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2021/2022

TERAPIA PELO MOVIMENTO III


COMPONENTE CARDIOVASCULAR

MARIA SILVA
ESTESC
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Atividade física Exercício físico

Qualquer movimento corporal, É considerado uma subcategoria que é:


produzido pelos músculos
• Planeada;
esqueléticos, que resulte em
• Estruturada;
gasto energético (maior do que os
• Regular.
níveis de repouso).
Avaliação e prescrição de exercício para um dispêndio
Ocupacional, desportiva,
energético diário ou semanal alvo, com indicação da
jardinagem, atividades
distribuição do volume de exercício pelos diversos tipos de
domésticas, etc.
atividade

O termo desporto associa-se ao jogo e à competição, correspondendo ao sistema organizado


de movimentos e técnicas corporais executados no contexto de atividades competitivas
regulamentadas.

Benefícios da atividade física regular


Tanto um estilo de vida fisicamente ativo como um nível moderado a elevado de aptidão
cardiorrespiratória reduzem o risco de várias doenças crónicas e degenerativas.

• Diminuição da mortalidade e morbilidade;


• 20–30% redução risco de mortalidade prematura e doença crónica, quando cumpre as
recomendações internacionais de AF;
• AF está positivamente associada (dose-dependente) com a saúde auto percecionada
em adolescentes;
• Melhoria na funcionalidade, independência e função cognitiva nos idosos.
• Produz benefícios físicos, psicológicos e na interação social;
• Aumenta a expetativa de vida;

De salientar a importância de um estilo de vida ativo para a qualidade de vida dos


indivíduos.

Para promover a Saúde, um programa de exercício pode incluir:

• Trabalho contínuo menos intenso;


• Trabalho intervalado com igual ou > intensidade.

O exercício é um componente fundamental da terapêutica de muitas doenças e na prevenção


dessas doenças (obesidade, diabetes, HTA, doença coronária).

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Recomendações:
Adultos: Crianças e adolescentes:

• 150min/smn de AF moderada • 60min/dia AF moderada a


a vigorosa; vigorosa;
• 75 min/smn de atividades • ≥ 3 dias/smn – 20 - 30 min de
vigorosas (ou uma combinação atividades para a melhoria da
equivalente) força muscular, flexibilidade e
resistência óssea.

Idosos:

• 30 min AF aerobica ≥ 5
dias/smn ou 20 min AF
vigorosa 3 dias /smn.
• Exercícios equilíbrio,
flexibilidade e força, 2 - 3
dias/smn

Benefícios da atividade física regular – Cardiovascular


• Melhora o perfil lipídico: diminuição dos triglicerídeos e da pressão arterial;
• Previne a doença coronária;
Em indivíduos saudáveis:
• Reduz a mortalidade e morbilidade após enfarte;
• Melhora a função cardíaca; • Aumento do volume sanguíneo;
• Previne a morte súbita e as disritmias; • Aumento da hemoglobina;
• Reduz a doença cardíaca isquémica; • Aumento do volume sistólico;
• Reduz o AVC isquémico. • Aumento da utilização periférica de O2

Benefícios da atividade física regular – Síndrome metabólico


A obesidade abdominal e a resistência à
insulina são os fatores de risco (FR) que
mais originam a doença metabólica.

Perda de peso de 5 a 10% associa-se à


diminuição dos fatores de risco:

• Triglicerídeos;
• Colesterol LDL;
• Resistência à insulina;
• ↓ circunferência da cintura de 9 cm equivale a reduzir 30% na adiposidade intra-
abdominal.

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Benefícios da atividade física regular – Diabetes Mellitus tipo 2


• Facilita a redução do peso e gordura visceral (um dos determinantes da resistência à
insulina);
• > sensibilidade periférica à insulina;
• Aumento da capacidade de captação da glicose pelos músculos;
• Menores necessidades de insulina;
• Melhor controlo metabólico da diabetes tipo 2.

Benefícios da atividade física regular – Hipertensão arterial


O efeito do exercício tem efeito semelhante à terapia farmacológica de primeira linha para
reduzir pressão arterial sistólica (PAS) em hipertensos.

Exercício aeróbico reduz PAS 9 a 10 mm Hg logo reduz o risco de doença cardiovascular 20-
30%, doença coronária 4% - 22% e AVC 6% - 41%.

Benefícios da atividade física regular – Ósseos


Até aos 35 anos:

↑ atividade dos osteoblastos - à formação de osso;

↓ atividade dos osteoclastos - à reabsorção do osso.

Osteoporose:

↓ da quantidade de tecido ósseo que conduz a:

• Uma ↓ da resistência física do esqueleto;


• Ao ↑ da suscetibilidade às fraturas.

Esqueleto:

Previne a osteoporose:

• Aumentando a massa óssea;


• Atrasando a sua perda.

Promove a orientação trabecular, o que aumenta a resistência óssea.

Restante aparelho locomotor:

Nos músculos:

• Aumenta a força;
• Aumenta o tónus e o consumo calórico em repouso.

Aumenta a resistência de tendões e ligamentos e melhora coordenação muscular.

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Benefícios da atividade física regular – Crescimento e desenvolvimento


• Promove um crescimento saudável;
• Enriquece o repertório psicomotor;
• Favoreça o aumento do pico de massa óssea, o que contribui para reduzir o risco de
osteoporose e fraturas ao longo da vida;
• Reduz o crescimento de tecido adiposo.

Benefícios da atividade física regular – Psicológicos


• ↓ sintomas depressivos;
• Melhora autoconfiança e autoestima;
• ↓ ansiedade e stress;
• Melhora as capacidades cognitivas;
• Melhoria da auto-eficácia.

Os benefícios do Treino de Exercício ultrapassam largamente os riscos, mas comporta riscos


que devem ser conhecidos para poderem ser prevenidos.

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Adaptações agudas e crónicas ao exercício


Respostas fisiológicas ao exercício
Exercício - situação de stress que retira o organismo da homeostase.

As respostas:

• Cardiovascular;
• Respiratória;
• Músculo-esquelética; Ocorrem em todos os indivíduos
• Metabólica;
• Imunológica.

A proporção, em situações distintas é que diferem, pelo que devemos conhecer os limites que
temos de respeitar para trabalhar em segurança:

• Saudável vs patológico;
• Treinado vs descondicionado;
• Exercício aeróbico vs resistência/força;
• Membros superiores vs inferiores;
• Adulto jovem/meia idade vs idoso.

Adaptações Agudas - ocorrem durante o esforço ou imediatamente após.

Adaptações Crónicas - ocorrem a posteriori em resposta ao treino.

Adaptações cardiovasculares ao exercício


• Frequência cardíaca; • Volume de sangue.
• Débito cardíaco;
• Volume sistólico;
• Pressão sanguínea;
• Hipertrofia ventricular;
• Fluxo sanguíneo;

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Frequência cardíaca

• Repouso: 60-90bpm;
• Diminui com a idade e com o condicionamento físico;
• Afetada com condições ambientais como a altitude e temperatura.

Exercício aeróbio – adaptações agudas:

• Aumento linear com a intensidade do exercício e depois estabiliza, se atingido o


Steady-state.

Regulação da FC – relembrar

• ↑FC durante o exercício, até ≃ 100 bpm, deve-se à remoção do tónus parassimpático;
• A intensidades mais elevadas a FC é ↑ por estimulação simpática.

Estimulação simpática:

• ↑ força de contração (VS);


• ↑ frequência cardíaca;
• ↑ condução do estímulo;
• ↑ excitabilidade.

Estimulação parassimpática:

• ↓ frequência cardíaca;
• ↓ condução do estímulo.

Adaptações crónicas da FC

Diminuição da FC repouso:

• Em 1 bpm/smn no início do treino em indivíduos sedentários;


• Pode chegar a valores de 35-40 bpm por estimulação parassimpática em atletas ;

FC submáxima: diminui proporcionalmente ao volume de treino realizado

• Pode diminuir 20-40 bpm após 6 meses de treino moderado

Maior rapidez na recuperação da FC para o nível basal após exercício

FC Máxima:

• Permanece constante dia-a-dia;


• Ligeira variação anual (220-idade).

Volume sistólico

VS: Volume de sangue bombeado em cada batimento cardíaco.

• Repouso: 60-100mL/batimento;
• Varia com o posicionamento corporal:
→ Retorno venoso;
→ Pré-carga.

VS = VTD – VTS

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Volume telediastólico: volume de sangue no VE antes da contração miocárdica:

→ Pré carga (FC, pressão de enchimento e compliance ventricular).

Volume telesistólico: volume de sangue no VE após a contração miocárdica:

→ Contractilidade (ativação simpática);


→ Pós-carga (resistência vascular periférica).

FE.VE (%) ou FE

Proporção de sangue bombeado pelo ventrículo esquerdo em cada sístole.

Medida importante da função ventricular:

• Repouso: 65% ± 8% ;
• Exercício: ↑ 5-10%;
• FE = (VS / VTD) x 100.

Volume sistólico (exercício aeróbio vs exercício resistido)

Exercício Resistido

• Diminuição do VS para contrações isométricas superiores a 50% CMV que vão


desencadear:
→ Aumento do débito cardíaco;
→ Vasoconstrição muscular local;
→ Aumento das PA Sistólica, Diastólica e Média;
• Aumento do VS na fase excêntrica do trabalho isotónico com carga elevada (com ou
sem manobra de Valsalva)

Exercício aeróbio

• Aumento curvilíneo em 40-50% até 40% do VO2máx, por aumento do VTD:


→ Aumento do retorno venoso;
→ Diminuição da resistência total periférica por vasodilatação nos músculos
ativos.
• VS Máximo: 100-120mL/batimento.

O volume sistólico não aumenta a partir dos 40% do VO2 máx em indivíduos não treinados ou
moderadamente treinados. Assim, em taxas de trabalho superiores a 40% do VO2 máx o
aumento do débito cardíaco é obtido por aumento da frequência cardíaca.

Porque é que o volume sistólico não aumenta a partir dos 40% do VO2 máx em indivíduos não treinados
ou moderadamente treinados?

• A FC elevadas o tempo disponível para o enchimento ventricular ↓, assim a diástole e o volume


diastólico final ↓;
• Os atletas de resistência apresentam um ↑ do enchimento ventricular durante o exercício
intenso devido ao retorno venoso aumentado;
• Este ↑ do volume diastólico final acarreta maior força de contracção (lei de Frank Starling) e
um ↑ do volume sistólico.

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Volume sistólico – adaptações crónicas

• Aumento do VS em repouso, no exercício submáximo e no exercício máximo;


• Deve-se ao aumento do VTD por maior tempo de enchimento em diástole e maior
quantidade de plasma sanguíneo;
• A hipertrofia ventricular esquerda permite ainda uma maior distensibilidade
ventricular, potenciando o enchimento sanguíneo.

Débito cardíaco

DC = FC x VS (DC é o volume total de sangue bombeado pelo VE/min). Repouso: 5.0L/min

• Aumenta em proporção direta à taxa metabólica exigida para realização do exercício;


• Relação é essencialmente linear.

Exercício Aeróbio (carga-volume)

DC aumenta com o exercício:

• Por aumento na pressão arterial;


• Por diminuição da resistência vascular periférica.

Débito cardíaco – adaptações crónicas

Permanece constante em repouso e exercício submáximo:

• Caso diminua ligeiramente, deve-se a um aumento da a-vO2 por maior extração


muscular de O2;

Aumento significativo (até 30%) no exercício máximo por aumento do volume sistólico:

• 25-35L/min em indivíduos treinados;


• Mais de 40L/min em atletas de endurance.

Hipertrofia do Ventrículo Esquerdo (adaptação crónica)

• Aumento do enchimento ventricular esquerdo;


• Dilatação ventricular;
• Aumento da espessura da parede interna do ventrículo esquerdo, com maior força
contração.

Pressão arterial

PA = DC x RVP - Pressão exercida pelo fluxo sanguíneo nas paredes das artérias.

Com o exercício aeróbico a PA Sistólica aumenta em relação linear direta com a intensidade do
treino (relação com o Débito Cardíaco):

• É normal subir cerca de 30 mm Hg (8-12mmHg/MET);


• Pode chegar a 190-220mmHg;
• Não deve ser superior a 260mmHg

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Exercício aeróbio

↓PA Diastólica devido à ↓ da resistência total periférica:

• Vasoconstrição sistémica nos tecidos dos grupos musculares que não estão em
exercício;
• Vasodilatação local nos músculos ativos em exercício (incluindo o miocárdio)

Hipotensão pós-exercício (vasodilatação):

• Diminuição da PA para níveis inferiores aos prévios à sessão de treino, com efeito
mantido por 16 horas.

Exercício resistido: Membros Superiores vs Inferiores

Para o mesmo VO2, o exercício de braços tem uma FC e PA maior que o exercício de pernas,
porque:

• Maior fluxo simpático ao coração – maior FC;


• Envolvimento de menor massa muscular, logo mais grupos musculares inativos e
consequentemente maior vasoconstrição e maior resistência periférica – maior PA

Exercício isométrico também aumenta a FC além do valor esperado baseado no VO2 relativo

Pressão Arterial – adaptações crónicas

Permanece constante no exercício submáximo e máximo.

PA Sistólica e Diastólica basais diminuem com o treino aeróbio:

• -3/-3mmHg em normotensos;
• -6/-7mmHg em hipertensos borderline;
• -10/-8mmHg em hipertensos.

PAS e PAD também diminuem com exercício resistido, combinado e isométrico.

Volume sanguíneo

Com o exercício

Diminui com o início do exercício (transferido para o líquido do espaço intersticial).

• Quanto maior a sudação, ainda maior a diminuição;


• Origina a Hemoconcentração, melhorando a capacidade de transporte de oxigénio.

Volume sanguíneo – Adaptações crónicas

• Aumento do volume sanguíneo com o treino de endurance por aumento do volume


plasmático;
• Aumento do rácio capilar/ fibra muscular com expansão da rede de capilares nos
músculos treinados (extração);
• Diminuição do hematócrito e da viscosidade sanguínea;
• Melhoria de redistribuição sanguínea no organismo (perfusão).

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Consumo do miocárdio de O2

Em repouso, 60mL de O2 consumidos por g de ventrículo esquerdo/min.

Em exercício: 300mL/g/min.

O aumento da FC, contractilidade miocárdica e stress na parede ventricular conduzem a um


aumento do metabolismo miocárdico com:

• Aumento do fluxo sanguíneo e da pressão de perfusão coronária;


• Vasodilatação coronária por aumento das catecolaminas (sistema nervoso simpático)

Diferença arteriovenosa de O2 (a – vO) (mL/dL)

Quantidade de oxigénio extraída do sangue pelos tecidos durante a circulação corporal.

Calculada como a diferença entre o conteúdo de oxigénio no sangue arterial e venoso.

Repouso: 20mLO2/dL – 15mLO2/dL = 5mLO2/dL.

Coeficiente de utilização de 25%.

Treino aeróbio

Aumenta com a intensidade de exercício por aumento da extração muscular de oxigénio do


sangue arterial com diminuição da concentração de oxigénio no sangue venoso.

Exercício máximo

20mLO2/dL – 5mLO2/dL = 15mLO2/dL.

Coeficiente de utilização de 75%.

Modificado pelo grau de condicionamento.

Alterações no fornecimento de O2 aos músculos durante o exercício

O aumento do fornecimento de O2 ao músculo esquelético ativo é conseguido por 2


mecanismos:

• Aumento do débito cardíaco;


• Redistribuição do fluxo sanguíneo dos órgãos inativos para o músculo esquelético
ativo.

Redistribuição do Fluxo Sanguíneo durante o exercício:

• No exercício 80-85% do DC total vai para os músculos ativos;


• % DC para o cérebro é menor que em repouso, mas o fluxo absoluto é discretamente
maior do que em repouso;
• Redução significativa do fluxo sanguíneo cutâneo e dos órgãos abdominais durante o
exercício intenso.

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Respostas circulatórias ao exercício

Transição de Repouso para o Exercício:

• No início do exercício o DC, o VS e a FC aumentam rapidamente;


• FC e DC começam a aumentar no 1º seg após o início da contração muscular;
• Se a taxa de trabalho for constante e abaixo do limiar de lactato, a FC, o VS e o DC
atingem um estado de estabilidade em 2 a 3 min;
• Esta reposta é similar à observada no VO2 no início do exercício.

Recuperação do Exercício:

• A recuperação de exercício de baixa intensidade e curta duração é geralmente rápida;


• A velocidade de recuperação varia de individuo para individuo;
• Sujeitos bem condicionados recuperam + depressa;
• Contudo, o grau de declínio da FC após o exercício é o mesmo para treinados ou não
treinados – os treinados recuperam + depressa porque atingem FC < para um dado
exercício;
• Recuperação de exercício de longa duração e/ou realizado em ambiente quente e
húmido é mais lenta.

Exercício Progressivo:

• FC e DC aumentam em proporção direta ao VO2;


• FC e o DC atingem um platô a 100% do VO2 máx (teto máximo do transporte de O2
aos músculos em exercício);
• Durante o exercício progressivo a diminuição da resistência vascular ao fluxo e o
aumento da pressão arterial media promovem o aumento do DC.

Reabilitação cardíaca
Doença Cardiovascular
A doença cardiovascular é um dos principais responsáveis pela mortalidade e morbidade
globais.

A nível internacional, é causa de aproximadamente um terço das mortes anuais totais com
taxas de mortalidade em países desenvolvidos entre 20% e 50%.

85% da taxa de mortalidade devida a DCV é por Enfarte ou AVC.

A DCV persistirá como principal causa de morte em 2030.

Doença cardiovascular em Portugal

Cerca de 35 mil portugueses morrem anualmente por DCV. Esta continua a ser a principal
causa de morte, representando um terço de toda a mortalidade da população. Mais de
metade da população portuguesa entre os 18 e os 79 anos apresenta pelo menos dois fatores
de risco para a doença cardiovascular. Perto de meio milhão de portugueses sofre de
insuficiência cardíaca.

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Reabilitação cardíaca
Reabilitação Cardíaca (RC) - processo de intervenção multifatorial, através do qual o indivíduo
mantém ou recupera a sua condição física, psicológica, social e laboral de forma satisfatória,
após um evento cardíaco ou no contexto de doença crónica.

Classes de Recomendações e Níveis de Evidência

RC –
Recomendações e nível de evidência

Classe 1, nível de Evidência A:

• Insuficiência Cardíaca Crónica (2008, confirmada no update 2016);


• Prevenção cardiovascular na prática clínica (2016);
• Enfarte miocárdio (2017);
Após revascularização do miocárdio (2018);
• Síndromes coronários crónicos (2019).

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Objetivos dos programas de reabilitação cardíaca

• Reduzir o risco de mortalidade e/ou a recorrência de eventos cardíacos;


• Restaurar a autonomia e capacidade funcional;
• Reduzir a severidade e/ou eliminar fatores de risco; Portugal tem uma das taxas mais
baixas de doentes incluídos em
• Aumentar a tolerância ao esforço;
programas de RC da Europa. Apenas 8
• Melhorar a qualidade de vida e o bem-estar físico e
% dos doentes com EAM participam
psicossocial;
nestes programas, sendo a taxa media
• Reduzir o stress;
de participação europeia > 30 %;
• Promover comportamentos saudáveis;
• Os programas de RC reduzem a mortalidade e as
hospitalizações, melhoram a qualidade de vida e facilitam/aceleram o retorno ao
trabalho;
• Simultaneamente, reduzem o risco de intercorrências e reincidências.

Benefícios gerais do programa de reabilitação cardíaca

• Redução da mortalidade global e mortalidade coronária;


• Abrandamento do processo aterosclerótico;
• ↓ de 2ºs eventos cardíacos e re-hospitalizações;
• ↑ tolerância ao esforço e da capacidade funcional;
• ↓ sintomatologia cardíaca;
• Promoção do bem-estar físico e psicológico;
• Controlo dos fatores de risco para a DC;
• ↓ do stress.

Reabilitação cardíaca – core componentes

A RC é uma intervenção multidisciplinar que inclui:

• Avaliação do utente;
• Controlo dos fatores de risco cardiovascular (perfil lipídico, PA, Glicose, tabagismo,
stress);
• Aconselhamento de atividade física;
• Prescrição de exercício;
• Aconselhamento nutricional e controlo de peso;
• Suporte psicossocial, adesão à medicação e programa;
• Suporte motivacional.

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Nível de AF (ex: questionário,


Componente da atividade física pedómetro, acelerómetro).

As atividades diárias
Avaliação da atividade física

disponibilidade para mudança de


comportamento, barreiras à AF,
Acumular 30-60 min/dia x 5
apoio social para mudanças
dias/smn (pref. todos) de AF
positivas
moderada

Explorar horário e possibilidades


de integrar AF na rotina

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Candidatos a programas de reabilitação cardíaca

Doença coronária Outras situações


• Angina crónica estável; • Cardiopatia congénita;
• Enfarte agudo do miocárdio (EAM); • Valvulopatia/ Cirurgia valvular;
• Intervenção coronária percutânea = • Insuficiência cardíaca (classes I-III
Percutaneous Coronary Intervention NYHA);
(PCI) (Angioplastia); • Transplante Cardíaco;
• Cirurgia revascularização coronária = • Portadores de ressincronizador
Coronary Artery Bypass Graft (CABG). cardíaco (CRT) pacemaker) ou
cardiodesfibrilhador (CDI) Doença
vascular periférica com claudicação

Avaliação base de acesso ao programa de reabilitação cardíaca

• Anamnese (história clínica, FR, sintomas - NYHA class dispneia, CCS class angina, and
Fontaine/Rutherford para DAP);
• Avaliação do estilo de vida/hábitos nutricionais, tabágicos, etílicos, atividade física;
• Avaliação do estado de ansiedade/stress e/ou presença de depressão (QoL – Sf-36,
HADS;
• Exame físico – Peso, Perímetro abdominal, sinais vitais, sinais IC, cognição, exame
musculo-esquelético, ...
• Avaliação cardiorrespiratória:
→ Teste ergométrico ou de esforço progressivo máximo:
• Identificar o desencadeamento de isquémia, disfunção ventricular,
arritmias cardíacas e distúrbios de condução atrioventricular.
• Determinação do VO2 (capacidade aeróbia), FC, PAS e PAD, no pico de
esforço. NOTA: por vezes a prova de esforço não é realizada antes do
acesso ao programa (testes campo: 6MWT, ISWT, etc).
• Estratificação do risco de eventos cardiovasculares durante o exercício.

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Estratificação de risco

Classificação funcional da NEW YORK HEART ASSOCIATION (NYHA)

Escala de severidade da angina da Canadian Cardiovascular Society (CCS)

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Segurança no exercício

O risco durante exercício pode ser reduzido com:

• Avaliação clínica adequada;


• Avaliação em PE;
• Procedimentos de estratificação de risco;
• Prescrição do exercício;
• Respeitar os critérios para reduzir ou parar o exercício;
• Localização acessível para resposta rápida face a uma emergência - Acesso
hospitalar/urgência.

No local da intervenção

Material de ressuscitação cardiopulmonar (RCP):

• Desfibrilhador;
• Ambú;
• Disponibilidade de medicação de urgência (oxigénio, nitroglicerina sublingual,
salbutamol);
• Alarme e comunicação telefónica acessíveis e disponíveis.

Equipa com formação adequada e treinada e experiente em Suporte Básico de Vida (SBV).

Sinais de sofrimento ou excesso de carga

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Contraindicações ao treino de exercício em doentes cardíacos

Tópicos do programa de ensino


Controlo do Tabagismo.
Compreensão do risco cardiovascular Adoção de uma alimentação saudável: alimentos
adequados.
Compreensão dos medicamentos
Consciencialização dos benefícios da atividade física e
cardioprotetores
exercício.
Gestão do stress com aprendizagem do Consciencialização de outros fatores de risco: PA,
relaxamento colesterol e glicose.

E a sua interação com o exercício

Ansiedade, da depressão e com técnicas de


pensamento positivo

As sessões são de grupo, o que permite reunir indivíduos de alto risco e familiares de forma
interativa, fornecendo um fórum informativo aberto a discussão onde todos podem partilhar
receios comuns.

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Fases da reabilitação cardíaca


Fases dos Cuidados Continuados de Prevenção Secundária

Fase 1 – intra-hospitalar

3 dias a 2 semanas.

Objetivos:

• Avaliar a mobilidade do utente e os efeitos que a mobilidade funcional tem no seu


sistema cardiovascular;
• Prescrição de exercícios para melhorar a mobilidade e o condicionamento cardíaco;
• Educação acerca dos fatores de risco que podem levar a eventos cardíacos e benefícios
e riscos esperados associados a um programa de reabilitação cardíaca.

Fase 2 – fase sub-aguda

Duração aproximada de três a seis semanas.

Envolve a monitorização contínua da resposta cardíaca ao exercício e atividade.

Educação sobre exercício e como monitorizar a frequência cardíaca e os níveis de esforço.

Exercício e atividade mais independentes

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Fase 3

A fase três da reabilitação cardíaca envolve exercícios mais independentes e em grupo.

Utente pode monitorizar a sua FC, a sua resposta sintomática ao exercício e a classificação do
esforço percebido (PSE).

Objetivo de aumentar sua tolerância ao esforço § Adaptação e progressão do programa de


exercício.

Contextos de intervenção

Os programas de RC, e em especial a Fase II podem ser desenvolvidos com maior ou menor
supervisão da equipa multidisciplinar e em diferentes contextos, nomeadamente a nível
hospitalar, comunitário e domiciliar.

Depende da estratificação do risco (dependente da avaliação do indivíduo e da prova de


esforço) – determinar o nível de supervisão e monitorização do treino.

Fase 1 – intra-hospitalar

Fase pré-operatória - para cirurgias programadas.

Objetivos:

• Melhorar a condição funcional pré-operatória;


• Reduzir os fatores de risco de complicações pós-operatórias;
• Prevenir / ↓ complicações cardiopulmonares;
• Retenção de secreções, pneumonia, atelectasias;
• ↓ período de acamamento e internamento.

Elementos Principais:

• Informação, Educação e Reforço;


• Prevenção/correção de complicações respiratórias;
• Mobilização/Deambulação.

Informação sobre medicação, fatores de risco, cirurgia e período de recuperação:

• Stress vivido no pré e pós-operatórios;


• Tempo de estadia nos cuidados intensivos;
• Complicações pós-cirúrgicas.

Informação sobre a importância de mobilização/ deambulação precoces.

Ensino/treino de técnicas para melhoria da função respiratória e de desobstrução das vias


aéreas:

• Padrão respiratório adequado, com > ênfase na inspiração e utilização de apneias


teleinspiratórias e expiração forçada à limpeza das vias aéreas;
• Autoproteção da grelha costal quando há secreções/tosse (dor);
• Fortalecimento músculos respiratórios;
• Procedimentos para o levante.

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Úlceras de pressão;

Atrofia muscular.

Fase 1 – Intervenção Pré-operatória

Fase pré-operatória - para cirurgias programadas.

As complicações pós-operatórias pulmonares são a maior causa de morbilidade, mortalidade,


internamento hospitalar prolongado e aumento dos custos dos cuidados de saúde.

Quando há fraqueza pré-operatória, o treino dos músculos respiratórios deverá ser iniciado 2 a
4 semanas antes da cirurgia (com aparelho de carga linear baseada em 30% da pressão
inspiratória máxima, com aumentos progressivos em doentes de alto risco para cirurgia eletiva
de revascularização do miocárdio).

Fase 1 – (fase aguda - Pós evento cardíaco // Cirurgia )

Objetivos:

• Corrigir/prevenir complicações respiratórias;


• Prevenir problemas musculosqueléticos;
• Promover mobilização/deambulação precoces;
• Retoma das atividades da vida diária;
• Reduzir os fatores de risco;
• Planeamento da alta com referenciação para a Fase II.

Nesta fase, a intervenção do fisioterapeuta consiste usualmente em:

• Mobilização/ levante/ deambulação precoces;


• Exercícios de mobilização articular;
• Fisioterapia respiratória.

Normalmente,

Início às 24 h após a admissão hospitalar OU a Cirurgia mas,

• Variável por doente/ protocolo/ hospital;


• Cronograma de etapas de progressão;
• Variável pela capacidade e sintomas do doente.

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Critérios de segurança clínica

Período mínimo de estabilidade de 8 horas:

• Sem angina pectoris;


• Níveis estáveis de creatina quinase e troponina;
• Sem novos sinais de descompensação;
• Sem alterações de ritmo ou do ECG.

Monitorização das atividades.

Em Portugal + comum (nos locais onde há): 2 a 3 dias (48 a 72 horas) subsequente ao episódio
cardíaco e respetiva intervenção clínica conservadora ou cirúrgica.

Modo:

• Mobilização ativa-assistida; ativa e resistida;


• Treino de marcha;
• Treino de subida/descida de rampas e escadas.

Intensidade:

• + 5-20bpm FC basal;
• + 5-20mmHg TAS basal;
• Borg 11-13 (50-60% FCmax);
• Até ± 3 METS.

Duração:

• 5 – 10 - 15 repetições;
• Intermitente 3-5’ (1-2’pausa) - contínuo 20’;

Frequência:

• 3-4 vezes/dia – bidiária.

Mobilização Precoce (Levante e Deambulação) e Retoma das AVDs:

O FT deve iniciar a mobilização, assim que o utente esteja hemodinâmica e eletricamente


estável, visto que está comprovada a ausência de efeitos nefastos sobre a função ou volume
ventricular esquerdo.

22
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Fases ambulatórias

Fase 2

Elementos Principais:

• Otimizar a independência funcional;


• Facilitar o desenvolvimento e manutenção de um estilo de vida saudável e que
contemple a atividade física;
• Aquisição de equilíbrio emocional e estratégias para lidar com a disfunção cardíaca de
forma funcional.

Fase 2 Elementos de avaliação na sessão e durante esta fase da RC

Monitorização Constante:

• Frequência cardíaca;
• Pressão arterial;
• ECG (segmento ST e Disritmias) geralmente na Fase Ambulatório Precoce 1;
• Sinais e sintomas;
• Escala de perceção subjetiva ao esforço (PSE - Borg 6/20).

23
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Início do Programa de RC

Estratificação do risco:

• Escala de Angina – CCS;


• Escala de fadiga – NYHA.

Avaliação cardiorrespiratória:

• Principais queixas;
• Sinais vitais;
• Cabeça e pescoço;
• Tórax e abdómen;
• Extremidades.

Início Sessão:

• Frequência cardíaca;
• Pressão arterial;
• Peso.

Exercício físico: programa de treino

Avaliação da capacidade de exercício e determinação do risco - Prova de esforço.

Incluir exercício aeróbio e resistido;

Incluir em cada sessão exercícios de flexibilidade, aquecimento e arrefecimento.

Requisitos para o fim da fase II

• Conhecer os sinais e sintomas de intolerância ao esforço;


• Cumprir adequadamente o treino, incluindo aquecimento e retorno à calma;
• Monitorizar o treino de modo autónomo;
• Ter melhorado perfil de risco;
• Ser responsável pelo controlo da evolução da sua doença coronária;
• Utilizar corretamente a medicação prescrita e a medicação de urgência;
• Ter avaliação mais favorável nas AVDs e nos questionários de Qualidade de vida e
ansiedade/depressão;
• Realizar atividade física autónoma e com segurança.

Fase III – Ambulatório avançado

• Exercício autónomo individual ou em grupo;


• Procedimentos de motivação e manutenção de exercício a longo prazo;
• Programas na comunidade (interior ou exterior);
• Exercício de acordo com as preferências individuais;
• Desenvolvimento personalizado do treino.

Existe AUTONOMIA

24
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Esquematização do objetivo

Componentes de uma sessão de treino

Aquecimento
• Aumentar a temperatura corporal;
• Permitir que o corpo se adapte às mudanças fisiológicas, biomecânicas e às exigências
bioenergéticas que irão ocorrer durante o condicionamento, facilitando a transição do
repouso para o exercício:
→ Aumentar gradualmente a FC;
→ Preparar os músculos, tendões e articulações para o exercício, reduzindo o
risco de lesões;
→ Melhorar a eficiência dos sistemas respiratório e cardiovascular, reduzindo o
risco
• Fase transitória 5 a 10 minutos;
• Exercício aeróbio de baixa intensidade (< 40% VO2R) progredindo para a intensidade
de treino.

25
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Condicionamento
Treino contínuo vs Intermitente / intervalado

• Em exercício intermitente:
→ Para o mesmo trabalho, a intensidade pode ser 2,5 vezes superior à
sustentada em exercício contínuo;
→ Se as pausas forem do tipo ativo, as concentrações sanguíneas de lactato são
inferiores às registadas em exercício contínuo;
→ A contribuição dos lípidos no metabolismo oxidativo (triglicerídeos e ácidos
gordos livres intramuscular) é mais elevado do que em exercício contínuo
(efeito da pausa).
• O VO2 pode ser estável mesmo durante as pausas, desde que a duração dos esforços e
das pausas sejam curtos (ex: 30”-30” ou 15”-15”),

Retorno à calma
Mínimo de 5 a 10 minutos:

• Deve fazer-se uma recuperação ativa relativamente ao esforço;


• Consiste, essencialmente, em ir, abrandando progressivamente a atividade.

Objetivo: permitir que o sistema respiratório, cardiovascular, músculo-esquelético e a função


metabólica regressem gradualmente ao seu ritmo de repouso.

Pós-exercício imediato

• O arrefecimento quando ativo facilita a eliminação do ácido


láctico;
• O arrefecimento gradual no fim do exercício ajuda a prevenir
tonturas devido a irrigação cerebral insuficiente e isquémia do
miocárdio. Quando os músculos dos membros se relaxam, o
sangue “estagna” nas veias mais próximas que estão dilatadas
devido à atividade a que estiveram submetidas. Para devolver o
sangue ao coração, estes músculos devem contrair-se, o que não
acontece quando o exercício é interrompido bruscamente.

Indicações para parar – reduzir o exercício


• Pressão Arterial PASistólica /PADiastólica inapropriada em repouso (baixo ou alto) ≥
180 mmHg/110mmHg:
→ Insuficiente cardíaco, insuficiente renal, diabético < 130 mmHg/80 mmHg;
→ Disfunção do ventrículo esquerdo < 120 mmHg/80 mmHg.
• ↑excessivo da PA com o esforço (PAS ≥ 240 mmHg – PAD ≥ 110 mmHg);
• Resposta inadequada da PAS ao esforço (NORMAL ↑ PAS - 30 mmHg);
• Resposta inadequada PAD ao esforço: ↑ PAD > 10-15 mmHg.

Frequência Cardíaca:

• Bradicardia em repouso (≤ 50 bpm);


• Taquicardia ≥ 100 bpm em repouso;
• ↓ FC ≥ 10 bpm com exercício à ALERTA MÁXIMO;
• ↑exagerado da FC ao esforço.

26
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

ECG:

• Supra ou infra desnivelamento de ST > 1 mm em relação ao repouso;


• Extrassístole ventricular (ESV) que ↑ com o esforço é geralmente maligna;
• Fibrilhação auricular (FA), Bloqueio AV 2º 3º, Flutter.

Sintomas:

• Dispneia, dor, náuseas, desmaio, claudicação??, fadiga excessiva, suores frios, palidez,
cianose;
• Por vontade do utente.

Benefícios vs riscos
• O risco em realizar exercício aumenta com a inatividade física/ sedentarismo;
• O risco relativo médio de DCV nos inativos (sedentários) é 1,9 vezes maior que na
pessoa ativa.

Principais RISCOS do exercício:

• Stress hemodinâmico;
• Rutura da placa aterosclerótica;
• Trombólise;
• Vasoconstrição coronária paradoxal;
• Isquémia miocárdica;
• Disfunção do sistema nervoso autónomo;
• Arritmia ventricular.

O risco no exercício pode ser reduzido com:

• Triagem apropriada;
• Avaliação em Prova de esforço (dependendo do risco);
• Procedimentos de estratificação de risco;
• Técnicas de prescrição do exercício;
• Padrões de segurança da instituição;
• Simulações dos procedimentos de emergência.

Benefícios vs riscos – epidemiologia

Por cada 1.000.000 horas de treino cardiovascular:

• 8,9% entram em paragem cardiorrespiratória (1/112000h);


• 2,4% sofrem um enfarte agudo do miocárdio (1/294000h);
• 1,3% têm morte súbita (1/784000h).
Por cada 1 MET ganho em
O exercício físico reduz em: capacidade aeróbia, o
• 20% mortalidade total; risco cardiovascular
• 22% mortalidade cardiovascular; diminui 25% e a taxa de
• 25% re-enfarte fatal. mortalidade 50%

27
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Cuidados a ter com o exercício autónomo


• Não iniciar o treino se PAS for ≥ 180mmHg e/ou PAD ≥ 110mmHG;
• Evitar bloqueios respiratórios com apneias (manobra de Valsalva), devendo inspirar
pelo nariz e expirar pela boca no momento de maior esforço;
• Eleger um programa de exercício agradável e fácil de manter;
• Conhecer a sua FC de treino alvo e respeitar o ritmo, intensidade, duração e tipo
prescrito (MMSS menos 20 bpm);
• Saber utilizar a escala PSE-Borg e respeitar o intervalo prescrito;
• Manter exercício monitorizado por cardiofrequencímetro;
• Respeitar a adaptação respiratória ao esforço (aquecimento) e o retorno progressivo e
ativo à calma;
• Distanciar o exercício 2-3 horas da ingestão de cafeína e de refeições pesadas;
• Não fazer “experiências” fora do exercício prescrito sem avaliação prévia;
• Parar o exercício sempre que surgir: dor torácica, falta de ar, mal estar inespecífico,
palpitações, tonturas, suores frios ou fadiga desproporcionada ao esforço;
• Manter os fatores de risco controlados e respeitar a medicação prescrita;
• Conhecer a atuação em caso de urgência;
• Contactar o médico assistente anualmente e/ou se existir modificação da
sintomatologia ao esforço prescrito.

Prescrição de exercício
Um programa de exercícios idealmente é projetado para atender às metas individuais de
saúde e aptidão física dentro do contexto do estado de saúde individual, funcionalidade e os
respetivos aspetos sociais e ambientais.

Pretende-se:

• Promover a saúde através da prevenção de


fatores de risco de diversas doenças;
• Melhorar a condição física;
• Ação pedagógica, informando sobre os
benefícios da atividade física e sobre a
forma correta e segura de realizar exercício.

Componentes da prescrição de exercício


FITTVP:

• Frequência;
• Intensidade;
• Tipo;
• Tempo;
• Volume;
• Progressão.

28
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Tipo de exercício

Frequência (how often) e Duração (how long)


Quantidade de tempo em que a atividade/exercício físico deve ser realizado. Pode prescrever-
se:
De forma:
• Sessão;
• Dia; • Contínua (cada sessão);
• Semana; • Intermitente (ao longo do dia ou total da
• Total de passos; semana pretendido) com efeito
• Dispêndio total calorias. cumulativo (mínimo = 10 minutos???)

Ao prescrever deve-se:

• Propor-se tempo suficiente de atividade/exercício que provoque a necessidade de o


organismo se adaptar ao esforço, mas;
• Dar tempo para que ocorra a recuperação provocada pela atividade realizada.

Intensidade (how hard)


A prática de exercício físico só é benéfica quando provoca adaptação. Para isso, o exercício
tem de atingir um determinado nível de intensidade - Limiar de Treino ou Limite Inferior (nível
mínimo de intensidade de exercício necessário para produzir alterações na aptidão física).

MAS, é também necessário determinar o limite máximo de intensidade do exercício – Limite


Superior. Zona Alvo de treino corresponde à intensidade de esforço situada entre o limiar de
treino e o limite superior

Intensidade – indicadores

29
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Cálculo e Prescrição da Intensidade de Treino


Treino Aeróbio
Baseada na Frequência Cardíaca Máxima (FCmax)
Utiliza-se este parâmetro para a prescrição do exercício quando se conhece o seu valor, ou
seja, quando a FC foi registada num esforço máximo (Prova de esforço).

Fórmula:

Quando não se conhece a FCmax (registada em teste máximo –Prova de esforço), é a forma
mais utilizada (principalmente em exercício aeróbio). FCmáx crianças até ± 15 anos: 200 –
idade.

Baseada na FC de Reserva (HRR) – Fórmula Karvonen


Método mais preciso, pois tem em conta os valores da frequência cardíaca de reserva
individual.

Quando se utiliza a HRR, o limite superior não deve ultrapassar os 80%.

FCrepouso – avaliação ótima – 2 min após acordar partindo do pressuposto das 8 horas de
repouso.

Fórmulas:

Baseada no VO2 Máx


Método mais preciso, a utilizar sempre que disponível.

30
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Baseada no VO2 Máx – FC


A intensidade do exercício individual pode ser calculada a partir de informação obtida na PE:

• Quando a prova é interrompida devido a qualquer sintomatologia (claudicação,


angina, dispneia ......) e o VO2 peak não corresponde ao VO2max esperado ou por
incompetência cronotrópica (incapacidade do coração em regular devidamente a
frequência cardíaca em resposta à pressão arterial fisiológica) e não consegue atingir
na prova de esforço, a FC máxima prevista para a idade (85% FCT), utiliza-se a fórmula
da HRR;
• Sabendo que, durante o treino, NÃO SE DEVE ULTRAPASSAR a FC registada no final da
prova.

Baseada no Equivalente Metabólico (MET)


Fórmula

Baseada no Limiar ventilatório


A intensidade do exercício individual pode ser calculada a partir da análise dos gases, em que a
FC registada com o quociente respiratório (QR) igual a 1 é usada para definir a FC alvo.

Baseada na Perceção Subjetiva de Esforço

Utilizada durante o treino para monitorização.

Indicar a intensidade de esforço pretendida:

• Quando não há relação linear entre a FC e o VO2 por:


→ fibrilhação auricular;
→ doença do nódulo sinusal;
→ portadores de pacemaker;
→ transplante cardíaco.
• Quando os doentes não conseguem monitorizar a FC:
→ incapazes de contar a FC;
→ pulso fraco ou dificuldades táteis;
→ arritmias frequentes.

31
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Treino Resistido / Força

% 1 RM
Estimar a força máxima de um músculo/ grupo muscular.

Método direto: Levanta um peso que só consegue levantar uma vez;

Método Indireto: Escolher um determinado peso e ver quantas vezes


o consegue levantar. Obtém-se a força máxima do músculo (1 RM),
considerando a % a que corresponde o nº de vezes que levantou o
peso (Kg).

Nota:

• Durante a prática do exercício anaeróbio, em especial, o treino com pesos, a ação


mecânica da musculatura provoca aumento da pressão intramuscular e comprime as
artérias dentro do músculo;
• A partir de 15% de 1 RM já se verifica impedimento progressivo do fluxo sanguíneo no
músculo e com intensidades superiores a 70% de 1RM, ocorre à oclusão vascular
completa;
• A saída de metabolitos produzidos durante o exercício é impedida, fazendo-os
acumular-se no músculo, o que, por sua vez, estimula os quimiorrecetores musculares
e resulta no aumento da atividade nervosa simpática, levando ao aumento da
frequência cardíaca e da pressão arterial.

Prescrição da intensidade

32
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Categorias de intensidade

Limites fisiológicos dos níveis de intensidade do esforço:

• Moderada - ≤ primeiro limiar ventilatório (first-VT);


• Elevada – entre first-VT e ao critical power (CP) ou segundo limiar ventilatório;
• Muito intensa - entre o CP e o Peak VO2;
• Extrema - > ao peak VO2.

Volume
Volume - produto da Frequência, Intensidade e Tempo (duração) - FIT do exercício

A evidência suporta o papel do volume em perceber os resultados de saúde, particularmente


na composição corporal e controlo de peso.

Dispêndio energético associado ao exercício – Recomendações:

• Limite inferior com benefícios – 1000Kcal/semana;


• Progredir para 300 a 400 Kcal/dia;
• Valor desejado – > 1500 Kcal/semana, >4x/semana, atividade entre 3 a 6 METs

33
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Redução e/ou manutenção de peso - 2000 Kcal/semana:

• 150 min/semana ou 30.


• min/dia de exercício/atividade física ;
• (< 5000 passos – sedentário , 10000 passos – ativo).

Relação entre volume e intensidade

A importância destes dois componentes do treino reside nos vários efeitos que produzem nas
adaptações orgânicas e na condição física do indivíduo.

A literatura sugere que da relação da intensidade do exercício e a duração/frequência se pode


induzir que:

• Intensidade mais baixa requer mais tempo para aumentar a capacidade funcional do
que a intensidade mais elevada

Do ponto de vista de saúde e condicionamento a vantagem:

• do exercício de intensidade moderada é a diminuição da probabilidade de


complicações,
• do exercício vigoroso é de se conseguir alcançar o objetivo em menos tempo e em
aumentar mais a aptidão física.

Assim, de acordo com as características do indivíduo e a sua condição de saúde, é importante


prescrever o exercício, determinando uma ótima relação entre volume e intensidade.

Cálculo do custo calórico do exercício

Exemplo:

Indivíduo com 70 Kg. Atividade de marcha


prescrita com intensidade de 4 METs em 5
dias da semana. Dispêndio energético
(DE) semanal alvo à 1000 Kcal.

34
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Progressão
Há várias formas de progressão dependendo da patologia e das características do doente.

Exercício aeróbio progride em tempo e intensidade assim que o condicionamento físico


permitir.

Exercício resistido progride em número de repetições e posteriormente, número de series e


intensidade.

Estimativas para a prescrição de exercício


Cálculos Metabólicos da ACSM
Estimar a intensidade de trabalho

A relação entre o trabalho mecânico, o VO2max e o dispêndio de energia (Kcal) é dada pelas
equações metabólicas:

• Para caminhar ou correr é necessária energia para mover o corpo horizontalmente e


verticalmente;
• Para calcular qual o dispêndio de energia de uma pessoa a caminhar ou correr, é
preciso ter em conta o dispêndio de energia no sentido horizontal, vertical (adicionar o
declive se houver algum) e também a energia para suportar as funções em repouso;
• Existem equações metabólicas validadas para estimar o dispêndio energético para
caminhada, corrida, cicloergómetro e steps.

Equação metabólica para a corrida

A equação metabólica para caminhada e corrida é:

• VO2 = R + CV + CH, onde


→ R é o componente de repouso, que equivale a 3,5ml O2.kg .min:
→ CV, o componente vertical (CV), representando o deslocamento quando há
inclinação no terreno ou na passadeira;
→ e CH, o componente horizontal, equivalente à velocidade do deslocamento.

Pressupostos

As equações metabólicas foram concebidas a partir de dois pressupostos:

• O indivíduo esteja a executar uma atividade aeróbia submáxima e em estado de


equilíbrio - intensidade moderada (45% a 59% do VO2máx ou entre 50 e 69% da
FCmáxima).
→ A inobservância do estado de equilíbrio gera um erro padrão de estimativa de
até 7% no VO2 .
• O consumo de oxigênio tem relação linear com a intensidade de trabalho e aumenta
conforme os incrementos de velocidade e/ou de inclinação.
→ Assim, o aumento da velocidade na caminhada e na corrida, respetivamente,
eleva o VO2 em 0,1 e 0,2 ml.O2.kg .min-1, considerando uma pessoa de 70kg.
O custo do oxigênio da componente ver>cal na caminhada é aumentado em
1,8mlO2.kg .min-1 e na corrida 0,9mlO2.kg.min-1.

35
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Cálculos metabólicos: fatores de conversão

Horizontal

Caminhar = 0,1 ml O2/Kg/min por cada m/min (50 a 100 m/min à 3 a 6 Km/h);

Correr = 0,2 ml O2/Kg/min por cada m/min (> 134 m/min à + de 8 Km/h).

Vertical

Caminhar = 1,8 ml O2/Kg/min por cada m/min;

Correr = 0,9 ml O2/Kg/min por cada m/min;

Repouso Estimada em 3,5 ml O2/Kg/min.

Equação Para Estimar a Intensidade de Trabalho: Caminhar

Bicicleta Ergométrica

Usar os seguintes fatores de conversão.

Horizontal: sem fatores.

Vertical: o custo energético do movimento vertical durante a pedalada.

2.0 mlO2/min por cada kg-m/min

sendo kg-m/min = kg resistência x metros x revoluções por minuto

Repouso: Estimada em 3,5 ml O2/Kg/min

Conversão de kg-m/min para watts

• Alguns ciclo-ergómetros disponibilizam a taxa de trabalho (power output) realizada em


watts;
• A conversão de kgm para watts é dada por: 1 watt = 6,12 kgm/min.

36
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Prática de exercício/atividade física regular


Tipos de exercício

Exercício aeróbio

Características:

• Exercício dinâmico com contração e relaxamento alternados dos músculos (oposto do


exº isométrico e de força);
• Atividade de grandes grupos musculares

Modo:

• Caminhada/marcha ou corrida em terreno ou tapete rolante; ciclismo, ciclo-


ergómetro; escadas;
• Ergometria de braços, remo, máquina com combinado braço/perna, natação, remo
(ergómetro).

• Atividade aeróbia moderada < intensidade > volume;


• Atividade aeróbia vigorosa > intensidade < volume.

SEMANA – pode combinar-se treino moderado e intenso.

Progressão: Iniciar com carga e volume pequenos, mas o treino


deve progredir à medida que a resistência aeróbia aumenta
para provocar novas melhorias na capacidade funcional do
indivíduo.

Monitorização da intensidade: Cardiofrequencímetro, Escala


PSE Borg e Talk test.

37
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Exercício resistido

Características:

• Envolve atividades em que se realiza um número baixo a moderado de movimentos


repetidos contra resistência;
• 1º Músculos maiores;
• Tronco; MMII: Extensores, flexores, abdutores; MMSS: Bicípite, tricípite...

Modo:

• Alteres, barras, bancos, elásticos, bolas medicinais, bolas suíças, bosu, máquinas de
musculação, exºs calisténicos.

Frequência = 2-3 d/sem.

Intensidade = Força máxima – 60-70% de 1 RM Hipertrofia – 70-85% de 1 RM Endurance


muscular local 40-60% de 1 RM.

Tempo: 1-3 séries

≤ 50-60 anos à 8-15 repetições ≥ 50-60 anos à 10-15 repetições (2 tempo-contrai, 4 tempo
relaxa).

8-10 exercícios isotónicos e dinâmicos envolvendo os principais grupos musculares.

Progressão: Aumentar o peso após 1-2 semanas se o doente tolera bem a atividade.

(incrementos de 5% em carga)

Critérios para inclusão do treino resistido


• Após estabilização da sutura, geralmente, 6 semanas após cirurgia cardíaca, incluindo
4 semanas de participação em programa supervisionado de RC (treino aeróbio);
• 3 (mínimo) semanas após angioplastia coronária transluminal percutânea, incluindo 2
semanas de participação em programa supervisionado de RC (treino aeróbio).

38
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Contraindicações para o exercício resistido


• Angina instável;
• Hipertensão não controlada (Sistólica ≥180mm Hg ou diastólica ≥110mm Hg);
• Disritmias não controladas;
• História recente de IC congestiva não avaliada e tratada efetivamente;
• Patologia valvular severa;
• Hipertrofia cardiomiopática obstrutiva.

Flexibilidade
• Devem envolver-se os grandes grupos musculares, nomeadamente os grupos que
foram trabalhados;
• Manter um padrão respiratório normal, sem reter a respiração;
• Realizar o movimento lentamente até ao limite e de seguida tentar ir um pouco +
longe (melhor na expiração);
• No final do movimento manter a posição durante 20-30 segundos.
• Frequência: 2/3 vezes por semana;
• Tempo: ≥ 3 repetições / grupo muscular;
• 20-60 segundos.

Neuromuscular
É recomendado como parte do programa de exercício, particularmente idosos que estão em >
risco de queda;

Inclui treino de equilíbrio, agilidade e propriocetivo;

Modo: Tai Chi, Pilates, Yoga.

Relaxamento
O indivíduo deve ser instruído ou aconselhado aprender e praticar algum método que induza
ao relaxamento e/ou técnicas de pensamento positivo, para;

Melhor gestão do stress;

Controlo da ansiedade e depressão.

Adesão ao programa de exercício/ atividade física (AF)


Adesão às recomendações terapêuticas: “a medida em que o comportamento de uma pessoa
está em concordância com as recomendações do prestador de cuidados de saúde”.

39
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Identificar as formas de encorajar as pessoas a adotar estilos de vida ativos é um objetivo de


saúde pública.
Recomendações:

A utilização de estratégias que estimulem a adesão do utente que devem ter em vista os
obstáculos que impedem o individuo de aderir (compatibilidade do programa com horário de
trabalho), a comparticipação do subsistema de saúde, necessidade de apoio social.

Os aumentos na quantidade de atividade devem ser incentivados e orientados por objetivos


pessoais do indivíduo e preferências de estilo de vida.

A atividade deve ser:

• Diversificada e agradável de realizar;


• Prescrita por escrito (X vezes/semana; X minutos/dia; intensidade;
• Pode ser registada num diário.

A adesão de cardíacos após referenciação é inferior a 50%.

Recomendações:

• Prática centrada no utente;


• Definir objetivos atingíveis;
• Datar o compromisso dos mesmos;
• Consciencializar a necessidade de mudar;
• Focalizar em algo a razão pela qual quer mudar;
• Definir os locais de apoio a recorrer;
• Definir as recompensas da aquisição.

Assinar consentimento informado.

40
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Prescrição de exercício em patologias específicas


Componentes principais e objetivos comuns a todas as condições
Avaliação:
• História clínica: triagem para fatores de risco cardiovascular, comorbidades e
deficiências;
• Sintomas: doença cardiovascular (classe NYHA para dispneia, classe CCS para angina e
classe Fontaine / Rutherford para níveis mais baixos extremidades PAD);
• Adesão: ao regime farmacológico, estilo de vida adequado e automonitorização (peso,
PA, sintomas);
• Exame físico: estado geral de saúde, sinais de insuficiência cardíaca, sopros cardíacos e
carotídeos, controle da PA, extremidades para presença de pulsos arteriais e patologia
ortopédica, eventos cerebrovasculares com / sem sequelas neurológicas;
• ECG: frequência cardíaca, ritmo, alterações de repolarização;
• Ecocardiograma: função ventricular esquerda sistólica e diastólica, direita avaliação da
função sistólica ventricular e doenças das válvulas cardíacas quando apropriado.
• Análises clínicas: glicemia de jejum, HbA1C, colesterol total, LDL-C, HDL-C,
triglicerídeos, ácido úrico, parâmetros da função renal;
• Nível de atividade física: atividades domésticas, ocupacionais e recreativas, atividades
relevantes para a pessoa; vontade para mudar o comportamento, a autoconfiança, as
barreiras ao aumento da atividade física e o apoio social para fazer mudanças
positivas;
• Avaliação da fragilidade por pontuações validadas (ver a subseção Fragilidade);
• Capacidade máxima de exercício: teste de exercício limitado por sintomas, seja em
bicicleta ergométrica ou passadeira. Se não for possível, um teste como 6MWT ou
ISWT deve ser realizado (mas apenas como alternativa necessária). Em pacientes
frágeis ou incapazes de andar, o SPPB ou outros testes baseados em cadeira devem ser
considerado;
• Educação: avaliação do nível de alfabetização e tipo de comunicação necessária;
informações claras e compreensíveis sobre o propósito do programa CR e o papel de
cada componente; informação e educação sobre a doença, empowerment e auto-
gestão; informação e motivação sobre as modificações do estilo de vida alvo. Metas de
reabilitação definidas junto com os doentes.

41
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Síndrome coronária aguda e angioplastia coronária primária


• A participação em programas de reabilitação cardíaca reduz a mortalidade em 26% e
risco de novos internamentos hospitalares em 18%;
• Previamente à reabilitação, deve ser feita a avaliação e estratificação de risco.

Síndrome coronária crónica


Inclui doentes com:

• Sintomas de angina estáveis (ou sintomas atípicos como dispneia);


• Doentes sintomáticos após >1 ano de diagnóstico ou revascularização;
• Doentes com angina e suspeita de vasosespasmo ou doença microvascular.

42
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Cirurgia artéria coronária ou valvular


Importância de avaliar a existência de má nutrição e de dor. Importante avaliar o local de
punção e a adesão à farmacologia.

TAVI: transcatheter aortic valve implantation:

• Na população TAVI - juntamente com intervenções para melhorar a capacidade


funcional e reduzir a fragilidade – deve ser dada ênfase à cognição e nutrição para
manter a autonomia e capacitar os doentes para enfrentar os desafios da vida
quotidiana.

Insuficiência cardíaca
• Todos os doentes, independentemente da % de F ejeção devem ser integrados em
programas multidisciplinares de Reabilitação Cardíaca;
• Estes programas também devem ser aplicados em doentes com implantes eletrónicos
e equipamentos de assistência ventricular;
• A fase 1 deve ser iniciada logo após admissão hospitalar;
• A fase 2 tem como objetivo aumentar a capacidade exercício, reduzir sintomas e
melhorar QV e prognóstico (admissões hospitalares).

43
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

44
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

45
Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Transplante cardíaco
Consequências no período pós-cirurgico:

• Descondicionamento físico, atrofia muscular, fraqueza e redução da aptidão física.

Devido a inatividade no período pré-cirúrgico e diferenças na superfície corporal


(doador/recetor), desenervação cardíaca e terapia imonosuppresora que também diminui a
capacidade física.

Reabilitação Cardíaca é eficaz na reversão das consequência patofisiológicas associadas à


desenervação cardíaca e efeitos adversos da imunossupressão.

Fase 1: caminhada com progressão na duração e intensidade, com monitorização da FC, PA e


PSE.

Treino de mobilidade articular, flexibilidade e resistência dos grandes grupos musculares


também deve ser iniciada.

Aquando da alta: os doentes devem caminhar em superfície plana 40–60 min a 80–100 m/min,
4–5 vezes/semana.

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Doença arterial periférica


• Reabilitação Cardíaca na claudicação intermitente é segura e promove um aumento da
capacidade de marcha.
• A avaliação da capacidade funcional deve incluir informação da aptidão física e da
distância de marcha sem dor.
• Incluir uma intervenção psico-social.

Ankle-braquial Index
• Razão da pressão sistólica da artéria braquial direita ou esquerda (o maior valor) com a
pressão sistólica das artérias maleolares tibial anterior ou tibial posterior (o maior
valor);
• ≤ 0,90 – DAP:
→ Como leve (0,71 a 0,90);
→ Moderada (0,41 a 0,70);
→ Grave (≤ 0,40);

Um índice elevado (> 1,30) pode indicar que os vasos da perna não são compressíveis (como
ocorre na arteriosclerose de Mönckeberg, com calcificação das paredes dos vasos).

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Reabilitação cardíaca em condições clínicas específicas


Idosos
Alterações fisiológicas:

→ ↓ da FC máxima e ↓ débito cardíaco no pico de exercício;


→ ↓ da fração de ejeção;
→ ↑ do espessamento e da rigidez arterial e ↓ da distensibilidade vascular;
→ ↓ do nº de células pace-maker e do nº de fibras de condução;
Fibrose e deposição de cálcio no esqueleto cardíaco;
→ Dilatação das aurículas;
→ Deposição de cálcio e degeneração do colagénio das válvulas cardíacas;
→ ↓ da sensibilidade dos barorrecetores.

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

DPOC
Fatores contribuintes para a intolerância ao exercício:

• ↓ da capacidade funcional global;


• Limitação ventilatória;
• Anomalias nas trocas gasosas;
Disfunção dos músculos periféricos e
respiratórios;
• Disfunção cardíaca;
• Disfunção nutricional;
• Disfunção psicossocial.

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Acidente Isquémico Transitório

Hipertensão arterial

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Maria Silva 3º ano 1ºsemestre

Diabetes Mellitus
• DMT1 são mais propensos a ter episódios de hipoglicemia após exercício, para o qual o
treino intervalado de alta intensidade ou treino de força a intensidade moderada a alta
é recomendado no final da sessão aeróbia, caso permitido pela condição cardíaca, pois
promove aumento da capacidade oxidativa do músculo esquelético com taxas
atenuadas de degradação de glicogênio;
• Atenção ao nível de glicémia pré e pós exercício dos doentes insulino-tratados e, se
tomaram a medicação;
• Estes devem também ter uma especial atenção na monitorização dos níveis de
glicémia durante o exercício e, se for previsto um episódio de hipoglicémia, a ingestão
de hidratos de carbono.
• Na avaliação devemos observar com bastante atenção as extremidades,
nomeadamente referente ao pé diabético.

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