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INSTITUTO SUPERIOR POLITECNICO TUNDAVALA

DEPARTAMENTO DE CÍÊNCÍAS DA SAÚDE


CURSO DE LICENCIATURA EM FISIOTERAPIA
DISCIPLINA: FISIOTERAPIA TRAUMATO-ORTOPEDICA I

UNIDADE 6- TRAUMATISMOS DOS MEMBROS SUPERIORES


FRACTURAS DA ESCÁPULA, CLAVICULA E UMERO E
COTOVELO
Questões a considerar frente um caso de fractura
1- Sempre por detrás de uma contusão pode se esconder
outra lesão, normalmente uma fractura ainda não visível
sobretudo nas crianças: (ex. Uma fractura ulnar num
jovem).
2- Uma patologia ortopédica independente onde a
contusão é o momento relevante (ex. tumor, infecção
osteocondrite etc).
3- A persistência anormal da dor nos dias seguintes, impõe
um controlo clínico em ortopedia pediátrica ou adulto
dependendo da idade do paciente.
1ª QUESTÃO DE ESTUDO.
6.1. FRACTURA DA ESCÁPULA, CLAVÍCULA
6.1.1. Breve abordagem da anatomia

Fig.1 Ilustração da face posterior do úmero, escapula e clavícula


Fonte: Atlas de anatomia Humana Pdf
Fonte: Atlas de anatomia Humana Pdf
6.1.2- Fractura da escápula
Classificação da Fractura: Baseada na região anatômica, atingida.

Fig 12 Linhas de fracturas da escápula


a) Causas
 São pouco frequentes e ocorrem em adultos e normalmente são concomitantes a
politraumatismos.
 Normalmente apresentam-se sem muitos desvios e consolidam fácil pela enorme
vascularização que possuem.
 Os tratamentos são em geral conservadores, mas as que atingem a glenoide ou
colo podem evoluir para cirurgia.
b) Aspectos Clínicos:
 Fracturas do corpo poucos sinais físicos, mais comprometimentos torácicos

 Fracturas da espinha, processo coracoide, e acrómio mostram mais claramente

deformidades.
 Os descolamentos epifisários medial e proximal são voluntários e confundidos com as luxações
esternoclaviculares e acrómio-claviculares que são raros, pode ocorrer por ossificação tardia da epífise
medial até : 18-20 anos de idade.
 Tratamentos:

 Conservadores ou cirúrgicos.
 Os tratamentos cirúrgicos são mais efectuadas nas fracturas
articulares glenoidais.
 Tratamento conservador com imobilizações com gesso, tipóia ou
velpeau
6.1.2 CLAVÍCULA
6.1.2 - Clavícula
É um osso subcutâneo e de fácil acesso a traumas, directos ou
indirectos, são mais frequentes na Criança, porém pode ocorrer em
todas as faixas etárias; as causas mais comuns apontam mais para a
prática do desporto.
 As fracturas do terço médio ocorre em 80% dos casos e o restante é do
1/3 distal
Classificação das fracturas da clavícula de acordo a sua localização
1- Terço proximal ocorrem em 5%
2- Terço médio ocorrem em 80%
3- Terço distal ocorrem em 15%

Classificação das fracturas diafisárias da clavícula


Tipo I: sem deslocação de ligamentos coracoclaviculares, permanecendo
fixos no fragmento medial.
Tipo II: Resultam de deslocamento dos ligamentos coracoclaviculares do
fragmento medial e deslocamento da fractura.
Tipo III: Envolvem a superfície articular acromioclavicular sem
deslocamento dos ligamentos coracoclaviculares; as fracturas do tipo III
conduzem a degeneração articular no lugar do deslocamento.
Complicações: o nervo ulnar é frequentemente lesionado por passar entre a primeira costela e a clavícula fracturada .
O tratamento pode ser cirúrgico ou conservador.
 Ultimamente tem-se usado o tratamento conservador.
 Imobilização gessada tipo velpeau ou splint
Indicações do tratamento cirúrgico
Fractura do terço médio : a) Fractura exposta, b) propensão a exposição, c) interposição
de tecidos moles, d) lesão nervosa ou vascular que necessita reparo.
 As fracturas deslocadas distais tipo II com deformidade grave em mulheres e jovens tem
indicações relativas a tratamento cirúrgico.
O tempo médio para movimentar a clavícula está estimada depois de 6 semanas de
imobilização, quando se confirmar a união dos fragmentos.
 O cotovelo, antebraço e o punho devem ser imobilizados imediatamente após a fractura
para prevenir a atrofia e rigidez.
Fig. 15, 16 Imobilização da fractura da clavícula, face anterior e
posterior; tratamento cirúrgico com placa intramedular
6.1.3 Fracturas do 1/3 Proximal do úmero
O úmero é um osso longo que compõe a porção esquelética do braço humano, é
um osso com muitas semelhanças ao fémur. Liga-se à escápula e aos ossos do
antebraço, o rádio e o cúbito (também conhecido por ulna). A sua articulação com a
escápula, na extremidade proximal, é do tipo esférica; feita através da cabeça do
úmero, que se encaixa na cavidade glenóide da escápula.

Esta articulação permite grande liberdade de movimentos, dai dizer-se que a


mesma possui 3 graus de liberdade (permite a flexão, extensão, adução, abdução e
rotação do braço).

Já na extremidade distal, na região conhecida como cotovelo, há uma articulação


através da tróclea do úmero e do olecrano do cúbito/ulna. Uma parte do úmero, o
capítulo, articula-se com a cabeça.
Fracturas do 1/3 Proximal do úmero
São comuns respondendo entre 4% a 5% de todas as fracturas, 1 Fractura do úmero
28 casos Relatório de Fisioterapia Amélio (2016) acometem mais os idosos, e as
mulheres (na relação homem mulher 2:1) nos idosos por causa da osteoporose;
As fracturas proximais do úmero podem ocorrer no colo anatómico e cirúrgico, as do
colo anatómico situam-se entre a articulação da cabeça umeral e os tubérculos; por
isso ocorre muita necrose avascular em fracturas deslocadas do colo anatómico por
causa da ruptura de aporte sanguíneo da cabeça umeral pelas artérias circunflexas
anteriores e posteriores.
As fracturas do colo cirúrgico, ocorrem distalmente ao tubérculos e não prejudicam
a provisão de sangue a cabeça umeral.
Classificação de Codman é a mais simples

Fig. 17 Fracturas do terço proximal do úmero


Fig 18, 19 Fractura do colo anatómico do úmero fixada com parafusos e arame.
Tratamento
 São complexas e difícil tratamento.
 O tratamento depende se houve ou não desvio e podem ser
fixadas, quando a redução não mantiver estabilizada, ou se houver
fragmentos intra articulares.
 Faz-se varias formas de fixação cirúrgica: fios, placas, parafusos
e por fim até próteses de cabeça umeral.
6.4 FRACTURAS DO COTOVELO

6.4.1 Breves considerações da anatomia


 O cotovelo é uma articulação que parece uma simples
dobradiça, mas quando a complexidade dos movimentos e
interacção do cotovelo com o antebraço e punho são
entendidas,
 É fácil verificar como as patologias do cotovelo podem
trazer grande desconforto ao paciente.
 Para utilizarmos a nossa mão no dia-a-dia, dependemos de
um ombro e cotovelo móveis, estáveis e sem dor.
Fig. 3 Cotovelo e seus ligamentos
Fig 6 Músculos rotadores do radio
6.4.2 Partes ósseas que constituem a articulação do cotovelo
Articulação ulnotroclear e radiocapitular
1-Extremidade inferior do úmero
2-Extremidade superior do rádio
3-Extremidade superior do Cúbito ou Ulna
6.4.3 FRACTURAS DO UMERO DISTAL
As fracturas do Úmero distal Classificam-se em:
1- Extra articulares
2- Intra-articulares
As mesmas fracturas são subdividas em:
a) Supracondilares;
b) Epicondilares;
c) Transcondilares;
d) Condilares;
e) Inter condilares;
f) Capitulares;
g) Trocleares;
6.4.4- Lesões associadas (luxações, Pronação dolorosa)
CLASSE /AO
Tipo A: DESCRIÇÃO TRATAMENTO
Extra-articular
A1 Fracturas de avulsão sem perda Breve imobilização com
do suporte da coluna para a ADM precoce
superfície articular
A2 Fracturas metafisárias com Não deslocadas :
cominuição limitada. imobilização gessada < 3
semanas.
Deslocadas : RAFI (Redução
aberta; fixação interna)

A3 Cominuição metafisárias RAFI com placas CD 4,5


significativa
TIPO B: Fracturas Descrição Tratamento
articulares parciais
B1 Ruptura da coluna lateral RAFI com placas e/ ou parafusos

B2 Ruptura da coluna medial RAFI com placas e /ou parafusos

B3 Ruptura do capítulo ou tróclea RAFI com ou sem excisão primaria


do fragmento
Tipo C: Fracturas Descrição Tratamento
articulares totais
C1 Separação intercondiliar sem RAFI
cominuição
C2 C1 com cominuição RAFI com ou sem enxertia óssea
metafisárias
C3 C2 com cominuição da RAFI com ou sem excisão e com ou
superfície articular sem enxertia óssea
4.4.3.2- FRACTURAS EXTRA-ARTICULARES
1- Fracturas supracondilianas
Mecanismo de lesão (podem ocorrer em extensão e flexão)
a) Em extensão (Gartland): são produzidas por quedas sobre as mãos
estendidas e ocorrem em 80%.

b) Em Flexão: Menos frequentes produzem-se por:


 Trauma contra a face posterior do cotovelo flectido
Clínica:
- Não é possível a extensão do membro,
- A linha de fractura oblíqua que vai de ântero-proximal para póstero-distal;
- A sua forma de apresentação é exposta porque o fragmento afiado perfura
o tríceps e a pele circundante,
- Há ruptura da bolsa subcutânea do olecrânio.
 As fracturas supracondiliares de Malgaigne são comumente vistas em crianças,

 Elas ocorrem acima da fossa olecraniana e são caracterizadas por dissociação da diáfise
umeral dos côndilos do úmero distal.

 As linhas de fracturas podem se estender distalmente envolvendo a superfície articular.


 Nos adultos, as fracturas intercondilares são muito mais comuns e deve se suspeitar delas.
Sinais e sintomas
Sinais e exame radiográficos: Fractura do tipo flexão, com desvio
anterior
Tratamento
1. Conservador:
 Fracturas sem desvio – tala de gesso posterior
 Fracturas com desvio – redução + tala
 Redução fechada seguida de imobilização em extensão

1. Cirúrgico:
 Fixação do fragmento distal após redução fechada
 Redução aberta com fixação interna
 Quando impossível apenas redução + imobilização, redução com posterior
fixação por pinos percutâneos.
Tratamento de fracturas supracondiliares em adultos

Tipo de fractura Tratamento operatório

Tipo 1 Divisão medial , lateral ou tríceps, com aplicação de placas


de reconstrução de 3,5 mm da coluna medial e lateral, a
placa da coluna medial é aplicada na crista medial, a placa da
coluna lateral é colocada na superfície da coluna posterior.

Tipo II e III Fixação com parafuso de tracção da fractura intercondiliar,


Reduzir e estabilizar o componente supracondiliar com placa
medial e lateral;
Uso de enxerto ósseo na região de cominuição
supracondiliar.
Tipo IV Idem no tipo III
Tratamento das fracturas supracondiliares em crianças
Classe Descrição Tipo de extensão Tipo de flexão

Tipo 1 Fractura não-deslocada Imobilização em 90º de flexão Imobilização em quase


extensão.

Tipo 2 Deslocada com uma Redução fechada e colocação de Redução fechada,


cortical intacta pinos percutâneos (dois laterais ) colocação de pinos
percutâneo (dois
laterais)
Tipo 3 Deslocamento completo
Redução fechada e colocação de Redução fechada e
dois pinos cruzados (dois pinos colocação de pinos
laterais um medial); RAFI se cruzados (dois laterais,
instável um medial RAFI se
instável
2- Fracturas Intra-articulares condilares
Classificam-se em:
1- Unicondilares (Milch), 2- Côndilo medial (tipo 1 e 2)
3- Côndilo lateral (tipo 1 e 2), 4- Bicondilares (T e Y)

Mecanismo de lesão: Queda sobre o membro superior estendido com cotovelo em


varo.
a) Côndilo medial e lateral são raras em adultos.
Tipo I -não há fractura da tróclea
Tipo II -há fractura da tróclea
b) Bicondilares côndilo medial e lateral: Os fragmentos são separados entre si e da
diáfise umeral, podem ter disposição em T ou Y
Fig: CÔNDILO MEDIAL E LATERAL
FRACTURAS DOS CÔNDILOS MEDIAL E LATERAL
3- Fractura do Epicôndilo Medial
• Predominantes no sexo masculino entre os 9 a 14 anos
• Mecanismo de lesão: Trauma directo associada com luxação do
cotovelo
 CLÍNICA : Refere dor e palpa-se localmente a crepitação, a dor
aumenta com flexão do punho.

 Tratamento
1. Fracturas não descoladas ou desvio mínimo
 Faz-se a imobilização com cotovelo em 90º por 1 semana (tala Axilo
palmar) e mais tarde coloca-se gesso circular por 2 semanas.
2. Fracturas descoladas
 Controvérsia entre tratamento cruento ou incruento
 Importante – movimentos precoces para recuperar a mobilidade
 Complicações-lesão do nervo ulnar e nervo mediano
4- FRACTURAS DO EPICÔNDILO LATERAL

São raras e ocorrem por avulsão


Tratamento: Imobilização simples

O tratamento das Fracturas Intra-articulares de acordo o seu tipo pode ser:


- Tipo1- Redução incruenta e imobilização gessada axilo palmar por 3 a 4
semanas.
- Tipo 2- Redução cruenta com fixação interna.

 COMPLICAÇÕES:
Atraso da consolidação,
Pseudo-artrose,
Esporão lateral,
Cúbito varo
5- FRACTURAS DO CAPÍTULO
São raras, o mecanismo de lesão é a transmissão de força da cabeça radial
quando se tenta interromper uma queda e cai ao chão sobre a mão.

a) Classificação:
Tipo I: As fracturas envolvem as porções ósseas e cartilaginosa do capítulo
produzindo um fragmento de (Han-Steinthal).
Tipo II: As fracturas do capítulo cisalham a cartilagem articular com pouco
osso subcondral por baixo.
O côndilo desencapado é chamado de Kocher-Lorenz; ou envolve cartilagem
articular com muito pouco osso fixado < freq) ·
Tipo III (Wilson): são fracturas de compressão com notável
cominuição do capítulo, a superfície articular é impelida
proximalmente e impactada na porção óssea

b) Tratamento da Fractura do Capítulo


Se a fractura apresentar desvio, a indicação é cirúrgica e neste
caso, sendo os fragmentos pequenos a ponto de impossibilitar
uma fixação rígida faz-se uma ressecção a cabeça do rádio; Se
for possível fixação usa-se o parafuso de Hebert.
fig.: Fracturas do capítulo
Fracturas com desvio mínimo ou sem desvio:
- Imobilização com tala gessada posterior por 1 a 2 semanas
•Fracturas com desvio:
- Redução fechada sob anestesia? Redução aberta?
• Fracturas com lesões associadas dos ossos e tecidos moles:
- Cirurgia de urgência
• Fracturas com desvio moderado a intenso:
- Cirurgia com fixação distal com fios de Kirschner
Obs.: é necessário um controlo radiográfico após o tratamento instituído
por volta do 3º dia e do 7º dia.
Redução fechada
Fig.: Tração aplicada no cotovelo fletido 30 a 40º
Redução do desvio antero-posterior com flexão gradual do cotovelo até 30º acima do ângulo reto.
6.4.4 - LUXAÇÃO DO COTOVELO
_ 2ª Mais frequente (1ª ombro)
_ Faixa etária (20 a 30 anos) associada a prática desportiva
_ Diagnóstico clínico: (dor e edema local e exame radiológico)

Classificação da Luxação do Cotovelo


_ Estabelecida pela posição da unidade radiocubital ou radioulnar em relação
ao úmero:
• Posterior- mais comum
• Anterior e lateral- raras
Fig. Luxação anterior do cotovelo
Fig. Luxação posterior do cotovelo
Tratamento da luxação do cotovelo
 Avaliar as condições neurovasculares,
 Sugere necessidade de redução aberta
ou não,
 A maioria dos casos é realizada redução
incruenta com imobilização por 3
semanas,
 Quanto mais precoce melhor recuperação
da mobilidade.
 Realiza-se redução cruenta no caso de
luxação irredutível, exposta ou com
fractura do epicôndilo lateral.
Método de redução Parvin da luxação do cotovelo
Pronação da mão com tracção para baixo/eleva o cotovelo.
Complicações
_ É mais comum a perda da mobilidade em torno de 10°a 15°de
redução da extensão do antebraço.

4.4.5-. LESÕES ASSOCIADAS


Na lesão dos nervos ulnar e mediano o ferido tem queixas tipo
parestesia o que também pode ocorrer normalmente, porém transitória.

As lesões arteriais são; a artéria braquial, na palpação de pulso


apresenta sinais de isquemia.
Nos casos mais graves apresenta o encarceramento do nervo mediano .
4.4.6- PRONAÇÃO DOLOROSA
Ocorre em alta frequência de 2 a 3 anos de idade e são raras
após os 5 anos, pela maior dificuldade de saída da cabeça do
rádio de sua posição original.
• No sexo feminino e à esquerda;
• Ocorre quando se realiza a tração do membro superior com o
antebraço em pronação e o cotovelo em extensão.
Diagnóstico Clínico
.Dor imediata com recusa da movimentação do membro.
Fig : Pronação Dolorosa
•Diagnóstico Radiológico- Não diagnóstica mas é importante
para diferenciar outras patologias.
Tratamento da pronação dolorosa
• Redução incruenta com supinação do antebraço ao mesmo tempo
que flexiona o membro.
• Se a mobilidade está normal até após 15 minutos não imobilizar,
caso contrário coloca-se tala gessada axilopalmar por 1 semana.
• Se ocorreu a mais de 24h imobiliza devido o desenvolvimento de
sinovite traumática

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