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2 ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA

DO APARELHO LOCOMOTOR

LESÕES TRAUMÁTICAS
DOS TENDÕES FLEXORES
DOS DEDOS E POLEGAR

ILUSTRAÇÕES JOSÉ FALCETTI

PROF. DR. RAMES MATTAR JUNIOR


PROF. RONALDO J. AZZE
ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

LESÕES TRAUMÁTICAS

INTRODUÇÃO
DOS TENDÕES FLEXORES
DOS DEDOS E POLEGAR

As lesões dos tendões flexores são graves pois afetam a


função de preensão da mão e seu tratamento é comple-
xo. Sua reconstrução é difícil porque exige resistência
para suportar a tração dos músculos flexores e, ao mesmo tempo,
necessidade de manter a capacidade de deslizamento para promo-
ver a excursão necessária para o movimento dos dedos. Além dis-
so, os tendões flexores apresentam-se, quase que na sua totalida-
de, envoltos por uma bainha sinovial, o que torna seu reparo cirúr-
gico mais difícil; agem em várias articulações e os tendões superfi-
cial e profundo dos dedos apresentam uma complexa relação de
deslizamento e excursão. Os tendões flexores apresentam uma irri-
gação sanguínea deficiente, principalmente ao nível do túnel osteo-
fibroso (zona II), sendo a região dorsal mais vascularizada e a par-
te mais volar dos tendões quase que completamente avascular. Os
vasos sanguíneos que nutrem os tendões são ramos dos vasos
digitais e, depois de percorrer verdadeiros mesos denominados
“vínculas”, penetram nos tendões pela sua superfície dorsal e late-
ral. Existem vínculas curtas e longas que, se lesadas, irão provocar
uma perda da nutrição sanguínea do tendão. Este sistema de irri-
gação sanguínea explica a dificuldade de se obter bons resultados
cirúrgicos, e nos deixa claro a importância do líquido sinovial na
nutrição dos tendões.

Publicação Oficial do Instituto PRODUÇÃO GRÁFICA:


de Ortopedia e Traumatologia Coordenação Editorial:
Dr. F. E. de Godoy Moreira Ábaco Planejamento Visual
da Faculdade de Medicina Colaboradores:
da Universidade de São Paulo. Carmen T. Bornacina, Bruno Vigna
R. Dr. Ovidio Pires de Campos, 333 Marize Zanotto, Adalberto Tojero
Tel/Fax: (011) 3069-6888
CEP 05403-010 – São Paulo – SP Ilustrações Médicas:
José Falcetti
Rodrigo R. Tonan
REDAÇÃO: Diagramação e Editoração Eletrônica:
Alexandre Lugó Ayres Neto
Prof. Dr. Rames Mattar Junior
Professor livre Docente da FMUSP Fotolito: Bureau Digital Bandeirante
Chefe do Grupo de Mão do Departamento Impressão: Nova Página
de Ortopedia e Traumatologia FMUSP Tiragem: 10.000 exemplares
CARTAS PARA REDAÇÃO:
Professor Ronaldo J. Azze
Atualização em Traumatologia do Aparelho Locomotor
Professor Titular do Departamento Rua Batataes, 174 – 01423-010
de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP São Paulo – SP – Tel/Fax.: (011) 885-4277

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REIMPLANTE DE MEMBROS

O Comité de Tendões da Federação sinovial novamente importante. O prog-


Internacional das Sociedades de Cirurgia nóstico não é bom como na zona III, mas
da Mão adota a seguinte classificação (as não tão ruim como na II.
regiões dos tendões do flexor longo do
polegar são precedidas pela letra “T”): Zona V – é a zona proximal ao canal
do carpo. Aqui os tendões são bem vas-
cularizados e o prognóstico bom.

Existem algumas diferenças entre os


tendões flexores dos dedos e o flexor lon-
go do polegar. Este último corre isolado e,
portanto, sua reconstrução é menos com-
plexa e o prognóstico melhor.
As lesões mais freqüentes dos ten-
dões flexores são causadas por ferimen-
tos abertos. Algumas condições tornam
os tendões flexores mais fracos (como na
artrite reumatóide), ocasionando rupturas
espontâneas. As avulsões de tendões fle-
xores por esforço são muito raras e ocor-
rem principalmente em atletas. O dedo
mais frequentemente envolvido é o anular
(inserção mais frágil). Estas avulsões
podem ser acompanhadas por fraturas da
base da falange distal.
O quadro clínico é evidente. Na lesão
do flexor longo do polegar o paciente será
incapaz de realizar a flexão da articulação
interfalangiana deste dedo. Na lesão dos
tendões flexores superficiais o teste espe-
Zona I – distal à inserção do flexor
cífico para estes tendões demonstrará
superficial. Só há lesão do flexor profundo
que não há ação destes na flexão da artic-
e as sequelas funcionais são pequenas (-
ulação interfalangiana proximal. A lesão
bom prognóstico).
dos flexores profundos causa uma inca-
pacidade de flexão das interfalangianas
Zona II – ou “Zona de Ninguém” (“No
distais.
man’s land”), corresponde à zona do túnel
osteofibroso dos tendões. Nesta zona
encontramos os mais difíceis problemas e
as soluções mais controvertidas devido às
condições anatômicas: irrigação sanguí-
nea pobre, presença do túnel osteofibroso
e proximidade de estruturas anatômicas
fixas.

Zona III – região da palma da mão


compreendida entre o limite distal do liga- Teste para o flexor profundo
mento transverso do carpo e a prega de
flexão palmar distal. Nesta região origi-
nam-se os músculos lumbricais, o supri-
mento sanguíneo é abundante e o prog-
nostico da lesão normalmente é bom.

Zona IV – é a zona do túnel do carpo.


Nesta região o suprimento sanguíneo dos
tendões esta diminuído, sendo a nutrição Teste para o flexor superficial

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Exemplos clínicos: enxerto só é possível reconstruir o profun-


do quando ambos tendões estão lesados.
Outros argumentos favorecem as
reconstruções com enxerto:
1 – Não há tensão exagerada nas
linhas de sutura.
2 – As suturas são colocadas em
zonas consideradas não críticas quanto à
aderências.
3 – As aderências após sutura primá-
ria prejudicam a cirurgia de enxertia tendi-
nosa.
Atualmente, graças ao avanço do
material, de técnicas cirúrgicas mais deli-
cadas, um pós-operatório bem feito que
promovendo uma cicatrização intrínseca
adequada do tendão (cicatrização tendão-
tendão sem aderência), o prognóstico das
suturas primárias melhorou muito. O
Grupo de Mão do Instituto de Ortopedia e
Teste para observar a integridade do flexor superficial. Traumatologia do HC-FMUSP considera
que a sutura primária, feita em condições
adequadas, por um cirurgião habilitado,
associada à uma reabilitação correta, traz,
na maioria dos casos, um bom resultado
funcional.
Por outro lado, existem muitos fatores
que interferem na escolha do método de
reconstrução. Os casos de lesões crôni-
cas são melhor tratados com enxertos de
tendão. Nesta circunstância é preciso
Teste para observar a integridade do flexor profundo. analisar as condições do túnel osteofibro-
so para indicar o uso de um implante de
Quando não houver ferimento cutâ- silicone (espaçador de tendão) ou não.
neo o mecanismo do trauma e a procura
de fragmentos ósseos no Raio-X podem
APARELHO FLEXOR
elucidar o diagnóstico de uma ruptura
espontânea ou fratura-avulsão. Cerca de 50% das lesões dos tendões
As técnicas de reconstrução podem flexores dos dedos ocorrem na zona II. A
ser divididas em sutura primária (precoce importância do túnel osteofibroso relacio-
ou retardada) e enxerto tardio (em um na-se não apenas pela freqüência em que
tempo ou em dois tempos cirúrgicos). Os este é lesado, mas principalmente pelo
argumentos favoráveis à sutura são: importante papel na fisiologia da movimen-
1 – Restabelece o comprimento da tação dos dedos, tanto mecânica quanto
unidade músculo – tendínea. No enxerto o na nutrição dos tendões flexores. Várias
comprimento é aproximado. descrições sobre a anatomia das polias e
2 – Não há necessidade de sacrificar do túnel osteofibroso podem ser encontra-
um tendão como enxerto. das na literatura, mas podemos afirmar
3 – A reconstrução dos tendões flexo- que, não importam as variações, esta ana-
res superficial e profundo restabelece a tomia obedece ao padrão lógico de um
anatomia normal. Nas reconstruções com túnel fino e elástico ao nível das articula-

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ções, permitindo ampla liberdade de movi- distal e radial. Sua estrutura pode ser con-
mentos, e mais espesso e resistente ao siderada uma extensão das fibras do adu-
nível das falanges. Da mesma forma, ao tor do polegar. Como as polias “A2” e “A4”
nível das falanges, o túnel osteofibroso dos dedos é muito forte e igualmente indis-
relaciona-se mais estreitamente com os pensável para uma flexão eficiente. Por
tendões flexores, pois não há deforma- outro lado, as polias transversas “A1”e a
ções deste com os movimentos. Existem pequena “A2”, que se originam nas articu-
polias anulares mais fortes inseridas em lações MF e IF, podem ser seccionadas
grande extensão das falanges proximal e sem se observar perda funcional significa-
média, referidas, respectivamente, como tiva, como nos polegares em gatilho. A
“A2” e “A4” (as mais importantes). A ori- secção da polia “A1” deve ser realizada no
gem das polias é no periósteo destas bordo mais radial desta para evitar lesão
falanges, que forma a parede posterior do das fibras ulnares proximais da polia oblí-
túnel osteofibroso. Estas polias suportam qua.
forças que chegam a 500 a 700 mm de Hg Ao considerarmos que as polias mais
em flexão normal (Hunter; Cook, 1982) e resistentes suportam forças de 500 a 700
costumam sofrer lesões quando submeti- mm de Hg e protegem o sistema retinacu-
das à forças de 40 a 80 Kg (Manske; lar do túnel osteofibroso, é fácil com-
Lesker, 1983). Proximalmente à polia “A1”, preendermos que qualquer porção destas
a aponeurose palmar apoia e contém os deve ser preservada. Não há justificativa
tendões flexores, funcionando como uma para seccionar tais estruturas com o argu-
polia suplementar (Manske; Lesker, 1983). mento de melhorar a exposição dos ten-
Ao lado das polias anulares que se locali- dões flexores.
zam ao nível das articulações, existe um Fatos importantes na fisiologia e bio-
sistema de fibras cruzadas, dando um mecânica dos tendões flexores devem ser
aspecto retinacular e aparência transpa- ressaltados, pois seu conhecimento deve-
rente ao túnel. Esta porção que contém as rá interferir na filosofia atual do tratamen-
polias cruciformes é denominada porção to destas lesões:
retinacular ou cruciforme do túnel e permi- • os tendões cicatrizam através de
te movimentação das articulações. Ao uma combinação de atividade celular
nível das articulações as polias se origi- intrínseca e extrínseca;
nam da placa volar e dos ligamentos cola- • sem estresse mecânico o tendão
terais. Na IFP estas possuem ainda conti- cicatriza em cerca de 8 semanas e o ten-
nuidade com o ligamento retinacular trans- dão ainda terá pequena resistência pois
verso. Como este ligamento se insere no não há alinhamento das fibras colágenas;
parelho extensor e, ainda, passa superfi- • tendões submetidos a estresse
cialmente à este, dando a volta em toda mecânico cicatrizam mais rápido, com
articulação, aquela comunicação serve menor aderência e melhor excursão por
para estabilizar o aparelho flexor, ao nível haver alinhamento das fibras colágenas
desta articulação, durante a flexão força- de forma mais precoce;
da. • a força exercida em tendões nor-
O sistema de polias do polegar é simi- mais é cerca de 500 gm para movimenta-
lar em função, mas difere em desenho ção passiva, 1500 gm para preensão leve,
(Doyle; Blythe, 1977). A polia proximal é 5000 gm para preensão forçada e 9000
similar em todos aspectos à polia “A1” dos gm para pinça digital realizada para
dedos. Ela nasce na placa volar da articu- preensão de pequenos objetos.
lação metacarpofalangiana do polegar e é Por tais fatos a tendência atual é a
anular e forte em estrutura. Outra polia do realização de suturas mais resistentes
polegar passa diagonalmente através da com 4 passagens de fio 4 zeros que
falange proximal de ulnar e proximal para suportam tensões de 1800 gm ou mais.

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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

NUTRIÇÃO DOS humano, existem variações anatômicas


TENDÕES FLEXORES que podem se caracterizar por ausência
de vínculos longos e, ainda, os vínculos
Hoje sabemos que o tendão flexor e são mais numerosos em crianças que em
sua bainha recebem nutrição através de adultos (Ochiai, 1979).
2 sistemas: vascular e sinovial (Manske;
As áreas de tendão que são avascu-
Lesker, 1985). O suprimento sanguíneo
lares são nutridas pelo líquido sinovial,
entra pelo tendão distalmente pelas
incluindo a porção palmar (Arai, 1907). O
inserções ósseas, e proximalmente, na
fluído sinovial secretado pelas células
palma e ao longo do túnel osteofibroso,
sinoviais da bainha dos flexores é idêntico
através de vínculas (Berkenbusch, 1887;
ao encontrado no ambiente intra-articular.
Lundborg; Myrhage; Rydevik, 1977).
O exame da superfície palmar dos ten-
Quatro arcos vasculares digitais são cria-
dões flexores revela a presença de cana-
dos pelas anastomoses de ramos de
lículos que passam da superfície à região
ambas artérias digitais. Estes arcos loca-
profunda, onde localizam-se os tenocitos
lizam-se ao nível da base e colo das
(Edwards, 1946). Demonstrou-se que o
falanges proximal e média. Um vínculo
líquido sinovial passa através destes
origina-se de cada um destes arcos e são
canalículos e que o fluxo é acelerado pela
denominados, de proximal para distal, V1
a V4 (Armenta; Lehrman, 1980). As vín- movimentação do dedo (Weber, 1979).
culas V1 e V2 (víncula longa e curta para A presença de dois sistemas de nutri-
o superficial, respectivamente) nutrem ção pode ser considerada lógica se obser-
principalmente o tendão flexor superficial, varmos que a região do tendão que não é
e os V3 e V4 (vinculas longa e curta e lon- comprimida durante a flexão é nutrida por
ga para o profundo, respectivamente), o vascularização enquanto que a outra,
flexor profundo. Estas vínculas penetram submetida a compressão, recebe nutrição
pela superfície dorsal dos tendões e se por embebição e difusão do líquido sino-
ramificam em uma série de alças que se vial. Parece que a nutrição por embebição
extendem por uma distância relativamen- é mais importante que a por perfusão san-
te curta (Smith, 1965), não havendo guínea (Lundborg, 1980; Manske; Lesker,
anastomoses entre um sistema vascular 1982), sendo a proporção estimada de 2
com outro (Berkenbusch, 1887; (difusão): 1 (perfusão) no flexor superficial
Lundborg; Myrhage; Rydevik, 1977). e 5 (difusão): 1 (perfusão) para o flexor
Existem áreas relativamente avasculares profundo (Hooper; Davies; Tuthill, 1984).
localizadas principalmente ao nível do Como um tecido vivo, os tendões
quiasma de Camper do flexor superficial apresentam nutrição e metabolismo. O
e entre o vínculo longo e a inserção do tendão sofrendo um processo de isque-
flexor profundo. Não existe compensação mia tende a se aderir para roubar nutrição
através da vascularização de áreas adja- de um leito melhor vascularizado. As ade-
centes quando um sistema vascular é rências são a causa do mau resultado fun-
lesado e este fenômeno seria a base da cional. Os esquemas a seguir demons-
filosofia do reparo tardio dos tendões fle- tram o túnel osteofibroso e a anatomia da
xores. A nutrição sanguínea intratendino- vascularização dos tendões flexores na
sa esta limitada à porção dorsal do ten- zona II através dos vínculos curtos e lon-
dão e, por esta razão, a sutura intratendi- gos:
nosa deverá estar limitada à porção mais CICATRIZAÇÃO
volar do tendão (Caplan; Hunter; Merklin,
1975). Como em qualquer parte do corpo A cicatrização dos tendões tem sido

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Esquema do aparelho flexor


do dedo. Notar a presença de
polias arciformes existentes ao
nível da falange e da polia
crusciformes elásticas ao nível
das articulações. Observar a
presença de ramos vasculares
da artéria digital penetrando
no túnel osteofibroso em

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Observar o sistema vascular de nutrição


dos tendões flexores. O túnel osteofibroso
foi ressecado e podemos observar as
vínculas longas e curtas dos tendões
flexores superficial e profundo, contendo
ramos vasculares da artéria digital.

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Túnel osteofibroso contendo polias arciformes e crusciformes. Notar a penetração de ramos vasculares da
artéria digital ao nível das articulações.

motivo de controvérsia por muitos anos. similar ao que ocorre na pele ou no tecido
Inicialmente acreditava-se que os tendões ósseo (Manske; Lesker, 1985).
cicatrizassem através de fibroblastos da Tardiamente, fibroblastos e tenocitos inva-
bainha digital ou de tecidos vizinhos, e que dem o “calo” e produzem colágeno que irá
a nutrição seria proporcionada através de se organizar e alinhar produzindo um ten-
aderências nestas estruturas (Potenza, dão normal. Parece que o suporte dado
1962; Potenza; Herte, 1982). Esta foi a pela nutrição sinovial é suficiente para
base para a prática cirúrgica de excisão da manter todo este processo. As aderências
bainha digital na cirurgia e imobilização formadas na cicatrização extrínseca pare-
prolongada no pós-operatório de repara- cem não ser fundamentais para a cicatri-
ções primárias dos tendões flexores. zação ou nutrição do tendão.
Entretanto, demonstrou-se que os tendões
podem cicatrizar satisfatoriamente através
MANUTENÇÃO DA APOSIÇÃO DOS
da nutrição sinovial exclusivamente COTOS TENDINOSOS
(Matthews; Richards, 1974, 1975;
Matthews, 1976; Furlow, 1976; Lundborg, Para se obter a cicatrização do ten-
1978, 1980; Eiken; Hagberg; Lundborg, dão é óbvia a necessidade de se manter
1981; Chow; Hooper; Chan, 1983; os cotos coaptados. Várias técnicas de
Manske, 1984). O colágeno necessário sutura tem sido descritas e todas elas
para cicatrização pode ser produzido pelos induzem a formação de aderências entre
tenocitos (Becker, 1981). o tendão e os tecidos vizinhos. Os fios
Existem evidências que a cicatrização que não provocam reação de corpo estra-
intrínseca dos tendões inicia por prolifera- nho são os que devem ser utilizados para
ção de células do epitendão que crescem proporcionar melhores resultados e, da
ao longo do tendão e ao nível da lesão, mesma forma, deve-se evitar suturas
formando uma espécie de “calo” de forma isquemiantes. Por outro lado, existe uma
tendência atual em se realizar suturas

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mais confiáveis e resistentes com o obje- Kessler, 1973). Urbaniak; Cahill; Morten-
tivo de se permitir uma movimentação son demonstraram que o 1º grupo tende a
mais precoce. A movimentação com algu- provocar estrangulamento no coto tendi-
ma tensão induz à cicatrização intrínseca noso provocando uma diminuição na
do tendão, impedindo aderências. Outros resistência principalmente no 5º dia de
autores defendem a movimentação ativa pós-operatório.
precoce para combater aderências. Em Atualmente temos dado preferência
nosso país a sutura mais frequentemente às suturas mais resistentes com 4 passa-
utilizada é a de Kessler (modificada ou gens de fio 4 zeros associada à sutura
não), utilizando fio inabsorvível 4 zeros e contínua do epitendão com fio 6 zeros que
associada à sutura contínua do epitendão permite uma movimentação ativa mais
com fio 6 zeros. O esquema a seguir precoce. A sutura com 4 passagens de fio
demonstra os vários tipos de sutura tendi- 4 zeros proporciona uma resistência
nosa. mecânica quase que o dobro da sutura
Podemos separar as suturas, em com 2 passagens tipo Kessler modificada.
casos agudos, em dois grande grupos: Outra sutura resistente é a de Savage (ori-
aquelas que cruzam diagonalmente atra- ginalmente com 6 passagens) que pode
vés do tendão (exemplo: Bunnell e modifi- ser modificada em 4 passagens.
cações) e aquelas que correm paralelas EXPOSIÇÃO CIRÚRGICA
ao tendão (exemplo: Mason, 1940; DOS TENDÕES E O SIGNIFICADO

C
Técnicas de tenorrafia
A – Técnica de Kessler com 2 passagens de fio 4 zeros.
B – Técnica de Tagima com 2 passagens de fio 4 zeros.
(Evita o estrangulamento do tendão ao nível da sutura transversa)
C – Técnica de Savage modificada com 4 passagens de fio 4
zeros.

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REIMPLANTE DE MEMBROS

Técnica com 8 passagens de


fio 4 zeros: alta capacidade de
resistência com objetivo de iniciar
movimentação ativa precoce.
Há necessidade de agulha
com fio duplo 4 zeros.

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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

DA BAINHA DIGITAL

A incisão deve ser a mínima possível para


se expor e manipular os cotos tendinosos.
Deve-se ter 3 objetivos principais quando se
planeja a incisão:
1) o suprimento sanguíneo de todas estrutu-
ras deve ser mantido intacto, o máximo possível;
2) evitar a retração em flexão do dedo;
3) expor toda a bainha digital. Pode-
se utilizar uma incisão volar em múltiplos
“V” tipo BRUNER ou uma incisão médio-
lateral. Na incisão medio-lateral, que pas-
sa posterior ao feixe vásculo-nervoso,
pode haver alguma dificuldade em se pre-
servar ramos da artéria digital para as víncu-
las e, por esta razão, além de ser tecnica-
mente mais simples, a maioria dos autores
prefere a incisão de Bruner.
Ao nível da bainha tendinosa, a incisão
também deve ser a mínima possível. De acordo
com o ferimento, podemos ampliar o acesso
obedecendo as pregas cutâneas e as linhas de
força, conforme mostra o esquema ao lado.
Hoje conhecemos o grande papel dessas
estruturas que compõem a bainha digital: função
mecânica das polias, nutrição sinovial dos ten-
dões flexores, camada de mesotélio entre o ten-
dão e as estruturas vizinhas, lubrificação do líqui-
do sinovial, etc., de tal forma que esta estrutura
deve ser preservada ou reconstruída, quando for
possível.
TÉCNICA

Tipos de incisão para exploração


cirúrgica e reconstrução dos
tendões flexores.

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REIMPLANTE DE MEMBROS

defeitos deve basear-se na experiência e


Os cotos dos tendões flexores devem julgamento do cirurgião no tratamento indi-
ser identificados e o túnel osteofibroso, em vidual a cada paciente. Os grandes defei-
sua porção retinacular (polias cruciformes) tos devem ser reconstruídos para permitir
deve ser aberto. Tal abertura deve ser rea- retorno funcional ao dedo. Vários tecidos
lizada com a dissecção de um retalho, foram propostos para a reconstrução de
mantendo cerca de 2 mm de margem polias, alguns estruturalmente muito dife-
inserida para facilitar sutura posterior rentes, como tendões, e outros semelhan-
(Lister, 1983). O fechamento da bainha é tes, como o túnel osteofibroso de dedos
facilitada se apenas uma secção transver- vizinhos (Ohara), retináculo dos extenso-
sa é realizada, criando uma incisão em for- res do punho e tornozelo e bainha digital
ma de “L”. O coto proximal retraído pode retinacular de artelhos. Quando as polias
ser trazido ao local da reconstrução atra- são reconstruídas com enxertos (frequen-
vés de tração com pinças especiais ou pin- temente em reparações secundárias e
ça tipo “mosquito”, mas com cuidado para raramente nas primárias), a fixação mais
não provocar lesão. Um total de 3 tentati- rígida é obtida quando o enxerto é passa-
vas é recomendado. Havendo sucesso, o do ao redor da falange e suturado sobre si
coto proximal deve ser mantido em posi- mesmo, na região dorsal do dedo (Lister,
ção transfixando-se uma agulha hipodér- 1979). Tal procedimento requer enxertos
mica 21 ou 23. Algumas manobras podem longos(cerca de 6 centímetros). Na
auxiliar na preensão do coto proximal, reconstrução de A2 o enxerto deve passar
como a flexão do punho. Em caso de insu- profundamente ao aparelho extensor e em
cesso, deve-se realizar uma incisão na A4 superficialmente a este. As novas
prega palmar distal, localizar o bordo pro- polias são fixadas na posição através de
ximal da polia A1 e os tendões flexores.
pontos em restos da polia original. Existem
Os tendões são suturados neste local e,
evidências que tecido sinovial transplanta-
com auxílio de uma sonda nasogástrica (8
do permanece secretando fluído sinovial
a 14) passada através da bainha digital,
(Eiken; Hagberg; Rank, 1978). Eiken et al.
tracionados até a zona de reconstrução.
(1980) demonstraram que pode haver
Esta técnica é especialmente útil na
benefícios em reconstruir todo o túnel
reconstrução do tendão flexor profundo
osteofibroso ao invés de apenas A2 e A4
com o superficial intacto, guiando o primei-
nas cirurgias de 2 estágios.
ro através do quiasma de Camper do
segundo.

AVULSÃO DO PROFUNDO
RECONSTRUÇÃO DAS
POLIAS E DA BAINHA DIGITAL Ocorre principalmente em atletas e,
em mais de 75%, no dedo anular, prova-
Nas reparações primárias e secundá- velmente pela fragilidade na inserção em
rias sempre há lesão da bainha digital, comparação com o dedo médio (Manske,
seja na região das polias cruciformes ou Lesker, 1978) e pelo maior risco de trau-
anulares. A reconstrução de pequenos ma quando comparado com o dedo míni-
defeitos da bainha digital, ainda é contro- mo. O Rx de perfil pode demonstrar um
versa. A decisão de reconstruir pequenos fragmento da base da falange distal avul-

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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

sionado pelo tendão. A lesão foi classifica- IMOBILIZAÇÃO


da em 3 tipo de acordo com a localização PóS-OPERATóRIA E
SEU EFEITO NA CICATRIZAÇÃO DOS
do tendão :
TENDÕES
Tipo I – retração até a palma, com
comprometimento do suprimento sanguí- Evidências experimentais demons-
neo e sinovial importante. Atrofia rápida tram que a imobilização rígida de um ten-
do tendão e impossibilidade de reinserção dão reparado é um dos fatores que contri-
após 10 dias da lesão;
buem para a cicatrização extrínseca do
Tipo II – o tendão foi mantido ao nível tendão e formação de aderências.
da IFP pela integridade do vínculo longo. Trabalhos experimentais demonstram que
A reinserção é possível mesmo após 3 a mobilização imediata dos tendões flexo-
meses da lesão; res reparados promove a diminuição de
Tipo III – um grande fragmento ósseo aderências (Farkas; Herbert; James,
foi avulsionado com o tendão. Este tipo 1980), aumentam a produção celular
pode ser reinserido a qualquer tempo. (DNA), a resistência a tração e a excursão
Quando a reinserção é possível esta (Gelberman et al., 1981, 1982, 1983) e
é normalmente feita através da técnica de melhora o fluxo do fluído sinovial
“pull-out”. Quando a reinserção não é pos- (Lundborg, Holm, Myrhage, 1980).
sível, deve-se considerar a possibilidade Dois métodos de mobilização são os
de reconstruir o profundo com enxerto de mais frequentemente utilizados: movi-
tendão (Lunn; Lamb, 1984) ou mesmo mentação passiva controlada (Duran;
artrodese da IFD.
Houser, 1975) e movimentação imediata
controlada com utilização de elásticos

AVULSÃO TIPO I
(Young; Harmon, 1960; Kleinert et al.,
1977; Lister et al, 1977)
A movimentação ativa precoce pode,
por outro lado, provocar um aumento da
tensão provocado pela contração muscu-
lar que piora a isquemia do tendão e
aumenta o espaço entre os cotos tendino-
sos. A posição de imobilização após
reconstrução do tendão flexor é a de fle-
xão do punho (cerca de 60°) e flexão de
AVULSÃO TIPO III
metacarpofalangiana (de 60° a 90°)
Várias publicações tem demonstrado o
efeito benéfico da movimentação passiva
do tendão reparado (sem tensão), que
induz à cicatrização intrínseca deste. A

Avulsão do flexor profundo do dedo anular. É o dedo


figura à seguir ilustra como é realizada a
mais freqüentemente acometido por esta lesão. movimentação passiva após a cirurgia
Notar a fratura da falange distal, o fragmento local-
izado próximo a articulação em interfolongiana proxi- reconstrutiva do tendão:

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REIMPLANTE DE MEMBROS

Apesar dos avanços conseguidos,


infelizmente ainda não conseguimos solu-
cionar definitivamente o problema das ade-
rências na reparação de lesões dos ten-
dões flexores. Observamos que atualmen-
te existe uma grande preocupação em rea-
lizar reconstruções biomecânicamente
mais resistentes para permitir uma movi-
mentação ativa mais precoce, tentando
vencer as aderências tendinosas, promo-
ver uma cicatrização intrínseca, evitar a
ruptura da reconstrução, minimizando a
tensão e a isquemia provocada pela tração
muscular. Aguardamos novos estudos e
pesquisas na fisiologia da cicatrização dos
Técnica de mobilização
de Duran baseada tendões para vencermos este desafio.
na movimentação
passiva.

ENXÊRTOS DE TENDÃO
Outro método utilizado é o de Kleinert
que utiliza uma tração elástica para fletir o A indicação do uso de enxertos de
dedo operado, permitindo que o paciente tendão esta baseada no objetivo de se
realize uma extensão ativa do dedo (ten- restaurar a flexão ativa dos dedos quando
dões flexores relaxados – sem tensão) a sutura direta for impossível ou de muito
enquanto o elástico realiza a flexão. Este risco (tendões em mau estado, tendões
método tem por objetivo proporcionar retraídos, etc.). As vantagens do enxerto
movimentação e deslizamento do tendão se relacionam com a possibilidade de
reconstruído sem promover tensão na controlar a tensão e colocar as suturas
zona de sutura. O método esta esquema- fora do túnel osteofibroso. Este procedi-
tizado à seguir: mento tem sido realizado desde a publica-
ção de Biesalski (1910) e Lexer (1912) e,
mesmo atualmente, os resultados não
são uniformemente bons. Quando as con-
dições locais não são favoráveis (leito
ruim, lesões de várias polias, etc.) é mais
seguro proceder a reconstrução com
enxertos em 2 tempos.
Músculo Extensor
Os conceitos aceitos para a enxertia
Músculo Flexor
de tendões são:
1 – Enxertar apenas um tendão por
dedo (flexor profundo) para diminuir os
Músculo Extensor
riscos de aderências. Somente em casos
Músculo Flexor selecionados deve-se realizar a enxertia
Técnica de mobilização do flexor profundo com o flexor superficial
com uso de tração com
elástico de Kleinert. íntegro.

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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

2 – Em nenhuma circunstância o fle- Os enxertos mais utilizados são o pal-


xor superficial íntegro deverá ser resseca- mar longo e o plantar delgado. Mais rara-
do para se realizar a enxertia do flexor mente pode-se utilizar extensor próprio do
profundo. 5ºdedo, extensor próprio do indicador, o
3 – As extremidades do enxerto devem extensor longo dos dedos do pé ou os fle-
xores lesados. O palmar longo esta
ser suturadas em áreas onde aderências
ausente em cerca de 10 % da população.
não comprometam significantemente a
O método de fixação do enxerto pode
mobilidade.
variar desde a fixação intra-óssea, atra-
4 – As polias devem ser preservadas vés de um pull-out (como demonstra a
o máximo possível. figura abaixo) ou utilização de mini-ânco-
5 – O comprimento do enxerto deve ra na falange distal. Até a simples sutura
ser cuidadosamente ajustado para cada do enxerto no coto distal do flexor profun-
caso. do. No coto proximal, quando há discre-
6 – Não deve haver tensão ao nível pância nos diâmetros dos tendões, usa-se
das suturas. uma sutura tipo “boca de pei-
xe”(Pulvertaft).
7 – Técnica cirúrgica meticulosa
(sutura e hemostasia cuidadosas) e pós-
operatório bem assistido são essenciais
para um bom prognóstico.

Podem ser realizadas algumas inci-


sões para a exploração do túnel osteofi-
broso e dos tendões flexores, sendo as
mais frequentemente utilizadas a incisão Técnica de pull-out
em Zig-Zag volar conhecida com incisão para reinserção do
flexor profundo na
de BRUNNER, incisão longitudinal medio- falange distal.
lateral ou uma incisão lateral em “W”. Na
prática a cicatriz pré – existente normal-
mente é utilizada.
O sistema de polias deve apresentar
PóS – OPERATóRIO
condições mínimas para restaurar a fle-
xão dos dedos. Considera-se que pelo O paciente é mantido com um curati-
menos as polias A2 e A4 devem estar vo elástico em goteira gessada dorsal por
íntegras para uma função de flexão satis- cerca de 3 a 4 semanas, com o punho fle-
fatória. Não recomendamos a reconstru- tido 40 graus e metacarpofalangianas fle-
ção de polias concomitantemente com a tidas 70 graus.
enxertia de tendão para reconstrução de O paciente deve ser encaminhado
tendões flexores, pela grande possibida- logo após o término da reconstrução ten-
de de haver aderências entre o enxertos. dinosa ao setor de Terapia de Mão para
O flexor profundo é o motor normal- iniciar a reabilitação precocemente (nos
mente escolhido por sua excursão e pela primeiros dias de pós-operatório).
inserção do lumbrical. Entretanto deve-se
testar a excursão de ambos para determi- RESULTADOS E COMPLICAÇÕES
nar qual é o motor mais eficiente. Não há
problema em se utilizar o flexor superficial Os resultados não são consistente-
como unidade motora. mente satisfatórios. A explicação para

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REIMPLANTE DE MEMBROS

este fato baseia-se na compreensão da 4 – espaçador de Dacron com silicone


fisiologia da flexão dos dedos: participam ovóide com inserções proximal e distal
dois tendões, uma bainha digital comple- (implante ativo de Hunter)
xa, membrana sinovial e estruturas vascu- O espaçador passivo de dacron com
larizadas não aderidas. silicone pode ser de duas formas: uma
As complicações mais frequentes são para inserção distal com sutura (Hunter) e
as aderências e as rupturas da sutura. outra para inserção na falange com um
Outras são infecção, deiscência da pele, parafuso (Hunter-Hausner).
insuficiência de polias, hiperextensão da O espaçador deve ser colocado des-
IFP, retração do lumbrical, etc. de a falange distal até o antebraço ou
As rupturas devem ser tratadas com região palmar de tal forma a permitir uma
outras cirurgias de reconstrução. As ade- movimentação passiva total dos dedos,
rências devem ser tratadas por tenólise condição básica para a realização de uma
(cirurgia de liberação das aderências). O futura reconstrução a este nível. O com-
melhor período para realização das tenóli- primento do espaçador e sua espessura
ses é cerca de 3 a 6 meses da cirurgia da devem ser escolhidos conforme o pacien-
reconstrução. Neste período, os tendões te e o enxerto de tendão que será utiliza-
flexores devem possuir resistência suficien- do. O esquema à seguir demonstra a
te para suportar a liberação, sem diminuir reconstrução dos tendões flexores com
de forma importante sua resistência mecâ- utilização do espassador e do enxerto ten-
nica. Após 6 meses as ader6encia são mais dinoso.
difíceis de serem liberadas.

MÉTODO DE AVALIAÇÃO
RECONSTRUÇÃO DE TENDÕES COM
USO DE IMPLANTES O método de avaliação mais aceito
atualmente é o TAM (Total ative motion)
O uso de implantes esta basicamente que pode ser expressado pela fórmula:
indicado quando as condições para a
reconstrução primária por enxerto não TAM
são adequadas. Um leito ruim ou a ausên-
cia de um túnel osteofibroso adequado = (total da flexão ativa da metacarpofalangiana
são fatores que proporcionam resultados + interfalangiana proximal + interfalangiana distal)
não favoráveis. – (perda da extensão da metacarpofalangiana
Carrol e Basset (1959) usaram um + interfalangiana proximal + interfalangiana distal).
espaçador de tendão de silicone com o
objetivo de formar uma pseudo bainha Strickland, considerando que rara-
sinovial. O princípio desta técnica baseia- mento a metacarpofalangiana esta envol-
se na formação de um leito melhor para o vida nas lesões dos tendões flexores,
futuro enxerto de tendão. modificou o método de avaliação para a
Há vários tipos de implantes: seguinte fórmula
1 – espaçador de silicone cilíndrico
2 – espaçador de silicone ovóide TAM modificado por Strickland
(Swanson-Hunter)
= (total da flexão ativa da interfalangiana proximal
3 – espaçador de Dacron com silicone
+ interfalangiana distal) – (perda da extensão da
ovóide com inserção distal (implante pas-
interfalangiana proximal + interfalangiana distal).
sivo de Hunter)

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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

Reconstrução do mecanismo flexor


com enxerto de tendão (palmar longo).
O enxerto é suturado com uma sonda
(tipo nasogástrica) que passa pelo
túnel osteofibroso. Os tendões lesados
e aderidos ao túnel são removidos
com cuidado para preservar ao
máximo as polias.

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REIMPLANTE DE MEMBROS

A sonda tráz o enxerto de tendão (palmar longo)


pelo túnel até a região palmar da mão ou
proximal ao punho. Nesta região o enxerto
será suturado ao coto proximal do flexor
profundo ou superficial.

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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

O enxerto de tendão encontra-se dentro do


túnel osteofibroso. A pele é suturada até a
região palmar. A seguir procede-se a sutura
do enxerto de tendão com o coto proximal
do flexor profundo (tipo Pulvertaft).

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REIMPLANTE DE MEMBROS

Regula-se a tensão da sutura do enxerto


do tendão com o flexor profundo pela
posição do dedo. Notar que deve-se
obedecer a posição fisiológica dos dedos
onde, no repouso, o dedo mínimo é o mais
fletido e o dedo mínimo é o menos fletido.

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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

CASOS CLÍNICOS
1 Sutura dos tendões flexores na lesão aguda.

Sutura do tendão terminado. Notar a reconstrução dos nervos digitais

Lesão dos flexores superficial e profundo dos dedos medio, anular e míni-
mo. Lesão do flexor profundo do dedo indicador.

Reconstrução dos
flexores com a técnica
de 4 passagens de fio
4 zeros de Strickland.

Reconstrução dos
flexores com a técnica
de 4 passagens de fio
4 zeros de Strickland.

23
REIMPLANTE DE MEMBROS

2 Reconstrução com enxerto de palmar longo.

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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

3 Reconstrução com utilização de implante espaçador de tendão


de silicone.

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REIMPLANTE DE MEMBROS

4 Tenólise: Avaliação intra-operatória da liberação


de tendões aderidos.

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ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR

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