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CENTRO UNIVERSITARIO DO NORTE

CURSO DE ODONTOLOGIA

CARLEN TAIANE DE SOUZA CALDEIRA


EVALDO FERREIRA JUNIOR
MILENA DE SÁ FREIRE
REBECA DA SILVA LIRA
RENATO CONDE TELES NETO
SARAH HELENA DOS SANTOS OLIVEIRA

PRINCÍPIOS DA MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA

MANAUS
2023
CARLEN TAIANE DE SOUZA CALDEIRA
EVALDO FERREIRA JUNIOR
MILENA DE SÁ FREIRE
REBECA DA SILVA LIRA
RENATO CONDE TELES NETO
SARAH HELENA DOS SANTOS OLIVEIRA

PRINCÍPIOS DA MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA

Trabalho apresentado como parte dos requisitos


para a AV2 da disciplina de Ortodontia do curso
de Odontologia.
Matrículas: 03043819; 03243454; 03243501;
03324443; 03248042; 03247802.
Turma: UNN0370108NMA
Professor: Marcelo de Oliveira dos Reis

MANAUS
2023
MOVIMENTAÇÃO FISIOLÓGICA E INDUZIDA

O movimento dentário fisiológico é um processo lento que é caracterizado pelo deslocamento


do dente para manter a sua posição funcional (Krishnan e Davidovitch, 2006), sendo um tipo
de movimento dentário espontâneo que ocorre em específicas fases evolutivas do crescimento,
em resposta a diretrizes sistémicas relacionadas com a maturação do indivíduo (Silva, 2007).
A movimentação fisiológica, ou espontânea, é um processo que ocorre durante toda a vida, ao
contrário dos movimentos dentários induzidos. O osso alveolar, sendo um tecido vivo, é
submetido a processos de reorganização procedentes de diferentes tipos de força e subsequente
movimento dentário. Entre os fatores que movimentam espontaneamente os dentes destacam-
se: o desgaste das cúspides, a perda de dentes adjacentes ou antagonistas, desgastes dos pontos
de contato e prematuridades ou interferências oclusais (Saturno, 2007).
A biologia da movimentação dentária induzida compreende o conjunto de fenômenos celulares,
bioquímicos e moleculares que ocorrem nas estruturas do ligamento periodontal e do osso
alveolar durante o tratamento ortodôntico. O movimento dentário realizado por forças
mecânicas. constitui um recurso clínico do qual a Ortodontia lança mão para proporcionar aos
pacientes oclusão e estética aceitáveis. Por essa razão, torna-se imprescindível o conhecimento
global desses eventos, fornecendo, assim, fundamentos biológicos para a compreensão das
respostas clínicas frente à mecanoterapia empregada.

MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA ORTODÔNTICA

A aplicação de uma força sobre o elemento dental pode estimular o processo de reabsorção
óssea alveolar, através da criação de áreas de pressão no ligamento periodontal e da instalação
de um quadro inflamatório no local. Nesse sentido, a movimentação dentária ortodôntica
(OTM) ocorre quando uma força externa é aplicada a um dente. O efeito direto de tal força é
uma deformação ou tensão, às vezes diminuta, no dente e nos tecidos circundantes, no
ligamento periodontal (LPD) e no osso alveolar. As células dentro desses tecidos detectam a
cepa e respondem à deformação da matriz extracelular (MEC) ou à sua própria deformação pela
síntese e secreção de vários mediadores, como citocinas e fatores de crescimento. Em última
análise, isto leva à reabsorção óssea na parte frontal do dente em movimento e à deposição
óssea na parte posterior, bem como à remodelação do ligamento periodontal.
TIPOS DE MOVIMENTO

Inclinação descontrolada
Inclinação descontrolada é o tipo de movimento dental mais facilmente obtido pelo profissional.
Também pode ser denominado de movimento pendular e origina-se do somatório da ação de
uma força simples aplicada distante do centro de resistência do dente e da tendência rotacional
resultante dessa força (momento de rotação gerado frente à aplicação de uma força passando
distante do centro de resistência do dente). Desse modo, quando uma força única é aplicada no
dente no nível do braquete, um movimento de inclinação descontrolada irá ocorrer, provocando
um movimento da coroa em uma determinada direção e do ápice dentário na direção oposta.
Nesse tipo de movimento dentário, o centro de rotação do dente, que constitui o ponto em que
nenhuma pressão é exercida através do ligamento periodontal nas células e nos tecidos ósseos
adjacentes, encontra-se ligeiramente deslocado para apical em relação ao seu centro de
resistência.
Inclinação controlada
Na inclinação controlada, o ortodontista move todo o dente, mantendo o ápice radicular imóvel.
Portanto, o centro de rotação do movimento dental coincide com o final da raiz. É o tipo de
movimento necessário quando a coroa está mal posicionada, mas o mesmo não ocorre com a
região apical. Nesse tipo de movimento, como o ápice radicular permanece praticamente
estático, a única área de compressão do ligamento periodontal fica situada próxima à crista
óssea alveolar, na região onde a raiz dentária é comprimida contra o tecido ósseo.
Translação
O movimento de translação, por definição, é a progressão simultânea da coroa e do ápice
radicular na mesma direçã013. Desse modo, a translação ou o movimento de corpo é aquele
deslocamento em que o dente não sofre alteração em seu longo eixo. Na translação, o centro de
rotação do dente está no infinito, pois os prolongamentos do longo eixo do dente, antes e depois
do movimento, são coincidentes ou paralelos. Serão coincidentes quando o dente se mover no
sentido de intrusão ou extrusão e serão paralelos nos deslocamentos horizontais e oblíquos.
Movimentação de rotação radicular
Segundo Cotrim-Ferreira (2001), esse é o movimento de eleição para promover a mudança do
longo eixo do dente, sem alterar a posição da borda incisal. O centro de rotação estará, portanto,
na porção mais oclusal da coroa do dente (Figura 7). Esse tipo de movimento também pode ser
denominado de movimento radicular ou verticalização radicular
Rotação
A rotação pura de um dente sem translação pode ser realizada através da aplicação de duas
forças de mesma magnitude e opostas, que não estejam agindo ao longo de uma mesma linha
de ação. Dessa forma, duas forças não colineares, iguais e opostas, recebem a denominação de
um binário (também denominado momento puro). As duas forças apresentam o efeito de
cancelar a tendência do centro de resistência do dente em se mover, ao mesmo tempo em que
os momentos criados não cancelam um ao outro, ocorrendo uma rotação ao redor do centro de
gravidade ou massa desse dente.

TIPOS DE FORÇA

Teoricamente, deveria ser possível movimentar os dentes sem qualquer dano aos tecidos,
utilizando-se força leve equivalente à fisiológica. Nessas circunstâncias, no lado de pressão,
haverá diferenciação de células precursoras em osteoclastos, os quais poderão ser vistos nas
lacunas de Howship absorvendo osso da parede do alvéolo. Ao mesmo tempo, ocorre
remodelação das fibras colágenas do ligamento e acomodação do dente na nova posição. A
aplicação dessa força leve resultará em reabsorção óssea direta ou frontal no lado de pressão.
Para que ocorra reabsorção direta, o ligamento periodontal deve estar levemente comprimido,
dando espaço para que os osteoclastos se coloquem junto à superfície óssea na área
correspondente às fibras comprimidas, não ocorrendo a formação de tecido hialinizado. Já
quando a força aplicada ao dente é maior do que a pressão vascular do ligamento periodontal,
o resultado é quase sempre a reabsorção solapante. A região do ligamento periodontal com
circulação comprometida começa a apresentar mudanças regressivas, porém reversíveis,
conhecidas como hialinização. A compressão das fibras colágenas e a modificação ambiental
da área promovem alterações bioquímicas no colágeno, levando-o a adquirir um aspecto fosco,
tipo vidro despolido, também denominado de hialino. Das áreas de hipóxia ou anóxia, as células
tendem a migrar para as regiões vizinhas, deixando um espaço acelular e ocupado por uma
matriz extracelular colágena alterada. As células envolvidas (fibroblastos e osteoblastos) vão se
tornando progressivamente picnóticas, perdem os seus núcleos e, em determinado momento,
degeneram, formando, juntamente com as fibras periodontais desorganizadas, tecido amorfo. A
atividade celular cessa nessa área do ligamento periodontal, impedindo que a reabsorção frontal
se processe. Com isso, inicia-se mobilização celular, consequentemente, reabsorção óssea nos
espaços medulares mais próximos e nas regiões adjacentes (acima, abaixo e atrás) à área
hialinizada. Daí a denominação de reabsorção óssea à distância ou reabsorção solapante. O
tecido periodontal dessa região encontra-se tão comprimido que ocorre uma parada da
circulação sanguínea local. Em consequência da alteração do suprimento de sangue nessa área,
os tecidos passam a sofrer um processo de necrose e são assim gradativamente eliminados. Com
o passar das horas ou dos dias, a cortical em contato com as áreas de hialinização e necrose
perde sua ligação com as áreas vizinhas e trabéculas subjacentes, sucumbindo e cedendo às
forças ainda ativas - o dente subitamente sofre uma intensa mobilidade. Durante esse processo
de reparo dos tecidos locais danificados, a superfície dentária pode também vir a sofrer
prejuízos, sendo afetada em maior ou menor grau.
A magnitude da força aplicada sobre a unidade dentária parece ser o principal fator determinante
do tempo de duração do processo de hialinização. A presença de forças pesadas gera extensas
áreas de hialinização, fazendo com que o movimento dentário seja lento ou quase inexistente,
até o momento em que se complete o processo de reabsorção solapante e a pressão seja aliviada
pela remoção da parede alveolar adjacente. Dessa forma, a presença de áreas hialinas e de
células degeneradas ou necrosadas é indesejável, pois atrasa a movimentação dentária. Por
outro lado, forças leves produzem zonas de hialinização menores e mais discretas,
consequentemente de curta duração. Nessa situação, o ligamento periodontal apresenta certa
viabilidade funcional, sendo capaz de desencadear o processo de reabsorção frontal, aliviando
mais rapidamente a pressão nas zonas de hialinização e favorecendo o processo de reparação.
REFERÊNCIAS

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