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FRATURA DO COTOVELO E

DOS OSSOS DO CARPO


PEDIATRIA

Fisioterapia e Condições Específicas em Pediatria


Docente: Ana Moreira

Discentes: Ana Rodrigues


Gustavo Oliveira
João Nascimento
Miguel Brás
ENQUADRAMENTO
TEÓRICO
Fratura do Cotovelo
Fraturas no
cotovelo

1. 2.
Supracondiliana Cabeça do Rádio
Ossificações Secundárias

† 1 ano – Capítulo
† 5 anos - Cabeça do rádio e epicôndilo medial
† 11 anos – Tróclea
† 12 anos - Olécrano

A idade da criança na avaliação física e na


interpretação dos exames complementares
é bastante importante
1. Fratura
Supracondiliana
Origem da fratura: Ao cair o braço permanece em extensão ou quando é aplicada força direta sobre a
articulação

Idades mais frequentes de ocorrência da fratura: Entre os 3 e os 11 anos

Complicações: O fragmento ósseo distal pode ser puxado posteriormente pelo músculo tricípite. Deste modo, é
provocado o alongamento de artérias braquiais ou lesionar os nervos radial ou mediano, o que irá provocar
dormência e a dificuldade acrescida em mover a mão e os dedos.

Sintomas: Edema na articulação; Incapacidade de realizar flexão; Pode surgir contusão caso haja lesão de um
vaso sanguíneo; Dormência da mão; Incapacidade de movimentar a mão e os dedos quando há lesão de um
nervo.

Tratamento Conservador: Imobilização com tala axilopalmar com 90º de flexão da articulação (Tipo I e II).
Tratamento Cirúrgico: Cirurgia (Tipo III e IV) e posteriormente é imobilizado o membro com tala
axilopalmar durante por 3 a 4 semanas.
Classificação de Gartland modificada por Wilkins

Tipo I – Fratura sem desvio ou com desvio <2mm;


Tipo IIA - Fratura com desvio >2 mm posterior intacta;
Tipo IIB – Fratura com desvio, posterior intacta e com rotação;
Tipo III - Fratura com total desvio com rutura do periósteo posterior;
Tipo IV – Fratura totalmente desviada e instabilidade multidirecional
2. Fratura da
Cabeça do Rádio

Origem da fratura: Ao cair o braço permanece em extensão

Complicações: Perda da extensão total do cotovelo e antebraço. O exame físico é imprescindível


visto que esta fratura por vezes pode ser difícil de identificar nos exames médicos pois em torno da
articulação há acumulação de líquido, impossibilitando a identificação da fratura.

Sintomas: Dor; Incapacidade funcional; Incapacidade de flexão do cotovelo; Presença de edema;


Sensação tátil dolorosa

Tratamento Conservador: Imobilização durante 2-3 semanas e quando tolerado exercícios de


mobilidade para aumento de amplitude;
Tratamento Cirúrgico: Cirurgia
Classificação de Mason modificada por Johnston

Tipo I – Fratura sem desvio ou com desvio <2mm;


Tipo II – Fratura com desvio com um fragmento;
Tipo III – Fratura cominutiva;
Tipo IV – Fratura cominutiva com luxação associada
ENQUADRAMENTO
TEÓRICO
Fratura dos Ossos do Carpo
• A formação dos ossos do carpo inicia-se aos 2 meses
na fase intrauterina e apenas na adolescência é que a
sua formação fica completa;

• Os ossos na infância são na sua maioria cartilagem,


ou seja as fraturas em crianças não são tão
frequentes.
Processo de ossificação:
1 ano de idade - Capitato e Hamato;
3 anos de idade – Piramidal;
4 anos de idade – Semilunar;
5 anos de idade – Escafóide
6 anos de idade – Trapézio e trapezóide

Início mais tardio no sexo masculino e algumas etnias


Desenvolvimento Ossos do Carpo

3 anos 5 anos 8 anos

10 anos 13 anos 16 anos


Origem da fratura: Ao cair o braço e a mão permanecem em
extensão

Complicações: Algumas complicações que o tratamento cirúrgico


pode trazer são, pseudoartrose do escafóide, artrose do punho e
necrose avascular.

Sintomas: Dor; edema do punho mais evidente na base do polegar;


limitação da mobilidade dos dedos; hemorragia interna.

Tratamento Conservador: Imobilização com gesso entre 4 a 6


semanas, quando são fraturas estáveis e sem lesões associadas.
Tratamento Cirúrgico: Cirurgia é indicada nas lesões onde existe um
desvio associado à fratura e posteriormente fisioterapia no pós-
operatório.
▪ A frequência com que estas fraturas acontecem é reduzida, sendo que
o osso escafóide é o mais recorrente nestas idades a sofrer lesões.

+ Frequente
2- Terço Médio
3-Terço Proximal
1- Terço Distal

- Frequente
CASO CLÍNICO
INFORMAÇÃO CLÍNICA
A criança M., do género masculino, nasceu a 10 de fevereiro de 2016 e atualmente
tem 6 anos.
A criança caiu na escola no recreio a 25/03/2022 e, ao aparar a queda, o cotovelo e
punho direito permaneceram em extensão.

Por consequência, foi de emergência para o hospital da Universidade de Coimbra


com dores intensas e a recusa de flexionar o cotovelo direito. Além dos sintomas
previamente especificados, referiu dor no punho e verificou-se edema mais
evidente na base do polegar e limitação na mobilidade do 1º dedo da mão. Passado
algum tempo começou a aparecer uma zona “negra” no punho direito
correspondendo à hemorragia interna.
INFORMAÇÃO CLÍNICA

No centro hospitalar foi realizado um raio-X ao cotovelo e à mão.


A radiografia ao cotovelo direito foi realizada em dois perfis, antero-posterior e de
perfil, onde foi identificada a fratura supracondiliana de tipo I, na articulação do
cotovelo.

Por último, foi realizado um raio-X à mão direita da criança, onde se identificou a
fratura do osso escafóide no terço médio do mesmo.
Linha Temporal

Fratura Imobilização Fisioterapia

Duração de 2 meses.
25/03/2022 Até 25/04/2022 2 vezes por semana.
30 a 40 minutos
Avaliação
Avaliação Subjetiva

➢ Data de Nascimento: 23/02/2016


➢ Mão Dominante: Direita
➢ Ano de escolaridade: Pré-escolar
➢ Hobbie: Desenhar e pintar
➢ Mecanismo de lesão: Ao brincar no parque caiu das barras
de macaco e aparou a queda com o cotovelo e punho direitos
em extensão
➢ História Clínica Anterior: Não tem lesões anteriores
Avaliação Objetiva

• Avaliação das amplitudes articulares do cotovelo


(flexão, extensão, supinação e pronação)
• Avaliação das amplitudes articulares do punho
(desvio ulnar, desvio radial, flexão e extensão)
• Avaliação da dor (Escala visual da dor)
• Avaliação da força muscular
• Nervos radial, medial e ulnar
• Temperatura
• Avaliar a dor em pronação e desvio ulnar (escafóide)
• Sensibilidade (escafóide)
• Allen’s test – artérias radial e ulnar
Identificação de Problemas

• Amplitude articular cotovelo - 20º- 118º


(extensão-flexão)
• Amplitude articular punho- Desvio Ulnar 40º;
• Pronação Antebraço- 80º;
• Escala Visual da Dor- 4 (end-feel);
• Avaliar a dor em pronação e desvio ulnar- 5
(EVD);
Identificação de Problemas
• Teste força muscular- (Escala de avaliação
de força Muscular)
Flexão do cotovelo 4
Extensão do cotovelo 4
Flexão do punho 4-
Extensão do punho 4-
Pronação 5
Supinação 5
Desvio Ulnar 4-
Desvio Radial 4-

• Sensibilidade- não há alteração


• Temperatura – normal
• Allen’s test- Negativo
• Testes ULTT- negativo
OBJETIVOS

➢ Restabelecer as amplitudes articulares;

➢ Reduzir a dor ao movimento;

➢ Fortalecimento muscular;

➢ Aumentar a destreza manual;

➢ Eliminar o medo de realizar determinados


movimentos;

➢ Proporcionar o retorno às atividades de vida


diária, principalmente escolares.
PLANO DE INTERVENÇÃO

1. Imobilização com tala de punho e tala posterior do braço mantendo


o cotovelo a 90 graus de flexão e o antebraço em posição neutra.

2. Posteriormente substituída por gesso após diminuição do edema.

3. A imobilização teve a duração de 4 semanas.


• Segundo Keppler a necessidade da fisioterapia e a sua indicação no
tratamento e na reabilitação do cotovelo da criança após a fratura
supracondiliana do úmero não está suficientemente definida na
literatura

• O papel do fisioterapeuta é identificar a causa principal do problema


e selecionar técnicas de tratamento adequadas para ajudar o paciente
a retornar às suas atividades de vida diária desejadas.
INTERVENÇÃO

• Massagem nos locais da fratura e zonas adjacentes

• Exercícios de alongamento de forma a recuperar a


amplitude de movimento
• Mobilização passiva não forçada do cotovelo: flexão, extensão,
pronação e supinação (respeitando a dor) (WAKEFIELD; MCQUEEN,
2000)

• Mobilização ativa (cotovelo, punho e dedos) (MCAULIFFE et al.,


1987)
• Exercícios propriocetivos e atividades funcionais como atirar e receber uma bola .
(BLACKBURN et al., 2000)

• Exercício de fortalecimento, encher balões com bomba de ar

• Exercício de propriocepção, fortalecimento e mobilização ativa do


punho com recurso a um labirinto.
Os pais devem incentivar a criança a realizar as
atividades da vida diária como comer e lavar os dentes
com o braço direito

Deve também ser incentivado o uso do braço direito


nas atividades escolares.
Visto que o indivíduo dará entrada no primeiro ano
escolar, será de grande importância este incentivo
de modo a que este possa aprender certas
competências desta etapa, tal como escrever,
desenhar, entre outros.
REFERÊNCIAS

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www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7557557/, 10.15537/smj.2020.9.25348.
Campagne, Danielle. “Fraturas Do Cotovelo.” Manual MSD Versão Saúde Para a Família, Manuais MSD, 8 Apr. 2021, www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/les%C3%B5es-e-
envenenamentos/fraturas/fraturas-do-cotovelo#v13966460_pt. Accessed 10 Oct. 2022.
“Carpal Fractures, Hand: Musculoskeletal Medicine.” OrthoPaedia, orthopaedia.com/page/Carpal-fractures.
Goddard, Nicholas. “Carpal Fractures in Children.” CLINICAL ORTHOPAEDICS and RELATED RESEARCH, vol. 432, 2005, 10.1097/01.b1o.0000156003.24374.ab. Accessed 13 Oct. 2022.
“Carpal Fractures in Children.” Clinical Orthopaedics & Related Research, vol. 432, Mar. 2005, pp. 73–76, 10.1097/01.blo.0000156003.24374.ab. Accessed 8 Sept. 2021.
Knipe, Henry. “Scaphoid | Radiology Reference Article | Radiopaedia.org.” Radiopaedia, radiopaedia.org/articles/scaphoid-1?lang=us.
“ORTHOPAEDIA: PEDIATRICS.” ORTHOPAEDIA, Orthopaedia Editors, orthopaedia.com/img/Orthopaedia_Pediatrics_020921_digitalprint.pdf.
Patiño, Juan M., and Victoria P. Saenz. “Radial Head Fractures.” PubMed, StatPearls Publishing, 2020, www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448140/.
“Pediatric Humeral Fracture.” Physiopedia, www.physio-pedia.com/Pediatric_Humeral_Fracture?utm_source=physiopedia&utm_medium=related_articles&utm_campaign=ongoing_internal.
Accessed 9 Oct. 2022.
“Scaphoid Fracture.” Physiopedia, www.physio-pedia.com/Scaphoid_Fracture?utm_source=physiopedia&utm_medium=search&utm_campaign=ongoing_internal. Accessed 9 Oct. 2022.
“Supracondylar Humeral Fracture.” Physiopedia, www.physio-
pedia.com/index.php?title=Supracondylar_Humeral_Fracture&redirect=no%3Futm_source%3Dphysiopedia&utm_medium=search&utm_campaign=ongoing_internal. Accessed 8 Oct. 2022.

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