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REAÇÕES TECIDUAIS INERENTES AO

MOVIMENTO DENTÁRIO
INTRODUÇÃO

Toda vez que coloca uma força ortodôntica, ela é jogada no LP. Com o passar do tempo, começou-se
observar que não era necessário só saber uma força que provoca o movimento, mas sim saber o limite
para que essa força seja um estimulo a movimentação, mas por outro lado não gere um dano ou cause um
efeito indesejado do ponto periodontal (não haja prejuízo nem pra raiz e nem o osso).

O periodonto possui três partes fundamentais para o ortodontista. De um lado está a raiz dentária,
composta de dentina e sobre a dentina há o cemento revestindo a raiz. A diferença básica entre dentina e
cemento. O tecido mais parecido com a dentina é o osso. O osso mineralizado é originado dos osteoblastos
que estão na periferia da medula, e à medida que eles vão calcificando a matriz, vai produzindo o osso e
consequentemente, a medida que os osteoblastos produzem a raiz, a quantidade de medula de minui,
deixando o osso menos orgânico e mais mineralizado. A membrana interna do osso é chamada de
endósteo e na parte externa do osso há um tecido recobrindo, chamada de periósteo. A medula é
constituída de tecido conjuntivo fibrosa ricamente inervado e vascularizado.

O dente possui a camada de dentina, e internamente há uma camada de odontoblastos que aos poucos
calcifica a polpa e vai formando a dentina. A diferença entre osso e dentina é que o dente não tem o
crescimento na região da periferia, ele só cresce para dentro ocupando o canal endodôntico, já o osso
existe o crescimento tanto interno, diminuindo a luz dentro do osso, quanto o crescimento periférico,
abaixo do periósteo. Essa dentina um dia foi polpa ou seja, a polpa foi se calcificando e quem faz isso é o
odontoblasto. Ao descrever a polpa histologicamente, é descrita como tecido conjuntivo frouxo, ricamente
inervado e vascularizado. O osso e a dentina possui constituição muito parecido. A origem embriológica do
osso é de origem mesoderma (tecido conjuntivo).

Ao colocar uma força dentro do sistema, a raiz vai encosta no osso de um lado gerando pressão no osso e
na raiz também vai estar acontecendo pressão no sentido oposto. Osso pressionado sobre reabsorção.

Quem constitui a raiz é dentina e ela tem comportamento parecido com o osso e ao pressionar raiz de
dentina contra osso, vai ocorrer reabsorção dos dois lados. O cemento que evita que isso aconteça, pois
embriologicamente o cemento é proveniente dos restos epiteliais de Malassez (origem do ectoderma). A
dentina e osso são sensíveis aos mediadores químicos da reabsorção, porém o cemento não. Logo, o
ortodontista que quer fazer movimento ortodôntico sem reabsorção, deve respeitar o cementoblasto, pois
enquanto houver cemento a raiz pressionando osso, reabsorva o osso e não a raiz (?). O osteoclastos que
provoca a reabsorção da raiz, pois ele enxerga como um tecido semelhante.

ANATOMIA DO PERIODONTO

A. Ligamento Periodontal
B. Cemento
C. Osso alveolar

Osso alveolar

O osso é um tecido em constante remodelação e graças a isso a ortodontia existe. Se não houvesse
periodonto e o osso não fosse plástico, os dentes não se movimentariam. A formação do osso passa por 3
estágios: osteóide, osso fascicular e osso lamelar.
Osteóide é a matriz orgânica do osso não mineralizada. Com o tempo vai se calcificando e aparecendo
pequenas rajadas de calcificação, chamada de osso fascicular. Depois que essas rajadas se unem,
formam lacunas que são preenchidas por medula, fazendo que esse osso seja chamado de lamelar. Ao
promover movimentação, de um lado promove reabsorção e do outro provoca estimulo para neoformação
(aposição) de osso. Esta aposição inicialmente vai formar um osso orgânico que não é reabsorvível,
virando anteparo para parte do movimento (em casos de quebra do aparelho).

TEORIAS SOBRE A MOVIMENTAÇÃO ORTODONTICA

A primeira citação cientifica foi por Pierre Fouchard (1728). Ele amarrava os dentes contra o arco e
consequentemente, alinhava-os. Em 1932, Schawarz fez um estudo no intuito de sair do empirismo e saber
qual a força ideal. Ele conseguiu identifica a força ideal (20 a 26g/cm²), que representa a pressão
sanguínea capilar. Essa pressão é importante visto que ao colocar a força, os vasos sanguíneos no LP serão
comprimidos, havendo isquemia. O cemento é um tecido avascular (o cementoblasto se alimenta dos
nutrientes presentes do liquido do espaço periodontal). Ao comprimir os vasos que estão fazendo as trocas
de nutrientes, criará uma área inóspita e o cementoblasto, sem nutrição e oxigênio, morre. Com a morte
celular, choca dentina com osso e causa reabsorção. Com isso, é importante colocar uma força de 20 a 25g
para que exista o mínimo de circulação sanguínea para manter a vitalidade do cementoblasto e aconteça o
movimento ortodôntico sem danos as raizes.

PRESSÃO/TENSÃO

Relaciona o movimento dentário com as mudanças celulares produzidas pelos mensageiros químicos, por
meio de alteração no fluxo sanguíneo do LP. Ou seja, a pressão diminui o fluxo sanguíneo, mas por outro
lado o vaso é esticado e aumento de volume, havendo maior quantidade de oxigênio e nutrição. Isso
significa para as células proliferação. De um lado as mudanças provocas pela pressão geram redução da
nutrição e oxigenação e por outro, há aumento.

Ao colocar uma força no dente, em uma mesma cortical há áreas diferentes, pois há inclinação do dente
dentro do alvéolo. Em uma determinada área comprime o LP e em outras áreas o LP é esticado. Nessas
áreas de compressão, há a abertura de espaço pelos osteoclastos destruir o osso. Na área que o LP esta
esticado, os osteoblastos fazem a aposição óssea para reduzir aa distância e a fibra “desesticar”. Assim,
nas áreas de pressão, há estimulo para reabsorção. Já nas áreas de tensão, há um estímulo para
neoformação. Isso gera a chamada remodelação e com o passar o tempo o dente vai andando entro do
osso com áreas destruídas e áreas refeitas.

Envolve os seguintes eventos: alteração no fluxo sanguíneo após pressão no LP; formação e/ou liberação
de mensageiros químicos; ativação das células (EM OSTECLATOS OU ESTEOBLASTOS).

RESPOSTAS PERIODONTAIS

Fatores relacionados

Magnitude as força; intervalo de aplicação da força; natureza da força; tipo de movimento; idade
do paciente; arquitetura
Magnitude da força

Ao colocar força excessiva, ocorrerá destruição do cemento por falta de oxigenação – a primeira célula a
morrer é o cementoblasto. Ao colocar forças de leves de 3 a 5 segundos já há compressão parcial dos
vasso no lado de compressão e dilatação no lado de tensão. Com o passar de minutos, já há alteração do
fluxo sanguíneo da área (diminui oxigênio no lado de pressão e aumento no lado de tensão). Começam a
ser liberados os mediadores químicos da inflamação (prostaglandinas). É instalado um processo
inflamatório asséptico (sem contaminação) gerado por pressão. Com o passar de 4 horas, há o início da
diferenciação celular em osteoblastos ou osteclastos, para responder os estímulos. Com dois dias as células
já estão provocando alguma reabsorção ou remodelação óssea e o dente já tem alguma movimentação
dentro do alvéolo.

Com forças leves, haverá reabsorção leve ou frontal e não há a área de hialinização (zona de necrose
óssea sem contaminação). Os osteoclastos se formam ao longo da superfície óssea que está sofrendo
pressão. Com forças pesadas, a compressão é grande e fecha o vaso sanguíneo havendo falta de
oxigenação e consequentemente, morte das células do tecido (osteoclasto, cementoblasto, fibroblastos).
As células da região da cortical morreram e logo, não terá células para promover o aumento do espaço.
Com isso, irá gerar uma área de necrose sem infecção (asséptica), por isso é chamada de área de
hialinização. Enquanto houver a área de necrose, o dente não se mexe. Como ela é muito grande, a
região mais interna/medular do osso começa a sofrer também e começa a formar osteoclastos e invadindo
o osso de dento para fora, chamada de reabsorção óssea indireta ou solapante.

Natureza da força

A. Contínua: Mantem os níveis


B. Interrompida ou dissipante: Reação progressiva entre uma ativação e outra
C. Intermitente: varia ao longo do dia

Se há uma área de hialinização presente e uma força contínua, o paciente pssa 60 dias com área de
hialinzação e tem problemas. Se for dissipante, ela dura em torno de 30 dias. Se a força for intermitente,
haverá nova oxigenação.

Tipo de movimento

Se há uma translação, tem toda uma cortical sendo pressionada e tensionada. Se há inclinação, uma
parte sofre pressão e outra sofre tensão. Se há extrusão, basicamente há área de tensão, quase não
havendo pressão. Quando ha intrusão, há praticamente compressão e concentrada no ápice.

Na inclinação distribui nos dois lados do alvéolo. Na translação, concentra um lado de pressão e outro de
tensão.

Idade do paciente

Em pacientes mais idosos basicamente tem um osso mais calcificado e a resposta óssea é menor e com
isso deve provocar menos força (força mais leve). Como a quantidade de osso diminui, o centro de
resistência modifica. Quando mais baixo o periodonto, mais pra baixo o centro de resistência vai.

Capacidade de adaptação maior durante o crescimento ativo;

Maior número de células no periodonto jovem;


Osso medular de um jovem  número de espaços medulares

Adulto 

Custo biológico da movimentação ortodôntica

Reabsorção radicular

Níveis de reabsorção radicular: Reabsorção mínima

Reabsorção severa

Reabsorção externa

Reabsorção de 1/3 da raiz é ruim. Pequenas reabsorções são normais, levando em consideração o custo-
beneficio.

Considerações finais: O movimento dentário é ais eficiente quando evitam as áreas de hialinização. O
tempo de força mais favorável é a leve e continua.

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