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A ortodontia, na prática, é um ajuste oclusal feito às custas de movimentação dentária. Tudo que
envolve movimento, envolve mecânica. No sistema estomatognático, existem as forças naturais, as
forças anormais (que estão relacionadas muitas vezes aos hábitos) e as forças terapêuticas.
As forças naturais são aquelas provenientes dos músculos da mastigação, ou mesmo da interação
entre os dentes; além disso, temos os chamados músculos peribucais, que são os responsáveis pela
motricidade facial, que dissipam uma certa quantidade de força no sistema. Cada dente fica na posição
ideal porque existe uma anulação dessas forças. Por exemplo: a força que a bochecha faz de fora para
dentro de um dente é contraposta à força exercida pela língua de dentro para fora. O contato interproximal
do dente pela mesial e o dente pela distal sobre faz com que as forças se anulem. Se fazermos o
planejamento mantendo os dentes em uma posição onde essas forças se equilibram e se anulam,
conseguimos ter estabilidade. Quando colocamos dentes muito pra fora ou muito pra dentro em relação à
zona neutra, pode haver movimentação. Se isso é feito com um tratamento ortodôntico, ao final do
tratamento temos maiores chances de recidivas.
As forças anormais correspondem aos hábitos, como a interposição lingual, a sucção digital e a
respiração bucal. Na respiração bucal, abrimos a boca e a musculatura da bochecha encosta mais ainda
nos dentes e a língua fica no assoalho (ou seja, tira a língua que toca no céu da boca, que se contraporia a
esse movimento), o que pode gerar desequilíbrio das forças, que gera movimento, como mordida cruzada
posterior.
EQUAÇÃO DE DOCKRELL: causas agindo em épocas sobre tecidos geram resultados. Como
assim? Se temos um paciente com menos de um ano que acabou de amamentar, usa chupeta; dormiu, os
pais vão e tiram a chupeta da criança. O hábito nesse caso tem uma baixa frequência e é usado
pontualmente, o que não terá tanta relevância, especialmente se o uso da chupeta for interrompido bem
cedo, antes dos 2 anos de idade – potencial para desenvolvimento normal.
Caso o paciente seja respirador bucal, com hipertrofia de adenoides: as adenoides ficam na região
posterior da orofaringe; dentro da cavidade nasal, temos o septo e os cornetos nasais; atrás da cavidade
nasal, temos o tecido adenoideano, que é um tecido de defesa, um órgão linfocitopoiético. Ele libera
células de defesa para ajudar o indivíduo a se defender na fase inicial da vida dele, onde o sistema
imunológico (imunoglobulinas) ainda não existe ou não foram desenvolvidas. As adenoides existem até os
12 anos de idade, e a partir disso elas involuem. Como o paciente tem hipertrofia de adenoides, elas vão
ocupar um espaço maior na orofaringe, da via aérea superior do paciente. O ar sairia do nariz e cairia na
via aérea superior, mas a orofaringe está ocupada pelas adenoides, então o paciente vai acabar respirando
pela boca. Conduta correta: entrar com medicação e observar. Depois da melhora, é esperado que as vias
aéreas sejam liberadas e o paciente volte a respirar pelo nariz. O paciente que tem rinite etc vive
eternamente com as adenoides hipertrofiadas, as quais vão involuir apenas aos 12 anos. Nesse caso, o
paciente passa pelos surtos de crescimento respirando pela boca – a maxila e face não vão se desenvolver
adequadamente nesse caso.
Ex: paciente usou chupeta até os 6/7 anos, e quando tirava a chupeta do rosto ficava marca de tanto usar.
Duração longa, frequência alta e intensidade alta = problemas. Todas as vezes que estamos diante de uma
criança onde o pai relata que existe o hábito, temos que fazer essas três perguntas, que vão determinar a
severidade do hábito.
A oclusão traumática e o bruxismo: o bruxismo pode ser fisiológico. 100% das pessoas fazem
bruxismo – na transição entre o sono superficial e o sono profundo, existe um período do sono REN, que
está relacionado ao estado de alguma quantidade de bruxismo (normal de 12 a 15min). O bruxismo se
torna patológico quando o paciente passa a noite toda rangendo os dentes.
As forças terapêuticas são forças usadas para corrigir algum tipo de má oclusão; podem ser
naturais (presentes no próprio presente estomatognático) ou forças biomecânicas (o profissional introduz
no sistema para romper o equilíbrio entre as forças – essa força não precisa ser pesada, precisa ser LEVE!).
Mecânica é a ciência que trata da ação das forças na forma e movimento dos corpos (MOYERS,
1991). Uma força agindo sobre um corpo pode provocar duas coisas: movimento e alteração de forma.
Corpos rígidos tendem a entrar em movimento, corpos flexíveis tendem a deformar. Força = massa x
aceleração. Por que o rosto das pessoas muda? A ação da gravidade vai agindo sobre a pele que não tem
mais tanta rigidez, jogando-a pra baixo.
Força é uma energia ou intensidade desencadeada para provocar movimentos ou induzir mudanças
em um corpo. As forças são grandezas vetoriais (pode ser representada graficamente por vetor), possuem
módulo, direção e sentido. Quanto maior o vetor, maior a força.
Sentido: mesial pra distal, distal pra mesial, de frente pra trás etc
2ª LEI DE NEWTON: força = massa x aceleração (F r = m.a); uma força resultante produz uma
aceleração que tem a mesma direção e o mesmo sentido da força resultante e suas intensidades são
proporcionais
3ª LEI DE NEWTON: para toda ação existe uma reação equivalente e em sentido oposto. Mesma
intensidade, mesma direção e sentido oposto.
Centro de rotação (CRot) é o ponto ao redor do qual o corpo gira ou inclina mediante aplicação
de uma força externa. Pode localizar-se entre o centro de resistência (CR) do corpo e o infinito. O corpo
girará ou inclinará, o ponto é variável, pode localizar-se em qualquer lugar, vai depender do ponto de
aplicação.
Momento é quando uma força passa distante do centro de resistência de um corpo, formando
uma tendência a rotação. É a tendência a rotação de um corpo mediante aplicação de uma força fora do
centro de resistência.
FORÇAS TERAPÊUTICAS são forças introduzidas no sistema mastigatório para movimentar dentes,
permitir mudanças na posição mandibular ou afetar a morfologia ou o crescimento das bases ósseas.
MOVIMENTOS ORTODÔNTICOS
Figura 3 - Intrusão
5. Translação: movimento paralelo ao longo eixo do dente; coroa e raiz
movem-se na mesma direção e ao mesmo tempo. Força passa pelo centro de resistência.
Força de 100 a 150g
É como se no momento em que acontece este movimento, o
dente conseguisse se movimentar como um todo, sem
inclinações coronárias ou radiculares. Isso ocorre graças ao
momento de forças criado dentro do slot do brácket, que
anularia o movimento de inclinação que uma força aplicada
distante do centro de resistência causaria.
Figura 4 - Translação
6. Rotação: movimento do dente ao redor do seu longo eixo. Obtém-
se rotação quando aplica-se sobre o dente um binário (uma força
pra lá e uma força pra cá). É de difícil estabilidade. O centro de
resistência bate em cima do centro de rotação.
Força de 50 a 75g
Figura 6 - Torque