Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Araçatuba – SP
2010
Talita Begalli Ruellas
Araçatuba – SP
2010
Dedicatória
Eu, Talita Begalli Ruellas, agradeço primeiro a Deus, que me guiou nessa longa caminhada.
Sou eternamente grata aos meus amigos, familiares e ao meu namorado, Leandro, que sempre me
encorajaram. À minha irmã e amiga, Taciana, por todo amor, suporte e compreensão. Em especial,
dedico esta conquista ao meu pai, Carlos, e à minha mãe, Lúcia, que revestiram-me de amor,
carinho e dedicação, trabalhando e sacrificando seus sonhos em favor dos meus.
Agradecimentos
Aos professores que passaram por minha vida, que foram muitos, quero agradecer
especialmente ao meu orientador Profº Paulo Renato Junqueira Zuim, pela paciência, dedicação,
atenção e cuidado não apenas durante a orientação deste trabalho, mas também durante todo o
curso.
Epígrafe
“Encarar a vida pela frente, sempre; encarar a vida pela frente, e vê-la como ela é; por fim,
entendê-la e amá-la pelo que ela é.”
Clarice Lispector
Resumo em Português
Quase nenhum estudo clínico controlado, que compare as várias teorias oclusais do implante,
foi publicado. Com base nestes dados, o objetivo do presente estudo foi revisar os conceitos atuais
existentes na literatura referentes aos fundamentos de oclusão aplicados á implantodontia, bem
como discutir os aspectos biomecânicos envolvidos, proporcionando orientações clínicas úteis na
formulação de protocolos terapêuticos para os diferentes modelos de próteses sobre implantes,
visando à longevidade das mesmas.
Resumo em Inglês
The advent of implant dentistry and osseointegration process has been a major therapeutic advances
of modern dentistry, especially in respect of oral rehabilitation by means of implant prostheses. The
clinical success and longevity of endosseous dental implant as a load-bearing abutment are largely
controlled by the mechanical environment in which they operate. Complications (prosthetic and / or
supporting bone) reported in follow-up studies highlight the occlusion as a factor for the success or
failure of the implant.
Almost no controlled clinical study that compares the various theories occlusal implant, was
published. Based on these data, the objective of this study was to review current concepts in the
literature regarding the fundamentals of occlusion applied to implant dentistry, as well as discuss
the biomechanics involved, providing clinical guidelines useful in formulating treatment protocols
for different types of prostheses implant, seeking the longevity of them.
Sumário
I.Introdução ................................................................................................................................................ 10
7.2. Osso Trabecular Grosso e Osso Cortical Poroso Denso a Espesso (D2) ............................................ 25
12.1. Vantagens das próteses cimentadas (Hebel & Gajjal, 1997) ............................................................ 37
12.2. Desvantagens das próteses parafusadas (Hebel & Gajjal, 1997) ...................................................... 37
Conclusão ................................................................................................................................................... 43
Introdução
Com base nestes dados, o objetivo do presente estudo foi revisar os conceitos atuais
existentes na literatura referentes aos fundamentos de oclusão aplicados á implantodontia, bem
como discutir os aspectos biomecânicos envolvidos, proporcionando orientações clínicas úteis na
formulação de protocolos terapêuticos para os diferentes modelos de próteses sobre implantes,
visando à longevidade.das.mesmas.
11
Como o assunto tratado neste estudo é Oclusão em Implantodontia, cabe salientar que uma
breve revisão sobre os conceitos anatômicos e princípios oclusais torna-se relevante para que o
tema central seja abordado e compreendido adequadamente.
O aparelho estomatognático possui vários grupos musculares, porém, neste estudo, iremos
citar apenas os músculos mais relacionados com a mastigação propriamente dita: temporal,
masseter, pterigóideo lateral e medial. Apesar do músculo digástrico não ser considerado músculo
da mastigação desempenha um importante papel na função mandibular e, portanto, será discutido
nesse estudo.
É um músculo grande em forma de leque constituído por feixes anterior, médio e posterior.
Origina-se do soalho da fossa temporal e da superfície medial da fáscia temporal, o que dá ao
conjunto um arranjo bipenado.
Esse músculo se insere no processo coronóide e na borda anterior do ramo da mandíbula,
que se move de acordo com a direção das fibras que são ativadas: sua porção média contém fibras
que correm obliquamente, enquanto sua porção anterior consiste de fibras que se direcionam quase
verticalmente e a sua porção posterior consiste de fibras que estão alinhadas quase horizontalmente
para se juntarem a outras fibras temporais quando passam sobre o arco zigomático.
Portanto, o feixe anterior e médio, quando se contraem, eleva a mandíbula, enquanto o
posterior a retrai (Garcia, 2003).
Pode ser dividido por duas partes: uma superficial, que possui a direção das fibras mais
inclinadas, e uma profunda, que suas fibras se direcionam mais verticalmente.
É o músculo que eleva a mandíbula com mais potência, que proporciona a força necessária
para uma mastigação eficiente. Juntamente com o músculo temporal, o músculo masseter eleva a
mandíbula e a estabiliza durante movimentos excêntricos (Garcia, 2003).
É o mais curto dos músculos da mastigação, o único que está disposto horizontalmente e
também o único que se relaciona com a articulação temporomandibular. Apesar de alguns autores o
considerarem um único músculo, ele é constituído por duas cabeças ou dois feixes (Madeira, 2000),
no entanto, há autores que o considere como dois músculos distintos, o músculo pterigóideo lateral
superior e inferior (Okeson, 2008).
O músculo pterigóideo lateral superior é menor que o inferior e origina-se na superfície
infratemporal da asa maior do osso esfenóide e estende-se, quase horizontalmente, para trás e para
fora e insere-se na cápsula articular e no bordo anterior do disco.
Enquanto o pterigóideo lateral inferior é ativo durante a abertura, o superior permanece
inativo, tornando-se ativo somente em conjunto com os músculos elevadores. O pterigóideo lateral
superior é ativo, especialmente quando há força de resistência e quando os dentes são mantidos em
contato (Okeson, 2008).
O músculo pterigóideo lateral inferior tem origem semelhante ao do superior e origina-se
na superfície externa da lâmina pterigóidea lateral e insere-se no colo do côndilo. Sua principal
função é a de protruir a mandíbula. Para isso, ambos os pterigóideos direito e esquerdo devem
contrair-se simultaneamente, com os elevadores estabilizando a mandíbula (Garcia, 2003).
13
É constituído por tecido conjuntivo fibroso denso e, em sua maioria, desprovido de vasos
sanguíneos e fibras nervosas. A sua forma precisa é determinada pela morfologia do côndilo e da
fossa mandibular, no côndilo o disco articular é mantido preso nos pólos medial e lateral por meio
dos ligamentos colaterais (Okeson, 2008).
14
A ATM é circundada por uma cápsula articular fibrosa bastante frouxa, na porção superior,
que permite amplos movimentos à articulação. Prende-se acima nos limites da face articular do
temporal e abaixo no colo na mandíbula, abaixo das inserções que unem o disco aos pólos lateral e
medial da cabeça da mandíbula. À frente, ela se prolonga até os limites superiores da fóvea
pterigóidea e atrás em um nível bem mais baixo, após a fissura escamotimpânica (Garcia, 2003).
A cápsula articular é bem inervada, apresenta uma abundante inervação sensitiva, que inclui
a proprioceptiva, relaciona-se com os nervos auriculotemporal, massetérico e temporal profundo
posterior. Sua vascularização também é abundante, estendendo-se até a periferia do disco articular,
principalmente a membrana sinovial.
É o único verdadeiro ligamento da ATM. Cobre quase toda a superfície lateral da cápsula
articular e é contínuo a ela. No todo, ele age como ligamento suspensório da mandíbula, mas como
suas fibras profundas são muito inclinadas, quase dispostas horizontalmente, servem também para
limitar movimentos retrusivos da mandíbula e, assim, evitar a compressão das estruturas situadas
atrás da cabeça da mandíbula (Garcia, 2003)
16
É uma posição mandibular reprodutível, sendo de grande valia, pois se torna um ponto de
referência confiável para verificar a relação da maxila com a mandíbula. Apesar de existir muita
controvérsia a respeito ela é, em geral, considerada para designar a posição da mandíbula quando
os côndilos estiverem dentro da fossa mandibular.
Por definição, relação cêntrica é a relação maxilomandibular na qual o côndilo articula com
a porção mais fina e avascular de seu respectivo disco articular, e esse complexo côndilo-disco,
localiza-se em uma posição mais anterior e superior contra a eminência articular, independente de
contato dental (Glossary of Prosthetics Dentistry, 1987).
Apesar de haver muitas divergências e controvérsias sobre a relação cêntrica, consideramos
que ela é uma posição craniomandibular, fisiológica, independente de contato dental. Quando nos
referimos à relação cêntrica, estamos avaliando a posição dos côndilos dentro das fossas
mandibulares, nas quais eles podem realizar o movimento de rotação ao redor de um eixo
denominado eixo de bisagra da mandíbula, que nada mais é do que um movimento de rotação como
aquele que a dobradiça executa na abertura da porta. Portanto, a finalidade da obtenção da relação
cêntrica é a de localizar os côndilos em torno de um eixo de rotação e levar a mandíbula até o ponto
de fechamento da boca, que é onde termina a rotação, ou seja, quando os dentes antagonistas se
encontram, e poder analisar como ocorre o contato dental neste momento e quais dentes ocluem
(Bataglion & Nunes, 2009).
Portanto, a relação central é uma posição que deve ser usada para se realizar diagnóstico de
alterações nas estruturas de suporte dos dentes, cujo fator etiológico pode estar relacionado com a
oclusão dentária, e para montar arcos que tiveram suas referências dentárias perdidas (Garcia,
2003).
17
Foi o primeiro conceito significativo desenvolvido para descrever a oclusão funcional ideal.
Caracterizado por contatos bilaterais e balanceados durante todos os movimentos de lateralidade e
protrusão, foi desenvolvida principalmente para as próteses totais, com o raciocínio de que este tipo
de contato bilateral ajudaria a estabilizar suas bases durante o movimento mandibular. Como foi
amplamente aceito, e, com os avanços da tecnologia, ele foi transportado para o campo das próteses
fixas (Bataglion & Nunes, 2009)
É um tipo de relacionamento oclusal no qual existem contatos bilaterais simultâneos em
qualquer posição mandibular, ou seja, em máxima intercuspidação haverá contatos posteriores
bilaterais e também entre os dentes anteriores; já em movimentos de protrusão e lateralidade, além
dos contatos entre dentes anteriores, também haverá contatos entre os posteriores de ambos os
lados.
18
Desoclusão pelo canino ou guia canina: nesse tipo de função verificada no movimento de
lateralidade da mandíbula, no lado de trabalho, somente o canino inferior desliza na face palatina
do canino superior até a posição de topo-a-topo. Os demais dentes, tanto os anteriores aos caninos
quanto os posteriores ficam desocluídos, tanto no lado de trabalho quanto no de balanceio. É um
tipo de desoclusão muito efetiva, visto que os caninos possuem implantação e suporte periodontais
bastante apropriados para esta função (Bataglion & Nunes, 2009).
Desoclusão em grupo ou função em grupo: Nesse tipo de função, também verificada no
movimento de lateralidade da mandíbula, no lado de trabalho, as cúspides de contenção cêntrica
dos dentes inferiores (vestibulares) deslizam, em grupo, contra as cúspides de proteção dos dentes
superiores (vestibulares). Os contatos dentários em lateralidade, no lado de trabalho, ocorrem
simultâneamente entre todos os dentes posteriores, ou podem ocorrer progressivamente a partir do
canino, seguindo-se pré-molares e molares, desocluindo os dentes do lado de balanceio (Bataglion
& Nunes, 2009).
Contato prematuro x Interferência Oclusal: Ambos, contato prematuro e interferência
oclusal, apresentam “pontos mais elevados” durante a oclusão dentária. Contudo, contato
prematuro é apenas observado durante o arco de fechamento mandibular (na obtenção da MI),
enquanto que interferência oclusal ocorre durante os movimentos excursivos, tanto em lado de
trabalho quanto de não trabalho.
Para que o aparelho estomatognático seja saudável, é necessário que seus sistemas estejam
em equilíbrio para que, dessa forma, as funções mandibulares, dentre elas a mastigação, ocorrerão
de maneira eficiente. Nesse caso, as estruturas articulares devem estar anatomicamente bem
19
posicionadas e, para o côndilo estar bem posicionado na fossa mandibular, ele deve se justapor ao
disco e o conjunto se colocar contra a vertente posterior do osso temporal, de acordo com a
resultante das forças musculares impostas pelos músculos elevadores. Portanto, entre o côndilo e a
parede posterior da fossa deve existir um espaço suficiente para a área retrodiscal, que é rica em
vasos e nervos.
É necessária uma dimensão vertical de oclusão que estabeleça um comprimento muscular
ideal para as funções que demandam força, como a trituração dos alimentos, para que os músculos
da mastigação encontrem-se em uma longitude fisiológica, nas quais as fibras exerçam uma maior
força sem produzir alterações no metabolismo das células musculares. E, por último, os dentes
devem estar em harmonia com essas relações anatômicas, com um trespasse horizontal e vertical
adequado, permitindo uma máxima intercuspidação, que será igual ou não à relação cêntrica. Mas,
se for diferente, o deslize produzido pelas vertentes de propulsão deve ter a mesma amplitude em
ambos os lados do paciente, caso contrário existe um desequilíbrio muscular.
Essa pequena diferença simétrica entre a posição de relação central e de máxima
intercuspidação tem uma função protetora da área retrodiscal e permite que a retrusão mandibular
seja um movimento que pode ser realizado e que permite localizar com precisão a posição de
relação central (Garcia, 2003).
Além das posições mandibulares em relação à maxila, os dentes devem estar
interrelacionados e em harmonia, e esta relação dentária pode ser observada sob o ponto de vista
estático ou dinâmico denominando-se oclusão dentária.
alta e afunda mais o prego na madeira, ao invés de dissipar parcialmente a energia por meio da
deflexão do martelo de borracha (Mish, 2006).
Nos dentes naturais, o ligamento periodontal tem proprioceptores com funções de receptores
neurofisiológicos. Que transmitem informações de terminações nervosas para o sistema nervoso
central do sistema (Schulte, 1995).
A presença ou ausência das funções do Ligamento Periodontal faz uma diferença notável na
detecção precoce da força oclusal entre os dentes e implantes. Nos implantes há a chamada
osseopercepção, que é consideravelmentemenos apurada que a propriocepçãoencontradano
ligamento periodontal.
Segundo Mericske-Stern et al. 1995 a sensibilidade tátil oral foi medida por testes com chapas
de aço e o limiar de detecção de pressão mínima foi significativamente maior em dentes naturais do
que em implantes (3,2 x 2,6 folhas, respectivamente).
O dente pode mostrar sinais clínicos de tensão elevada, tais como facetas de desgaste do
esmalte, linhas de tensão, linhas de Luder (nos preenchimentos de amálgama), abfração cervical e
depressões nas cúspides dos dentes. Uma coroa implantada raramente mostra sinais clínicos
diferentes dos da fratura por fadiga. Como resultado, menos sinais diagnóstico estão presentes para
advertir o dentista, a fim de que ele reduza a tensão no sistema de suporte. Os parafusos de fixação
22
da prótese e do abutment e os corpos dos implantes também são susceptíveis à fratura por fadiga
e/ou à corrosão por tensão e resultam em aumentos significativos na tensão e em incidências mais
altas de falha para os outros implantes da prótese associada (Misch, 2006).
Os dentes se beneficiam com a percepção oclusal elevada, comparados com os implantes. Um
estudo de Jacobs et al avaliou a consciência oclusal por meio da percepção de uma interferência:
Dentes naturais: Quando os dentes são opostos uns aos outros, uma percepção de interferência de
aproximadamente 20 µm.
Implantes: Um implante que se opõe a um dente natural oferece uma percepção de interferência de
48 µm, ou seja, mais que o dobro de deficiência. Um implante que se opõe a um implante tem uma
percepção de interferência de 64 µm e, quando um dente se opõe a uma sobredentadura
implantossuportada, a consciência é de 108 µm (5 vezes pior do que com dentes opostos uns aos
outros).
A diferença fundamental, inerente entre dente e implante é que um implante endósseo está em
contato direto com o osso, enquanto um dente natural é suspenso pelo ligamento periodontal, como
já foi descrito acima. Porém, a média dos valores de deslocamento axial dos dentes na cavidade
alveolar é de 25 – 100 mm, enquanto que a amplitude de movimento de implantes dentários
osseointegrados tem sido relatada de aproximadamente 3 – 5 mm (Sekine et al., 1986; Schulte,
1995).
5.8. Fulcro
O fulcro do dente natural se localiza entre os terços médio e apical da raiz enquanto o fulcro do
implante se localiza na crista óssea.
A força lateral aplicada sobre um dente natural é rapidamente dissipada para longe da crista do
rebordo ósseo, em direção ao ápice dentário. O dente natural saudável move-se quase que
imediatamente por 56 a 108 µm e executa dois terços de uma volta em direção ao ápice cônico,
com carga lateral (Muhlemann, 1965; Muhlemann, 1967; Parfitt, 1960). Esta ação minimiza as
23
cargas da crista do rebordo sobre o osso. Um implante não exibe movimento primário imediato,
mas um movimento secundário por 10 a 50 µm sob as cargas laterais similares (Sekine et al.,
1986). Além disso, ele não gira (como um dente) na direção do ápice, mas ao invés disto concentra
forças maiores na crista do rebordo ósseo circunjacente. Portanto, se uma carga inicial angulada
(por ex., um contato prematuro) de magnitude e direção iguais é aplicada sobre um implante e um
dente natural, o implante sustenta uma proporção mais alta da carga, que não é dissipada às
estruturas circunjacentes.
Segundo Zarb & Schmitt, 1990, os dentes apresentam como sinais de sobrecarga espessamento
do ligamento periodontal, mobilidade, facetas de desgaste, frêmito e/ou dor. Enquanto os implantes
apresentam como sinais de sobrecarga um afrouxamento ou fratura do parafuso, fratura do pilar ou
da prótese, perda óssea e/ou fratura do implante.
Segundo Misch, 2006, o dente pode mostrar sinais clínicos de tensão elevada, tais como facetas
de desgaste do esmalte, linhas de tensão, linhas de Luder (nos preenchimentos de amálgama),
abfração cervical e depressões nas cúspides dos dentes. Uma coroa implantada raramente mostra
sinais clínicos diferentes das fraturas por fadiga. Como resultado, menos sinais diagnósticos estão
presentes para advertir o dentista, a fim de que ele reduza a tensão no sistema de suporte. Os
parafusos de fixação da prótese e do abutment e os corpos dos implantes também são susceptíveis à
fratura por fadiga e/ou corrosão por tensão e resultam em aumentos significativos na tensão e em
incidências mais altas de falha para os outros implantes da prótese associada.
Lekholm e Zarb, 1985, listaram quatro qualidades ósseas encontradas nas regiões anteriores
da mandíbula e maxila: o tipo 1 inclui um osso compacto e homogêneo; o tipo 2, uma cama
espessa de osso compacto, que cerca um núcleo de osso trabecular denso; o tipo 3 é uma fina
camada de osso cortical que circunda o osso trabecular denso de resistência favorável; e o tipo 4 é
uma fina camada de osso cortical que cerca um núcleo de osso trabecular de baixa densidade.
24
O osso muito denso é composto quase que totalmente de osso cortical denso e classificado
como D1. A maxila quase nunca apresenta este tipo de osso enquanto cerca de 6% das regiões
anteriores da mandíbula e 3% das regiões posteriores da mandíbula têm essa categoria de osso
densa.
É encontrado com maior freqüência nas regiões anteriores das mandíbulas com reabsorção
moderada a severa e maiores proporções coroa/implante.
Vantagens do osso D1: Composto histologicamente de osso lamelar denso com sistemas
haversianos completos, ele é altamente mineralizado e capaz de resistir a cargas intensas. O osso
lamelar cortical pode cicatrizar com uma pequena formação provisória de osso trançado e garante
uma excelente resistência durante a cicatrização, próximo ao implante (Roberts, et al., 1987,
Roberts, 1993). A porcentagem do contato ósseo na interface do implante, observado por
microscopia óptica, é maior nesse tipo de osso e chega a mais de 80%. Além disso, essa densidade
óssea exibe maior resistência que qualquer outro tipo (Qu, 1994). Consequentemente, o osso mais
forte também se beneficia com o contato implante/osso maior. Menos tensões são transmitidas ao
terço apical dos implantes, comparado a outros tipos de osso. Como resultado, os implantes
menores podem resistir melhor às cargas mais intensas, do que em qualquer outra densidade óssea.
Na realidade, a inserção de implantes mais longos pode diminuir os índices de sobrevida cirúrgica,
já que o superaquecimento durante o preparo para a osteotomia é uma das principais preocupações
nesse tipo de osso. Um calor mais intenso é normalmente gerado na porção apical da osteotomia,
especialmente durante o preparo de um osso cortical denso (Haider et al, 1993).
25
O osso D1 tem menos vasos sanguíneos que os outros três tipos e, portanto, depende mais do
periósteo para a sua nutrição. O osso cortical recebe 1/3 do seu suprimento arterial e venoso do
periósteo (Vaughan, 1970; Chanavaz, 1995). Esta densidade óssea é quase toda cortical e
capacidade de regeneração é prejudicada por causa da circulação sanguínea insuficiente
(Rhinelander, 1974). Então, uma reflexão delicada e mínima do periósteo é indicada. Quando esta
densidade está presente, a largura do osso é normalmente abundante. Felizmente, há poucas
recorrências quando reentrâncias vestibulares ou linguais são observados na densidade óssea D1 e,
então, a reflexão do retalho pode ser seguramente mantida a um mínimo. Foi demonstrado que o
fechamento preciso do periósteo e do tecido que reveste a área ajuda a recuperar o suprimento
sanguíneo e é, portanto, recomendado. (Crock & Morisson, 1992).
O osso cortical denso é mais difícil de preparar para um implante endósseo do que qualquer
outra densidade óssea, o osso é facilmente superaquecido durante os procedimentos de osteotomia
do implante, porque as brocas rotatórias são menos eficientes e progridem com mais dificuldade.
Como resultado, a falha cirúrgica do implante pode ser maior no osso D1 do que em qualquer outra
densidade óssea (Misch, 1990; Truhlar et al, 1994), e o dentista tem que esforçar para minimizar o
trauma termomecânico.
7.2. Osso Trabecular Grosso e Osso Cortical Poroso Denso a Espesso (D2)
A segunda densidade óssea encontrada nos maxilares edêntulos é uma combinação de osso
cortical denso a poroso no lado externo com o osso trabecular grosso no lado interno. Este tipo de
osso geralmente ocorre na região anterior da mandíbula, seguido pela região posterior da
mandíbula.
Vantagens do osso D2: O osso D2 oferece uma excelente cicatrização na interface do implante e a
osseointegração é muito previsível A maioria dos sistemas de implantes se refere a esta densidade
26
óssea para seu protocolo habitual. O osso cortical denso a poroso, presente na superfície e nas
porções laterais do local do implante, fornece uma interface inicial rígida. A osteoplastia executada
para obter uma largura adicional do osso, antes da inserção do implante ou da escariação sob o osso
da crista do rebordo, não compromete o suporte porque o osso cortical lateral e o osso trabecular
espesso interno oferecem uma fixação rígida. O implante pode ser até mesmo inserido ligeiramente
acima do rebordo, com comprometimento reduzido ou pouco risco de mobilidade na interface
durante a cicatrização, comparado com ossos mais moles. O suprimento sanguíneo intra-ósseo
permite a hemorragia durante a osteotomia, que ajuda no controle do superaquecimento durante o
preparo e é muito benéfico para a cicatrização da interface osso/implante.
Alguns designs de implante se provaram 95% eficazes durante até 10 anos, quando inseridos
no osso alveolar trabecular espesso com rebordo cortical (Babbush, 1986; Kirsch & Mentag, 1986).
Vantagens do osso D3: A vantagem do osso trabecular fino e compacto poroso D3 é que o preparo
da osteotomia para o implante é mínimo para cada tamanho de broca. O suprimento sanguíneo é
excelente para uma cicatrização mais rápida e a hemorragia intra-óssea auxilia no resfriamento
durante o preparo da osteotomia. Como resultado, esta densidade óssea pode oferecer o índice mais
alto de sobrevida cirúrgica.
Desvantagens do osso D3: O seu tratamento é mais delicado, comparado com os dois tipos de
densidade óssea previamente descritos. O seu preparo é quase fácil demais. O cirurgião deve ter
cuidado extremo para evitar perfurações laterais indesejáveis do osso cortical durante o
procedimento da osteotomia, especialmente na lâmina cortical porosa fina, labial da maxila. Um
engano comum é a descorticação das lâminas vestibulares finas durante a osteotomia. As brocas
intermediárias prosseguem pelo osso trabecular fino sem incidentes. Mas quando uma broca de
27
diâmetro maior é inserida na osteotomia, ela atinge o osso cortical palatino espesso, que resiste ao
preparo e empurra a ponta ativa da broca na direção vestibular, descorticando a lâmina vestibular.
O osso trabecular fino tem pouca densidade e o osso cortical da crista do rebordo é pouco ou
ausente. Este é o espectro oposto do osso cortical denso (D1). A localização mais comum para este
tipo de osso é a região posterior da maxila do paciente edêntulo a longo prazo. Ele é raramente
observado em mandíbula. Estes rebordos edêntulos são geralmente muito largos, mas com altura
vertical reduzida.
Desvantagens do osso D4: Apresenta o empenho mais árduo para obter fixação rígida,
independentemente do sistema de implante utilizado. Ele é muito poroso, e como resultado a
fixação inicial de qualquer design de implante apresenta vantagem mecânica limitada. O cirurgião
não deve preparar o osso D4 até o seu tamanho total, com brocas rotatórias. As brocas iniciais, para
determinar a profundidade e a angulação do local, são as únicas que devem ser usadas no osso. Os
osteótomos podem ser usados com um martelo cirúrgico ou peça de mão para comprimir o osso, ao
invés de removê-lo, à medida que a osteotomia aumenta de tamanho. O local ósseo é facilmente
distorcido, resultando na redução da estabilidade inicial do implante.
É difícil rosquear um implante no osso mole, nas regiões de acesso difícil. Se houver osso
cortical no marco oposto, ele é envolvido para aumentar a estabilidade e simultaneamente assegurar
o comprimento máximo do implante. A exigência para a altura máxima do osso disponível é maior
no osso D4 do que nos outros tipos. Os enxertos sinusais são geralmente indicados para assegurar
uma área de superfície apropriada para o suporte. Além disso, o enxerto sinusal, quando exigido,
permite que o implante envolva o assoalho original do seio, composto de osso cortical, o que ajuda
a estabilizar ainda mais o implante.
28
Segundo Misch, 2006, os implantes com forma cônica e diâmetro mais largo têm uma área de
contato ósseo maior na crista do rebordo do que os implantes estreitos (resultante das suas áreas de
contato ósseo circunferencial aumentadas). Como resultado, para uma determinada carga oclusal, a
tensão mecânica sobre a crista do rebordo é reduzida com implantes mais largos, comparados com
os estreitos. Alguns autores encorajam a inserção do implante em ziguezague na região posterior
dos maxilares, a fim de melhorar a resistência biomecânica às cargas. Este conceito é muito eficaz
quando os implantes mais estreitos são posicionados em rebordos mais largos, portanto a posição
de ziguezague é aumentada. No entanto, é mais eficaz aumentar o diâmetro dos implantes e
ferulizá-los para diminuir as cargas da crista. As orientações inevitáveis e menos ideais do implante
devem ser acomodadas por meio de ajustes na oclusão e/ou no número de implantes inseridos para
reduzir a magnitude da carga total aplicada a qualquer implante, assim como a tensão interfacial e
os perfis de esforço resultantes. É interessante notar que os dentes naturais seguem princípios de
diâmetro e área de superfície similares, aos descritos. A região anterior da boca é caracterizada por
uma força de mordida reduzida, comparada com a região posterior. Por conseguinte, o corte
transversal do dente anterior é menor e a área de superfície é reduzida, comparados com o diâmetro
e a área de superfície maiores dos dentes posteriores.
Á medida que o comprimento do implante aumenta, o mesmo ocorre com a área de superfície
total. Como resultado, um axioma comum foi a inserção de um implante mais longo possível e,
preferencialmente, na lâmina cortical oposta. Ainda assim, quando este axioma é reavaliado,
encontramos vários desafios. A lâmina cortical oposta está envolvida principalmente nas regiões
29
Nos ossos D3 e D4 de qualidade deficiente, a área de superfície funcional deve ser maximizada
para uma distribuição otimizada das cargas oclusais. A filosofia convencional sugere que os
implantes mais longos ofereçam uma área de superfície funcional máxima.
Os implantes mais longos foram sugeridos para oferecer maior estabilidade sob condições de
carga lateral. A análise do elemento finito é uma forma analítica de pesquisar a influência do
comprimento do implante sobre a área de superfície funcional, sob tais condições extremas de
carga. Em um estudo de Misch, 2006, os implantes cilíndricos idealizados, de comprimentos
diferentes, foram inseridos em um modelo ósseo computadorizado tendo comprimentos intra-
ósseos de 5, 10, 15, 20 e 30 mm. Para cada representação do implante, 10 mm de comprimento
estavam acima do nível do osso e uma força lateral de 50 N foi aplicada sobre a extensão de 10
mm. Nesta condição de carregamento, a porcentagem da tensão máxima era calculada contra a
porcentagem do comprimento intra-ósseo.
Os resultados desta análise apontam para o fato de que a maior parte da tensão máxima gerada
por uma carga lateral pode ser dissipada com a mesma eficácia pelos implantes de 10 a 15 mm de
comprimento, comparados com os implantes de 20 a 30 mm de comprimento. Além disso, as
tensões mais intensas foram observadas nas regiões da crista do osso, independentemente do
comprimento do implante. Esta análise biomecânica apóia a opinião de que os implantes mais
longos não são necessariamente melhores. Ao invés disto, existe um comprimento mínimo do
implante para cada densidade óssea, dependendo da largura e do design. Quanto mais mole o osso,
maior o comprimento sugerido.
30
Segundo Misch, 2006, a angulação ideal para a inserção do implante deve ser determinada
pelo enceramento diagnóstico e a guia deve obedecer esta posição durante a cirurgia. Isto exige
pelo menos dois pontos de referência para cada implante. Para este objetivo, a guia cirúrgica deve
ser elevada acima do osso edêntulo. A distância entre dois pontos localizados respectivamente na
superfície oclusal (fossa central ou borda incisal) da coroa do abutment planejado e na crista do
rebordo representa cerca de 8 mm. Como resultado, estes dois pontos de referência podem ser
unidos por uma linha que representa o trajeto da inserção ideal do implante. A angulação ideal é
perpendicular ao plano oclusal e paralela ao abutment mais anterior (natural ou implante) ligado ao
implante.
Um implante posicionado para lingual é mais fácil de corrigir na restauração final. As forças
são geralmente direcionadas em um plano mais longitudinal em relação ao corpo do implante e o
osso cortical lingual, mais espesso, fornece a estabilidade inicial e um osso mais denso para que a
transferência de força seja melhorada na interface osso/implante. Já que o corpo do implante
geralmente tem a metade do diâmetro dos dentes adjacentes, a coroa final não tem um contorno
necessariamente excessivo no lado lingual. No entanto, a emergência vestibular da coroa
31
comprometerá a higiene, especialmente com uma prótese fixa, porque as exigências estéticas
determinarão um certo excesso no contorno labial.
Os implantes cilíndricos com as laterais lisas oferecem maior facilidade na inserção cirúrgica;
no entanto, a interface osso/implante é submetida a condições de cisalhamento significativamente
maiores. Por outro lado, um implante cônico com laterais lisas permite que um componente de
carga de compressão seja aplicado na interface osso/implante, dependendo do grau de conicidade.
Quanto mais pronunciada for a conicidade, mais o componente de carga de compressão aplicado na
interface. Infelizmente, a conicidade não pode ser superior a 30 graus ou o comprimento do corpo
do implante será significativamente reduzido, assim como a fixação imediata exigida para a
cicatrização inicial. Além disso, quanto maior a conicidade de um implante com as laterais lisas,
menor a área de superfície total do corpo do implante. Por outro lado, o implante rosqueado (ou
com platô) com secções transversais circulares facilitam a inserção cirúrgica e permitem uma
otimização maior da área de superfície funcional, a fim de transmitir as cargas de compressão para
a interface osso/implante. Além disso, a fixação rígida inicial do implante rosqueado é facilitada
para limitar os micromovimentos durante a cicatrização. Um cilindro com as laterais lisas depende
de um revestimento ou microestrutura para transferir a carga para o osso. Esse tratamento da
superfície pode também ser aplicado ao parafuso ou ao design de platô, aumentando a superfície
funcional do design e das condições de tratamento de superfície.
32
O corpo do implante pode ser coberto com um revestimento poroso. Os dois materiais
utilizados com maior freqüência para este processo são a hidroxiapatita (HA) e o titânio. Estes dois
materiais são aplicados na forma de um espargimento plasmático sobre o osso do implante.
Segundo Saba, 2001, forças oclusais anormais, tais como aquelas causadas pelo bruxismo ou
apertamento, também podem contribuir para complicações na prótese Esses hábitos não são uma
contra-indicação para implantes dentários, mas devem ser diagnosticados e compensados, no
desenho final da prótese. O uso de placas oclusais é obrigatório.
Sexo;
Normalmente o sexo masculino tem a força mastigatória maior.
Arco Antagonista;
Em ordem seqüencial e crescente, estas condições de oclusão ou próteses determinam um
aumento de forças sobre os implantes:
prótese total;
overdenture;
prótese removível;
prótese conjugada;
prótese fixa convencional;
prótese fixa sobre implante;
dentição natural;
X. Eficiência Mastigatória
A diferença entre as forças oclusais máximas registradas em uma pessoa com dentes naturais
e outra totalmente edêntula é drástica. Na região do primeiro molar de uma pessoa dentada, a força
média foi estimada em 150 a 250 psi (Howell & Manley, 1948). Um paciente que cerra ou range os
34
dentes pode exercer que se aproximam de 1000 psi. A força oclusal máxima do paciente edêntulo é
reduzida a menos de 50 psi. Quanto mais longo o período de edentulismo , menor a força que o
paciente é capaz de gerar. Os pacientes que usam uma prótese total por mais de 15 anos podem vir
a ter uma força oclusal máxima de apenas 5,6 psi (Carr & Laney, 1987).
A força oclusal máxima de um paciente com prótese total tradicional varia entre 5 e 50 lb (2 a
20 kg). Os pacientes que usam uma prótese fixa implantossuportada podem melhorar a sua força
oclusal máxima em 85% em dois meses após a conclusão do tratamento Depois de 3 anos, a média
da força pode atingir mais de 300%, comparada com os valores demonstrados antes do tratamento.
Como resultado, um paciente com prótese implantada pode demonstrar força similar à de um
indivíduo que usa uma restauração fixa suportada por dentes naturais. A eficiência da mastigação,
com prótese implantada, é muito melhor quando comparada com a de uma restauração suportada
por tecido mole. O desempenho mastigatório dos pacientes com próteses totais, sobredentaduras e
dentição natural foi avaliada por Rissin et al, 1978. A prótese total tradicional mostrou diminuição
de 30% na eficiência da mastigação; outros relatos indicam que um paciente com prótese total tem
menos de 60% da função das pessoas com dentes naturais. A sobredentadura suportada perde
apenas 10% da eficiência mastigatória, comparada com os dentes naturais. Estes achados são
similares no caso das sobredentaduras implantossuportadas. Além disso, as pontes fixas , rígidas e
implantossuportadas podem funcionar da mesma forma que os dentes naturais (36).
Segundo Haraldson & Carlsson, 1979, a eficiência mastigatória dos dentes naturais assemelham-se
às próteses implantadas, segundo Laurell & Lundgren, 1985, a eficiência mastigatória dos dentes
naturais assemelham-se às próteses fixas; porém, segundo Feing et al, 1994, a eficiência
mastigatória das próteses implantossuportadas apresenta-se ligeiramente melhor que as próteses
fixas.
35
Durante a mastigação, a quantidade de força usada para penetrar no bolo alimentar também é
relacionada à largura da mesa oclusal. Por exemplo, uma força menor é exigida para cortar um
pedaço de carne com uma faca afiada (mesa oclusal estreita), do que com uma faca cega (mesa
oclusal mais larga). A área de superfície maior exige mais força para alcançar um resultado similar.
Consequentemente, quanto mais larga a mesa oclusal, maior a força desenvolvida pelo sistema
biológico para penetrar no bolo alimentar.
A mesa oclusal posterior estreita também facilita a manutenção domiciliar diária. O técnico
de laboratório geralmente tenta fabricar contornos vestíbulo/oclusais e linguais/palatinos similares
aos apresentados pelos dentes naturais. Este procedimento, em geral, resulta em sobrecontorno
sobre a crista do rebordo ou sobrecontorno de porcelana na margem gengival vestibular do
implante, para criar uma mesa oclusal de aproximadamente 8 a 10 mm de largura. Como resultado,
a manutenção domiciliar da região sulcular do implante é prejudicada pelo design de uma coroa
com contorno excessivo. Por outro lado, uma mesa oclusal estreita combinada com um contorno
vestibular reduzido (na região posterior da mandíbula) permite, até certo ponto, uma higiene bucal
sulcular mais fácil, similar à do dente, e melhora o carregamento axial.
O contorno oclusal mais estreito também reduz o risco de fratura da porcelana. Um perfil
vestibular, similar a de um dente natural, em um implante de diâmetro menor (por ex.: dente de 10
mm versus implante de 4 a 6 mm) resulta em materiais restauradores com cantiléver. A porcelana
vestibular não é geralmente suportada por uma infra-estrutura de metal, porque a região gengival da
coroa também é de porcelana. Como resultado, forças de cisalhamento são provocadas sobre a
cúspide vestibular da coroa mandibular, ou nas cúspides palatinas da coroa maxilar, e são mais
prováveis de aumentar o risco de fratura da porcelana. Este risco é ainda composto pela força de
impacto mais alta, desenvolvido pelo abutment do implante, em comparação com os dentes
naturais.
36
Em resumo, as restaurações que imitam a anatomia oclusal dos dentes naturais geralmente
resultam em cargas de deslocamento (tensão elevada), complicações na manutenção domiciliar e
aumento do risco de fraturas da porcelana. Como resultado, nas regiões não estéticas da boca, a
largura da mesa oclusal deve ser reduzida, em comparação com a dos dentes naturais.
Muitos fabricantes de implante recomendam as próteses fixas retidas por parafuso sobre o
implante e sugerem que apenas uma restauração retida por parafuso é recuperável. Além disso, se a
soltura do parafuso ocorrer e a coroa já não estiver conectada ao corpo do implante, o implante é
protegido da sobrecarga. No entanto, estes motivos negligenciam vários fatores.
Apesar de números extensamente variáveis terem sido publicados, pode ser calculado que as
próteses parciais fixas sobre os dentes naturais têm vida média de 10 anos. Em contraste, as
próteses fixas implantossuportadas demonstram um índice de sobrevida em 10 anos de mais de
90% (Branemark, 1997; O’Roark, 1991; Adell et al, 1990; Zarb et al, 1990). A complicação
observada com mais freqüência nas próteses fixas suportadas por dentes naturais, para as quais uma
prótese nova é exigida, é a deterioração (Walton et al, 1986; Libby et al, 1997). O abutment do
implante não se deteriora. Como resultado, pode ser por isto que as restaurações fixas sobre os
dentes naturais têm geralmente vida mais curta do que as restaurações implantossuportadas. Se um
dentista restaurador deseja confeccionar uma prótese retida por parafuso para resolver
complicações potenciais, um processo lógico consistente seria usar este tipo de restauração para as
próteses sobre dentes naturais, porque as estatísticas destacam uma incidência de complicações
mais alta. Uma prótese retida por parafuso pode ser confeccionada para os dentes naturais em
menos consultas e por um custo menor do que para os implantes. A maioria dos dentistas
restauradores decide escolher cimentar as restaurações suportadas pelos dentes, mas muitos ainda
se sentem obrigados a reter as restaurações implantossuportadas com parafuso. Planos de
tratamento que exigem que todas as próteses sejam recuperáveis por parafuso, mas continuam
usando o cimento permanente nos pilares naturais, são incompatíveis com a abordagem e devem
ser reavaliados. De fato, a necessidade de remover a prótese é normalmente justificada pela
necessidade de tratar de problemas que evoluíram do procedimento retido por parafuso. A
experiência clínica, o estudo em série de casos e os registros de implantes indicam índices de
complicação mais altos com as próteses fixas retidas por parafusos (Jemt T et al, 1991; Jemt T et al,
1992; Parein AM et al, 1997).
37
estética
melhor vedamento da interface prótese/pilar de conexão
melhor distribuição dos contatos oclusais
menor complexidade de confecção
menor custo
As próteses com cantilévers têm sido utilizadas com relativo sucesso nas reabilitações
protéticas e esse modelo tem ressurgido na implantodontia (Becker & Kaiser, 1995). Entretanto
devem ser utilizados com precaução (McAlarney & Stavropoulos, 1996), já que um grande
cantiléver em próteses sobre implantes pode gerar uma sobrecarga, possivelmente resultando em
perda óssea periimplantar e fracassos das mesmas (Kim et al, 2005).
Cantilévers longos, maiores de 15 mm, induzem mais fracassos quando comparados com os
menores de 15 mm (Shacketon et al, 1994). Os cantilévers curtos são mais favoráveis para o
sucesso das próteses protocolo mandibulares, particularmente quando são suportadas por um menor
número de implantes (Kim et al, 2005). Na maxila, cantilévers estendidos acima de 10-12 mm
também são considerados desfavoráveis (Rangert et al, 1989; Taylor et al, 2005). O fator mais
importante ao determinar o comprimento do cantiléver é a intensidade de força que o paciente é
capaz de aplicar sobre tal cantiléver.
Os cantilévers sobre dois implantes não devem ser utilizados quando os fatores da força são
moderados a severos. Ao invés disto, enxertos ou implantes adicionais, posicionados sem os
cantilévers, tipicamente reduzem as complicações. Quando utilizados, a oclusão sobre os pônticos
do cantiléver deve ser reduzida.
XIV. Parafunção
excessiva força lateral, com possível comprometimento da osseointegração (Kim et al, 2005).
Outras complicações relacionadas às parafunções, que promovem cargas potencialmente
destrutivas, incluem o desgaste dental, fratura de coroas e raízes, falhas na cimentação,
deslocamento ou fratura dos parafusos dos abutments, trincas e fraturas de porcelanas ou
superestruturas e traumatismos aos tecidos periimplantares (Gross, 2008).
Estética + _ +
Força de impacto _ + +
Carga estática +_ +_ +_
Eficiência + + _
Mastigatória
40
Fratura _ + _
Desgaste + + _
Espaço intermaxilar _ + _
Precisão _ + _
No Quadro 2 há definido quais princípios oclusais deve-se utilizar de acordo com específicas
situações clínicas, levando em consideração não apenas as próteses implantossuportadas ou
implantorretidas, como também a qualidade óssea.
42
Conclusão
A terapia dentária tem sido considerada como satisfatória quando expressa em resultados
como: conforto do paciente, satisfação e durabilidade da restauração protética. Dessa maneira, a
oclusão preconizada para as próteses sobre implantes, quer suportadas ou retidas, têm sido uma
ampla extensão da oclusão sobre dentes naturais ou para próteses totais convencionais, com
algumas pequenas modificações.
Contudo, como princípios básicos de Oclusão para Próteses sobre Implantes, pode-se dizer
que a procura pela diminuição das forças incidentes sobre as próteses confeccionadas, e
consequentemente, sobre implantes propriamente ditos e osso mandibular e/ou maxilar, pode
contribuir para o sucesso das reabilitações implantossuportadas ou retidas.
44
Referências Bibliográficas
Alderman MM: Disorders of the temporomandibular joint and related structures. In Burket
LW, editor: Oral Medicine, ed. 6, Philadelphia, 1971, JB Lippincott.
Babbush CA: ITI endosteal hollow cylinder implant systems, Den Clin North Am 30:133-
149, 1986.
Bataglion, César & Nunes, Luiz de Jesus – Ajuste Oclusal por Desgaste Seletivo –
Procedimentos Laboratoriais e Clínicos. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2009. 1p.
Becker CM, Kaiser DA: Implant-retained cantilever fixed prosthesis: where and when, J
Prosthet Dent, 84(4):432-5, 2000.
Belser UC, Hannam AG: The influence of working-side occlusal guindance on masticatory
muscles and related jaw movement, J Prosthet Dent 53:406-413, 1985.
Branemark P-I: Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw experience
from a 10-year period, Stockholm, 1997, Almquist and Wesell Internat.
Carlsson GE, Haraldson T: Functional response. In Branemark PI, Zarb GA, Albrektsson T,
editors: Tissue integrated prostheses: osseointegration in clinical dentistry, pp 155-163, Chicago,
1985, Quintessence.
Carr A, Laney WR: Maximum occlusal force levels in patients with osseointegrated oral
implant prostheses and patients with complete dentures, Int J Oral Maxillofac Impl 2:101-110,
1987.
Crock JG, Morisson WA: A vascularized periosteal flap: anatomical study , Microsurgery
Research Center St. Vincent’s Hospital, Ritzroy, Australia, BR J Plast Surg 45:474-478, 1992.
Deporter DA, Watson PA, Pilliar RM et al: A histological comparison in the dog of porous-
coated versus threaded dental implants in dogs, J Dent Res 5(8):1064-1070, 1986.
English CE: Biomechanical concerns with fixed partial dentures involving implants, Implant
Dent 2(4):221-242, 1993.
Falk J, Laurell L, Lundgren D: Occlusal interferences and cantilever joint estress in implant
supported prostheses occluding with complete dentures, Int J Oral Maxillofac Implant 5:70-77,
1990.
Garcia, Alicio Rosalino – Fundamentos teóricos e práticos da oclusão. São Paulo: CID
Editora, 2003. 183p.
Glossáry of Prosthetics Dentistry – The Journal of Prosthetics Dentistry, v.58, n.6, December,
1987.
Haider R, Watzek G, Plenk H Jr: Influences of drill cooling and bone structure on primary
implant fixation, Int J Oral Maxillofac Impl 8(1):83-91, 1993.
Haraldson T, Carlsson GE, Ingervall B.: Functional state, bite force and postural muscle
activity in patients with osseointegrated oral implant bridges, Acta Odontol Scand. 1979;37(4):195-
206, 1979.
Hillam DG: Stresses in the periodontal ligament, J Periodontol Res 8:51-56, 1973.
Howell AW, Manley RS: An electronic strain gauge for measuring oral forces, J Dent Res
27:705, 1948.
Jemt T et al: Osseointegrated implants for single tooth replacement: a 1-year report from a
multicenter propective study, Int J Oral Maxillofac Impl 6:29-35, 1991.
Jemt T, Linden B, Lekholm U: Failures and complications in 127 consecutively placed fixed
partial prostheses supported by Branemark implants: from prosthesis treatment to first annual
checkup, Int J Oral Maxillofac Impl 7(1):40-44, 1992.
46
Karagianes MT, Westerman RE: Development and evaluation of porous ceramic and titanium
alloy dental anchors implanted in miniature swine, J Biomed Mater Res Symp Part 2(5):391-399,
1974.
Kenneth S. Hebel, BSc, DDS, MS, a and Reena C. Gajjar, DDS b: Cement-retained versus
screw-retained implant restorations: Achieving optimal
Kim Y, Oh TJ, Misch CE, Wang HL: Occlusal considerations in implant therapy: clinical
guidelines with biomechanical rationale, Clin Oral Implant Res, 16(1):26-35, 2005.
Kirsch A, Mentag P: The IMZ endosseous two phase implant system: a complete oral
rehabilitation treatment concept, J Oral Implant 12:576-589, 1986.
Kirsch A: The two-phase implantation method using IMZ intramobile cylinder implant, J
Oral Implantol 11 (2):197-210, 1983.
Laurell L, Lundgren D., Chewing ability in patients restored with cross-arch fixed partial
dentures, J Prosthet Dent. 1985 Nov;54(5):720-5 , 1985.
Lekholm U, Zarb GA: Patient selection and preparation. In Branemark P-I, Zarb GA,
Albrektsson T, editors: Tissue-integrated prostheses, p 201, Chicago, 1985, Quintessence.
Libby G, Arcuri MR, Lavelle WE et al: Longevity of fixed partial dentures, J Prosthet Dent
78: 127-131, 1997.
Lobbezo F, Brouwers JEIG, Cune MS, Naeije M: Dental implants in patients with bruxing
habits, J Oral Rehabil, 33(2):152-9, 2006.
Madeira, M.C. – Anatomia da Face: bases anatômicas para a prática da odontologia. São
Paulo: Sarvier, 2000. 212p.
Mericske-Stern, R., Assal, P., Mericske, E. & Burgin, W. (1995). Occlusal force and oral
tactile sensibility measured in partially edentulous patients with ITI implants. International Journal
of Oral & Maxillofacial Implants 10:345–353.
Misch CE, Implantes dentários contemporâneos. São Paulo: Editora Santos, 2ª reimpressão,
2006, 695p.
47
Misch CE: Density of bone: effect on treatment plan, surgical approach, healing, and
progressive bone loading, Int J Oral Implant 6:23-31, 1990.
Misch CE: Oclusal considerations for implant-supported prostheses. In Misch CE, editor:
Contemporary implant dentistry, pp 705-733, St Louis, 1993, Mosby.
Misch LS, Misch CE: Denture satisfaction: a patient’s perspective, Int J Oral Implant 7:43-
48, 1991.
Muhlemann HR, Savdirl S, Rakeitshak KH: Tooth mobility: its cause and significance, J
Periodontol 36:148-153, 1965.
Muhlemann HR: Tooth mobility: a review of clinical aspects and research findings, J
Periodontol 38:686, 1967.
O’Roark WL: Improving implant survival rates by using a new method of at risk analysis, Int
J Oral Implant 8:31-57, 1991.
Orenstein IH, Synan WJ, Truhlar RS et al: Bone quality in patients receiving endosseous
dental implants: DICRG, Interim report No. 1, Implant Dent 3 (2):90-94, 1994.
Parein AM, Eckert SE, Wollan PC et al: Implant reconstruction in the posterior mandible: a
long term retrospective study, J Prosthet Dent 78:35-42, 1997.
Parfitt GS: Measurement of the physiologic mobility of individual teeth in an axial direction,
J Dent Res 39:68, 1960.
Pilliar RM, Deporter DA, Watson PA et al: Dental implant design-effect on bone remodeling,
J Biomed Mater Res 25:467-483, 1991.
Rangert B, Jemt T, Jorneus L: Force and Momentos on Branemark Implants, Int J Maxillofac
Implants, 4:241-47, 1989.
Rangert B, Krogh PHJ, Larger B, Van Roekel N: Bending overload and implant fracture: a
retrospective clinical analysis, Int J Oral Maxillofac Implants, 10(3):326-34, 1995.
Rhinelander FW: The normal circulation of bone and its response to surgical intervention, J
Biomat Mater Res 8:87-90, 1974.
Rilo B, da Silva JL, Mora MJ, Santana U: Guidelines for occlusion strategy in implant-borne
prostheses. A review. Int Dent J, 58(3):139-45, 2008.
Roberts EW, Turley PK, Brezniak N et al: Bone physiology and metabolism, J Calif Dent
Assoc 15:54-61, 1987
Roberts WE: Fundamental principles of bone physiology, metabolism and loading. In Naert I,
van Steenberghe D, Worthington P, editors: Osseointegrations in oral rehabilitation, pp 157-170,
Carol Stream IL, 1993, Quintessence.
Schroeder A, Van der Zypen E, Stich H et al: The reaction of bone, connective tissue and
epithelium to endosteal implants with titanium sprayed surfaces, J Maxillofac Surg 9:15-25, 1981.
Schulte W: Implants and the periodontium. International Dental Journal 45: 16–26, 1995
Sekine H., Komiyama Y., Hotta H. & Yoshida K (1986). Mobility characteristics and tactile
sensitivity of ossointegrated fixture-supporting systems. In: van Steenberghe, D., eds. Tissue
integration in oral maxillofacial reconstruction, 326–332. Amsterdam: Excerpta Medica.
Shackleton JL, Carr L, Slabbert JC, Becker PJ: Survival of fixed implant-supported
prostheses related to cantilever lengths, J Prosthet Dent, 71(1):23-6, 1994.
49
Taylor TD, Wiens J, Carr A: Evidence-based considerations for removable prosthodontic and
dental implant occlusion: a literature review, J Prosthet Dent, 94(6):555-560, 2005.
Truhlar RS, Morris HF, Ochi S et al: Second stage failures related to bone quality in patients
receiving endosseous dental implants DICRG, Interim report, Implant Dent 3(4):252-255, 1994.
Vaughan JM: The physiology of bone, pp 16-17, Oxford, UK, 1970, Clarendon Press.
Walton, JN, Gardner FM, Agar JR: A survey of crown and fixed partial dentures: length of
service and reasons for replacement, J Prosthet Dent 56 (4):416-421, 1986.
Zarb, G.A. & Schmitt, A. (1990) The longitudinal clinical effectiveness of osseointegrated
dental implants: the Toronto study. Part III: problems and complications encountered. Journal of
Prosthetic Dentistry 64: 185–194.