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Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


Criada pelo Decreto Executivo nº 44-A/01 de julho de 2001

Faculdade de Ciências da Saúde

ORTODONTIA I

BIOMECÂNICA NO MOVIMENTO DENTÁRIO

Grupo nº: 11

Turno: Diurno

Ano: 3º

Curso: Medicina Dentária

Docente: Dra. R. Dumba

Viana, Dezembro de 2022

i
Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


Criada pelo Decreto Executivo nº 44-A/01 de julho de 2001

Faculdade de Ciências da Saúde

ORTODONTIA I

BIOMECÂNICA NO MOVIMENTO DENTÁRIO

Autores:

1- Angélica Diogo
2- Celcia Cunha
3- Chelcia Neto
4- Conceição Vemba
5- Claudiana Gonçalves
6- Dusilvia Cosme
7- Juliana Tekadiomona
8- Rodrigo Milagre
9- Telma António
10- Vivalda Pedro
11- Voca Luís
12- Zurema Sawuanuque

Viana, Dezembro de 2022

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo “Compreender o Processo de Ocorrência do


Movimento Dentário Ortodôntico”, onde constatou-se que o movimento dentário ortodôntico é um
fenómeno biológico induzido por diferentes estímulos mecânicos. A biomecânica é a ciência
responsável pelo estudo das forças que atuam sobre as estruturas biológicas, quer sejam as
estruturas dentária ou não. O movimento dentário induzido pelo aparelho ortodôntico, é baseado
no princípio de que a força que é exercida no dente desencadeia uma série de reações biológicas
nos tecidos ao redor dele, levando-o ao movimento ortodôntico. A movimentação dentária envolve
uma cascata de acontecimentos sequenciais e essenciais para que o movimento ortodôntico ocorra,
por isso, muitos autores procuraram explicar esse movimento por meio de teorias, bem como pelo
estudo das diferentes forças que ocorrem ao nível do eixo do dente, bem como da arcada me que o
mesmo se localiza.

Palavras-Chave: movimento dentário; aparelho ortodôntico; biomecânica; teorias; forças.

iii
ABSTRACT

The present work aims to “Understand the Process of Occurrence of Orthodontic Tooth
Movement”, where it was found that orthodontic tooth movement is a biological phenomenon
induced by different mechanical stimuli. Biomechanics is the science responsible for studying the
forces that act on biological structures, whether dental structures or not. Dental movement induced
by orthodontic appliances is based on the principle that the force exerted on the tooth triggers a
series of biological reactions in the surrounding tissues, leading to orthodontic movement. Tooth
movement involves a cascade of sequential and essential events for orthodontic movement to occur,
so many authors have sought to explain this movement through theories, as well as by studying the
different forces that occur at the level of the tooth axis, as well as from the arcade where it is
located.

Keywords: tooth movement; orthodontic appliance; biomechanics; theories; forces.

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ÍNDICE

RESUMO........................................................................................................................................ iii

ABSTRACT ................................................................................................................................... iv

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1

OBJECTIVOS ................................................................................................................................. 2

CAPÍTULO I- FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA .................................................. 3

1.1. MOVIMENTO DENTAL FISIOLÓGICO....................................................................... 4

1.2. MOVIMENTO DENTAL ORTODÔNTICO ................................................................... 4

1.3. FORÇAS QUE ATUAM NA CAVIDADE ORAL.......................................................... 6

1.3.1. Forças Oclusais .......................................................................................................... 6

1.3.2. Forças Não Oclusais .................................................................................................. 6

1.4. TIPOS DE FORÇAS ORTODÔNTICAS ........................................................................ 7

1.5. TEORIAS DO MOVIMENTO DENTÁRIO ORTODÔNTICO ...................................... 8

1.5.1. Teoria da Deflexão Óssea .......................................................................................... 9

1.5.2. Teoria da Bioeletricidade........................................................................................... 9

1.5.3. Teoria da Pressão-Tensão. ......................................................................................... 9

1.6. TIPOS DE MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA EM ORTODONTIA ............................. 10

CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 13

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 14

ANEXOS ....................................................................................................................................... 15

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vi
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema: “Biomecânica no Movimento Dentário”. por definição,
biomecânica é a ciência que estuda as forças que atuam sobre as estruturas biológicas (também
órteses e próteses) e os efeitos produzidos por essas forças com finalidades variadas: reabilitação,
deporto, robótica. Na Odontologia, a Biomecânica participa em áreas como: implante, prótese,
ortodontia, oclusão, entre outros.

Por outra, o Sistema Estomatognático é a unidade anatomo-funcional do organismo,


composto por estruturas da face, cabeça e pescoço, que trabalham em conjunto na realização de
várias funções como a mastigação, deglutição, fonação, respiração, comunicação, mímica, etc.

Neste trabalho, procuramos esclarecer e evidenciar a necessidade de reconhecer os


diferentes e complexos fenómenos que ocorrem durante o movimento dentário, pois o
conhecimento da Biomecânica permite melhorar a eficiência dos tratamentos ortodônticos.

De salientar que, para o desenvolvimento deste trabalho, aplicamos a Técnica de Pesquisa


Científica Documental, através de livros e artigos da Internet sobre Biomecânica e o movimento
dentário.

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OBJECTIVOS

GERAL:

➢ Compreender o Processo de Ocorrência do Movimento Dentário Ortodôntico.

ESPECÍFICOS:

➢ Explicar o Processo de Biomecânica ou Movimento Dentário;


➢ Descrever as Fases da Movimentação Dentária;
➢ Identificar os Factores que Influenciam a Movimentação Dentária.

2
CAPÍTULO I- FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

3
1.1. MOVIMENTO DENTAL FISIOLÓGICO

O movimento dentário fisiológico é um processo lento caracterizado pelo deslocamento do


dente para manter a sua posição funcional, sendo um movimento dentário de carácter espontâneo
que ocorre em fases evolutivas de crescimento específicas, como resposta a certas diretrizes
sistémicas relacionadas com a maturação do indivíduo (COLLAZO, 2018 apud Krishnan e
Davidovich, 2006; Saturno, 2007).

Basicamente, o Movimento Dental é um processo que ocorre durante toda a vida, ao


contrário dos movimentos dentários induzidos. O osso alveolar, sendo um tecido vivo, é submetido
a processos de reorganização procedentes de diferentes tipos de força e subsequente movimento
dentário. Entre os factores que movimentam espontaneamente os dentes destacam-se: o desgaste
das cúspides, a perda de dentes adjacentes ou antagonistas, desgastes dos pontos de contato e
prematuridades ou interferências oclusais (COLLAZO, 2018 apud Saturno, 2007).

A erupção dentária envolve uma série de cascatas de eventos de sinalização parácrina entre
as células epiteliais do órgão do esmalte e as células ectomesenquimais do folículo pericoronário.
Estes processos provocam reabsorção óssea alveolar seletiva na região coronal e formação de osso
na região apical do dente, sendo considerados centrais no processo de erupção dentária
(COLLAZO, 2018 apud Nel, et al., 2015).

1.2. MOVIMENTO DENTAL ORTODÔNTICO

O movimento gerado por uma força ortodôntica é o produto da atividade celular que ocorre
tanto ao nível do osso alveolar, com reabsorção do lado de pressão e aposição do lado de tensão,
como ao nível do tecido conjuntivo, com remodelação e reparação do ligamento periodontal. Ao
contrário do movimento dentário fisiológico, este movimento pode acontecer a um ritmo lento ou
rápido dependendo das características físicas da força aplicada e da resposta das estruturas
biológicas envolvidas (COLLAZO, 2018 apud Maló, Cabrita e Rafael, 2014).

O movimento dentário ortodôntico (MDO) é um processo de modelação óssea que é induzia


mecanicamente, onde o osso formado no lado da tensão é reabsorvido no lado da compressão do

4
ligamento periodontal (LP). Verifica-se que, quando as forças são aplicadas, podemos observar as
três fases da movimentação dentária (BOSIO & LIU, 2010), onde:

- Na primeira fase (Tensão), o ligamento periodontal é comprimido (em menos de 5


segundos;

- Na segunda fase (Latência), o movimento dentário sofre uma pausa devido a hialinização
que ocorre no ligamento periodontal (podendo durar de 7-14 dias);

- E, na terceira fase (Movimento), o dente se move com facilidade, provocando um


processo de reabsorção que debilita intensamente o osso alveolar adjacente.

Com base nas fases citadas anteriormente, podemos supor que, se a segunda fase
(Hialinização no Ligamento Periodontal) puder ser evitada ou minimizada, o dente poderá mover-
se com maior suavidade e rapidez. Do ponto de vista clínico, a aplicação de forças possui
características de magnitude, frequência e duração. Por isso, sempre que são aplicadas forças leves,
parece que a segunda fase não está presente e o dente se move com muito menos trauma (sem
hialinização) através do osso alveolar, o que seria, sem dúvida, o ideal. O problema da aplicação
de forças pesadas reside no fato de que, embora o dente se mova através do osso alveolar, a
superfície da raiz do dente sofre reabsorção devido à longa duração de contato com o alvéolo.
Clinicamente, forças mais leves são consideradas as mais adequadas. Mas, entretanto, a
hialinização em si não pode ser totalmente evitada, devido às superfícies irregulares da raiz e da
parede do alvéolo (BOSIO & LIU, 2010).

No que toca à frequência de aplicação de forças (que raramente é estudada), todos os


aparelhos ortodônticos atualmente disponíveis aplicam apenas forças estáticas. Portanto, pode-se
supor que, caso seja aplicada uma força leve e alternada nos dentes, o movimento destes será mais
rápido e os riscos de reabsorção radicular serão reduzidos, devido à possível ausência de retardo
na hialinização (BOSIO & LIU, 2010).

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1.3. FORÇAS QUE ATUAM NA CAVIDADE ORAL

1.3.1. Forças Oclusais

Oclusão é um substantivo feminino da língua portuguesa e significa fechamento,


obliteração. Na odontologia, a oclusão se refere à relação dos dentes superiores com os inferiores
após o fechamento da mandíbula (MEIRA, 2021).

Chamamos de forças oclusais aquelas geradas pelo contato entre dentes superiores e
inferiores, resultantes tanto do fechamento, quanto da sua protrusão e lateralidade da mandíbula.
Na protrusão, os dentes que guiam o movimento mandibular são os incisivos. Os demais dentes
ficam livres de contatos oclusais. É o que chamamos de guia incisivo.

Na lateralidade, quando deslocamos a mandíbula para a esquerda, os dentes que devem


guiar o movimento mandibular são os caninos esquerdos. Os demais dentes devem ficar livres de
contatos oclusais. É o que chamamos de guia canino. Nesse deslocamento da mandíbula para o
lado esquerdo, o lado esquerdo é chamado lado de trabalho e o direito, lado de balanceio. Em uma
oclusão equilibrada todos os dentes entram em contato quando estão em máxima intercuspidação.
As forças que incidem sobre os dentes são transmitidas aos ossos por meio do ligamento
periodontal (MEIRA, 2021).

A princípio, em uma oclusão equilibrada, as forças oclusais que incidem sobre os dentes
posteriores geram resultante predominantemente axial, ou seja, paralela ao longo eixo dos dentes,
e que tende a intruir o dente no alvéolo. Já nos dentes anteriores, os vetores resultantes são
predominantemente não axiais, que tenderia a inclinar o dente para a vestibular. Entretanto, isso
normalmente não acontece, porque, além das forças oclusais existem outras forças que atuam sobre
os dentes para mantê-los estáveis (MEIRA, 2021).

1.3.2. Forças Não Oclusais

As atividades de mastigação, deglutição e respiração promovem forças capazes de alterar


o posicionamento dos dentes. A maior parte destas forças provém da contração dos músculos da
mastigação. A frequência da contração muscular é importante para determinar o seu efeito,
contrações musculares constantes geram efeitos mais importantes do que as contrações transitórias.
6
Os músculos da língua, lábio e mento também impõem forças contra dente e ossos durante a
postura, deglutição, fala, mastigação e respiração. O aspeto postural da língua, por ser uma
característica constante, é considerado fator importante para o equilíbrio da oclusão (MEIRA,
2021).

Existem outros exemplos de forças não oclusais que podem ser determinantes para o
equilíbrio ou desequilíbrio da oclusão. Vou citar três deles: contatos proximais, forças ortodônticas
e ortopédicas e forças geradas por instrumentos de sopro. Os contatos proximais são os contatos
que se estabelecem entre dentes adjacentes. O contato proximal é importante não apenas para
estabilidade dos dentes, como também para evitar que alimentos fibrosos fiquem retidos entre os
dentes, especialmente na região posterior.

1.4. TIPOS DE FORÇAS ORTODÔNTICAS

Costuma-se definir força pelos efeitos que ela produz. Força é toda causa (ou agente) capaz
de provocar uma modificação na forma ou no movimento de um corpo. A força é uma grandeza
vetorial, pois é a carga aplicada a um objeto que tenderá a move-lo a uma posição diferente no
espaço. É a aplicação de uma força que dá como resultado o movimento ortodôntico dos dentes.
Uma força é igual a massa multiplicada pela aceleração de gravidade (F = m × a). A força é um
vetor, pois assume as propriedades dos vetores, possuindo: intensidade, direção, sentido e ponto de
aplicação. A linha de ação (força direcional) é geralmente representada por uma flecha apontando
a direção na qual a força atua (STUANI, n.d.).

Alguns exemplos de forças ortodônticas, são:

- Força Contínua: é mantida em um nível razoavelmente constante de uma sessão para a


outra;

- Força Intermitente: diminui para zero quando o aparelho é removido e adquire o valor
inicial quando o aparelho é recolocado. Esta força normalmente é produzida por aparelhos
ortodônticos removíveis, forças extra-orais e elásticos intra-orais.

- Força Interrompida: é aquela que diminui até zero entre as ativações.

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Independentemente do tipo de bráquete ou marca do aparelho ortodôntico, a biologia do
movimento dentário ainda é a mesma. Sendo que, para o dente se movimentar é necessário que
uma força seja aplicada sobre ele.

Em Ortodontia, o Centro de Resistência (CR) é definido como o ponto através do qual a


força aplicada a este ponto, produza um movimento paralelo em todos os pontos do dente, ou seja,
um movimento de translação (movimento de corpo). Os dentes isolados, as unidades dentárias, os
arcos dentais completos e os maxilares possuem cada um seu próprio centro de resistência
(STUANI, n.d.).

Se pudéssemos aplicar uma força sobre o centro de resistência de um dente, este se


moveria em linha reta sem tendência à rotação, mas vemos que, não é possível que a força seja
exercida exatamente no centro de resistência, pois ele encontra-se na raiz do dente e é recoberto de
osso alveolar. Então, como não é possível exercer uma força diretamente sobre o centro do dente,
a força geralmente é exercida na coroa dentária, criando neste dente uma tendência de rotação. Os
bráquetes são de grande importância para as forças ortodônticas, pois é exatamente por meio deles
que os dentes são bem presos. Assim, a força pode ser transmitida ao dente, podendo ocorrer o
movimento (BUENO, 2019).

1.5. TEORIAS DO MOVIMENTO DENTÁRIO ORTODÔNTICO

A força ortodôntica aplicada na estrutura dentária resulta em movimento dentário por


deposição e reabsorção do osso alveolar chamado de remodelação. Essa força é convertida em
atividade biológica, embora essa atividade não seja totalmente compreendida, mas três (3) teorias
possíveis de movimento dentário são defendidas (Union-Dental Solutions, 2019). Estas teorias são:

❖ Teoria da Deflexão Óssea;

❖ Teoria da Bioeletricidade;

❖ Teoria da Pressão-Tensão.

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1.5.1. Teoria da Deflexão Óssea

Na perspectiva de Farrar (1888), quando uma força ortodôntica é aplicada ao dente, é


transmitido para todos os tecidos próximos à área de aplicação de força. Estas forças causam
deflexão do osso, do dente e das estruturas sólidas do ligamento periodontal. Como o osso é mais
elástico do que as outras estruturas, ele se deflete sem esforço e o processo de movimentação
dentária é acelerado. Este ponto também explica o rápido movimento dentário que ocorre no local
da extração e em pacientes pediátricos, onde o osso não é muito calcificado e é mais deflexível
(Union-Dental Solutions, 2019).

1.5.2. Teoria da Bioeletricidade

Esta teoria baseia-se no fato de que mudanças no metabolismo ósseo resultam de sinais
elétricos que ocorrem quando o osso alveolar se deforma. Observa-se a formação de carga elétrica,
quando a estrutura cristalina óssea é deformada e os elétrons migram de um local para outro.
Quando a força é removida, a estrutura cristalina óssea retorna à sua forma original e um fluxo
inverso de elétrons é detetado. As regiões de pressão tendem a se tornar convexas (cargas positivas)
e nelas existe uma elevada atividade osteoclástica, onde ocorre reabsorção. Regiões submetidas à
tensão tendem a ser côncavas (cargas negativas) favorecendo a atividade osteoblástica com a
subsequente deposição óssea. A deformação induzida mecanicamente de cristais de colágeno
produz um potencial gerado pelo stresse. (COLLAZO, 2018 apud Bumann e Frazier, 2017;
Krishnan e Davidovitch, 2006).

1.5.3. Teoria da Pressão-Tensão.

A Teoria de Pressão (reabsorção) e Tensão (aposição) defende que, para que exista
remodelação óssea, é necessário que os mensageiros químicos detetem uma compressão mecânica
dos tecidos, assim como mudanças no fluxo sanguíneo. São consideradas duas áreas de
remodelação óssea: (1) a que sofre pressão onde a atividade osteoclástica se realiza, ocorrendo
reabsorção óssea; (2) e outra área oposta à primeira, onde ocorre uma força de tensão com
atividade osteoblástica, ocorrendo aposição óssea. Quando uma força prolongada é exercida sobre
um dente, este muda de posição dentro do espaço do ligamento periodontal levando à libertação de

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citoquinas, prostaglandinas e outros mensageiros químicos, que estimulam a diferenciação celular
e a sua atividade (COLLAZO, 2018 apud Krishnan Davidovitch, 2006).

Numa outra perspectiva, esta teoria defende que o dente se move no espaço periodontal
criando um lado de pressão e tensão, juntamente com a alteração do fluxo sanguíneo no ligamento
periodontal. Essa alteração resulta em menores níveis de oxigénio no lado da pressão devido à
compressão do ligamento periodontal e vice-versa. A baixa tensão de oxigénio causa diminuição
da atividade da adenosina trifosfato (ATP). Essas mudanças podem direta ou indiretamente agir na
atividade e diferenciação celular (Union-Dental Solutions, 2019).

1.6. TIPOS DE MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA EM ORTODONTIA

Todo movimento dentário induzido pela ortodontia, baseia-se no princípio de que a força que
e exercida no dente desencadeia reações biológicas nos tecidos ao redor dele, levando-o assim ao
movimento ortodôntico. Vale ressaltar que, a movimentação dentária envolve uma cascata de
acontecimentos sequenciais e necessários para que o movimento ortodôntico ocorra, com reações
químicas e diferenciações celulares, por exemplo.

O que pouca gente sabe é que cada movimento tem uma direção e um nome específico, que
depende do efeito que a força ortodôntica causa e o direcionamento do elemento dentário). Abaixo,
veremos alguns dos movimentos possibilitados pela Ortodontia (SOMERS, 2021; BUENO, 2019):

1. Inclinação da Coroa: é a inclinação da coroa de um dente sem mover o ápice da raiz.

2. Inclinação da Raiz: é a inclinação da raiz dos dentes sem mover o ápice da coroa.

3. Torque: é um movimento radicular (da raiz) do dente, no sentido vestíbulo-lingual. Por


exemplo, como ocorre com os aparelhos fixos quando são utilizados fios de secção
retangular dentro dos slots dos bráquetes. A definição de torque evolui a partir de
equipamentos fixos e, apesar de não haver nenhum fio e braquete, o conceito permanece
mesmo com alinhadores transparentes. É a força de torção que tradicionalmente é
necessária para ajustar a inclinação de uma coroa.

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4. Rotação: consiste em virar um dente sobre o seu eixo longo. É obtido através de um binário
de forças (forças de igual magnitude aplicadas em direções opostas) e, graças às leis de
Newton, o momento para a correção da posição do dente pode ser acentuado, com maior
capacidade de alcançar o sucesso da correção dentária.

5. Verticalização: neste prevalece o movimento radicular em relação ao movimento


coronário (coroa do dente). Este ocorre especificamente no sentido mésio-distal e é um dos
movimentos mais comuns quando o paciente está na fase de alinhamento dos dentes.

6. Translação: é o movimento dentário ao longo do plano oclusal sem alterar a orientação do


eixo longo. Ocorre o movimento coronário e radicular com igual magnitude e no mesmo
sentido de aplicação de força. É como se no momento em que ocorre este movimento, o
dente conseguisse se movimentar como um todo, sem inclinações coronárias ou radiculares.
Isso ocorre graças ao momento de forças criado dentro do slot do bráquete, que anularia o
movimento de inclinação que uma força aplicada distante do centro de resistência causaria.

7. Intrusão: é movimentar o dente para dentro das estruturas de braquetes. Ocorre no sentido
da linha de erupção dentária, com diferenças biológicas importantes ocorrendo próximo ao
ápice radicular. A força neste tipo de movimento deve também ser aplicada de forma
cuidadosa, por exemplo, nos aparelhos fixos e removíveis.

8. Extrusão: é o movimento dentário para fora das estruturas da braquete. Este movimento
ocorre também no sentido da linha de erupção dentária, próximo ao ápice radicular. A força
deve ser aplicada de forma cuidadosa, por exemplo, nos aparelhos fixos e removíveis.

9. Distalização: é mover um dente para fora do plano sagital mediano da face, seguindo a
curvatura da arcada dentária, geralmente com translação.

10. Mesialização: é mover um dente mais perto da linha mediana ou para a parte mais anterior
da arcada dentário.

11. Expansão: é o aumento terapêutico da circunferência da arcada dentária através do


movimento bucal ou labial dos dentes.

12. Vestibularização: ocorre quando os dentes anteriores estão sendo inclinados ara a frente.

11
É importante salientar que, durante algumas fases do tratamento ortodôntico, muitos dos
movimentos acontecem de forma simultânea, ou seja, ao mesmo tempo. Este feito acontece
justamente porque o tratamento é dinâmico e altera com frequência (BUENO, 2019). Devido a
variações entre dentes, alguns são propícios a determinados tipos de movimentos ortodônticos com
alinhadores transparentes.

Os alinhadores transparentes são particularmente adequados para movimentos faciais ou


linguais. Estes superam as expectativas quando existe uma ampla superfície par aplicar força e
superfícies retentivas adjacentes onde de ancorar (SOMERS, 2021). Na categoria dos movimentos,
podemos dividir em movimentos básicos (movimentos faciais ou linguais), movimentos
moderados (movimentos distais/mesiais, rotações, torque) e movimentos desafiadores (extrusões e
intrusões).

12
CONCLUSÃO

Contudo, vimos que o Movimento Dental é um processo que ocorre durante toda a vida, ao
contrário dos movimentos dentários induzidos. O osso alveolar é submetido a processos de
reorganização procedentes de diferentes tipos de força e subsequente movimento dentário

Todo movimento dentário induzido pela ortodontia, baseia-se no princípio de que a força
que e exercida no dente desencadeia reações biológicas nos tecidos ao redor dele, levando-o assim
ao movimento ortodôntico. De modo geral, vimos que os fatores que geralmente interferem no
movimento dentário, são: o meio anatómico, a magnitude de aplicação de forças, a duração com
qua as forças são aplicadas, a forma como aplicamos a força, a direção em que a força é aplicada,
bem como a idade do paciente.

Um outro ponto destacado foi a existência de três teorias que procuram explicar como o
movimento dentário ocorre e quais os processos responsáveis pelos mesmos, nomeadamente:
Teoria da Deflexão Óssea, Teoria da Bioeletricidade e Teoria da Pressão-Tensão. Com base nestas
teorias conseguimos compreender como as estruturas dentárias também participavam de forma
indispensável na ocorrência da movimentação dentária.

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BIBLIOGRAFIA

BOSIO, Jose A. & LIU, Dawei (2010). Movimentação Dentária mais Rápida, Melhor e Indolor:
Será Possível? Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 03 de dez. de 2022 às 18:48 min.

BUENO, George (2019). Entenda sobre os Centros de Força na Ortodontia: Resistência e


Rotação. Blog Dental Cremer. Disponível em: www.blog.dentalcremer.com.br. Acesso em: 03 de
dez. de 2022 às 19:46 min.

BUENO, George (2019). A Movimentação Dentária e a Ortodontia. Blog Dental Cremer.


Disponível em: www.blog.dentalcremer.com.br. Acesso em: 04 de dez. de 2022 às 12:24 min.

COLLAZO, Araceli González (2018). Biologia do Movimento Dentário em Ortodontia.


Dissertação de Mestrado, Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal.

MEIRA, Josete (2021). Princípios de Biomecânica. Departamento de Biomateriais e Biologia Oral,


Universidade de São Paulo.

SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com. Acesso em: 06 de dez. de 2022 às 20:21 min.

STUANI, Maria Bernadete Sasso (n.d.). Princípios de Biomecânica em Ortodontia- Parte 3.


Disciplina de Ortodontia Preventiva.

Teorias do Movimento Dentário Ortodôntico (2019). UNION- Dental Solutions. Disponível em:
www.u3ddental.com. Acesso em: 03 de dez. de 2022 às 20:16 min.

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ANEXOS

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Figura 1- Inclinação da Coroa.

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com.

Figura 2- Inclinação da Raiz.

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com.

16
Figura 3- Torque.

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com.

Figura 4- Rotação.

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com.

Figura 5- Translação.

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com.
17
Figura 6- Intrusão (1) e Extrusão (2).

(1) (2)

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com.

Figura 7- Distalização (1) e Mesialização (2).

(1) (2)

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com.

18
Figura 8- Expansão (1) e Vestibularização (2)

(1) (2)

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com.

Figura 9- Teoria da Deflexão óssea.

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com

19
Figura 10- Teoria da Pressão-Tensão.

Fonte: SOMERS, Jamie L. (2021). Movimentos Dentários. Clearcorrect. Disponível em:


www.support.clearcorrect.com
.

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