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Aula 1 - Conceitos básicos em ortopedia

* Contusão
- Contusão é uma lesão de partes moles (pele e subcutâneo), que resulta em um eritema, um hematoma na região
atingida, que se torna avermelhado, vai se arrocheando e depois se esverdeando.

- A contusão pressupõe que houve um trauma direto, pois geralmente os traumas diretos causam contusões.

* Entorse
- Lesão dos ligamentos articulares devido à distensão ou torção brusca, sem deslocamento das superfícies
articulares. Portanto, um entorse indica uma distensão de ligamentos em casos, por exemplo de eversão ou inversão
do pé.

- Todo entorse pressupõe lesão ligamentar, um estiramento dos ligamentos que seguram a articulação atingida.

- Pode ou não existir algum timo de tensionamento de capsula articular, mas com certeza os ligamentos que
seguram a articulação vão estar comprometidos.

- Uma lesão bastante conhecida é a lesão dos ligamentos do joelho. Internamente nos joelhos, temos os ligamentos
cruzados. São lesões bastante comuns no esporte.

* Luxação
- É uma lesão gravíssima, uma das lesões emergenciais dentro da ortopedia.

- Corresponde ao desalinhamento da articulação.

- Pressupõe-se que houve não só um estiramento ou uma rotura ligamentar, mas sim que houve uma lesão de
capsula, uma incongruência articular, que pode ser total ou parcial.

* Estiramento muscular
- Em casos em que há uma distensão muscular, principalmente em grandes grupos musculares, essa rotura vai
causar um sangramento do musculo, e em para a região subcutânea e da pele. Então teremos um hematoma nessa
região, mas não houve um trauma direto como na contusão, mas sim um trauma indireto, tracionando
excessivamente determinado grupo muscular, causando uma lesão que pode ser parcial ou completa.
* Rotura tendinosa
- O músculo é ligado ao tendão para que ele possa se originar e se inserir no osso, e em locais principalmente dar
inserções musculares podem haver roturas tendinosas.

- É muito comum a rotura do Tendão de Aquiles ou tendão triciptal. Assim como é muito comum a rotura dos
tendões dos extensores que se inserem na falange distal dos dedos, fazendo a rotura de Dedo em Martelo.

* Fratura
- É uma solução de continuidade óssea, então teremos que procurar uma quebra da continuidade do osso, seja na
epífise, metáfise ou diáfise. As fraturas podem ser COMPLETAS (toda extensão do osso é quebrada) ou
INCOMPLETAS. Existem ainda as fraturas SIMPLES e COMPLEXAS.

- Uma fratura é considerada SIMPLES quando se tem apenas um traço de lesão. As fraturas simples podem ser
TRANSVERSAS (há um traço transverso ao sentido longitudinal do osso de até 30°), OBLIQUAS (o traço no osso tem
um eixo maior que 30° em relação ao sentido longitudinal do osso) e ESPIRALADA (pressupõe um mecanismo de
rotação).

- Já uma fratura COMPLEXA ou COMINUTA/COMUNITIVA possui vários fragmentos de osso. Podem também ser
consideradas complexas as fraturas SEGMENTARES, ou seja, há fratura em mais de um segmento do osso, deixando
uma parte dele solta. As fraturas segmentares pressupõe alto impacto. Portanto, sempre que houver grande
impacto, as fraturas terão múltiplos fragmentos ou um segmento do osso solto.

* Descolamento epifisiário
- Quando toda a região epifisária é descolada do osso pela região da fise de crescimento do osso.

- Isso só acontece em crianças, afinal só as crianças ainda possuem a fise de crescimento do osso.

- A lesão margeia a cartilagem de crescimento do osso.

* Desvio
- É uma falta de alinhamento com o eixo proximal do tronco. O que está desviado é o que está DISTAL ao tronco.

- Quando há fratura, o segmento distal à solução de continuidade é quem está desviado. São músculos que
provocam esse desvio. No momento em que será feita redução da fratura, o segmento distal será realocado no
sentido do segmento proximal ao tronco.

* Angulação
- Quando existe um ângulo em determinada articulação. Quando esse ângulo está apontando para a parte interna do
corpo, ela é uma angulação em VARO. Já quando ele estiver apontando para a parte externa, para fora, será uma
angulação em VALGO.

- VARO: vértice para fora.

- VALGO: vértice para dentro


* Fratura exposta
- Há uma exposição do conteúdo ósseo que está envolto pelo grupamento muscular e pela pele.

- Pode ser uma exposição PUNTIFORME ou pode ser uma LACERAÇÃO/ESMAGAMENTO .

- É um potencial risco de osteomielite.

* Tratamento conservador/ não conservador


- Outros nomes: CRUENTO (quando é aberto o foco da lesão para o tratamento) e INCRUENTO (quando não se abre
o foco da lesão).

- O tratamento com gesso é basicamente restrito ao tratamento de fraturas em crianças ou fraturas incompletas em
adultos. As talas gessadas, os gessos, as trações cutâneas são tratamentos conservadores. Apesar de não abrir a
lesão para correção, não quer dizer que o tratamento conservador vá deixar a fratura desalinhada. A redução de
uma fratura é um tipo de tratamento conservador, que pode precisar de uma anestesia, por exemplo, mas ainda é
conservador porque não é aberto. O tratamento conservador pressupõe que a fratura seja reduzida.

- A redução é feita primeiramente com uma hipercorreção da fratura e posterior correção do desvio. Durante a
redução de uma fratura, quando menos idade o paciente, mais podemos aceitar desvios, e quanto mais próximo da
idade adulta, menos desvios podem ser aceitos.

- Redução INCRUENTA: redução não aberta.

- Redução CRUENTA: redução com abertura do foco da fratura.

* Material de síntese

- É o material utilizado para estabilizar um fratura

- Na criança, o material utilizado na maior parte das vezes é o gesso.

- No adulto, em geral, esse material é uma síntese de ligas de aço que são feitas especificamente para cada tipo de
fratura que existe. O adulto deve ser tratado de forma diferente da criança porque ele reage pior à imobilização das
articulações do que a criança. Ou seja, o adulto tem maior perda de função articular mais rapidamente do que a
criança.

- A criança pode ficar até seis semanas com uma articulação imobilizada, pois quando for tirada, ela faz um pouco de
rigidez articular, mas recupera totalmente a função, diferente do adulto.

- Um síntese muito utilizada é a Placa em Ponte: São feitas aberturas na pele nas duas extremidades do osso, e o
osso é fixado nas suas extremidades. Não há abertura do periósteo. Quanto mais biológico for o tratamento, e
quando mais consolidação indireta for permitida para a fx, melhor.
* Consolidação direta e indireta
- A CONSOLIDAÇÃO DIRETA exige que haja uma compressão no foco da fratura.

• Essa compressão faz um alinhamento direto dos canais de Harvey.

• No processo de consolidação o calo ósseo é formado sem que antes se forme o calo fibroso ou cartilaginoso.

• Ela é necessária quando há fx, por exemplo, de articulação (fx de cotovelo ou joelho, por exemplo, exigem que seja
feita consolidação direta para que possa haver mobilização precoce da articulação).

- A CONSOLIDAÇÃO INDIRETA acontece quando há apenas o alinhamento da fratura e não uma compressão.

• Nela, antes de formar o calo ósseo, há formação do calo fibroso, logo depois o calo cartilaginoso, para depois formar
o calo ósseo, por isso é chamada de INDIRETA.

• É esse tipo de consolidação que deseja-se que aconteça na maioria dos tratamentos de fx.

- A osteosíntese pode ser feita com PLACA/HASTE INTAMEDULAR (é passada uma placa por dentro da medula do
osso), com FIXADORES EXTERNOS (colocado de emergência para evitar danos maiores, tirando o paciente da
instabilidade hemodinâmica; muito útil em politraumatizados, fx exposta, etc. É um tratamento temporário, que
deverá ser trocado por uma síntese definitiva).

* Pseudoartrose
- Ausência de consolidação.

- Está relacionada com perda de estabilidade ou perda da vascularização local.

- As fraturas expostas tem alto índice de pseudoartroses, pois há lesão de periósteo, lesão de partes moles que
impedem a vascularização do osso por meio do periósteo.

* Outros termos:
- ÓRTESE: é um tutor externo utilizado temporariamente; é um aparelho de auxílio na estabilidade da articulação ou
com o membro em questão. Robofoot, gesso, ortese de polegar, etc.

- OSTEOTOMIA: um corte no osso, uma fx que é feita cirurgicamente. Por exemplo, quando uma fx é consolidada de
maneira errada, é feito um preparo pré-cx para que essa consolidação seja refeita de maneira certa, e para isso deve
ser feita uma osteotomia.

- OSTEOMIELITE: infecção no osso. Muito grave e dificil de ser tratada e curada.

- CALO ÓSSEO: todo reparo de tecido ósseo. A reparação do tecido ósseo tem fases, desde o sangramento pela lesão
e perda da continuidade óssea até a remodelação. A fase inteira de calo ósseo inclui a remodelação. Também passa
pelo calo ósseo a fase de formação fibrosa e cartilaginosa. Na consolidação direta, existe dentro do calo ósseo uma
parte cartilaginosa.
- Alinhamento varo: vértice para fora.

- Alinhamento valgo: vértice para dentro


* Tecido ósseo
- A célula basica do osso é o osteócito, ele fica preso dentro das lamelas concentricas. Apesar de ser a célula basica,
não é ela que forma o osso.

- Quem forma o osso é o osteoblasto, que é sinalizado pelo osteócito para que ele possa produzir mais osso. O
osteoclasto é a mais importante no reparo do excesso de formação óssea.

- A matriz óssea é composta basicamente por colágeno, multipolossacarídeos e fibras retinaculares, e também
possui uma parte inorganica.

- As lamelas concentricas com o osteócito no centro dizem respeito à cortical larga com canal medular dentro,
correspondendo à regiao diafisária. Quando falamos de regiao metafisária é onde temos a maior largura do osso e
temos osso trabelulado, esponjoso, que carrega a celularidade junto com os vasos. Na diáfise os vasos entram pelo
periósteo, portanto, se tiramos o periósteo da diáfise, temos problemas de consolidação.

- A diáfise tem a mesma largura. Quando começa aumentar é a metáfise e a epífise é a porção distal, que é coberta
por uma cartilagem articular.

- Epífise

• Cortical grossa, espassada.

• Osso trabelulado (mais vascularização)

- Metáfise (inclui e linha epifisária na criança apenas)

• Cortical mais fina.

• Osso trabeculado

- Diáfise

• Vascularização dada pelo periósteo, que também determina a ativação dos fibroblastos (que se tornam condroblastos
e depois osteoblastos).

- Estrutura

• Cortical: lamelas concêntricas. Na diáfise, tem menos vascularização (dada pelo periósteo) e os osteoblastos são
ativados pelo periósteo.

• Esponjoso: fibras trabéculas. Na metáfise e na epífise.

- Forma

• Longos: fêmur

• Curtos: escafoide

• Chatos: escápula
* Crescimento ósseo
- A cartilagem de crescimento/linha fisária fica na região metafisária.

- Existem zonas do crescimento: GERMINATIVA -> PROLIFERATIVA -> HIPERTRÓFICA -> CALCIFICAÇÃO.

- Dentre essas zonas, a que se quebra mais facilmente em uma criança é a Hipertrófica, pois nela as células são
maiores e mais longe umas das outras. É nela que passa a linha da fratura.

* Articulações
- Sinartroses: falsa articulação, pouco movimento.

- Sindesmose (rádio-fíbula)

- Sincondrose

- Sinostose

- Sínfise (púbica)

- Diartrose: articulações verdadeiras (cartilagem hialina e membrana sinovial)

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