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Universidade Federal de Alagoas

FAMED – Faculdade de Medicina

FRATURA
EXPOSTA

Prof. Dr. Ricardo Nogueira

Maceió / UFAL
Fratura Exposta
Ricardo Nogueira

Fratura Exposta
Fratura exposta é a que se comunica com o meio externo.
Obs.: A gravidade da fratura exposta está na lesão de partes moles, que
contaminadas pela exposição, podem facilmente infectar-se, resultando
em osteomielite.

CLASSIFICAÇÃO (Gustilo e Anderson)

Tipo Ferida Nível de Lesão de partes


contaminação moles

I < 1cm comp limpa mínima


II > 1cm “ moderada moderada
III > 10cm “ alta grave

TRATAMENTO

1. Providências de ordem geral


- desobstrução das vias aéreas
- coibição da hemorragia

2. Condutas relativas à fratura exposta


No local do acidente:
- hemostasia
- imobilização

- fixar o membro superior ao tronco


- atar o membro inferior fraturado ao membro sadio ou fixá-lo a um
tutor lateral.
Fratura Exposta
Ricardo Nogueira

No ambulatório do hospital de emergências:


- profilaxia anti-tetânica
Tetanobulin – 250 UI intra-muscular
- coleta de material do ferimento para cultura e antibiograma
- antibioticoterapia

- bactericida (contra gram + gram -)


Cefalosporina (keflin I g E. V. 6/6h)
- fotografar a lesão (importância documental e médico – legal)

Exame radiográfico
Incidências AP (ântero-posterior) ou frente e perfil ou lateral, incluindo as
articulações abaixo e acima da lesão.

Obs.: O membro lesado deve ser radiografado com a imobilização


provisória.

No centro cirúrgico:

A – limpeza de pele que circunda a ferida traumática


Com soro fisiológico, água esterilizada, sabões, detergentes, etc,
Permanecendo a lesão protegida por compressas estéreis.

B – irrigação do ferimento e do foco fraturário + debridamento


A equipe veste os capotes operatórios e coloca os campos cirúrgicos.

Procede-se à irrigação com seringa plena de soro fisiológico.

A irrigação deve ser abundante, porém com jato suave, para trazer á
superfície os corpos estranhos e identificar tecidos desvitalizados.

Realiza-se o debridamento (retirada dos tecidos desvitalizados e dos corpos


estranhos incrustados nas partes moles)
Fratura Exposta
Ricardo Nogueira

Objetivos do desembridamento ou limpeza mecânico-cirúrgica:

 reduzir a população bacteriana.


 criar uma ferida de tecidos vivos, capaz de combater a contaminação
bacteriana residual.

Obs.: Sir Alexander Fleming (inventor da penicilina em 1928) afirmava: “o


maior dos antissépticos é o tecido vivo”.

VIABILIDADE MUSCULAR

Na dúvida sobre a viabilidade muscular, observe aspectos do músculo:

 Consistência
Quando firme é geralmente viável

 Contratilidade
O músculo contrátil está indene

 Capacidade de sangramento
Só sangra o músculo viável

 Cor
O vermelho rutilante (vivo), denota adequado suprimento sanguíneo.

Obs.: os critérios 1 e 2 são os mais confiáveis


O tecido muscular lesado deve ser extirpado por constituir poderoso meio
de cultura, podendo levar à gangrena gasosa(clostridium perfringens).
Fratura Exposta
Ricardo Nogueira

TRATAMENTO

Redução dos fragmentos ósseos e imobilização em:


- aparelho gessado
- fixação externa
- facilita o acesso ao ferimento
- método de escolha para fraturas tipo III

- Fixação interna (osteossítese)


- procedimento menos indicado em fraturas expostas.

Fraturas por projéteis de arma de fogo


- as fraturas causadas por projéteis devem ser exploradas e deixadas
abertas. Não está indicada a remoção da bala, o que pode causar mais dano
que sua permanência.

O projétil só deve ser retirado se estiver dentro de uma articulação, por


impedir os movimentos articulares e pela possibilidade de causar
saturnismo (intoxicação pelo chumbo)

Nos tiros de espingarda, ao contrário do que sucede com o projétil, a bucha


deve ser sempre removida, por constituir fator de infecção.
Fratura Exposta
Ricardo Nogueira

FECHAMENTO DA PELE

O Ferimento só deverá ser suturado de imediato quando todo o tecido


desvitalizado e corpos estranhos forem removidos e quando não houver
tensão nos bordos da ferida.
Caso contrário, haverá riscos, destacadamente o de gangrena gasosa.

Faz-se uma incisão paralela ao ferimento para aliviar a tensão e se sutura


a pele por sobre o foco fraturário.

A incisão paralela é deixada aberta com um dreno de gaze que


funcionará como canal de drenagem dos recessos profundos.

Retira-se o dreno com 5 dias. A pele será fechada por sutura primária
retardada, após o 5º dia, se não houver tensão tecidual nem sinais de
infecção.

Caso haja complicação, o ferimento permanecerá aberto, aguardando


cicatrização por segunda intenção ou cobertura cutânea por enxerto ou
retalho.

EXTRUTURAS NOBRES
Ossos, tendões, nervos e vasos não podem ficar expostos, porque
sofrerão necrose. Deve-se recobrir essas estruturas fazendo incisões
paralelas à ferida, retalhos ou coberturas musculares.

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