Você está na página 1de 6

Traumatologia – Prof. Dr.

Ricardo Nogueira
1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS


FACULDADE DE MEDICINA - FAMED
DISCIPLINA: SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO VI
ÁREA DE CONHECIMENTO: ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA

CONTUSÃO DO JOELHO

ENTORSE DO TORNOZELO

LUXAÇÕES

Prof. Dr. Ricardo Nogueira


Traumatologia – Prof. Dr. Ricardo Nogueira
2

CONTUSÃO DO JOELHO – ENTORSE DO TORNOZELO – LUXAÇÕES


CONTUSÃO DO JOELHO

Lesão traumática produzida por violenta ação compressiva

Obs 1.: A membrana sinovial quando lesada produz líquido em excesso.

Obs 2.: Quando o líquido é apenas sinovial, sem sangue, o edema só aparece após 2 a 3 horas.

Exame físico:
Coleção de líquido no espaço subquadricipital, flutuação da patela (Sinal do Rechaço),
Limitação dos movimentos do joelho acometido.

Tratamento
Artrocentese no quadrante súpero-externo do joelho.
Imobilização com tala gessada coxo-maleolar.

ENTORSE DO TORNOZELO
Lesão por inversão da referida articulação, provocando rotura parcial da cápsula e dos ligamentos articulares.

Tratamento
Imobilização com tala gessada suro-podálica.

LUXAÇÕES TRAUMÁTICAS
LUXAÇÃO - perda total do contato entre duas superfícies articulares.

SUBLUXAÇÃO – perda parcial do contacto entre duas articulações.

Faixa etária mais acometida – adultos jovens (20 a 40 anos)

Obs.: O mesmo trauma que nos jovens ocasiona as luxações, nos idosos causa as fraturas (em razão da osteoporose ou desmineralização
óssea), enquanto nas crianças acarreta os deslocamentos epifisários.

Articulações mais afetadas – interfalangeanas – ombro(escapulo-umeral) – cotovelo – quadril (coxo-femoral)

Diagnóstico – história clínica – exame físico – exame radiográfico

Exame Radiográfico
Incidências: Ântero–Posterior e Perfil
- confirma o diagnóstico clínico de luxação
- evidencia ou afasta fraturas associadas

Tratamento
Redução, imobilização, reabilitação.

GENERALIDADES

 Reduzir uma luxação significa fazer com que a articulação volte ao seu estado normal de congruência.
 A redução das luxações deve ser feita o mais rapidamente, para evitar a instalação de edema, contratura muscular e retração
da cápsula e dos ligamentos articulares.

LUXAÇÕES INTERFALANGEANAS
São as luxações mais frequentes:

EXAME FÍSICO EXAME RADIOGRÁFICO COMPLICAÇÕES TRATAMENTO


 Deformidade  AP e perfil  Redução por tração em semi-
 Impotência incongruência  Fraturas flexão
funcional articular associadas  Imobilização em discreta
semi-flexão por 10 a 15 dias.
Traumatologia – Prof. Dr. Ricardo Nogueira
3

LUXAÇÃO ANTERIOR DO OMBRO


(ou luxação escápulo-umeral ou gleno-umeral anterior)

É a luxação mais comum das grandes articulações do esqueleto.

Mecanismos – abdução, rotação externa, golpes na região lateral ou posterior do ombro, contrações musculares violentas (convulsões).

Exame físico
 Perda do contorno arredondado do ombro
 Visualização do acrômio (sinal da Dragona)
 Os músculos estão contraturados, na tentativa de estabilizar a articulação
 Cabeça umeral palpável anteriormente
 O membro superior luxado é mantido pelo sadio

Exame Radiográfico

AP e perfil do ombro
 Conferem o diagnóstico
 Atestam ou afastam fraturas

Complicações Associadas

Nervosas – lesão do nervo axilar ou circunflexo, cuja recuperação é geralmente, espontânea.


Vasculares – lesão da artéria axilar.

Ósseas
Fraturas:
- colo do úmero, grande tuberosidade (troquíter), glenóide

Tratamento

Obs.: antes de reduzir o ombro luxado, verifique a perfusão da mão correspondente. Pesquise lesão do plexo braquial. Registre os
achados (importância médico-legal)

Anestesia – Geral ou bloqueio do plexo braquial. Paciente em decúbito dorsal.

Manobras de Redução

Obs.: todas essas manobras devem ser efetuadas com suavidade para evitar que manipulações bruscas causem fraturas.

Tração simples – tração no punho, estando o antebraço em linha com a diáfise do úmero, associada com suaves rotações. É,
geralmente, bem sucedida, imediatamente após a luxação, podendo ser tentada sem anestesia, já que ainda não existem contratura
muscular nem edema instalados.

Tração e contra-tração
Tração no punho, com o antebraço alinhado com a diáfise umeral
Contra-tração exercida por um assistente, que utiliza lençol dobrado na axila do ombro luxado.

Manobra de Hipócrates - utilizada quando o traumatologista não dispuser de um auxiliar. Tração no punho. Contra-tração realizada
pelo médio-pé do cirurgião (calçado de meia) na axila.

Variante da Manobra de Kocher – tração no cotovelo fletido em 90o, em linha com a diáfise do úmero. Abdução, rotação externa do
membro superior, até o antebraço tocar na maca.

Manobra de Stimson
Paciente em decúbito ventral
Paciente com o membro luxado pendente da borda da mesa de exame, enquanto é delicadamente aplicada tração para baixo,
com peso fixado ao punho do ombro luxado.
A redução pode levar cerca de 20 minutos.

Obs.: A redução incruenta não é conseguida quando ocorre interposição de partes moles ou de fragmentos fraturários ósseos. Urge nesses casos, a
redução cirúrgica.

Imobilização - tipóia

Tempo de imobilização - jovens – 10 dias / idosos – 7 dias

Reabilitação – movimentos / hidroterapia / calor local


Traumatologia – Prof. Dr. Ricardo Nogueira
4

Quando retornar às atividades esportivas ?


Quando houver recuperação da força muscular
Quando os movimentos articulares forem amplos e indolores

Seqüela - luxação recidivante. Conduta: tratamento cirúrgico

LUXAÇÃO POSTERIOR DO OMBRO

Lesão traumatológica que mais frequentemente passa despercebida, porque, os sinais físicos e o exame radiográfico em AP e Perfil não a
evidenciam.

Diagnóstico - incidência transaxilar / perfil rigoroso do ombro

Luxação inferior do ombro (luxatio erecta)


Cabeça do úmero travada abaixo da glenóide
Diáfise umeral apontando para cima

Luxação metacarpo-falangeana do polegar – (luxação de Farabeuf)

Obs.: Se a redução incruenta não obtiver êxito, procede-se à redução cirúrgica.

Pronação Dolorosa (Pulled Elbow / Tiron del Codo )– Subluxação da cabeça do rádio, que fica impactada no ligamento
anular, impedindo a supinação do antebraço. A criança é trazida ao Pronto-Socorro, chorando e com o antebraço em pronação.

Mecanismo – Tração súbita do punho com o cotovelo em extensão e o antebraço em pronação.

Exame físico – criança com o cotovelo dolorido, mantido pela mão oposta.

Faixa etária – 1 a 4 anos pico: 3 anos

Conduta – Supinação do antebraço / Imobilização com tipóia.

LUXAÇÃO POSTERIOR DO COTOVELO


(É a mais frequente. Assim denominada, porque o cotovelo é desviado posteriormente)

Mecanismo – queda sobre a mão estirada com o antebraço em supinação e em extensão.

Quadro Clínico – Dor, edema, deformidade

Diagnóstico diferencial – fratura supracondiliana do úmero.


Obs.: Na luxação desfaz-se o triângulo formado pelos côndilos umerais e o olecrânio(ou olécrano).

Exame radiográfico: AP e Perfil

Complicações:
 Lesão dos nervos ulnar (cubital) e mediano
 Fratura da cabeça do rádio, do olecrânio e do côndilo medial

Tratamento
Redução – Manobra de Parvin – Paciente em decúbito ventral com o braço apoiado na mesa de exame e o antebraço pendente.
O examinador traciona o braço para baixo, e com o polegar da outra mão pressiona o olecrânio.

Imobilização
 Tala gessada (cotovelo em 90o ) por 3 semanas

LUXAÇÃO POSTERIOR DO QUADRIL (ou luxação coxo-femoral posterior)

Mecanismo – trauma direto no joelho, estando o indivíduo sentado, geralmente, sem cinto de segurança.

Exame físico – membro inferior em adução, rotação interna, semi-flexão do joelho e encurtamento.

Exame radiográfico – AP e Perfil: cabeça femoral acima do acetábulo.

Complicações

Nervosas: lesão do nervo ciático, de recuperação, geralmente, espontânea


Ósseas – fraturas: do acetábulo e da diáfise femoral
Traumatologia – Prof. Dr. Ricardo Nogueira
5

Complicação tardia – necrose avascular da cabeça femoral, pela privação de seu abastecimento sanguíneo.

Obs.: Nas fraturas da diáfise femoral, impõe-se radiografar o quadril do mesmo lado para afastar luxação da articulação coxo-
femoral, porque o membro inferior afetado não irá apresentar as características de luxação.

Tratamento
Redução por manipulação sob anestesia (raque ou peridural) – Manobra de Allis – paciente em decúbito dorsal, com joelho e quadril
flexionados. O auxiliar estabiliza a bacia e o traumatologista traciona longitudinalmente a coxa e realiza rotações interna e externa.

OBS: paciente é liberado com muletas. Carga após 06 semanas.

LUXAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR

Mecanismo – queda sobre o ombro em adução.

Exame físico – “Sinal da Tecla” (de piano)

Obs.: Na subluxação acrômio-clavicular há lesão dos ligamentos acrômio-claviculares. Na luxação há também lesão dos ligamentos
conóide e trapezóide.

Tratamento
Nas subluxações – conservador (imobilização com Velpeau ou Tipóia)
Nas luxações – cirúrgico (fixação da articulação acrômio-clavicular, seguida da reparação dos ligamentos rompidos)

LUXAÇÃO DA PATELA

Mecanismo – trauma direto na patela, estando o joelho flexionado e o quadríceps relaxado. O joelho falha e o paciente pode cair.

OBS: a patela luxa lateralmente

Exame físico – patela desviada lateralmente.


Impotência funcional.

Tratamento:
Redução da patela com dígito pressão, o que é facilmente obtido.
Imobilização
- tala gessada coxo-maleolar, com o joelho em extensão

Obs.: nas luxações recidivantes: tratamento cirúrgico.

LUXAÇÃO DO JOELHO

A luxação anterior do joelho é a mais frequente.

Só um trauma considerável pode luxar o joelho.

Exame físico – deformidade acentuada do joelho

Complicações – Vasculares – lesão da artéria poplítea (35 – 45% dos casos). Nervosas – lesão do nervo fibular comum (25 – 35% dos
casos) - síndrome do pé caído. Ósseas – fratura do planalto tibial.

Instabilidade articular – Se após reduzido, o joelho permanecer instável


Conduta – reparar cirurgicamente as estruturas lesadas.

LUXAÇÃO DO TORNOZELO

Acompanha-se, frequentemente, de fratura de um ou de ambos os maléolos.

Conduta – redução e osteossíntese dos maléolos.


Traumatologia – Prof. Dr. Ricardo Nogueira
6

LUXAÇÃO CERVICAL
(Nível mais frequente: C5-C6)

Quadro Clínico
Deficit de força
Perda de sensibilidade

Obs.: Todo acidentado inconsciente por lesão craniana deve ser conduzido como portador em potencial de fratura-luxação cervical.

É importante a imediata imobilização do pescoço com COLAR CERVICAL, para evitar lesões medulares.

Tratamento
Tração craniana (com halo craniano)
Artrodese (fixação cirúrgica dos segmentos acometidos)

BIBLIOGRAFIA:

I . APLEY, A. G. – Apley’s System of Ortopaedics and Fractures. Butterworth.

II. CAMPBELL’S OPERATIVE ORTHOPAEDICS, 2009 – The C. V. Mosby Company

III. ROCKWOOD, C. A. Jr. – FRACTURES. 2008. Lippncott Company

Você também pode gostar