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Departamento de Ortopedia

Cadeira de Ortopedia e Traumatologia

Tema: Fracturas em Crianças

Autores: Anube, Aníbal


Ausse, Nelson
Cuamba, Dionísio
Da Rocha, Massada
De Araújo, Iracema
Rucumbo, Joaquim
Fracturas em Crianças
Definição
Etiologia
Tipos de Fracturas
Patologia
Diagnóstico
Exames complementares
Tratamento
Complicações
Prognóstico
Definição
 Fractura: uma solução de continuidade

completa ou incompleta de um osso.


 Fractura em ramo verde: solução de

continuidade incompleta de um osso longo de


uma criança.
 Luxação: perda completa de contacto das
superfícies articulares. Existe sempre uma
lesão capsular combinada muitas vezes com
lesão ligamentosa.

 Sub luxação: perda incompleta de contacto


entre os componentes ósseos de uma
articulação
 A característica mais impressionante do osso
imaturo é o seu potencial de crescimento e pelo
facto de serem mais flexíveis e elástico. O
crescimento longitudinal ocorre na epífise ou
placa de crescimento cartilaginosa.
 Os ossos aumentam de diâmetro por
crescimento aposicional a partir do periósteo.
As lesões podem afectar o crescimento normal
ou podem retardá-lo e ainda podem acelera-lo.
 O periósteo da criança é expeço e resistente,
circunda um osso longo como uma luva e terá
que ser rompido para permitir o deslocamento
duma fractura. Daí que em vez de partir
completamente muitas vezes dobram-se como
ramo verde.
As fracturas nas crianças sempre consolidam e
sendo o único problema a posição em que
consolidam.

Etiologia
 Traumatismos directo ou indirecto;

 Traumatismos obstétrico;

 Queda sobre o cotovelo;

 Queda sobre a mão estendida;

 Levantamento da criança pelo punho;


 Força de angulação ou rotação;

Tipos de Fracturas
 Fracturas completas: tipo mais comum e

ocorre quando ambos lados do osso são


fracturado.
Classificam-se em espiral; transversa; obliqua e
cominutiva.
 Fractura abauladas ou em toro: produzida por
compressão do osso;
 Fractura em galho verde: por deformação
plástica ou encurvamento;
 Fractura epifisária.
Patologia
 O periosteo adere apenas levemente a diafise e é

facilmente deslocado numa grande extensao


pelo sangue colectado sob si que logo é
convertido em calo que se forma sobre a diafise.
 As crianças apresentam semelhanças e

diferenças quanto aos adultos em relaçao aos


locais de fracturas.
 Nas criancas sao raras as fracturas do escafoide,

do colo e regiao trocanterea femoral.


 As fraturas supra-condileanas e do capitulo
umeral sao frequentes representam problema
serio na traumatologia infantil.
 A consolidacao é mais rapida na crianca,
consolida se firmemente em duas ou tres
semanas.
 A remodelacao é intensa e completa na
primeira infancia, todos os sinais de uma
fractura podem desaparecer em meses. A
remodelacao é prejudicado por angulacao no
local da fractura.
 Depois duma fratura dum osso longo numa
crianca o crescimento acelera por algum tempo,
talvez devido a hiperemia das cartilagens
epifisarias.
 Se uma fratura que envolve a cartilagem de
crescimento formar um calo unido a epifise à
diafise, o crescimento desta epifise pode parar
totalmente ou parcialmente levando ao
encurtamento ou distorcao ossea. E as fraturas
que produzem epifisiodese sao em geral do tipo
compressivo.
Diagnostico
Reconhecimento duma fratura em crianca é mais
dificil. As fraturas completas nao apresentam
dificuldades, mas uma incompleta pode passar
despercebido porque os sinais mais evidentes
estao ausente, pode nao haver deformidade,
mobilidade anormal ou crepitacao, historia
traumatica mal contada.
Sindrome do bebe espancado
Mesmo com auxilio de Rx porque tais fraturas
atinge as regioes metafisarias dos ossos longos,
sao em geral multiplas e podem produzir calo
exuberante.
 Aspecto radiologico pode ser atipico e

confundir o diagnostico com molestias osseas


como escorbuto, sifilis, osteomielite ou tumores
osseos.
 A possibilidade da lesao traumatica deve ser

sempre lembrada quando houver uma acentuada


diminuicao da funcao ou medo de utilizar o
membro, associada a dor e edema local.
Complicacoes
 Falta de consolidacao é muito raro excepto o

capitulo umeral.
 Outras complicacoes sao tambem menos

frequentes que nos adultos, mas duas sao


importantes e relativamente frequentes: lesao
da arteria umeral na fratura supra-condileana e
ossificacao pos-traumatica nas fraturas ou
luxacoes do cotovelo.
 Prejuizo do crescimento depois de uma lesao

por compressao da cartilagem epifisaria de um


osso longo.
 Se o crescimento cessa de modo desigual,
ocorrem deformidades angulares.
Se ainda restam muitos anos de crescimento por
parte da crianca, o encurtamento ou a
deformidade podem vir a ser grave.
Epifisiólises
 Ocorre quando um doente com menos de 20

anos de idade, tem uma lesão na extremidade de


um osso longo, mesmo que pareça ter somente
uma contusão ou entorse.
 Segundo Salter e Harris, as epifisiólises

classificam se em 5 tipos:
Tipo I
 A epífise separa se completamente da metáfise

sem deslocamento.
Tipo II
A linha de separação vai através de uma parte da
epífise e depois através da metáfise, onde
produz fragmento triangular metafisário
característico.
Tipo III
A fractura estende se da superficie articular para a
linha epifisária e depois através desta até à sua
perferia separando um fragmento.
Tipo IV
A epífise e uma parte da metáfise estão fracturado,
sendo particularmente frequente no côndilo
externo do húmero.
Tipo V
Lesão rara, normalmente ocorre na região do
joelho ou tornozelo com mau prognóstico. A
placa epifisária é esmagada, pelo que uma parte
desta encerra mais cedo que a outra, o que
resulta numa paragem total ou parcial do
crescimento, causando mais tarde um en
curtamento ou deformação severa do membro.
Ainda classificam-se em:
 Extra-articulares: tipo I e II

 Intra-articulares: tipo III e IV

 Lesões por esmagamento da epífise: tipo V


Estudo por imagem
As radiografias essenciais são de dificil
interpretacao, alem das projecoes habituais, as
obliquas podem ser importantes por mostrar
pequeno fragmento de Thurston-Holland da
metafise. Por isso é importante dar atencao a
tumefacao localizada dos tecidos moles.
Tratamento das pifisiólises
 A maioria das fracturas podem ser controlada

sem operacao;
 Lesoes sem desvio devem ser protegidos em

aparelhos gessados por 3 a 6 semanas


dependendo da idade e do local e do tipo da
lesao.
 Lesoes do tipo I e II com desvio devem ser

tratados por reducao fechada delicada, seguida


por imobilizacao.
 As lesoes do tipo III e IV com desvio, em

geral necessitam de reducao aberta e fixacao


interna.
 As lesoes do tipo V devem ser protegidas em
um aparelho gessado tipo tala. O resultado
precario dessas lesoes, nao podera ser
aprimorado por qualquer tratamento precoce.
Fraturas e luxacoes do ombro
Fraturas da clavicula
Frequente em criancas, pode ser causada
traumatismo directo ou indirecto. Mais frequente
por traumatismo obstetrico.

Diagnostico clinico:
Palpa se a fratura pois o diagnostico radiologico
pode ser dificil.
Dispensa-se a reducao, consolida sempre com bom
resultado funcional.
Fratura por traumatismo obstetrico consolida em 1
semana.
Deve explicar se a mae que dentro de um ano o
osso vai remodelar-se e igual ao do lado
contrario.
As vezes parece associado com paralisias
obstetricas do plexo braquial e tratamento é
fisioterapia.
As fraturas em criancas maiores sao tratados com
ligadura em 8 ou laco, e tempo de consolidacao
em criancas é de 1-2 semanas e adultos 3-4
semanas. Nao precisa transfer.
Luxacao esterno-clavicular
Quando ha luxacao, a extremidade medial da
clavicula geralmente esta deslocada para fora. Se
estiver deslocada para tras pode comprimir a
traqueia ou grandes vasos.
Palpa-se a margem interna da clavicula luxada ou
subluxada em relacao ao esterno. Dificil de
diagnosticar radiologicamente.

Tratamento:
Reducao por pressao directa sobre a extremi
dade medial da clavicula, enquanto os ombros sao
arcados para fora. Manter uma almofada
colocada sobre a frente da articulacao, mantida na
posicao atraves de uma correia rigida. A
imobilizacao é mantida por duas semanas e a
seguir iniciar os exercicios ativos.

Fractura Supracondília do humero


É a mais comum e mais importante das fracturas da
infância.
Deve ser sempre considerada grave por causa da
possibilidade da lesão da artéria braqueal.
Causa: queda sobre o braço estendido
Diagnóstico: anamnese e exame objectivo
cuidadoso, confirmado com Rx.
Tratamento:
Sem desvio: proteção com gesso durante 3
semanas.
Com desvio: redução sob anestesia.
Apos a redução o cotovelo é imobilizado no
angulo inferior a 90˚.
Cuidados: avaliar o pulso radial e mobilidade dos
dedos e a sensibilidade da mão.
Complicações:
Lesão da artéria braquil com consequente
contratura isquemica de volkman, nervo mediano
e consolidação viciosa com consequente
deformação do cotovelo.
Fracturas dos condilos do húmero
frequente nas crianças de 4 a 15 anos causadas por
queda.
O condilo interno é menos afectado que o externo.
A fractera extende se obliquamente para cima e
fora da superfície articular.
Diagnostico: anamnese, exame físico e Rx do
cotovelo.
Tratamento:
Sem deslocamento: tala gessada imobilizando o
cotovelo a 90˚ com antebraço em posição neutra
durante 3 semanas.
Com deslocamento: redução sob anestesia geral e
imobilização da fractura com uma tala gessada
posterior e o cotovelo deve estar flexionado a 90 ˚
e imobilizado por 3 a 4 semanas.
Complicações:
Pseudoartrose, deformidade, osteoartrose ( quando
uma fractura deixa uma deformidade permanente
na superfície articular.
Fractura da epitróclea
É causada por queda ou trauma
Diagnostico :
Tratamento :
Sem deslocamento : tala gessada imobilizando o
cotovelo a 90˚, com antebraço em posição neutra e
punho também imobilizado durante 3 semanas
seguidos de exercicíos activos do cotovelo
Com deslocamento; maior que 1cm- fixação do
fragmento depois de reduzido com 2 fios de
Kirschner.
Complicações : inclusão do fragmento na
articulação ,lesão do nervo cubital

Fractura do colo radial


Causa queda sobre a mão estendida
Diagnóstico: clinico e radiológico
Tratamento :
evitar fazer a excisão da cabeça radial, pois irá
evoluir com o crescimento para um cubito
valgo .
Com ângulação inferior a 15˚ fazer alça ao
pescoço durante 10 dias
Com ângulação maior que 15 fazer redução sob
anestesia geral
Com cabeça completamente separada redução
cruenta .
Síndrome da criança puxada
Uma lesão pequena e comum em crianças com
menos de 4 anos de idade.
Causada por tracção brusca sobre o braço
prolongado e estendido, exercida
habitualmente por adulto que puxa com força
uma criança pequena.
Clinica:
Recusa de usar o braço;
Falta de rotação do punho ;
Mão em posição neutral.
Tratamento:
A redução é fácil devendo se sempre empurrar o
antebraço proximalmente e rodar
alternadamente, com movimento de prono-
supinação.
Fracturas do antebraço
Fractura de Monteggia
Combinação duma fractura do cúbito do terço
proximal com luxação da cabeça do rádio.
Causas: traumatismos directo.
Tratamento: fazer sempre tentativa de redução
fechada e é uma urgência.
Tratamento cirúrgico caso não se consiga ou se
tiver re-deslocação depois de uma ou tres
semanas.
Fractura de Galleazzi
Uma fractura da diáfise do rádio com uma luxação
rádio-cubital distal.
Pode se observar encurtamento do rádio em relação
ao cúbito ao exame físico
Tratamento: redução fechada corrigindo a
angulação e imobilizar por 6 semanas.

Fractura do colo do fémur


Geralmente causado por um quisto.
Tratamento:
Redução fechado e gesso,
No caso de luxação é preferível fixação intrrna.
Fractura de diáfise do fémur
Podem ser transversas, obliquas, espirais,
cominutivas ou tipo galho verda.
Tratamento: conservador mantendo se o membro
em tracção e apoiado numa goteira de Thomas.

Fracturas da tíbia e peróneo


Não são comuns em crianças.
Bibliografia :
Adams , J. Crawford , Manual de fracturas ,6
edição 1976
Langa ,José et all, Manual de fracturas
tratamentos recomendados pela escola de
maputo ,1997
Way, Lawrence, Cirurgia Diagnóstico e
Tratamento, Guanabara Koogan, 11 Edição

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