Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Síntese
INTRODUÇÃO
Biologia da cicatrização
Assim, qualquer traumatismo cutâneo irá desencadear uma série complexa de eventos fisiológicos com o
objetivo de reparar a área agredida, o que envolve a Hemostasia, Inflamação e Cicatrização.
1. Hemostasia: a lesão de um vaso vai provocar uma vasoconstrição imediata e a ativação de processos
hematológicos para a formação de um agregado plaquetário ou coágulo para tentar unir as bordas
da ferida e facilitar a reparação.
2. Inflamação: 12 a 24 horas após o trauma, os vasos já vão estar dilatados e permeáveis permitindo a
chegada das células inflamatórias para combater infecção e promover a reparação.
3. Cicatrização: depende de 3 elementos:
Reepitelização: migração de células epiteliais para promover a reepitelização da ferida.
Granulação: formação do tecido de granulação após 3 ou 4 dias, que é formado por tecido
inflamatório, fibroblastos, células endoteliais, vasos neoformados, fibrina e colágeno.
Contração da ferida: processo pelo qual a ferida pode diminuir seu tamanho pela contração dos
miofibroblastos. Feridas grandes e profundas podem, inclusive, reduzir entre 40 e 60% do seu
tamanho inicial.
Cirurgia 4° período Carolina Reis Teixeira 2
Aí ele refere que esses ferimentos podem ser classificados conforme algumas características (ver quadro abaixo)
Superficiais x Profundos
A lesão acomete pele, tecido subcutâneo, Envolve estruturas como nervos, tendões, vasos
aponeurose e músculos. calibrosos e vísceras ocas.
Tratamento
Em relação ao tratamento, ele terá o objetivo principal de obter um bom resultado funcional e estético, ou
seja, evitar infecções e minimizar as sequelas daquele procedimento.
A partir daí, nas situações de trauma, a gente tem que: avaliar o paciente e avaliar a ferida.
Avaliação do paciente
O atendimento inicial do paciente deve buscar a estabilização hemodinâmica dele, seguindo as regras do
ABCDE do protocolo do ATLS (suporte avançado de vida no trauma).
Aqui, o livro atenta para a chamada “hora de ouro”, na qual, se bem administrada, permite que haja o
momento para o tratamento definitivo das lesões. Porque muitas vezes, a cena chocante de um
sangramento excessivo ou de uma deformidade na vítima desvia a atenção do socorrista e impede ele de
verificar se o paciente está estável e se vai conseguir sobreviver.
Mecanismos de trauma
Para a identificação das lesões, é importante o conhecimento dos mecanismos de trauma e das
características do evento traumático, porque vão proporcionar uma ideia do potencial de gravidade e das
possíveis complicações das lesões.
Esses mecanismos podem ser classificados como: Contusões
Lesões penetrantes
Queimaduras
Explosões
História clínica
Colher a história clínica do paciente também é importante para determinar as possíveis lesões.
Para isso, verificar: Convulsões
Episódio de dor torácica
Perda súbita de consciência
Gestação
Características do trauma
a. Tipo de evento traumático: colisão de veículos, queimadura, agressão física, queda ou ferimento
penetrante.
b. Estimativa da quantidade de transferência de energia que ocorreu: velocidade do veículo no
momento do impacto, altura da queda, calibre ou tipo de arma.
Avaliação da ferida
Após o controle de qualquer situação com potencial risco de vida ao paciente, pode-se proceder a avaliação
secundária, quando iniciamos a avaliação da ferida para dar sequência ao tratamento adequado.
É importante investigar lesões de estruturas nobres como globo ocular, cartilagens, vasos, nervos, ductos e
órgãos, considerando as estruturas anatômicas presentes na área do ferimento e o que ele pode ter afetado.
Para isso, em pacientes conscientes, devem ser testadas as funções sensitivas e motoras da área.
É aqui que o sangramento intenso de feridas deve ser controlado por compressão direta.
Cirurgia 4° período Carolina Reis Teixeira 4
Antibioticoterapia
A indicação de profilaxia antibiótica vai depender da avaliação do grau de contaminação da ferida, dos
fatores locais (como a desvitalização dos tecidos, uso de enxertos ou lesões com grande extensão) e da
condição sistêmica do paciente.
Princípios básicos
Para as incisões cirúrgicas, existem alguns princípios que devem ser seguidos:
Fechamento
O fechamento da ferida deve ser realizado tão logo e seguramente possível, com o menor número de
complicações.
Obs.: O tecido subcutâneo não mantém a sutura firme e, em geral, não exige fechamento. Mas as margens
cutâneas devem ser aproximadas com perfeição ao longo da ferida, igualando-se também com a altura.
A agulha deve entrar e sair da pele a 90° em relação à superfície, e a curva da agulha deve direcionar
seu curso através da ferida.
OBS.: Aqui o livro discute sobre o tempo máximo para fechamento da lesão traumática. Pois muitos falam
que é de 6 a 8 horas, mas o livro diz ser relativo. Fala que uma ferida limpa, de um paciente jovem e sadio
pode ser fechada mesmo que tenha uma evolução mais longa.
Tratamento aberto:
Utilizado quando há contraindicação para o fechamento primário ou primário retardado ou quando esses
processos falharam.
Sua maior indicação é no tratamento de feridas infectadas. Nesses casos, a ferida é mantida aberta de modo
a drenas espontaneamente, sendo apenas recoberta com gaze estéril.
Se houver sinais de disseminação da infecção (linfagite, linfadenite, celulite), devem ser administrado
antibióticos.
A boa evolução evidencia-se pela presença de tecido de granulação e posterior Epitelização.
O resultado estético é geralmente aceitável, precisando em alguns casos de revisão da cicatriz.
A Síntese
Cirurgia 4° período Carolina Reis Teixeira 7
Tempos cirúrgicos
DIÉRESE: A diérese significa dividir, cortar ou separar. Separação dos planos anatômicos ou tecidos para
possibilitar a abordagem de um órgão ou região (cavitária ou superfície), é o rompimento da continuidade
dos tecidos. Classificada em: Incruenta (com laser, criobisturi, bisturi eletro-cirúrgico) e Cruenta
(Arranamento, Curetagem Debridamento, Divulsão ou deslocamento)
HEMOSTASIA: “Hemo” significa sangue; “stasis” significa deter, logo a hemostasia é o processo pelo qual
se utiliza um conjunto de manobras manuais ou instrumentais para deter ou prevenir uma hemorragia ou
impedir a circulação de sangue em determinado local em um período de tempo. Sendo feito por meio de
pinçamento de vasos, ligadura de vasos, eletrocoagulação e compressão.
As hemorragias podem ser de origem arterial, venosa, capilar ou mista. Podem trazer ameaça à vida do
paciente ou a sua pronta recuperação; retardam a cicatrização; favorecem a infecção e podem dificultar a
visualização das estruturas durante a cirurgia.
EXÉRESE - Tempo cirúrgico em que é realizada a remoção de uma parte ou totalidade de um órgão ou
tecido, visando o diagnóstico, o controle ou a resolução da intercorrência.
SÍNTESE CIRÚRGICA: Refere-se ao momento da junção/união das bordas de uma lesão, com a finalidade de
estabelecer a contiguidade do processo de cicatrização, é a união dos tecidos. O resultado da síntese será
mais fisiológico quanto mais anatômica for a diérese (separação)