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BACHARELADO EM FISIOTERAPIA

SEMIOLOGIA DO OMBRO E CINTURA ESCAPULAR

ANA PAULA COELHO DE MIRANDA – RA 3068387603-3389568201

SÃO PAULO
2022
BACHARELADO EM FISIOTERAPIA

SEMIOLOGIA DO OMBRO E CINTURA ESCAPULAR

ANA PAULA COELHO DE MIRANDA – RA 3068387603-3389568201

SÃO PAULO
2022
Sumário
RESUMO 4
1. INTRODUÇÃO 4

5. MOVIMENTOS REALIZADOS PELA CINTURA ESCAPULAR 16

6. lESÕES DA CINTURA ESCAPULAR 17

7. TRATAMENTO E DISFUNÇÕES DA CINTURA ESCAPULAR 19

8. FOSSA SUPRA ESCAPULAR (LESÃO) 20


REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 24
RESUMO

O objetivo deste trabalho foi fazer um resumo, e uma breve descrição


anatômica do complexo articular do ombro e cintura escapular. Devido à elevada
a procura de tratamento para distúrbios de qualquer natureza sobre o(s)
ombro(s) /cinturas escapulares, nos consultórios médicos, Serviços de Pronto
Atendimento, Clínicas, Hospitais, e Serviços de Saúde Ocupacional de empresas,
tendo como queixa principal a dor e limitação de amplitude do movimento
articular.

1. INTRODUÇÃO

O ombro na realidade é um complexo articular, e por ser a articulação do


corpo humano com maior amplitude de movimento, o que explica o grau de
“instabilidade natural” existente, ao ponto de corresponder a mais de 50% das
luxações articulares do corpo. A articulação permite amplos movimentos de
flexão, extensão, abdução, adução, rotação externa e rotação interna. O exame
deve ser iniciado com a inspeção. O paciente deverá estar despido da cintura
para cima. Deve-se observar a presença de deformidades, atrofias, posição
antálgica, alteração da posição anatômica e outras anormalidades.
A palpação do ombro objetiva determinar a presença de dor, deformidades,
ausência de estruturas, sinais inflamatórios, crepitação e outras alterações Os
músculos devem ser examinados atentando-se para o tônus, a consistência, o
tamanho e o contorno. Os tendões dos músculos: supra e infra-espinhal, redondo
menor, bíceps são frequentemente acometidos por inflamações ou rupturas ou
outras alterações que possam indicar presença de processo inflamatório ou
infeccioso.
2. ANATOMIA DO OMBRO

Primeiramente iremos abordar a anatomia dessa região. Realizando o


exame da amplitude do ombro assintomático que serve de parâmetro normal para
comparação, se a queixa for unilateral. O ombro permite os seguintes
movimentos: abdução, adução, flexão, extensão, elevação anterior, rotação
medial e rotação lateral. As provas qualitativas do ombro têm grande importância
na avaliação funcional. Consistem na execução ativa dos movimentos que
reproduzem as situações do cotidiano. Avalia-se a capacidade e a qualidade do
movimento (sem dor, com dor, lento, difícil). Veja as imagens que ilustram as
principais provas funcionais.
As patologias do ombro / cintura escapular tendo suas variedades, muitas
delas bem semelhantes, a etiologia traumática é constatada em 50% dos casos,
enquanto as degenerativas em 42%, e as demais causas são responsáveis por
8%: a) Traumática - (de qualquer natureza). b) Traumática cumulativa -
(movimentos repetitivos nas diversas ocasiões, não só no trabalho como também
em lazer / esporte, atividades domésticas, outras). c) Infecciosa / inflamatória -
(tuberculose). d) Ocupacional - (referindo-se ao trabalho em acidentes típicos de
trabalho, ou de trajeto, e que se enquadra também entre as traumáticas). e)
Síndrome do Desfiladeiro Torácico - SDT . f) Degenerativa - (relacionada aos
processos de artrite / artrose, que acometem principalmente pessoas com idade
mais elevada). g) Neoplásica - (tumores de qualquer natureza). h) Paralisia
Braquial Obstétrica (PBO) - que não podemos considerar como traumática /
neurológica, durante o momento do parto. i) Neurológica - (exemplificamos com o
AVC, onde não é tão rara a presença da “Síndrome ombro-mão” ou da “sub-
luxação da articulação”, nos casos de plegia do membro superior). j) Malformação
de Sprenguel - (uma escápula pequena, alada e com inserção mais elevada que a
contra- lateral, causando assimetria entre as cinturas escapulares, e escoliose). k)
Outras alterações congênitas (comprometendo a funcionalidade normal da cintura
escapular).
No aspecto radiológico, a maioria dos traumatismos sobre a região do
ombro, pode ser avaliada em RX na incidência AP, com o braço na posição
neutra, ou com o braço em rotação interna ou externa, para visualizar aspectos
diferentes da cabeça do úmero. Estas 3 incidências apresentam uma limitação,
porque a cabeça do úmero é observada superpondo-se à glenóide, encobrindo o
espaço da articulação glenoumeral.
A superposição é eliminada com a rotação do paciente em
aproximadamente 40° em direção ao lado afetado; esta incidência oblíqua
posterior especial, é denominada de incidência de Grashey, que possibilita que a
glenóide seja vista em perfil.

TÉCNICAS DE PROCEDIMENTOS/ EXAMES

2.1 A ultrassonografia do ombro é método eficaz, rápido e indolor, para


avaliar o Manguito Rotador, bursas, músculos e tendões, processos inflamatórios,
sinais de artrose, porém há necessidade de valorizar a experiência do
examinador. É um exame sensível e possibilita bem a constatação das roturas no
Manguito Rotador, e do tendão biccipital.
2.2 A Artrografia é um bom método propedêutico, pode ser realizada com
técnicas de contraste simples ou duplo; em laceração do Manguito Rotador, uma
Artrografia de contraste simples pode revelar comunicação anormal entre a
cavidade glenoumeral e o complexo de bursas subacromial-subdeltóidea; em
anormalidades da cartilagem e da cápsula articular, é mais adequado o contraste
duplo, porém quando este é indicado, a Artrografia será combinada com a
Tomografia Computadorizada (Artrotomografia Computadorizada), para avaliar
suspeita de anormalidade do labrum glenóide fibrocartilaginoso. A distensão da
cápsula articular permite avaliar sua morfologia, a do lábio glenoidal, ligamentos
glenoumerais, do intervalo dos rotadores, da face articular do Manguito Rotador, e
de acompanhamento pós-operatório da articulação glenoumeral e do manguito
rotador.
2.3 A Artro-ressonância magnética constitui-se em excelente método,
por permitir a análise mais precisa das estruturas mencionadas, assim como dos
demais componentes da articulação e também das estruturas relacionadas a essa
articulação, como os musculares do Manguito Rotador e do tendão da cabeça
longa do bíceps braquial. Dependendo da história clínica do caso, e suspeita
médica no decorrer da avaliação, outros exames complementares poderão ser
solicitados, como por exemplo, biópsias, cintilografia.
O exame físico bem realizado permite com exatidão, muitos diagnósticos
do complexo ombro / cintura escapular. Citamos abaixo, algumas manobras /
testes propedêuticos.

3. TESTE DE MOBILIDADE DO OMBRO:

Pode ser ativo (movimentos realizados apenas pelo paciente) ou passivo


(movimentos realizados pelo examinador).
3.1 Teste de Apley - teste ativo, também denominado de “teste da
coçadura”. É um teste rápido para avaliar a amplitude dos movimentos. Para
abdução e rotação externa - para o paciente alcançar o ângulo médio superior da
escápula contralateral, passando a mão por trás da cabeça. Para adução e
rotação interna - tocar com a mão no acrômio contralateral, passando o antebraço
pela frente do tórax. Também, pedir para o paciente tentar tocar com a mão, o
nível mais alto da escápula contralateral, passando o membro superior por trás do
tórax. Sempre executar a manobra, primeiramente com o membro superior sadio
para depois com o sintomático; medir a diferença para avaliação futura
comparativa.
3.2 Teste muscular e neurológico - (pesquisa dos reflexos tendíneos,
sensibilidade e força muscular) são exemplos de testes passivos, que vamos
citar alguns que possuem denominação própria. O exame muscular propriamente
dito, abrange basicamente os movimentos (descritos por Hoppenfeld): flexão -
extensão - adução - abdução - rotação interna - rotação externa - elevação da
escápula - prolongamento do ombro.
3.3 Testes Especiais - são os característicos à anatomia e às condições
patológicas da articulação: 3.1 - Teste de Yergason / Teste de Lipmann - teste
passivo que constata a estabilidade do tendão da porção longa do bíceps braquial
no sulco bicipital do úmero. Paciente em ortostatismo ou sentado, cotovelo junto à
lateral do tronco, fletido em 90° e antebraço pronado sobre o abdômen;
Examinador posiciona-se ao lado do paciente e do membro superior examinado
(exemplo, o MSD), mão E firmemente na base do cotovelo, mão firme sobre o
punho D do paciente, traciona o braço externamente até encontrar resistência, e
ao mesmo tempo traciona o cotovelo para baixo. O tendão do bíceps quando
instável no sulco, se deslocará e o paciente refere forte dor. Palpar a goteira
bicipital, pedir para o paciente fazer supinação e o Examinador resiste.
3.2 - Teste de Ludington - teste ativo que constata a estabilidade da
cabeça longa do bíceps na goteira bicipital. Entrelaçar os dedos das mãos atrás
da cabeça e contrair o bíceps. Teste positivo quando o paciente sente que o
tendão deslocou ou “sente que vai deslocar”.
3.3 - Teste de Abbot-Saunders - constata a estabilidade da cabeça longa
do bíceps na goteira bicipital. Iniciar o movimento com o MS em abdução e
rotação externa, baixá-lo lentamente com o bíceps contraído. Teste positivo
quando manifesta dor e percebe um “click” (palpável e audível).
3.4 - Teste da queda do braço - teste ativo que constata ruptura na bainha
rotatória; abduzir completamente o MSD, em seguida pedir que baixe
vagarosamente ao lado do tronco. Havendo ruptura na bainha rotatória,
principalmente se for do supra-espinhoso, na altura de aproximadamente 90° ao
baixá-lo, o membro tende a “cair” bruscamente, ele não conseguirá segurá-lo para
manter em descida vagarosa.
3.5 - Teste de apreensão para o deslocamento do ombro - teste passivo
para constatar deslocamento crônico do ombro. Aduzir o MSD com o cotovelo em
90° de flexão e ombro D em 90° de abdução; Examinador com mão E apoiando
posteriormente sobre o ombro, mão D sobre o punho, abduzir e rodar
externamente o braço para a posição de fácil deslocamento. Será positivo com a
demonstração de medo e pavor do paciente, temendo mais um deslocamento da
articulação, que será um desprazer a ele, motivo pelo qual resistirá à manobra.

4. TESTE PARA DIAGNÓSTICO DE TENDINITE:

Teste para diagnóstico de Tendinite - positivos na presença de dor (com ou


sem ruptura em tendões) representada com sinais de + a ++++ (uma a 4 cruzes):
4.1 - Palm-up test - para o tendão da porção longa do bíceps; teste
passivo, onde o Examinador eleva o MS comprometido em extensão e supinação
a 90°, e empurra o membro para baixo contra a resistência. Manifesta dor no local
sobre o sulco bicipital.
4.2 - Teste de Yergason - resumidamente também é para a manifestação
de dor sobre a goteira bicipital, quando o paciente realiza flexão do cotovelo e
supina o antebraço contra a resistência do examinador.
4.3 - Teste de Hawkins - teste passivo, posicionar ombro e cotovelo a 90°,
descansá-los sobre a mão contralateral do examinador, que está com a outra mão
apoiando o ombro , e fazer rapidamente a rotação interna. Haverá manifestação
de dor, quando positivo, porque a manobra provoca o atrito do tendão do supra-
espinhoso com a borda ântero-inferior do acrômio e ligamento córaco-acromial.
4.4 - Teste de Neer - teste passivo, elevando rapidamente o MS com o
cotovelo em extensão e pronação do antebraço, provocando o choque de
inserção sobre o supra-espinhoso contra a borda ântero-inferior do acrômio. Dor
na elevação súbita do MS.
4.5 - Teste de Yocum - paciente apoiar o ombro oposto com a mão pela
frente; passivamente o Examinador vai elevando o cotovelo (atrito entre escápula
e arco córaco-acromial).
5. TESTE PARA AVALIAÇÃO DE RUPTURA TENDINOSA

5.1 - Teste de Jobe - teste passivo, apenas para avaliação do supra-


espinhoso; dá o diagnóstico de ruptura com grande margem de segurança;
paciente em pé, MMSS em extensão e abdução em 30°, Examinador força os
MMSS para baixo, contra a resistência do paciente, que manifestará dor. Poderá
haver uma resposta falso-positiva, que um dos testes de Neer soluciona (injetar 8
– 10 ml de Lidocaína no espaço subacromial e repetir a manobra). Se mantiver a
dor e fraqueza para sustentar o MS, o teste de Jobe será positivo.
5.2 - Teste de Patte - para avaliação de ruptura do tendão do músculo
infra-espinhoso; ombro abduzido em 90°, cotovelo fletido em 90°, paciente resiste
à rotação interna do ombro. Resistência diminuída no membro superior
comprometido, sinaliza para ruptura do tendão do músculo infra-espinhoso.
5.3 - Ruptura da porção longa do bíceps braquial - às vezes, a retração
distal do músculo bíceps braquial não é perceptível. Solicitar ao paciente que faça
força flexora, e o examinador realiza a palpação com o seu polegar, no sulco
bicipital. Às vezes pode ser percebida a ruptura.
5.4 - Teste de Gerber (Lift off Test) - para ruptura do tendão do
subescapular, ou luxação do tendão longo do bíceps; manobra idêntica ao teste
de Apley, sem encostar o dorso da mão na região lombar. É positivo quando não
consegue afastar o dorso da mão do contato com a região lombar.

6. SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO


Observamos algumas demonstrações do posicionamento dos MMSS, com
os cotovelos em 90° de flexão, e outras com os cotovelos em extensão.
6.1 - Teste de Roos - MMSS em abdução e rotação externa, e por 2 a 3
minutos fazer movimentos simétricos de abrir e fechar as mãos. Havendo
compressão do feixe neurovascular entre os músculos escaleno anterior e peitoral
menor / clavícula e primeira costela, haverá a queixa de dor, dormência /
formigamento, cansaço / fadiga no braço comprometido, e conseguintemente
fraqueza.
6.2 - Teste de Wright - palpar o pulso radial do MS examinado + manter
abdução do ombro em 90° no plano frontal + cotovelo em flexão de 90° + rotação
do pescoço para o lado oposto ao membro examinado. Se desaparecer o pulso
radial, há evidências de compressão da artéria. A literatura chama atenção para o
fato de que aproximadamente 25 - 30 % da população assintomática, pode
mostrar positividade nesta manobra.
6.3 - Teste de Adson - verifica se há compressão da artéria subclávia pelo
músculo escaleno ou costela cervical. Palpar o pulso radial + seguindo com
abdução + extensão e rotação externa do braço + inspiração profunda + rodar o
pescoço para o lado do MS examinado. Se houver compressão, da artéria haverá
diminuição do pulso.
6.4 - Teste de Adson modificado - palpar pulso radial do MS examinado +
rotação da cabeça para o lado oposto do MS examinado + abdução + extensão e
rotação externa do MS. Se tiver diminuição da intensidade do pulso radial, poderá
estar havendo compressão do feixe vásculo-nervoso, quando associamos à
história clínica (queixas).

7. TESTES PARA INSTABILIDADE GLENO-UMERAL


7.1 - Decoaptação úmero-acromial - paciente em ortostatismo na posição
anatômica, examinador traciona seus MMSS para baixo. O ombro que tem
elasticidade cápsulo-ligamentar aumentada demonstra um sulco entre a cabeça
do úmero e o acrômio, podendo estar associado a uma instabilidade.
7.2 - Teste da Gaveta ântero-posterior - paciente sentado na mesa de
exame e “de costas” para o examinador também sentado ao seu lado, firma seu
ombro por cima com a mão E e a porção proximal do úmero D com sua mão D, e
executa o movimento ântero-posterior do ombro, na busca do sinal da gaveta,
quando há hiper-elasticidade ou instabilidade (anterior ou posterior, ou ambas).
7.3 - Teste da apreensão - paciente sentado, examinador posicionado
atrás, realiza abdução + rotação externa do MS examinado, manobra que o
paciente já sabe e já conhece, por ter causado luxações anteriores, o que lhe
causa grande apreensão e dor. Muitas vezes basta o ato do paciente demonstrar
que vai executar esta manobra, já é motivo de pânico por parte do paciente.
7.4 - Teste de recentragem - paciente em decúbito dorsal, MS abduzido e
rodado externamente, examinador força impulsão da cabeça do úmero no sentido
anterior, e na presença de instabilidade, há manifestação de dor, que desaparece
com o movimento contrário.
7.5 - Jerk Test - para constatar instabilidade posterior; braço do paciente
em abdução de 90°, examinador realiza movimento horizontal de adução e
impulsão axial posterior, enquanto a escápula é estabilizada com a outra mão. Se
houver instabilidade posterior, provoca-se a subluxação posterior da cabeça do
úmero, e sua redução.

4. ANATOMIA DA CINTURA ESCAPULAR

Músculos que compõem a cintura escapular:

A cintura escapular é composta por quatro ossos, duas clavículas, uma de


cada lado, e duas escápulas, também uma de cada, lado.
Os dois lados da cintura escapular são conectados anteriormente pelo
esterno, único osso em número ímpar desse complexo, que se articula com as
clavículas, e são a única conexão da cintura escapular com o resto do esqueleto.
Posteriormente, as duas escápulas são conectadas pelo músculo
rombóide, formando assim um verdadeiro cinturão de ombro a ombro, mas de
forma diferente do quadril, que é mais estável, composto por um único osso
contínuo.
A cintura escapular nada mais é do que a combinação das duas partes do
tronco das articulações dos ombros, ou seja, é o conjunto de ossos que conecta
os ombros ao tronco. O conjunto recebe esse nome, pois a escápula é o osso que
se conecta com quase todos os outros que fazem parte da articulação, sendo,
portanto, o ponto comum e fundamental para os movimentos realizados por ela.
articulação do ombro é de longe a articulação mais móvel do nosso corpo, e
justamente por isso, a mais instável. Isso porque as estruturas do nosso corpo, de
certa forma, precisam escolher entre estabilidade e mobilidade, e quanto mais se
tem de uma, menos se pode ter da outra. Devido a essa instabilidade, a
articulação do ombro é muito suscetível a lesões.
Seu objetivo é principalmente o de conferir ao seu humano funcionalidade,
pois é graças à ela que conseguimos, evolutivamente, realizar movimentos mais
complexos como escalar, engatinhar e nos pendurar em árvores.
Para entender melhor sobre a importância da cintura escapular e sobre os
mecanismos que levam a uma lesão desse segmento corporal, vamos primeiro
falar um pouco sobre a sua anatomia.
O complexo do ombro como um todo é composto por três ossos, diversos
músculos, e quatro articulações principais.
Os ossos que fazem parte da articulação do ombro são o úmero, que é o
osso do braço, a escápula, o osso em forma de asa atrás dos ombros, e a
clavícula, ou osso do colo.
O esterno, esse ossinho no meio do tórax serve de conexão anterior para a
cintura escapular e de auxílio para os movimentos do ombro, e as costelas se
articulam com a escápula, permitindo sua movimentação, formando um conjunto
complexo e interdependente.
As articulações do ombro são:
Articulação acrômio-clavicular: é a articulação entre a escápula e a
clavícula.
Articulação gleno-umeral: é a articulação entre o úmero e a escápula.
Articulação escapulo-costal: é a articulação entre a escápula e as costelas.
Articulação esterno-clavicular: é a articulação entre o esterno e a clavícula.
Juntas, essas articulações conferem mobilidade ao ombro, e possibilitam
uma variedade de movimentos muito grande.
Os músculos que compõem a cintura escapular são o serrátil anterior, o
peitoral menor, o levantador da escápula, o rombóide, e o trapézio.
Serrátil anterior: sua função é a de abdução da escápula, e por seu
deslizamento anterior.
Peitoral menor: o peitoral menor é responsável pela protração e cotação
superior da escápula, e trabalha em conjunto com o serrátil anterior para produzir
protração pura da escápula, sem o componente rotacional.
Levantador da escápula: é o músculo utilizado no movimento de levantar
os ombros, em conjunto com o trapézio. Ele pode ainda auxiliar nos movimentos
de extensão e flexão lateral da coluna cervical.
Rombóides: os rombóides são os músculos que conectam as escápulas
nas costas, responsáveis pela adução das mesmas.
Trapézio: o trapézio é um músculo bem grande, dividido em quatro partes.
Ele está envolvido no levantar de ombros e em diversos movimentos da cabeça.
Auxiliando no movimento no ombro, conferindo mobilidade e estabilidade à
articulação gleno-umeral, está o conjunto de músculos denominado manguito
rotador.
O manguito rotador é composto por quatro músculos com origem em
diferentes partes da escápula, e que se inserem na cabeça do úmero. São eles:
Subescapular: responsável pela rotação interna do ombro.
Supraespinhoso: responsável pelo início da abdução do ombro.
Infraespinhoso: o maior músculo na superfície posterior da escápula, ele é
responsável pela rotação externa do ombro, e pela estabilização articular.
Redondo menor: auxilia na rotação externa do ombro.
A estabilidade da cintura escapular como um todo depende da ação
sinérgica e organizada desses músculos, bem como de sua correta ativação.
É fundamental o treinamento de estabilidade da cintura escapular para a
manutenção das estruturas do ombro em seu lugar correto, para permitir a correta
função da articulação do ombro, e para fazer com que esse segmento fique livre
de lesões e sintomas de sobrecarga.

5. MOVIMENTOS REALIZADOS PELA CINTURA ESCAPULAR

A partir da sua posição neutra, a cintura escapular realiza rotação em torno


de um eixo vertical no final da clavícula, no ponto onde se localiza a articulação
esterno-clavicular.
Durante esse movimento existe um movimento da escápula sobre as
costelas de forma que esse osso chega a se mover cerca de 15 centímetros
lateralmente, fazendo com que a cavidade glenóide sofra uma rotação de 40 a
15º do plano horizontal.
Quando a escápula é movida medialmente, ela forma um plano frontal com
a cavidade glenóide voltada lateralmente. Nessa posição, o ponto lateral mais
distal da clavícula roda posteriormente, e o ângulo da articulação acrômio-
clavicular se abre ligeiramente.
Quando a escápula se move lateralmente, ela se encontra no plano sagital,
com a cavidade glenóide voltada anteriormente. Nesse caso, a parte lateral mais
distal da clavícula é rodada anteriormente, e a clavícula em si fica sobre o plano
frontal. Ao mesmo tempo em que esse movimento reduz o ângulo entre a
clavícula e a escápula, ele expande o ombro.
A escápula ainda pode realizar os movimentos de elevação e depressão a
partir da sua posição neutra. Esses movimentos podem ter amplitudes de até 12
centímetros.
Na posição de máxima elevação escapular, a cavidade glenóide de volta
para cima, gerando uma rotação externa da escápula, movendo seu ângulo
inferior em até 12 centímetros, e seu ângulo lateral em até seis centímetros.

6. lESÕES DA CINTURA ESCAPULAR

Cintura escapular está intimamente ligada à articulação do ombro, que é


uma articulação bem susceptível a lesões. Portanto, lesões no ombro irão
interferir na ação da cintura escapular, e são frequentemente descritas em
conjunto.
As lesões do ombro são especialmente comuns em atletas que praticam
esportes que exigem movimentos acima da cabeça, como vôlei, beisebol,
natação, basquete…
A gravidade das lesões de ombro pode variar dependendo do nível de
atividade do indivíduo, posição da lesão, recorrência de fatores causais, idade,
entre outros fatores.
Lesões frequentes deste complexo articular envolvem fratura de qualquer
osso relacionado ao ombro ou à cintura escapular, como da clavícula,
estiramentos ligamentares, lesões do manguito rotador, rupturas de lábios da
cavidade glenóide, e outras condições agudas ou crônicas.
A dor relacionada a essas lesões pode ser aguda ou crônica, a depender
da duração da lesão, e está relacionada ao processo inflamatório gerado pela
lesão, bem como pelas compensações geradas pelo sistema a partir do
desequilíbrio inicial.
Essas lesões frequentemente causam, além da dor, redução da amplitude
de movimento, e redução da capacidade funcional, e podem ser muito
debilitantes, chegando a impossibilitar o uso dos membros superiores, sendo
queixas muito frequentes nos consultórios dos fisioterapeutas.
As lesões mais comuns desse complexo são as lesões do manguito
rotador. Dentre as lesões comumente encontradas na prática clínica relacionadas
a esse segmento encontram-se:
Síndrome do impacto: a síndrome do impacto nada mais é do que uma
tendinite do supraespinhoso. Esse tendão passa exatamente abaixo da
articulação acrômio-clavicular, e pode ser pressionado caso o posicionamento do
ombro não esteja adequado durante a realização de algumas atividades que
envolvam amplitudes de movimentos maiores dessa articulação.
Tendinite de bíceps: frequentemente causada por padrões posturais
incorretos, dentre eles a protusão de ombros, ou por excesso de uso do músculo,
essa lesão é caracterizada por dor na região anterior da cabeça do úmero.
Escápula alada: causada geralmente pela paralisia do serrátil anterior,
devido à lesão no nervo torácico longo, ou por paralisia do trapézio, gerada pela
lesão do nervo espinhal acessório. A lesão desses nervos pode ser devido a
procedimentos cirúrgicos, traumas, ou mesmo por desuso desses músculos. A
escápula perde então a aderência ao tórax, se tornando pontuda, formando uma
espécie de asa nas costas.
7. TRATAMENTO E DISFUNÇÕES DA CINTURA ESCAPULAR

A cintura escapular é responsável pelo posicionamento das mãos,


estabilidade dos braços, e ainda permite que os movimentos dos membros
superiores sejam realizados de forma completa, funcional, e coordenada.
Portanto, qualquer disfunção dessa estrutura pode gerar inúmeros
problemas, como descrito acima. O tratamento dessas disfunções é imperativo
para a restauração da funcionalidade normal dos braços, e consistem,
basicamente, na estabilização da cintura escapular.
Como a cintura escapular é uma estrutura complexa, devido ao grande
número de músculos e articulações que fazem parte do conjunto e atuam no
movimento dos ombros, ela exige uma atenção especial em relação ao
fortalecimento dos músculos ao seu redor.
A estabilização desse segmento envolve, portanto, exercícios dinâmicos
que trabalhem diversos músculos ao mesmo tempo, pois são as ações conjuntas
desses músculos que conferem a estabilidade ao ombro.
Dentro os exercícios de fortalecimento e estabilização da cintura escapular
encontram-se os exercícios que trabalham a mobilidade escapular, que trabalham
os músculos do manguito rotador, e que envolvem descarga de peso nos braços,
como as pranchas.
Um dos métodos mais completos da atualidade que trabalham a
estabilidade da cintura escapular é o Pilates, com diversas exercícios e aparelhos
que trabalham a articulação do ombro em cadeia fechada, permitindo o uso de
diferentes músculos ao mesmo tempo, propiciando um correto equilíbrio entre
fortalecimento, flexibilidade e estabilidade à articulação do ombro.
É importante o envolvimento de um profissional especializado no
tratamento e no trabalho preventivo de lesões para a cintura escapular. Portanto,
procure um fisioterapeuta!
8. FOSSA SUPRA ESCAPULAR (LESÃO)

A disfunção do nervo supra escapular foi descrita pela primeira vez em


1936 na literatura francesa. A compressão do nervo supra escapular no sulco
supraescapular como causa de dor crônica no ombro foi descrita na literatura
inglesa por Thompson e Kopell em 1959. Apesar da lesão isolada do nervo
supraescapular não ser comum, esta representa a lesão de ramo periférico mais
comum do plexo braquial em atletas.
A incidência na literatura varia muito. Alguns esportes ,como o baseball e
volleyball, tem uma alta incidência de lesão seletiva do componente infraespinhal
do supraescapular. Ferreti et al atribuíram essa lesão a uma tração e fricção
causada por uma excursão excessiva do m.infraespinhal durante os jogos e
treinos.
Anatomia - O nervo supra escapular se origina do tronco superior do plexo
braquial, é formado predominantemente  da porção anterior da quinta e  sexta
raízes cervicais, podendo ter contribuição da quarta raiz cervical. Ele passa
lateralmente e profundamente aos músculos omoióideo e borda anterior do
trapézio, atravessa o sulco supra escapular, inervando o músculo supraespinhal.
O nervo passa por baixo do ligamento escapular transverso ( a artéria e a
veia passam por cima). Este ligamento pode se encontrar parcial ou totalmente
ossificado. Após passar o ligamento transverso o nervo supraescapular emite de
um a dois ramos para o m. supraespinhal e recebe diversos ramos sensitivos da
articulação glenoumeral, acromioclavicular e do ligamento coracoumeral. Em 15%
dos pacientes existe uma variação anatômica, o nervo supraescapular recebe
fibras sensitivas cutâneas da face lateral do braço.
Fisiopatologia - As possíveis causas de paralisia do n.supraescapular em
atletas podem ser: compressão, tração, microtrauma repetitivo, lesão direta,
assim como lesões generalizadas do plexo braquial. Os locais mais comuns de
compressão são o sulco supraescapular e espinoglenoidal.
Estudos têm demonstrado que o ligamento espinoglenoidal se insere na
cápsula glenoumeral posterior, e que o ligamento fica estirado com a adução e
rotação interna, comprimindo o nervo (esse movimento ocorre na fase final do
arremesso- follow through).
Recentemente foi demonstrado que na abdução e rotação externa
máximas, as porções mediais do infra e supra-espinhais podem comprimir o nervo
supraescapular na borda lateral da espinha da escápula, comprimindo o ramo
infraespinhal.
A lesão do nervo pode ocorrer no sulco supraescapular por alteração do
formato do sulco ou por compressão do ligamento transverso (variação anatômica
ou calcificação).
Avaliação clínica - O paciente pode ter uma pequena dor localizada na face
lateral e posterior do ombro,  normalmente exacerbada pela atividade física. A dor
é frequentemente descrita como profunda, difusa ou em queimação. Com o tempo
a dor pode se tornar constante, chegando a acordar o paciente à noite. Pode se
queixar de fraqueza para rotação externa e abdução durante a atividade. Os
sintomas podem ser vagos e se assemelhar aos sintomas de instabilidade
glenoumeral.
O exame físico depende do tempo de lesão, sendo muito inespecífico no
início. Os pacientes que se apresentam com algum tempo de lesão, podem ter
dor no local da compressão (sulco supraescapular , sulco espinoglenoidal). Pode
ser visível a atrofia dos músculos envolvidos, supraespinhal e infraespinhal,
ressalto das saliências ósseas, sendo a atrofia do infraespinhal mais evidente que
a do supraespinhal (a atrofia do supraespinhal pode ser mascarada pelo
m.trapézio sobre ele).
Exames Complementares - Existem diversos exames complementares que
podem ajudar a confirmar o diagnóstico de lesão do nervo supraescapular.
Um exame útil é o bloqueio do nervo supraescapular, que pode
proporcionar uma alívio momentâneo da dor após a injeção de anestésico local
sem vasoconstritor.
A eletroneuromiografia (ENMG) pode ajudar a confirmar o diagnóstico, no
entanto trata-se de um exame inespecífico, podendo apresentar resultados falso-
positivos. A ENMG não é capaz de definir  a exata natureza da alteração, e nem
sempre mostram o local da lesão. Às vezes os achados eletroneuromiográficos
não tem correlação com os achados clínicos.
Alguns exames de imagem podem ser úteis. As radiografias são
normalmente normais, mas podem revelar um calo de fratura como causa de
irritação do nervo. Na radiografia em AP com o raio direcionado de 15 a 30 graus
no sentido crânio-caudal pode-se avaliar o formato do sulco e avaliar o ligamento
transverso calcificado. A tomografia computadorizada é outro método útil para
avaliar as alterações ósseas que possam estar lesando o nervo.
A ressonância magnética é um método útil para se avaliar os pacientes
com paralisia do nervo supraescapular, pode avaliar a presença de tecidos moles
comprimindo o nervo em seu trajeto, além de avaliar o manguito rotador.
Tratamento - A história natural da paralisia do nervo supraescapular não é
conhecida. A maioria dos relatos da literatura sobre a paralisia do supra e
infraespinhais e relatam a cura espontânea com o tratamento não cirúrgico.
Alguns autores relataram a paralisia do supraescapular afetando somente o
ramo infraespinhal. A lesão parcial tem uma perda de função limitada, se
comparada com a lesão do tronco comum, mas a perda de força pode chegar a
22% em alguns estudos, podendo ser assintomático.
Uma vez que a causa da lesão do nervo supraescapular não está bem
definida, sendo o microtrauma repetitivo uma das principais hipóteses, o
tratamento não cirúrgico deve ser tentado.
A maioria dos autores observaram uma melhora dos sintomas por volta de
seis meses a um ano de tratamento clínico. Uma vez que a causa da lesão do
nervo supraescapular não está bem definida, sendo o microtrauma repetitivo uma
das principais hipóteses, o tratamento não cirúrgico deve ser tentado. A maioria
dos autores observaram uma melhora dos sintomas por volta de seis meses a um
ano de tratamento clínico.
O tratamento conservador consiste em repouso relativo, antiinflamatórios,
manutenção da amplitude de movimento e fortalecimento do ombro. O repouso
relativo significa evitar carregar objetos pesados e evitar as atividades que piorem
os sintomas. Deve ser dada atenção especial no alongamento da cápsula
posterior, especialmente em abdução. O tratamento cirúrgico pode ser indicado
quando existe evidência de um cisto comprimindo o nervo. Normalmente os cistos
são derivados de patologias intra-articulares, como lesões labrais (90% dos
casos).

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisarmos a anatomia do complexo articular do ombro, concluímos


que ele é a articulação com maior amplitude de movimento do corpo, ao mesmo
tempo em que é a articulação mais instável. A sua estabilidade se dá através de
ligamentos e músculos da região, que mantém o úmero em posição e permite
uma grande amplitude de movimento.
Os ligamentos são os principais estabilizadores do complexo articular do
ombro, juntamente com os quatro tendões dos músculos do manguito rotador.
Quando todos os músculos do manguito rotador se contraem, a cabeça do úmero
é comprimida na articulação e é levada até a posição correta.
Por ser uma articulação instável, o complexo articular do ombro tem maior
predisposição a lesões de suas estruturas e por isso requer que o profissional de
saúde conheça muito bem sua anatomia e cinesiologia.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Responsável Técnico: Ingrid Quartarolo - CREFITO 78478555 Dr. Marcelo Boulos –


CRM 104011
VOLPON, José Batista. Semiologia ortopédica. Medicina (Ribeirão Preto), v. 29,
n. 1, p. 67-79, 1996. Disponível em: < https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/714>
Acesso em: 27 ago. 2022.

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