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CURSO DE
MOTRICIDADE OROFACIAL
Aluno:
AN02FREV001/REV 3.0
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CURSO DE
MOTRICIDADE OROFACIAL
MÓDULO II
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dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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temporomandibular (ATM), ainda fazem parte das estruturas passivas, outros ossos
cranianos e o osso hioide e a coluna vertebral cervical. A unidade neuromuscular
representa as estruturas dinâmicas ou ativas, e são responsáveis em mobilizar as
estruturas estáticas.
Essas estruturas estão interligadas formando um sistema com
características próprias, “que tem uma unidade morfofuncional localizada
centralmente na cavidade oral” (Douglas, 2002, p. 290) e desenvolve funções em
comum, ou seja, as funções estomatognáticas. Estas funções são divididas no grupo
das funções adaptadas – o beijo, sorriso, mordida, bocejo, etc.; e das funções
clássicas, que estão ligadas a alimentação e a respiração – mastigação, sucção,
deglutição, respiração e fonoarticulação (Douglas, 1998).
Estruturas constituintes do sistema estomatognático
Estruturas passivas ou Estruturas ativas ou
estáticas dinâmicas
Gasto energético basal Alto gasto energético
Baixa taxa metabólica Taxa metabólica elevada
Potenciais elétricos Potencial de ação
localizados
Elementos Elementos
Osso – mandíbula, hióides, Nervos – motores e
maxilar superior (base sensitivos
craniana), coluna cervical Músculos
ATM – articulações
vertebrais cervicais
Dentes – área oclusal,
periodonto
Mucosa oral
Tendões, aponeuroses,
ligamentos
FONTE: Douglas, CR. Tratado de fisiologia aplicada à fonoaudiologia. São Paulo: Robe
Editorial, 2002, p. 290.
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Funcionalmente o sistema estomatognático está constituído por quatro
elementos básicos: articulação temporomandibular, componente neuromuscular,
superfícies e pressões oclusais e periodonto.
Articulação temporomandibular (ATM) – a mandíbula fica articulada ao
cérebro através de uma articulação dupla bilateral, que se move por meio de
movimentos amplos e sincronizados entre as duas articulações. A ATM não suporta
forças, e tende a manter em posição a mandíbula, que está pendurada na
articulação. A ATM tem os movimentos de translação lateral, translação
anteroposterior, movimentos de rotação e circunvalares (Douglas, 2002).
Componente neuromuscular – é o “conjunto de musculoesqueléticos,
cuja função depende diretamente da ação motora do SNC”. Os músculos principais
são os mandibulares, principalmente os levantadores (Douglas, 2002, p. 293).
Superfície e pressões oclusais – é a parte da área oclusal dentária que
intervém na função oclusal, como ocorre na mastigação, por exemplo, em que
constitui superfície triturante ou cortante. A pressão oclusal é a pressão exercida
sobre os dentes e é determinada pela relação entre força sobre área oclusal. A
superfície oclusal é maior nos molares, enquanto nos caninos e incisivos é
inexpressiva, já a pressão oclusal é muito alta no incisivo e menor no molar, no “pré-
molar apresenta pressão relativamente elevada, e superfície oclusal relativamente
grande, sendo o dente ideal para a trituração” (Douglas, 2002, p. 299).
Periodonto – são as estruturas responsáveis pela fixação e
sustentação dos dentes, formadas pelo osso alveolar, a gengiva marginal, cemento
e as fibras periodontais. (que ligam o dente ao osso alveolar). Marchesan (1993)
salienta que a parte do periodonto que participa na dinâmica estomatognática é o
ligamento periodontal ou as fibras periodontais.
Como todo o corpo, o sistema estomatognático sofre mudanças, e, a
primeira modificação importante ocorre no primeiro ano de vida, mas precisamente,
após o 6ª mês de vida. Observa-se alongamento da faringe, mudanças importantes
no esqueleto facial, início da erupção dentária. O amadurecimento do sistema
estomatognático modifica o funcionamento da musculatura facial (Douglas, 1998).
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FONTE: Disponível em: <www.nutrinews.com.br/.../news/amamentação.jpg>. Acesso em: 21 set.
2010.
6.1 SUCÇÃO
A sucção1 é uma função inata, que pode ser observada perfeitamente na 29ª
semana de vida gestacional, porém, está totalmente aperfeiçoada na 32ª semana e
por volta da 34ª, o controle entre a sucção a deglutição e a respiração acontece de
forma coordenada. O reflexo da sucção é um reflexo motor simples que tem o
controle nervoso da medula e da ponte, e deve estar presente no recém-nascido,
pois se trata de um fenômeno reflexo, do tipo alimentar visando à ingestão de leite.
Deixa de ser reflexo por volta do 4º mês de vida, passando a ser de controle
voluntário, permanecendo durante toda a vida. (Xavier, 1998, Douglas, 2002,
Hernandez, 2003, Tanigute, 2005).
1
Em relação a data precisa do aparecimento da sucção, existe variação entre os autores,
encontramos autores falando que exames ultrassonográficos detectaram padrão de sucção na 15ª
semana de vida intrauterina (Hernandez, 2003), na 32ª semana (Felício, 2004), porém aqui vamos
utilizar os dados de Douglas, 2002.
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Douglas (2002) salienta que a boca do recém-nascido é altamente sensível
e que é por meio dos lábios e da ponta da língua que são captadas todas as
informações que vem de fora – este conjunto é chamado de fronte líguo-labial. A
partir deste conjunto que partem as aferências que desencadeiam o reflexo de
sucção, ocorrendo de maneira rítmica por comando do núcleo supratrigeminal,
provocando um vácuo na boca permitindo a sucção que ocorre em três fases
distintas, consideradas mecânica da sucção (Douglas, 2002).
I Fase – produção de pressão negativa intraoral – a boca determina
um vácuo – a pressão oral é menor que a pressão atmosférica. Este vácuo ocorre
devido ao posicionamento da mandíbula numa posição elevada através da ação
tônica dos músculos levantadores, em seguida ocorre o selamento anterior da boca,
por convergência da língua com os lábios, após segue-se o selamento posterior da
boca – forma-se uma câmara hermétrica fechada suscetível de determinar o vácuo.
Em seguida observa-se a formação da colher glóssica – depressão central da língua
enquanto a ponta da língua ergue-se para cima. Quando a colher glóssica está
formada, a mandíbula se abaixa, sem haver abertura dos orifícios anterior e
posterior da boca. Em seguida ocorre a contração da musculatura perioral, condição
fundamental para o leite ingressar na boca ao pressionar o mamilo ou bico da
mamadeira, ficando na colher glóssica. Observa-se em seguida depressão da base
da língua, produzida pelo abaixamento dos músculos infra-hióideos.
II Fase – promoção de pressão positiva intraoral – após o leite ser
depositado na língua, inicia-se a fase de pressão positiva, pois a ocorre a contração
da musculatura levantadora da mandíbula, com isso ela se levanta. A mandíbula e a
língua elevada mais a contração do bucinador determina na cavidade oral uma
pressão positiva. Esta pressão é aumentada quando o centro da língua sobre,
passando de uma côncava para convexa, impelindo o leite para trás, como uma
função de êmbolo.
III Fase – deglutição associada ou consectária – com a pressão
aumentada na boca abre-se o esfíncter linguopalatino e o fechamento do orifício
posterior das narinas através do movimento do esfíncter velofaríngeano. Ao mesmo
tempo a parte posterior da língua se abaixa devido a contração do hioglosso e o leite
é impulsionado para trás.
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Este processo é repetido tantas vezes quanto for necessário para a ingestão
da quantidade de líquido a ser sugado, devendo ocorrer de forma ritmada no padrão
duas ou três sucções seguindo de uma deglutição. Vejamos no quadro abaixo os
mecanismos neuromusculares dos fenômenos que estão envolvidos na sucção:
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(Douglas, 2002). Para uma adequada sucção, deve haver sincronia de movimentos
dos lábios, língua, bochechas, mandíbula, maxila e faringe/laringe, sendo que o
bucinador é bem ativo (Tanigute, 2005).
Ao mamar o bebê movimenta a mandíbula
dorsalmente, para frente e para trás, voltando à
posição inicial para obter o leite, com a
repetição destes movimentos o bebê estará
fazendo um grande exercício, exercitando a
mandíbula, musculatura orofacial, as
bochechas, os lábios e a língua. Este exercício
é muito importante para o desenvolvimento
craniofacial. No aleitamento materno o bebê
executa de 2000 a 3500 movimentos de
mandíbula em 24 horas, enquanto na
mamadeira, esses movimentos são bem
menores, de 1500 a 2000 (Tanigute, 2005).
6.2 DEGLUTIÇÃO
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Esta fase é caracterizada pelo posicionamento lingual entre as gengivas,
pela contração da musculatura facial, estabilizando assim a mandíbula, e, devido “a
deglutição ser guiada pela relação sensorial existente entre os lábios e a língua”. A
deglutição madura aparece a partir da erupção dos primeiros molares decíduos, com
o início dos verdadeiros movimentos da mastigação. A deglutição nesta fase
apresenta-se com os dentes em oclusão, a mandíbula é estabilizada pelas
contrações dos músculos levantadores, o terço anterior da língua coloca-se acima e
atrás dos incisivos superiores e os lábios estão unidos, com contração mínima
(Tanigute, 2005, p. 6). Além da erupção dos dentes, iniciando um processo instintivo
de mastigar, esta transição da deglutição infantil para a madura é favorecida pelo
amadurecimento dos elementos neuromusculares, o surgimento da postura ereta da
cabeça, e a capacidade de manipular alimentos de várias texturas (Felício, 2004).
Veja na figura abaixo, o bolo alimentar se preparando para a deglutição, a
movimentação da língua, da epiglote e do esfíncter velofaringeano.
A deglutição é considerada uma função hegemônica, ou seja, “o organismo
não pode se permitir não realizar, mesmo que esta lhe cause grande dispêndio”.
Pode-se definir deglutição como o processo de enviar o bolo alimentar, o líquido ou
a saliva da cavidade oral para o estômago (conforme observamos o alimento em
rosa, fazendo o trajeto até o estômago, na figura 6).
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É uma função fundamental, sendo considerado como a real função alimentar
(Felício, 2004, p. 200). Douglas (2002, p. 372) define mais amplamente,
considerando como:
“o conjunto de mecanismos motores, perfeitamente coordenados,
visando a passagem do conteúdo oral para o estômago, com
participação ativa da faringe e esôfago. Tal efeito se refere ao
conteúdo oral, seja bolo alimentar (de consistência elevada) ou de
líquido, seja de bebida ou secreção salivar, mas também refere-se à
expulsão do contento das vias aéreas sub-faríngeas, especialmente
as secreções mucosas, por mecanismos respiratórios de retropulsão
de caráter protetor, que remove particular originariamente captadas
em ditas vias.”
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Aposição do palato mole contra parede da faringe Levantador do palato
Levantamento e tração da laringe M. supra-hióideos
Estilo-hióideo
Adução das pregas vocais M. intralaríngeos
Apneia Grupo dorsal deprimido
Inibição do vômito
Estimulação de receptores de baixo limiar
Via aferente vagal menos usada na deglutição
Ponto de ingresso: núcleo do trato solitário
Do núcleo do trato solitário ligação inibidora da área
postrema
FONTE: Douglas, C. R. Tratado de fisiologia aplicada à fonoaudiologia. São Paulo: Robe Editorial,
2002, p. 372.
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quando sentimos o cheiro de algum alimento e começamos a nos preparar para
deglutir – em segundo viria a fase preparatória, a oral, a faríngea, a esofágica. Estas
divisões ocorrem somente para fins didáticos, pois todo processo ocorre muito
rápido. Aqui usaremos a divisão mais utilizada pelos autores que são quatro fases:
preparatória, oral, faríngea e esofágica. Apresentamos antes o quadro proposto
por Douglas sobre as características das diversas fases deglutitórias.
2
∆P – gradiente pressórico ou diferença de pressões (Douglas, 2002, p. 373).
3
Fk – função de condutância (Douglas, 2002, p, 373).
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nervo trigêmeo, facial e hipoglosso participam, comandando os músculos que vão
atuar (Douglas, 2002, Corbin-Lewis, Liss e Sciortino, 2009).
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Características da fase III – faríngea
Douglas (2002) considera a fase faríngea a mais complexa da deglutição,
devido ao grande número de estruturas atuantes e da necessária coordenação
temporal entre as funções, respiratória e digestória. Esta fase é considerada
involuntária, e tem início quando a resposta de deglutição foi desencadeada e o bolo
alimentar passa pelo véu palatino elevado, pela epiglote e pela região
laringotraqueal protegida, atravessando o esfíncter esofágico superior, trajeto que
dura entre 0,7 a 1,0 segundo. De acordo com Corbin-Lewis, Liss e Sciortino (2009,
p. 44) a passagem do bolo alimentar pelos receptores sensoriais das fauces
anteriores e da base da língua, desencadeia esta terceira fase da deglutição.
Consiste em: “fechamento velofaríngeo, inversão da epiglote sobre a entrada da
laringe, deslocamento anterior e superior do complexo hiolaríngeo, fechamento das
pregas vocais verdadeiras e falsas, contração progressiva da faringe e abertura do
esfíncter esofágico (EES).” Toda essa sequência de movimentos, “consiste numa
série de eventos involuntários de proteção das vias aéreas e propulsão do bolo
alimentar.”
Tanigute (2005) salienta que nessa fase ocorre apneia de aproximadamente
um segundo, facilitando assim, a passagem do bolo alimentar para o esôfago e não
para as vias respiratórias.
Acompanhe na tabela abaixo, proposta por Douglas (2002), a sequência de
fenômenos mecânicos que ocorrem na faringe durante a fase III da deglutição.
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- Epiglote adota posicionamento horizontal por deslocamento do hioide promovida pela
contração do tireo-hióideo
- Fechamento da glote (tireo-aritenóideo)
- Deslocamento global da laringe para cima e frente pelos músculos supra-hióideos e
tireo-hióideo
- Contração do constritor médio da faringe
- Contração do constritor inferior da faringe
Inibição da respiração (apneia)
FONTE: Douglas, C. R. Tratado de fisiologia aplicada à fonoaudiologia. São Paulo: Robe Editorial,
2002, p. 372.
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do bolo alimentar ao estômago, encerrando-se assim o processo da deglutição”
(Macedo F., Gomes e Furkim, 2000, p. 23).
O esôfago é o tubo aonde o alimento vai para o estômago, também permite
o movimento inverso durante o vômito e a eructação. O alimento é transportado
através de ondas peristálticas sincronizadas, sendo que, podemos dizer que o
peristaltismo é a “compressão sistemática do segmento muscular que ficou para trás
do bolo alimentar, com relaxamento simultâneo do segmento que está a sua frente.”
Este movimento provoca uma espécie de
estiramento do bolo na faringe e no esôfago.
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A faringe tem a forma de um tubo (Figura 6c – vista lateral das divisões da
cavidade faríngea) que vai da base do crânio, atrás da cavidade nasal, até o
esfíncter esofágico superior, na verdade, não é um tubo completo, mas sim um
semicírculo fechado na parte de trás. É um órgão com grande complacência,
podendo adquirir graus variados de distensão de acordo com a quantidade do bolo
alimentar ingerido. É recoberta por uma membrana mucosa. A parede posterior da
faringe está posicionada contra a face anterior das vértebras cervicais, porém,
separadas totalmente pelas camadas de fáscia, com isso, ela fica livre para se
encurtar ou se alongar verticalmente. Esse tubo formado pela faringe e pelas
estruturas anteriores não é liso e uniforme, mas é composto de dois recessos pelos
quais o bolo alimentar passa durante o percurso na faringe – as valéculas e os seios
piriformes (conforme podemos observar na figura 6d que apresentamos uma vista
posterior dos recessos faríngeos em secção coronal). Inicialmente, o bolo alimentar
passa pelos espaços em “L” das valéculas, seguindo para os seios piriformes, em
seguida desloca-se por canais laterais da laringofaringe
(Corbin-Lewis, Liss e Sciortino, 2009).
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Alguns conceitos importantes na deglutição:
A soma das fases oral e faríngea da deglutição forma a pressão dirigida, que
ocorre devido a um tubo e quatro válvulas que trabalham na deglutição. O tubo é a
cavidade oral e a faringe juntas, e, as válvulas são representadas pelos lábios,
região velofaríngeana, laringe e pelo cricofaríngeo. Vamos ver a sequência de
funcionamento dessas válvulas: enquanto o bolo alimentar permanece na cavidade
oral e na faringe, as quatro válvulas estão fechadas, propiciando um aumento de
pressão nessa região. A pressão na orofaringe é de 10.9 (3.9) kPa sendo que a
pressão na base da língua é de 16.3kPa. Quando ocorre a abertura do cricofaríngeo
na fase faríngea da deglutição, resulta em um diferencial de pressão entre a
orofaringe e o esôfago, que tem a pressão mais baixa que a câmara de alta pressão
formada na orofaringe. Com isso, o alimento passa da faringe para o esôfago
(Macedo F, Gomes e Furkim, 2000).
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Estes músculos juntos produzem três movimentos distintos:
1. Elevação velar, inicialmente anterior seguida de um rápido movimento
para trás, em direção à parede posterior da faringe, na junção oronasofarínge;
2. Movimento medial das paredes laterais da faringe, e
3. Deslocamento anterior da parede posterior da faringe.
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cricoaritenóideo lateral, interaritenóideo, e o músculo vocal (tireoaritenóideo). Esses
são os mesmos músculos que fecham as pregas vocais durante a fonação. O único
músculo que participa diretamente na deglutição é o cricotireóideo, que é inervado
pelo ramo laríngeo superior do nervo vago (Corbin-Lewis, Liss e Sciortino, 2009).
Até pouco tempo, era utilizado o termo peristaltismo faríngeo para designar a
contração segmentar e sequencial da parede da faringe, porém, este termo foi
mudado para contração progressiva da faringe, pois peristaltismo é um termo
utilizado para os movimentos de um tubo muscular (como o esôfago) e a faringe tem
características de um músculo semicircular. A contração faríngea é iniciada com a
resposta de deglutição, sendo essencial para gerar as forças e pressões
necessárias para uma condução eficiente do bolo alimentar até o esfíncter esofágico
superior (Corbin-Lewis, Liss e Sciortino, 2009).
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6.2.8 Abertura do esfíncter esofágico superior (EES)
Fala, deglutição e a
7 RESPIRAÇÃO
respiração são
funções sobrepostas
do trato
O que é respirar?
aerodigestivo.
Para Gameiro,
Bonjardim, Pereira e Coelho-Ferraz (2005, p. 37)
“O centro da deglutição está
fortemente conectado – pelo “respirar é aspirar, puxar para dentro, formar um
núcleo do trato solitário – com o
centro respiratório (grupo dorsal espaço, reter para assimilação e troca e, depois,
e centro pneumotáxico) e o
núcleo cardiomoderador que atua expelir.” Se pegarmos a definição no dicionário
através do núcleo motor do vago,
controlando ambas as funções – teremos que respirar é “absorver o oxigênio do ar
respiratórias e cardiovasculares – e expelir o gás carbônico resultante das queimas
poderosamente associadas à
deglutição.” orgânicas” (Houaiss, 2008, p. 650). Se pegarmos
Douglas, 2002, p.386
a definição de um poeta, talvez ele dissesse –
respirar é viver, respirar é vida. Sabemos que
respirar é vital, se não respiramos, não
sobrevivemos. E se respiramos errado, quais as
consequências para nosso organismo? É o que
veremos a seguir.
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A respiração pulmonar é o primeiro e mais importante fenômeno que
acontece com o nascimento e exerce função vital para a sobrevivência humana,
porém movimentos respiratórios do tórax e do abdome já são observados na fase
pré-natal, por volta de 18,5 semanas. Na 25ª observa-se uma respiração que não é
profunda, mas pode manter a vida por algumas horas, quando estabelecida (Felício,
2004, Gameiro, Bonjardim, Pereira e Coelho-Ferraz, 2005, Tanugite, 2005). Desde o
nascimento até o final dos dias, a manutenção fisiológica das vias aéreas tem
importância vital e contínua, sendo que a musculatura oral e dos maxilares é
responsável pela manutenção das vias aéreas orofaríngeas. É importante salientar
que quando nascemos o padrão respiratório é predominantemente nasal, pois a
língua ocupa todo o espaço da boca, o palato mole e a epiglote se tocam, com isso,
fica difícil respirar pela boca, caso aja necessidade (Felício, 2004). Em crianças ou
adultos, esse padrão de respiração bucal é considerado patológico, desencadeando
a Síndrome do Respirador Oral. Di Francesco (2003) também afirma que a
respiração nasal é a mais adequada, e, é fundamental para o crescimento e
desenvolvimento craniofacial harmonioso, e, quando a criança ou adulto apresenta
uma respiração oral, deve ser considerada patológica.
A função principal da respiração é suprir nosso corpo de oxigênio,
executando trocas gasosas entre nosso organismo e o meio, removendo o produto
gasoso (dióxido de carbono) do metabolismo celular. A troca gasosa é realizada
pelos alvéolos, nos pulmões, e o ambiente. Os pulmões participam também da
manutenção do pH plasmático dentro da faixa fisiológica, regulando a eliminação do
ácido carbônico (CO2). O aparelho respiratório participa ativamente da fonação e da
defesa contra agentes agressores ao nosso organismo, pois o nariz tem a função de
filtrar o ar, além de aquecê-lo e umidificá-lo (Felício, 2004, Tanugite, 2005, Gameiro,
Bonjardim, Pereira e Coelho-Ferraz, 2005). Quando respiramos, o ar deve
preferencialmente, entrar pelas narinas, local em que é filtrado por uma ação
mecânica dos pelos, da função ciliar e da ação química e bactericida do muco nasal,
passa para a nasofaringe, onde é aquecido e umidificado. O processo de
condicionamento de temperatura é realizado pela irradiação do calor das veias e
artérias e da intensa vascularização da mucosa nasal e o umedecimento acontece
pela secreção mucosa e lacrimal (Felício, 2004).
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Bydlowski e Douglas (2002) salienta que respirar é um processo automático
e basicamente involuntário, porém pode ser modificado quando houver necessidade,
se a pessoa quer inspirar mais profundamente, ou quiser segurar por um tempo a
respiração. Também a fala, tosse ou o soluço alteram o padrão respiratório.
A entrada do ar no pulmão e logo após a sua saída – chamado de fenômeno
respiratório – é repetida ritmicamente, determinando-se certa frequência respiratória,
que determinam uma amplitude ou intensidade respiratória que pode ser avaliada
pela quantidade de ar mobilizado durante a ventilação – chamado de volume
corrente (VC). Partindo-se de uma referência de 500ml, hiperpneia seria o aumento
deste volume e hipopneia a diminuição. A frequência respiratória (FR) de um adulto
sadio em repouso seria de 12 a 15
respiração/minutos, espaçadas entre si. O
ritmo respiratório é determinado pelo sistema
nervoso central, por descarga rítmica de
neurônios altamente excitáveis e é
determinado pela sequência de movimentos
respiratórios caracterizados por certa
frequência e certa magnitude da distensão. O
volume destes dois fatores constitui o volume
ventilatório por minuto. Em relação ao ritmo
respiratório normal, de uma pessoa em
situação de repouso, foi calculado por volta
de 7 litros/minuto (Bydlowski e Douglas,
2002, p. 454).
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partículas e micro-organismos do ar que inspiramos; umidificar e aquecer o ar,
protegendo assim, as vias aéreas inferiores. O nariz desempenha também outras
funções a olfação, a ressonância da voz e o controle da conduta por meio dos
feromônios4 que agem no órgão vômero-nasal. (Douglas, 2002, Gameiro, Bonjardim,
Pereira e Coelho-Ferraz, 2005).
4
Substâncias químicas que, captadas por animais de uma mesma espécie (intra-específica),
permitem o reconhecimento mútuo e sexual dos indivíduos (dicionário Michaelis on-line. Disponível
em: <http://michaelis.uol.com.br>. Acesso em: 21 set. 2010.
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respiratório. Na figura F.7b podemos observar o aparelho respiratório com suas
principais estruturas.
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inspiração e separa a cavidade torácica da abdominal. Quando contraído, o
diafragma se move para baixo, em direção ao abdome, aumentando o volume da
caixa torácica, principalmente verticalmente. Já os músculos intercostais externos,
quando contraídos elevam as costelas, movendo-as para cima e para fora, com isso,
os espaços intercostais ficam tensos, evitando a sua alteração pela diminuição da
pressão intratorácida durante a inspiração (Bydlowski e Douglas, 2002).
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7.3 MASTIGAÇÃO
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7.4 ATO MASTIGATÓRIO
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7.5 FASES MECÂNICAS DA MASTIGAÇÃO
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Na pulverização a mandíbula realiza movimentos horizontais, laterais e de protrusão
ou retrusão (Douglas, 2002, Bianchini, 2005).
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7.7 ESTRUTURAS ENVOLVIDAS NA MASTIGAÇÃO
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7.8 FATORES GERAIS CONDICIONANTES DA FORÇA MASTIGATÓRIA
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Diminuição da área dentária de oclusão – vai diminuir menor corte e
menor trituração, pois quando existe uma diminuição da área dentária, reduz-se
também a área útil para mastigação. Esta diminuição pode ser devido à ausência de
dentes, relações oclusais anormais e reabilitação protética (Douglas, 2002).
Limitação de outros componentes estomatognáticos – quando língua,
bochechas, lábios estão flácidos ou apresentam alguma dificuldade em conduzir o
alimento, a mastigação pode ficar insuficiente.
Desequilíbrio ou limitação da força mastigatória – se a pessoa
apresentar dor ao mastigar, periodontopatias, uso de prótese removível pode haver
um desequilíbrio ou limitação na mastigação.
Movimentos mandibulares anormais – causados pelos distúrbios da
articulação temporomandibular ou em transtornos da contratilidade muscular.
Motta (2004, p, 62) salienta que a mastigação é importante não apenas pela
ingestão de alimentos, mas também “às funções sistêmicas, mentais e físicas do
organismo humano”, pois, ela ocupa importante papel no desenvolvimento das
estruturas craniofaciais, proporciona efeitos benéficos no crescimento e manutenção
dos tecidos orais, exige dissociação dos movimentos de língua, lábios e mandíbula
que é importante para a preparação da musculatura para a articulação. Com isso,
ela afirma que a mastigação seria uma função estomatognática fundamental na
prevenção dos distúrbios miofuncionais orofaciais e cervicais.
7.10 FONOARTICULAÇÃO
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e o mecanismo de formação das palavras” (Douglas, 2002, p. 471). É uma função
que está ligada ao desenvolvimento e maturação do sistema miofuncional oral e às
demais funções estomatognáticas (Tanigute, 2005).
A produção da fala consiste na produção de um som pela laringe, através da
vibração das pregas vocais que ocorre na expiração – a fonação, posteriormente,
será modificada e ampliada por meio do mecanismo de ressonância nos vários
espaços que existem entre a laringe e os lábios e finalmente articulado nos órgãos
articuladores (Douglas, 2002). É um processo sensório-motor que envolve a
regulação de forças ativas entre várias estruturas musculares do trato vocal – os
lábios, mandíbula, maxila e dentes, língua, velofaríngeo e complexo laríngeo-
respiratório, controlados pelos nervos cranianos correspondentes, conforme
podemos verificar no quadro abaixo, proposto por Felício (1999). Para que o emissor
produza o que um ouvinte vai escutar, é necessário uma série de atividades
coordenadas dos músculos respiratório, faciais, mandibulares e outros necessários
para a produção da fala.
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7.11 MECÂNICA DA FONAÇÃO
A laringe - órgão onde estão situadas as pregas vocais – é formada por uma
estrutura cartilaginosa composta de:
Cartilagem cricóidea
Cartilagem tireóidea
Um par de aritenóideas
E a epiglote.
Este conjunto estabelece uma arquitetura anatomofuncional que protegem a
laringe de impactos que possam atingir seu interior. Vejam na figura F.9a a
disposição especial das cartilagens na laringe, observando a cartilagem cricóidea
que tem uma porção superior mais alta que a inferior, com isso sustenta as
cartilagens aritenóideas. A tireoide serve como anteparo de proteção (Silva, Paula e
Douglas, 2002, p. 485). A este conjunto, deve-se acrescentar o osso hioide e a
traqueia, estruturas extralaríngeas fundamentais para a fonação (Figura F9b).
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A sustentação e a fixação da laringe são realizadas pela musculatura
extrínseca da laringe e a produção do som é de responsabilidade da musculatura
intrínseca que ligam as cartilagens entre si. Cinco músculos formam esse complexo
fonatório:
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5) Cricotireóideo, músculo par, produz modulação importante da tensão
das pregas vocais, pois abaixa e anterioriza a cartilagem tireóidea, aumentando a
distância entre as aritenoides e a tireoide (Silva, Paula e Douglas, 2002).
Então, podemos dizer que de acordo com sua ação, os músculos da laringe
dividem-se em:
- Adutores, que aproximam as cordas vocais: são os cricoaritenóideos
laterais e ariaritenóideos;
- Abdutores, que afastam as cordas vocais: são os cricoaritenóideos
posteriores;
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A integridade das estruturas orofaciais é importante para a articulação dos sons
da fala além de: um fluxo respiratório adequado; bom mecanismo de válvula com
palato mole, língua e lábios; estruturas, dental e alveolar suficientes para manter a
tonicidade labial; liberdade de movimento da mandíbula e um sistema nervoso
intacto.
FIM DO MÓDULO II
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