicas. Por estes motivos, os au- ração em laboratório além de promover um me- taxa sobrevida, devido à perda significativa à sua
de confeccionar ou trocar de restaurações exten- tores deste capítulo têm como primeira opção a lhor assentamento da restauração e facilitar a resistência, uma vez que este material é friável.
sas; dificuldade de reconstruir o ponto de conta- cerâmica como material restaurador indireto. realização do preparo por parte do profissional, Já as restaurações em resina composta, nas mes-
to utilizando técnicas diretas e reconstrução da pois o preenchimento devolve as referências mas condições, apresentam maior longevidade,
estrutura dentária seja por fratura de cúspide(s), Como desvantagens das inlays/onlays cerâmicas anatômicas do dente. embora não seja a ideal.
amelogênese imperfeita, erosão ou desgaste den- podemos citar a fragilidade inerente ao material
tário, são as maiores indicações das restarações restaurador previamente à cimentação. Por este
indiretas do tipo inlay e onlay. Considerando que motivo, o ajuste oclusal de inlays/onlays cerâmi-
a porcentagem de falhas aumenta em pacientes cas deve ser feito após a cimentação adesiva
vOLuMe da 2ª tÉcNica
com bruxismo (BEIER et al., 2012), é importante dessas restaurações. PRePaRO 1ª tÉcNica iNdicada 1º MateRiaL 2º MateRiaL
cavidade iNdicada

Classe I ---- Direta Resina Composta Indireta Cerâmica/Resina

Pequena Direta Resina Composta Indireta Cerâmica/Resina


Classe II–MO/OD

* Modificado a partir de Rocca e Krejci (2007)


Grande Indireta Cerâmica Indireta Resina

Pequena Direta Resina Composta Indireta Cerâmica/Resina


Classe II - MOD
Grande Indireta Cerâmica Indireta Resina

Envolvimento de
Grande Indireta Cerâmica Indireta Resina
cúspide
09
1
Tab. 03 | Sugestão de técnicas restauradoras de acordo com o tipo e extensão do preparo*.
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P.
090
03
estÉtica OdONtOLÓGica
s o l u ç õ e s c l í n i c a s

Sendo assim, os preparos de restaurações par- cessidade de realizar o recobrimento de cúspide(s) quando a cúspide tiver menos de 1,5mm de es- Presença de esmalte ao longo de toda margem
ciais do tipo inlay devem possuir certas carac- com finalidade de proteger o remanescente dentá- pessura, recomenda-se o seu recobrimento. É pos- do preparo;
terísticas: istmos de 2mm, profundidade mínima rio e conferir durabilidade estrutural para a restau- sível que a redução oclusal em cúspides guias seja
Necessidade de substrato dentinário sadio
do preparo de 2mm; paredes proximais devem ração. Esses preparos apresentam as seguintes de 1,5mm, ao invés dos 2mm necessários quando
(pelo menos 50%) ou resinoso;
ser divergentes de 8 a 15°; a margem gengival características: paredes expulsivas (8-15°), ângu- a cúspide é de contenção cêntricas (Figura 34).
deve ser preparada em 90°; ângulos internos ar- los internos arredondados, margens nítidas e em Possibilidade de isolamento absoluto;
redondados, término em chanfro largo ou ombro esmalte (sem bisel), margens das inlays/onlays Considerando que as restaurações parciais indire-
Realizar um tratamento de superfície adequado
arredondado com 1 a 1,5mm de largura, margens não devem coincidir com os contatos oclusais, re- tas, seja em resina ou em cerâmicas, necessitam
das superfícies de esmalte e dentina bem como
nítidas e em esmalte e ausência de bisel (TOUATI duções axiais e oclusais de 2mm, término cervical de cimentação adesiva para que se tenha longevi-
do material restaurador (cerâmica ou resina);
et al., 2000) (Figura 33). em ombro arredondado ou chanfro largo com 1 a dade do procedimento restaurador, alguns pré-re-
1,5mm de largura, base plana evitando irregulari- quisitos são necessários e cuidados e necessitam Interface adesiva (dente/restauração) deve fi-
Já os preparos para onlays, seguem padrões se- dades para melhor assentamento e istmo mínimo ser tomados durante a indicação e procedimentos car distante do ponto de contato oclusal pelo
melhantes aos dos inlays, sendo que existe a ne- de 2mm. Nos casos de grande perda estrutural e de preparo e cimentação (ROULET, 1997): menos 1,5mm.

2,0mm 2,0mm
2,0mm

2,0mm 2,0mm

Ombro arredondado
Ombro arredondado
Chanfro largo
Chanfro largo

Fig. 33 | Representação esquemática do preparo Fig. 34 | Representação esquemática do preparo para


para inlay, evidenciando suas as principais caracterís- onlay, evidenciando suas as principais características, 09
ticas, bem como o espaço necessário para a região. bem como o espaço necessário para a região.
3
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03
estÉtica OdONtOLÓGica
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CASo CLÍNICo 03 - INLAY EM rESINA INDIrETA – SINFoNY/3M ESPE

Fig. 35A,B | Aspecto clínico inicial da


restauração Classe I em amálgama
deficiente e com lesão de cárie na dis-
tal: vista anterior (A), vista oclusal (B).
Fig. 36A,B | Remoção da restauração
em amálgama com ponta montada
diamantada (A) e aspecto final após Fig. 40A-C | Etapas clínicas da técnica de molda- Fig. 42A-C | Restauração indireta em Sinfony/3M
remoção do amálgama (B). gem simultânea do preparo (Express 3M): inser- ESPE: vista oclusal da inlay adaptada ao modelo
Fig. 37 | Preparo da face oclusal com ção do silicone fluido (A); moldagem do preparo e (A); vista oclusal aproximada da restauração, evi-
ponta montada diamantada 3131 (Kg do antagonista com material denso (Moldex/An- denciando caracterização da peça protética (B); e
Sorensen/Brasil). geus) (B); e vista aproximada do molde na região vista interna da inlay (C).
do preparo (C).
Fig. 38 | Aspecto final do preparo.
Fig. 41 | Restauração temporária em material resi-
Fig. 39 | Afastamento gengival com noso temporário (Bioplic).
fio retrator (Ultrapack/Ultradent), es-
09
pecialmente na face distal, onde o 5
término localiza-se em nível gengival.
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094
03
estÉtica OdONtOLÓGica
s o l u ç õ e s c l í n i c a s

Fig. 43 | Isolamento absoluto do preparo. Fig. 46A,B | Profilaxia dos preparos com pedra po- Fig. 48 | Aplicação do adesivo Single (Bond/3M) Fig. 50 | Cimentação adesiva da inlay e remoção
mes + água. Ponta ICB/Ultradent (A). Aspecto do na superfície interna da restauração (não fotopo- dos excessos de cimento com auxílio de pincel.
Fig. 44 | Prova da inlay para avaliar o assentamen-
preparo após profilaxia (B). limerizar).
to e adaptação da peça a preparo. Fig. 51 | Aplicação do gel bloqueador de oxigênio
Fig. 47A,B | Tratamento de superfície da dentina/ Fig. 49A,B | Manipulação do cimento resinoso dual na interface adesiva.
Fig. 45A,B | Tratamento de superfície da restaura-
esmalte: Condicionamento com ácido fosfórico (RelyX ARC/3M ESPE) (A); e aplicação do cimento
ção polimérica: condicionamento com ácido fosfóri-
37%/15s (A); aplicação de sistema adesivo Single na superfície interna da inlay (B). Foi utilizado um
co 37%/15s, para limpeza da peça (A); e aplicação
Bond/3M (não fotopolimerizar) (B). bastão de guta-percha para auxiliar na cimentação
de agente silano (Espesil/3M ESPE) (B). Foi utilizado
da restauração.
um index de silicone de condensação (material ver-
de na foto), como o objetivo de auxiliar na manipu- 09
lação da inlay durante os procedimentos adesivos.
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03
estÉtica OdONtOLÓGica
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ProToCoLo PArA CIMENTAção ADESIvA DE


do espaço para os conectores (4mm2) e na pre-
INLAYS E oNLAYS LIvrES DE METAL
sença de um substrato (dentina/resina) que seja
A cimentação adesiva de inlays e onlays consiste estético, isto é, a dentina não pode estar com alte-
em um passo crítico no qual a seleção incorreta do ração severa de cor. Também utilizado quando a
cimento a ser utilizado, assim como o negligencia- cimentação adesiva é necessária para compen-
mento de algum dos cuidados a serem tomados sar a pobre retenção mecânica do preparo.
na peça e no dente pode levar ao fracasso. Pelo
fato da sua retenção ser fornecida basicamente Diversos protocolos para tratamento da superfície
pela cimentação e por ser uma restauração com de inlays e onlays estão descritos pela literatura,
alto nível de exigência estética em preparo con- variando de acordo com o tipo de material restau-
servador, obrigatoriamente quando a cerâmica rador utilizado:
é utilizada, são realizadas com cerâmicas ácido
1. Cerâmica Vítrea: condicionamento com ácido
sensíveis, especialmente cerâmicas feldspáticas
fluorídrico 10% + silanização
a base de leucita e de dissilicato de lítio e a ci-
mentação com cimento resinoso se faz necessá- 2. Resina:
rio. Segundo Van Dijken et al. (1998) e Gemalmaz
Condicionamento com ácido fosfórico 37%.
et al. (2001), quando o cimento a base de ionôme-
ro de vidro é utilizado para cimentar inlays cerâmi- Jateamento com óxido de alumínio.
cas a taxa de falha é duas vezes maior compara-
Abrasão com ponta diamantada.
do aos cimentos resinosos convencionais.
Silicatização.
Para Cortellini et al., 1955, as indicações dessas
cerâmicas podem ser assim definidas: O protocolo para tratamento de superfície de ce-
râmicas vítreas já está muito bem definido pela
Feldspáticas: devido à sua elevada transluci-
literatura e comprovada pelos estudos clínicos,
dez, essas cerâmicas representam o padrão
previamente citados na Tabela 01.
ouro para confecção de facetas laminadas e
coroas totais anteriores, caso o preparo seja
Com relação ao tratamento de superfície do subs-
conservador e com bastante estrutura dentiná-
trato resinoso, temos várias propostas para me-
ria remanescente para proporcionar o suporte
lhorar a adesão entre resina indireta e cimento
da restauração. Também podem ser utilizadas
resinoso. Entretanto, a silicatização (jateamento
para inlay e onlay, embora a cerâmica de dissi-
com partículas de alumina sílica revestidas por
licato esteja mais indicada devido à sua maior
sílica) tem-se mostrado o melhor tratamento de
resistência mecânica (400MPa), comparada à
superfície, por promover uma união superior aos
ceramica feldspática (100MPa).
demais tratamentos de superfície (PASSOS et al.,
Fig. 52 | Fotopolimerização final (40 segundos em Dissilicato de lítio: inlays, onlays, coroas anterio- 2007). Os demais tratamentos só promovem uma
cada face).
res, posteriores e PPF de três elementos até o pri- retenção micromecânica, sendo pouco efetiva em
Fig. 53A-D | Sequência de acabamento e polimento
da interface da restauração com pontas de borracha meiro pré-molar, após uma cuidadosa avaliação longo prazo (Ozcan et al., 2009).
abrasivas e disco de feltro + pasta diamantada.
Fig. 54 | Aspecto clínico final da restauração após
cimentação.

09
9
Agradecimento: Ao Prof. Dr. Leonardo Buso e TPD Alberto Calasans pela participação no caso clínico 03.
CA
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estÉtica OdONtOLÓGica
s o l u ç õ e s c l í n i c a s

A silicatização é um processo e jateamento aon- mento em que as partículas batem na superfície O silano é um monômero bifuncional que apre- Os cimentos autoadesivos, definidos como cimen-
de são utilizadas partículas de óxido de alumínio jateada, fundindo a sílica da superfície das par- senta um grupo silanol que reage com a su- tos desenvolvidos para aderir à estrutura dentária
revestidas por sílica. Os sistemas disponíveis no tículas, deixando-a impregnada na superfície da perfície da resina e apresenta um grupo meta- sem a necessidade de aplicar ácido e sistema
mercado são o Cojet/3M ESPE, com partículas de restauração polimérica, modificando a superfície crilato que copolimeriza com a matriz resinosa adesivo separadamente, devido à presença de
30µm e o Rocatec Plus/3M ESPE, com partículas da restauração de modo que agora seja possível dos cimentos resinosos, além e aumentar a monômeros ácidos em sua composição, foram
de 110µm. Durante o jateamento, as partículas a promoção de uma união adesiva ao cimento molhabilidade da cerâmica ou da resina pelo introduzidos na Odontologia na década passa-
atingem uma velocidade tal que a energia cinética resinoso por meio do agente silano (OZCAN et cimento resinoso (STAWARCZYK et al ., 2012; da, mas já ganharam popularidade, com mais de
carregada pelas partículas durante o jateamento al., 2009; PASSOS et al., 2007; HEIKKINEN et al., OZCAN et al ., 2009), o que o torno indispensá- doze marcas comerciais disponíveis. O maior be-
é capaz de elevar a temperatura à 1.200°C no mo- 2007) (Figura 55). vel no procedimento de adesão após a silicati- nefício destes cimentos parece ser a simplicida-
zação ou até mesmo após o condicionamento de de sua aplicação (FERRACANE et al., 2011).
de cerâmicas vítreas. Diferente dos cimentos resinosos convencionais,
os cimentos autoadesivos são relativamente re-
O mesmo procedimento pode ser utilizado centes no mercado odontológico, poucos estudos
SiO2
para substratos metálicos e cerâmicas de alto clínicos com restaurações parciais Inlay/Onlay
Resina ou conteúdo cristalino (OZCAN et al ., 2009). Ide- têm sido relatados pela literatura, embora o seu
AI2O3 Cerâmica almente, após o silicatização deve-se evitar desempenho clínico em curto prazo têm-se mos-
cristalina
a contaminação da peça com água e saliva. trado muito satisfatório e com resultados similares
Sendo assim, o jateamento deve ser realizado aos cimentos resinosos convencionais (TACHNER
em consultório e após os ajustes prévios da et al., 2012). Embora o condicionamento prévio
A
restauração protética. Entretanto, um estudo apenas do esmalte, sem a aplicação do adesivo,
recente tem demonstrado que a contaminação melhore a união deste substrato aos cimentos au-
Resina ou
Cerâmica com água/saliva não é capaz de remover a ca- toadesivos, Inukai et al. (2012) relataram em seu
SiO2 cristalina
mada de sílica impregnada após silicatização estudo que este procedimento prévio não promo-
(LORENTE et al., 2010). veu diminuição da microinfiltração em relação ao
AI2O3 grupo com esmalte não condicionado.
Diferentes cimentos resinosos podem ser utili-
zados para cimentar as restaurações parciais É interessante destacar que durante a profilaxia
livres de metal. Dentre eles destacam-se os ci- do preparo cavitário, deve-se evitar a utilização
B mentos resinosos convencionais, que requerem de clorexidina, pois estas soluções interagem
tratamento prévio do esmalte a da dentina, e os com os cimentos autoadesivos, diminuindo sig-
cimentos auto-adesivos, que não necessitam de nificativamente a união entre cimento e dentina/
SiO2 tais procedimentos (PEUTZFELDT et al., 2011). esmalte (DI HIPÓLITO et al., 2012).

Resina ou
AI2O3 SiO2 Cerâmica
cristalina

Fig. 55A-C | Representação gráfica das principais etapas da silicatização: partículas de alumina revestidas com sílica em direção à superfície do substrato (A);
momento do impacto da partícula com o substrato (B); e camada de sílica ativa aderida quimicamente ao substrato após impacto (C).

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Os protocolos para tratamento de superfície tos referentes ao tratamento de superfície do CASo CLÍNICo 04 - INLAY EM CErâMICA – E.MAX PrESS/IvoCLAr
de facetas cerâmicas e inlays/onlays em cerâ- substrato dentário, estão descritos nas Figuras
micas e em resina, bem como os procedimen- 56, 57 e 58.

Tratamento da Superfície da Cerâmica

Inlay/onlay Faceta

a a
Fedspática/Feldspática com leucita Fedspática/Feldspática com leucita
b b
Dissilicato de Lítio Dissilicato de Lítio

Condicionamento (ácido fluorídrico 10%): Condicionamento (ácido fluorídrico 10%):


A A
60s + lavar e secar 60s + lavar e secar
b b
20s + lavar e secar 20s + lavar e secar

Silano (deixar agir por 2 min/secar em seguida) Silano (deixar agir por 2 min/secar em seguida)

Adesivo/Bond (não fotopolimerizar) Adesivo/Bond (não fotopolimerizar)

Cimento resinoso dual Cimento resinoso fotopolimerizável

Fig. 56 | Etapas referentes ao tratamento de superfície para restaurações cerâmicas do tipo faceta/inlay/onlay.

Tratamento da Superfície para Inlay/onlay em resina

Jateamento com Óxido de alumínio ou Abrasão Silicatização (Rocatec ou Cojet) - 20s


com ponta diamantada grossa (baixa rotação) Fig. 56 | Vista oclusal do aspecto clínico final do preparo para inlay no elemento 35.

Limpeza da peça com álcool 92% ou condicionamento com ácido Secagem com ar
fosfórico 37% (15s + lavar e secar)

Silano (deixar agir por 2 min/secar em seguida) Silano (deixar agir por 2 min/secar em seguida)

Adesivo/Bond (não fotopolimerizar) Adesivo/Bond (não fotopolimerizar)

Cimento resinoso de polimerização dual Cimento resinoso de polimerização dual

Fig. 57 | Tratamento de superfície para restaurações resinosas do tipo inlay/onlay.

Tratamento da Superfície do Preparo Dentário

Cimento Resinoso Convencional (foto ou dual)

Profilaxia com pedra pomes + água/lavar/secar


Condicionamento do esmalte e dentina com ácido fosfórico 37% por 15 s

Fig. 57A,B | Restaurações indiretas em e.max Press/Ivoclar Vivadent (Dissilicato de lítio): vista oclusal das restaurações inlays adaptadas ao modelo (A); vis-
Lavar/secar (papel absorvente)
ta oclusal aproximada das restaurações, evidenciando translucidez e caracterizações das peças protéticas (B). *A restauração do dente 36 é uma coroa total
com infraestrutura em zircônia (Lava/3M).
Sistema adesivo de polimerização dual ou química
(obs. não fotopolimerizar antes da cimentação)

Cimentação da restauração cerâmica com cimento resinoso convencional


+ remoção dos excessos + fotopolimerização (40s em cada face)
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Fig. 58 | Tratamento de superfície do substrato dentário previamente à cimentação adesiva.
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Fig. 58A-C | Tratamento de superfície da cerâmica: condicionamento com ácido fluorídrico 10%/20 segundos (A); lavagem + secagem (B);
e aplicação de agente silano (Monobond-S/Ivoclar) (C).

Fig. 59 | Profilaxia dos preparos com pedra pomes + água. Ponta ICB/Ultradent. Fig. 60A-E | Tratamento de superfície da dentina/esmalte: Condicionamento com ácido fosfórico 37%/15 segundos (A); Aplicação do ati-
vador - SBMP/3M (secar) (B); Aplicação do primer - SBMP/3M (secar) (C); Aplicação do catalisador - SBMP/3M (D,E). *Sequência para
polimerização química do SBMP (Scotch Bond Multipurpose/3M ESPE.

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Fig. 63 | Remoção dos excessos de
cimento com auxílio de pincel.
Fig. 64 | Fotopolimerização (40 se-
gundos em cada face).
Fig. 65 | Aplicação do gel bloqueador
de oxigênio na interface adesiva.
Fig. 66 | Fotopolimerização final (40
segundos em cada face).
Fig. 67 | Aspecto clínico final da res-
tauração cerâmica após um ano de 10
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acompanhamento clínico.
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