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não o habito residual poderá persistir. Assim, segundo Marchezan (1994) refere ser a terapia o
foco para a aprendizagem do "uso do nariz", não esquecendo que devemos sempre orientar a
família.
Os exercícios que serão citados são exemplos de como podemos intervir na reabilitação do
respirador bucal. Vários métodos são utilizados por profissionais especializados com resultados
satisfatórios.
Para aumentar a tonicidade dos lábios, utilizamos o exercício do botão (ou escudo labial ou
exercitador dos lábios), o exercício da colher, o do lápis e o haltere labial.
Exercício do botão (ou escudo labial ou exercitador dos lábios): O paciente segura por trás
dos lábios e diante dos dentes um botão preso a um fio dental. O terapeuta puxa o fio
enquanto o paciente tenta manter o botão preso a boca com a força dos lábios.
Exercício do lápis: O paciente deve segurar o lápis no meio dos lábios sem abaixá-lo nem
levantá-lo enquanto o terapeuta conta até 8. O exercício se repete aumentando-se a conta até
chegar a 15.
Exercício do haltere labial: O paciente coloca o haltere labial entre os lábios e fica durante o
máximo de tempo que conseguir.
Para alongar o lábio superior, utilizamos os exercícios de morder o lábio superior, da máscara,
do garrote e massagens.
Exercício de morder o lábio superior: É realizado com os dentes da arcada inferior, onde o
paciente deve segurar e manter o lábio superior.
Exercício da máscara: O paciente deve prender todo o lábio superior com os dedos e tentar
estira-lo para baixo o máximo possível, em direção ao lábio inferior. Depois de alcançar essa
posição, deve tentar mantê-la.
Exercício do garrote: O paciente deve manter o garrote debaixo do lábio superior, enquanto
permanece com os lábios selados.
Massagens: São realizadas para ajudar a estirar o lábio superior. Deve ser realizada logo abaixo
das narinas no sentido do seu fechamento, ou seja, para baixo. A massagem deve ser realizada
com certa pressão e de modo sistemático.
Para o selamento labial, utilizamos retalhos de hóstias (ou clips ou elástico ortodôntico) e
micropore.
Retalhos de hóstias (ou clips ou elástico ortodôntico): O paciente deve manter entre os lábios
um pedaço de retalho de hóstia , inicialmente por alguns minutos diários e depois ir
aumentando esse tempo.
Micropore: Antes de dormir o paciente sela os lábios com duas tiras de micropore em forma de
X.
Para a mobilidade da língua, utilizamos estalos com a ponta da língua, elásticos, argolas de
metal ou plástico, estreitar e alargar a língua, movimentar para os lados e vibração da língua.
Estalos com a ponta da língua: O paciente estala a língua contra o palato duro, elevando sua
parte anterior.
Elásticos: Dobramos o canudo pelo meio e introduzimos um elástico ortodôntico até a sua parte
central. O paciente deve introduzir o elástico na ponta da língua e tentar soltá-lo estreitando-a
e movimentando-a para trás.
Depois trabalha-se a parte média da língua realizando as mesmas etapas. O objetivo deste
exercício é que o paciente aprenda a estreitar a língua, controlando a musculatura transversa.
Depois de aprendido o exercício, será necessário executar os movimentos de alargar e estreitar
a língua, sem apoiá-la nos lábios ou nos dentes.
Argolas de metal ou plástico: O paciente deve tentar introduzir a ponta da língua dentro das
argolas, sem apoiá-las nos lábios ou nos dentes. Inicia-se com argolas de diâmetro grande e
depois passa-se às menores.
Estreitar e alargar a língua: O paciente deve estreitar e alargar a língua sem movimentá-la para
trás ou para frente. Esta deve estar fora da boca e a ponta apoiada em um depressor.
Exercício muscular do papinho: O paciente deve elevar a ponta da língua e apoiá-la no centro
do palato duro, empurrando sobre este várias vezes. Este exercício deve ser realizado com os
dentes em oclusão, e trabalha a ponta da língua e os músculos do assoalho da boca.
Depressor de madeira: O paciente deve empurrar com a ponta da língua o depressor que o
terapeuta segura realizando uma força em sentido contrario.
Deglutição reflexa: Esse exercício trabalha a parte posterior. Prende-se a ponta da língua e
simultaneamente injeta-se água contra o palato. O paciente deve deglutir a água movendo a
parte posterior da língua e os músculos do esfíncter velofaríngeo.
Para a posição de repouso: mantemos a língua posicionada contra o palato duro durante 10
minutos. Pode-se utilizar um pedaço de hóstia ou elástico ortodôntico na papila palatina para
auxiliar na concentração do paciente. O paciente deve aumentar gradativamente este tempo.
Para o freio lingual, utilizamos os seguintes exercícios: estalar a ponta da língua e estirar a
língua.
Estalar a ponta da língua: Esse exercício trabalha a elasticidade do freio lingual. O paciente
deve realizar estalos com a ponta da língua contra o palato duro, mantendo a boca aberta.
Depois, repete-se o exercício com os dentes em oclusão. Após, é necessário realizar uma forte
sucção da língua contra o palato duro, abrindo e fechando a boca, sem deixar de manter a
língua succionada.
Estirar a língua: O exercício é realizado com a boca aberta, onde o paciente deve estirar a
língua o máximo possível, sem tocar nos dentes ou nos lábios.
Contração e relaxamento dos masséteres: O paciente deve tratar de vencer a força realizada
pelos dedos indicador e médio, colocados na região anterior da arcada inferior, que pressionam
a mandíbula para baixo. Deve-se realizar uma força para conseguir o fechamento mandibular.
Para trabalhar o palato mole, realizamos exercícios com estímulo frio, sucção, deglutição
reflexa, bocejo e articulação dos fonemas posteriores /k/ e /g/.
Estímulo frio: Injetar um jato de água fria (com uma seringa) no centro do palato mole,
enquanto o paciente emite o fonema /a/. Esses jatos devem ser curtos para provocar o
estímulo de contração da musculatura.
Bocejo: Provocamos bocejos abrindo a boca e realizando uma inspiração profunda (via bucal),
para que o paciente observe a elevação do véu.
Articulação dos fonemas /k/ e /g/: O paciente apoia a nuca com as mãos realizando pressão
para frente. No momento da articulação dos fonemas, deve-se mover a cabeça no sentido
contrário. Esse exercício auxilia o fechamento do esfíncter velofaríngeo.
Quanto aos músculos da articulação temporomandibular (ATM), os exercícios que atuam sobre
os músculos que movimentam a ATM são realizados pelos cinesiologos para as patologias
dolorosas dessa articulação. Esses exercícios trabalham a contração dos músculos agonistas
para provocar o relaxamento dos antagonistas, mediante de técnicas de mobilização e outras
mais.
Para trabalhar a sucção, podemos utilizar o exercício com a chupeta ortodôntica, onde o
paciente realiza sucções enquanto o terapeuta segura o aro da chupeta e exerce uma leve força
para fora e com a dedeira de látex, onde colocamos uma dedeira de látex no dedo indicador
(do terapeuta e do paciente), o paciente deve succionar o dedo do terapeuta e ao mesmo
tempo o terapeuta succiona o seu.
Dessa forma o paciente sentirá como o terapeuta realiza a sucção, e este conduzirá sua língua
estimulando seus movimentos de frente para trás. Pode-se utilizar pós de sabores diferentes
para estimulação.
Podemos dividir o trabalho da respiração em duas etapas: a primeira é realizada com treino da
respiração nasal e a segunda com treino do tipo respiratório.
Para o treino da respiração nasal, trabalhamos com um espelho tipo Glatzel, um espelho
pequeno e automatização.
Espelho tipo Glatzel: O paciente deve realizar inspirações e expirações com a boca fechada,
deixando marcada a superfície do espelho. Depois deve inspirar o ar por uma narina e expulsá-
lo pela outra, alternando as narinas.
Espelho pequeno: Coloca-se um pequeno espelho embaixo do nariz, onde o paciente deve
realizar respirações alternando o ritmo e a duração das mesmas.
Em decúbito dorsal: O paciente inspira pelo nariz e coloca a mão sobre o diafragma para sentir
sua expansão e elevação; depois segura a respiração e expira lentamente pela boca,
controlando o fluxo de ar. Após, deve colocar as mãos lateralmente sobre as costelas para
sentir a expansão.
Orientamos o paciente em relação a mastigação para que esta seja realizada com a mordida
anterior, mastigando os alimentos com os lábios selados, alternando os lados e triturando os
alimentos na zona dos molares (posteriormente).
Quanto a deglutição, iniciamos com o treino de líquidos para depois passar ao treino da
deglutição de saliva. Com uma seringa damos um jato de água a boca do paciente, que deve
deglutir seguindo a seqüência abaixo:
Com a boca aberta: O paciente deve posicionar a água no centro da língua, apoiar sua parte
anterior nas papilas palatinas e, com a boca aberta, apertá-la contra o palato realizando
movimentos ondulatórios de frente para trás para levar a água até a faringe. Esse movimento
só é conseguido por meio da elevação do osso hióide, por isso é necessário posicionar a mão
do paciente debaixo da mandíbula para que perceba essa elevação. Realizamos essa primeira
etapa com a boca aberta para estarmos seguros da posição da língua.
Com os dentes em oclusão: O paciente utiliza essa posição, ainda com os lábios separados, mas
com os dentes em contato e repete os mesmos movimentos anteriores. Nessa fase ocorre a
contração dos músculos masséteres.
Com os lábios fechados: Com os dentes em oclusão, repete-se os mesmos movimentos. Nessa
fase, além da contração dos masseteres, constata-se a ausência de mímica perioral ou de
movimentos de cabeça.
Para variar o exercício anterior, o paciente mantém uma bala na boca para provocar salivação.
Deve juntar a saliva, ocluir os dentes e realizar os mesmos movimentos do exercício descrito.
Logo após passamos aos alimentos pastosos e realizamos as mesmas etapas.
No que diz respeito a articulação da fala, os transtornos articulatórios miofuncionais tem relação
com os maus hábitos orais, com as anomalias estruturais dos órgãos fonoarticulatórios e com a
alteração das funções orofaciais.
O sigmatismo anterior está associado a hábitos como sucção de dedos ou de outros objetos, ao
uso da chupeta, entre outros. É freqüente em respiradores bucais.
O sigmatismo lateral também tem relação com a sucção de dedos e da língua e está presente
nas mordidas abertas laterais.
É freqüente a observação de pacientes que articulam quase sem mover a boca e/ou a língua,
produzindo uma fala pouco clara. Treinamos então a pronuncia lenta e a articulação ampla.